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EXPOSIÇÃO SÃO PAULO
O CAIPIRA MODERNO
Obra do pintor José Antônio da Silva oferece
chaves de leitura de importante momento
de virada na história do Brasil, em termos
socioambientais, artísticos e formais
por theo monteiro
objeto da exposição Duas poéticas, na Galeria Esta-
ção, em que sua produção foi colocada em diálogo com a
da pintora contemporânea Cristina Canale, José Antônio
da Silva, em que pesem rótulos como “primitivo”, “naïf”
e “ingênuo”, produziu obra de grande complexidade e
que pode oferecer importantes chaves de leitura para
que se compreenda um grande momento de virada na
história do Brasil, tanto em termos socioambientais,
quanto em termos artísticos e formais.
Para compreender melhor a obra desse singular
pintor, é importante entender sua origem na cultura
caipira. Nascido em 1909, em Sales de Oliveira, noroeste
paulista, pertencia a uma família de trabalhadores rurais.
Sem posses, os mesmos viviam se mudando de fazenda
em fazenda, oferecendo sua força de trabalho para os
latifundiários da região. Essa era a realidade de muitas
famílias caipiras desse período. Conforme mostrou FOTO: JOÃO LIBERATO CORTESIA GALERIA ESTAÇÃO
Antonio Candido em Parceiros do Rio Bonito, amplo
estudo que realizou sobre a cultura caipira, a mesma foi
formada ao longo do período colonial por sertanistas
errantes que se estabeleceram em regiões remotas do José Antonio da Silva Sem
sertão paulista. Vivendo em pequenos povoados ou título, 1979. Óleo sobre tela
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