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EXPOSIÇÃO SÃO PAULO
Fotografia de Hélio Campos Mello de vista da exposição Fotografia de Nhakmô Kayapó do momento em que cineastas do
Coletivo Beture entrevistam o cacique Takakpe no Rio Xingu, 2021
sempre foi feita de forma adequada. Parte da história
do Xingu está registrada em fotografias sob a guarda
do Instituto Moreira Salles. A mostra é o marco inicial
de um processo de requalificação deste conjunto
de imagens, com a colaboração de pesquisadores
e lideranças indígenas, por meio da identificação de
pessoas, locais e situações retratadas”.
E é neste entralaçamento de olhares que a mos-
tra – com 200 itens, pesquisados durante dois anos,
pelos curadores Kuikuro e Freitas, com a assistente
Marina Frúgoli, em diversos acervos do país – abre
um diálogo e uma reflexão sobre a importância dos
povos originários no Brasil: “Queremos contar nossa FOTO: HELIO CAMPOS MELLO | REDE XINGU+ | CORTESIA TAKUMÃ KUIKURO
história para que os não indígenas possam reconhecer
e ensinar aos seus filhos o protagonismo dos povos
indígenas do Xingu e de todo Brasil”, afirma Kiukuro.
Como escreve o filósofo francês Georges Di di-
Huberman em seu livro Quando as imagens tomam
posição: “Para saber é preciso tomar posição. Gesto
nada simples”. Kainahu Kuikuro, integrante do Coletivo Kuikuro de Cinema, no ritual do Kuarup na aldeia Afukuri, julho de 2021
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