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CRÍTICA HISTÓRIAS BRASILEIRAS







            “HISTÓRIAS BRASILEIRAS”


            REVELA ‘SISTEMA


            COLONIAL’ NO CIRCUITO


            DAS ARTES





                     Masp traz mostra que critica falta de representatividade na
                     história da arte, mas seus próprios centros de poder são
                     brancos e patriarcais; instituição ainda exibe obras de seu
                     presidente, ignorando existência de conflito de interesses


                     por fabio Cypriano







            histórias brasileiras, mostra   para usar termos utilizados     mst, até então proibidas. Primeiro,
            que ficou em cartaz no Museu de   no próprio catálogo da mostra.  garantiram a distribuição gratuita
            Arte de São Paulo, o Masp, entre   De certa forma, essa tensão   de pôsteres daquelas imagens,
            agosto e outubro passados,      entre inclusão e privilégio foi   como Marcha Nacional pela
            retratou um dilema das          bastante explicitada pelas      Reforma Agrária, de João Zinclar,
            instituições de arte de uma forma   curadoras Clarissa Diniz e Sandra   quando a primeira sugestão do
            bastante explícita: enquanto    Benites, em maio passado, quando   museu foi adquirir as imagens
            exposições buscam criar         abandonaram o módulo Retomadas,  para o seu acervo. Com isso,
            narrativas inclusivas e de revisão   de Histórias Brasileiras, acusando    a curadoria reverteu a lógica
            da própria história da arte, essas   o museu de censura a imagens   mercadológica de propriedade
            temáticas revelam-se um tanto   selecionadas do Movimento Sem   e garantiu que as obras se
            incongruentes, já que os centros   Terra, o mst. A polêmica     multiplicassem para fora do Masp.
            de decisão do museu seguem      desdobrou-se em várias camadas,    A segunda conquista foi a
            patriarcais, brancos e elitistas.  levando Benites, meses antes   ampliação dos dias gratuitos do     FOTO: MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO ASSIS CHATEAUBRIAND (MASP), DOAÇÃO ELISA LARKIN NASCIMENTO / IPEAFRO
               De que serve denunciar no    festejada como a primeira curadora   museu. Essa vitória se deve a uma
            catálogo que “a disciplina da   indígena de um museu brasileiro,   atitude rara no sistema das artes:
            história da arte (...) é o aparato   a apontar que sua nomeação não   denunciar abusos de poder nas
            mais poderoso e duradouro do    refletiu inclusão de fato, e que    instituições, o que muitos artistas
            imperialismo e da colonização”,    o Masp reproduzia um “sistema   e curadores não fazem para não
            se os centros de poder do Masp   colonial”, como afirmou à revista   se “queimarem” no circuito.
            seguem com uma imensa maioria   Brasil de Fato.                 Afinal, dirigem as instituições,
            que não inclui “os chamados        Depois de várias negociações,   como o Masp e a Bienal,
            povos nativos, indígenas,       Diniz e Benites retornaram à    colecionadores poderosos, que
            inferiores, subordinados,       mostra conquistando mais do que   podem de fato prejudicar
            subalternos e não branco”,      a exposição das próprias fotos do   carreiras, se assim quiserem.                           Abdias Nascimento, Okê Oxóssi, 1970

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