Page 53 - ARTE!Brasileiros #61
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EXPOSIÇÃO SÃO PAULO
Fotografia de Beto Ricardo durante as negociações do capítulo dos indígenas na Constituinte, Brasília,
Fotografia de Henri Ballot traz em pé, ao centro, com cocar, Mapukayaka Yawalapiti; 1988; à frente na bancada, da esq. para a dir., Teseya Panará, Kanhõc Kayapó, Raoni Mētyktire e Tutus
sentados, da esq. para a dir., Sariruá Yawalapiti e Orlando Villas-Bôas, c.1955
DesDe o final Do séCulo xix os povos originários exposição Xingu: Contatos, no Instituto Moreira Salles FOTO: ACERVO INSTITUTO MOREIRA SALLES / ARQUIVO HENRI BALLOT | CORTESIA BETO RICARDO / ISA Um diálogo imagético em que documentários histó- que passaram da oralidade para a imagem.
tiveram sua imagem “roubada” e divulgada por não Paulista. Focada no território do Xingu, no Mato Grosso, ricos são rebatidos por imagens contemporâneas feitas O domínio da imagem volta aos povos originários:
indígenas que criaram uma visão exótica e estereoti- onde atualmente vivem 6 mil indígenas de 16 etnias, a pelos próprios indígenas, que percebem a importância “Hoje nós somos protagonistas da nossa história. Antes,
padas apresentada ao Brasil e ao mundo por meio de mostra expõe lacunas e violências nas representações de registrar sua cultura para que ela vire a memória e não conhecíamos o audiovisual. Agora conhecemos.
documentários, fotografias e relatos. Uma história criada históricas. Criado em 1961, é a primeira demarcação evite apagamentos futuros. Com uma estética docu- Somos donos da nossa imagem e levamos as lutas dos
e que nunca foi a história deles. No século 20, revistas de terra indígena no Brasil e, como afirma Ailton Kre- mental, os vídeos realizados pelos indígenas discorrem povos do Xingu para museus, festivais, cinemas, redes
como O Cruzeiro e a Manchete também reforçaram esta nak na exposição, “virou símbolo de luta indígena na sobre a importância da preservação da memória de sociais, exposições”, relata Takumã Kuikuro.
ideia. Eles começaram realmente a se autorrepresentar região”. Para o curador da mostra, o cineasta Takumã suas culturas, de suas tradições. Contam seu espanto A exposição é também um resgate museológico para
no final do século 20. Apropriaram-se das ferramentas Kuikuro, “a exposição parte do objetivo de evidenciar sobre a própria demarcação do território. Retomam preencher, como explica o cocurador, o jornalista, Gui-
para construção imagética de seus povos, suas culturas. esse ativismo e também de destacar a importância do filmes antigos para apresentar para as novas gerações lherme Freitas, “lacunas existentes nos próprios museus,
O confronto destas narrativas pode ser visto na audiovisual no território”. como sua história foi narrada. E tecendo seus relatos onde muitas vezes a identificação das imagens nem
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