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GUERRA CULTURAL RELIGIÃO
europeia que é “o outro é alguém que eu temo e que eu começou no século 16 com a chegada dos europeus. Só
preciso dominar, controlar e destruir”; os povos originá- que a Covid chamava gripe, chamava sarampo, chamava
rios, não, eles são extremamente curiosos, eles querem catapora, chamava varíola, chamava rubéola: uma série
provar, eles querem saborear, eles querem comer, eles de vírus que não havia aqui que dizimou os povos. E é aí
querem foder, eles querem lamber, eles querem jantar, que que a porca torce o rabo, que a coisa se inverteu: os
querem almoçar o outro, querem perguntar e até hoje é pajés tinham um “plano de saúde”, a carteirinha do pajé
assim, você vai conviver com eles, eles começam a te fazer resolvia tudo, ali tinha internação na rede, tinha todas
um milhão de perguntas, querem saber “como você vive, as coisas da floresta, os pajés já sabiam fazer tudo com
como são suas filhas? como são os seus filhos? como remédio da floresta.
você transa? o que que você bebe? por que você bebe? Com curas da floresta e mais todo o tratamento
por que que você não bebe?”. Eles são ultracuriosos, é anímico de rezas e tal, era muito saudável o processo
muito legal isso. Era uma característica do processo, do aqui. Uma série de vermes de que os europeus sofriam,
encontro civilizatório, mas os europeus estavam o tempo os indígenas não sofriam porque eles sabiam as curas
todo nesse lugar do controle. Então, nas narrativas, os estomacais, intestinais. Tinha berne aqui, uma série de
pajés ganhavam os indígenas; experimentavam os cató- mosquitos punha nos europeus os ovos, a carne deles
licos mas voltavam para os hábitos deles. O problema criando ovinho de bicho de mosquito. E há mil relatos
começou quando veio a pandemia. O problema foi a dos indígenas, contando que os pajés curavam isso
“Covid”. Porque a Covid não começou agora, a Covid com veneno de aranha. Agora estão usando veneno
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