Sentindo Um Cansanço Mortal Por Representar o Humano, Sem Fazer Parte do Humano, Serie Germânica de Faça Você Mesmo Sua Capela Sistina
Obra presente na mostra no Instituto Tomie Ohtake. FOTO: Divulgação

Pedro Moraleida, “menino” que se suicidou pouco após completar 22 anos, em 1999, teve sua obra artística, de uma força excepcional, silenciada por anos.

Após sua morte, seus pais, Luiz Bernardes e Nilcéa Moraleida, convidaram o professor Gastão Frota e colegas como Cinthia Marcelle, Sara Ramo e Emilio Maciel para olhar para o conjunto da obra produzida pelo artista em tão curto tempo. Desde então, pesquisadores e curadores como Rodrigo Moura e Veronica Stigger se debruçaram também sobre suas mais de 450 pinturas e quase 1450 desenhos.

Nas palavras de Paulo Miyada, curador da mostra no Instituto Tomie Ohtake, Moraleida “decidiu que a arte precisava ser sempre um grito, uma pústula, uma canção do sangue fervente. Alimentar-se de nossos desejos e traumas inconfessáveis, ao invés de polir a superfície cromada dos ambientes sofisticados”.

Aparentemente o percurso de Moraleida na arte esteve influenciado pela sua enorme curiosidade em filósofos que, nos anos 90, serviram de base para o pensamento contemporâneo. Bataille, Artaud, Deleuze, Derrida e Lacan estão, de uma ou outra forma, presentes em suas obras, que trazem a escatologia, a sexualidade e o corpo e utilizam-se delas sempre como uma afronta.

A intensidade e a violência da pintura de Moraleida perturba, necessariamente, porque na sua beleza radica uma profunda dor. Um ser que implode tudo o tempo todo, inconformado, que não consegue ter prazer. Corpos dilacerados, mãos amputadas. As mesmas mãos capazes de produzir essa obra. “O traço decidido de seus desenhos e a potência cromática de suas pinturas são alguns dos ingredientes que multiplicam a dureza de suas palavras”, diz Miyada.

Isto tudo pode ter lhe custado a vida. Afinal, romper com cânones morais e também estéticos sempre tem um preço.

Pedro Moraleida – Canção do Sangue Fervente 

Até 17 de fevereiro

Instituto Tomie Ohtake –  Av. Brigadeiro Faria Lima, 201

 

 

 

 

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