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BIENAIS  60ª BIENAL DE VENEZA








            A 60ª BIENAL DE VENEZA


            E OUTRAS HISTÓRIAS




            Adriano Pedrosa, curador da mostra italiana, fala como despontou para a arte

            por leonor amarante




            curador geral da 60ª bienal de veneza (2024),
            Adriano Pedrosa é o primeiro latino-americano a assumir
            tal posto, impulsionado por uma trajetória de mudanças
            radicais. Quando jovem cursa direito e economia, mas
            logo se vê interessado pela arte e, a partir daí, inicia sua
            história de artista, crítico, curador e diretor de museu.
            Tudo começa quando seu namorado faz mestrado em
            Londres e ele passa uns bons meses por lá. “Todos
            os dias eu ia a National Gallery onde acompanhava os
            tours de visitas guiadas de uma, ou duas horas cada”.
            A singular experiência foi o gatilho para ele conhecer
            obras primas, ouvir comentários críticos e pensar arte.
            Com o tempo essa intimidade com a arte transforma-se
            em paixão. Como não havia tempo a perder, ele compra
            livros e revistas de arte escolhidos por ele mesmo, e
            traça um rumo para sua carreira.
               De volta ao Brasil, no f nal da década de 80, faz
            cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no
            Rio, estuda pintura com Daniel Senise, Milton Machado,
            Beatriz Milhazes, Charles Watson e história da arte com
            Viviane Matesco. Em 1992 ele vai para os Estados Uni-
            dos, faz mestrado em arte no California Institute of the
            Arts, depois de cinco anos volta ao Brasil e expõe no
            projeto Macunaíma da Funarte e, no Centro Cultural São
            Paulo, também no início dos anos 1990, onde mostra
            um trabalho de perf l quase etnográf co que trazia a              Adriano Pedrosa, atual curador do Masp
            memória do corpo queer, feito com toalhas roubadas em
            saunas. “Aquelas toalhas brancas, dobradas sobre uma
            prateleira, e que o título da obra indicava de onde elas  Luisa Strina, em 1996 e 1999, e dois anos antes, é
            vinham, me lembro que uma delas era da For Friends,  convidado para a mostra Espelhos e Sombras, curada
            uma famosa sauna em São Paulo que existe até hoje.”  por Aracy Amaral no MAM/SP.
               São desse período desenhos experimentais, um    Com o mestrado, fica mais claro para ele que seu
            deles integra o acervo do MAM/SP, e que traz o título  interesse era mesmo por textos e curadorias. Em 1997,
            Desenho feito com a mão esquerda por um destro, em  quando ele ainda estava nos Estados Unidos é chamado   FOTO: MAURÍCIO JORGE
            que ele escrevia a palavra “viado” ou “bicha” repetidas  por Paulo Herkenhoff, curador da 24ª Bienal de São Paulo,
            vezes.  Adriano também expõe duas vezes na Galeria  para ser o curador-adjunto. Então, ele deixa Los Angeles,

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