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ele foi até beatificado) que fundou a congregação dos assim e essas cartas, que são muitas, têm vários relatos
jesuítas, e recebeu muito dinheiro da Igreja no século na Bahia, relatos em São Paulo, relatos no litoral de São
16, ele foi um militar. Ele lutou, não lembro se a favor Paulo, deles dizendo do processo de evangelização e
do Reino de Castela, participou de tropas, ele liderou aldeamento, que é como eles chamavam. A estratégia
tropas. Então ele levou para a congregação jesuíta da era trazer várias aldeias para o mesmo campo, para o
igreja, que fundou, a Companhia de Jesus, um princípio mesmo território, para o mesmo lugar e evangelizar
de estratégias militares, de análise de diagnóstico de essa gente. Evangelizar, entenda, consistia em vender
campo, de como agir. A estrutura dos jesuítas era muito a ideia de Cristo e destruir as ideias da religiosidade
militar; não é à toa que eles formaram exércitos indígenas, anímica que havia aqui na América.
fizeram os Sete Povos das Missões, que foi altamente E eles tiveram trabalho. A pesquisa histórica e antro-
militarizado, e fizeram uma guerra de enfrentamento pológica, com base nessas cartas originais, deixa muito
contra os espanhois que foi de interesse da Coroa Por- claro pra gente que eles tiveram êxito nesse processo não
tuguesa, quando os espanhois tentaram entrar pelo sul porque as narrativas cristãs fossem tão fortes e melhores
do País para expandir o território numa guerra contra que as narrativas dos pajés. Não, aí eles tomavam um
Portugal. E quem segurou a onda foram os jesuítas, cacete. O próprio (Ailton) Krenak, o Viveiros de Castro,
com um exército de guaranis. Então, eles tinham essa esse grande antropólogo, filósofo e pensador, eles falam
estrutura militar. Isso já é, se eu não me engano, do que os povos originários são muito curiosos e abertos ao
século 17. Mas, antes disso, eles sempre trabalharam outro, diferentemente do processo da visão civilizatória
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