presos políticos_santiago sierra
Peça de Santiago Sierra retrata 24 pessoas que foram presas por motivos políticos na Espanha. (foto: Reprodução/Facebook)

A Feira Internacional de Arte Contemporânea ARCO, realizada em Madrid, foi aberta para a imprensa nesta quarta-feira (21) e já gerou uma grande polêmica. A Instituição de Feiras de Madrid (Ifema), organização realizadora de feiras (incluindo a ARCO) na capital espanhola, solicitou à galeria responsável que a obra Presos Políticos, do artista madrilenho Santiago Sierra, fosse retirada de seu estande, alegando que ela poderia ser motivo de controvérsias.

Presos Políticos é um trabalho que reúne 24 fotografias de pessoas que foram presas por motivos relacionados à política. Os rostos estão pixelados e não existe identificação das pessoas retratadas. Apesar disso, no rodapé das imagens, estão escritas as causas pelas quais cada uma foi encarceirada.

Desta forma, é possível reconhecer figuras que recentemente esquentaram o levante pela independência da Catalunha, como Oriol Junqueras, presidente do partido Esquerda Republicana de Catalunia, e os líderes da Assembleia Nacional Catalã, Jordi Cuixart e Jordi Sánchez. Além da remoção da obra, a feira suspendeu uma conversa com o artista, que aconteceria no sábado (24), sobre os presos políticos na Espanha contemporânea. Santiago Sierra é representado pela galeria Helga de Alvear, sediada na própria Madrid e uma das mais importantes da Europa. A marchande, homônima da galeria, é inclusive uma das idealizadoras da ARCO.

Após saber que a obra teria sito vetada, o artista se pronunciou em seu perfil no Facebook, apontando a falta de respeito da intituição com a galerista Helga de Alvear. Sierra também escreveu que a atitude da Ifema prejudica a imagem da ARCO e também do Estado espanhol. “Acreditamos que ações deste tipo dão sentido e razão a uma peça como essa, que precisamente denunciava o clima de perseguição que nós, trabalhadores culturais, estamos sofrendo nos últimos tempos”, finalizou.

Apesar de possuir um comitê que faz a curadoria das galerias e obras que serão apresentadas, a ARCO permitiu que a obra fosse montada pela galeria e, poucas horas após a abertura, demandou que fosse recolhida, sob a justificativa de que, segundo nota da Ifema, os debates que a exibição da obra estava causando na imprensa estaria prejudicando a imagem da feira, da qual quinze galerias brasileiras participam. O que se fala entre a imprensa e o público, porém, é que teria sido uma decisão política, com pressão do governo espanhol, que tem influência sobre a Ifema. À imprensa, a galerista Helga de Alvear declarou que “alguém não deve estar querendo confusão com a Catalunha” (“Supongo que alguien no quiere tener jaleo con Cataluña”).

Com todo o escândalo em torno do episódio, a obra de Sierra, considerado um “artista difícil de ser vendido”, teve uma grande difusão e acabou sendo comprada por um colecionador espanhol, por intermédio de uma galeria catalã.

O preço final da transação foi de 96.000 euros, aproximadamente 385.300 reais.

Brasil na ARCO

Dentre as galerias selecionadas para apresentar obras na feira em Madrid, estão quatorze brasileiras, divididas entre Programa Geral, Opening e diálogos.

Apoiadas pelo projeto Latitude, são elas: A Gentil Carioca (com o coletivo de artistas OPAVIVARÁ!), Anita Schwartz (com Daniella Antonelli, Bruno Vilela e Rodrigo Braga), Athena (com Débora Bolsoni, Laura Belém, Rodrigo Bivar e Vanderlei Lopes), Baró (com Maria Lynch, Felipe Ehrenberg, Mônica Nador, Rasheed Arlen, David Medalla, Pablo Reinoso, Iván Navarro, Paulo Nenflídio, Túlio Pinto e Lourival Cuquinha), Casa Triângulo (com Albano Afonso, Alex Cerveny, Ascânio MMM, assume vivid astro focus, Eduardo Berliner, Guillermo Mora, Ivan Grilo, Joana Vasconcelos,  Lucas Simões, Marcia Xavier, Mariana Palma, Max Gómez Canle, Nino Cais, Sandra Cinto e Vânia Mignone), Fortes, D’Aloia & Gabriel (com Armando Andrade Tudela e Tamar Guimarães & Kasper Akhoej), Galeria Jaqueline Martins (com André Parente e Diango Hernández), Galeria Marilia Razuk (com Alexandre Canonico, Johana Calle, Marlon de Azambuja e Vanderlei Lopes), Galeria Nara Roesler (com Eduardo Navarro), Galeria Raquel Arnaud (com Carla Chaim, Célia Euvaldo, Frida Baranek, Sérgio Camargo e Waltercio Caldas), Luciana Brito Galeria (com Pablo Lobato, Liliana Porter e Héctor Zamora), Vermelho (com Ivan Argote e Dora Longo Bahia), Galeria Luisa Strina (com Juan Araújo e Carlos Garaicoa) e Galeria Cavalo (com Marina Weffort e Pablo Pijnappel).

A Fortes, D’Aloia & Gabriel também tem os artistas Rivane Neuenschwander, Jac Leirner e Ernesto Neto em uma coletiva intitulada Visiones de la tierra / El mundo planeado, na Sala de Arte Santander.


Cadastre-se na nossa newsletter

Deixe um comentário

Por favor, escreva um comentário
Por favor, escreva seu nome