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COLECIONISMO PEDRO BARBOSA
























                  Detalhe do acervo de vinis da coleção Moraes-Barbosa; Yves Klein, Conférence a la Sorbonne, 1969, edição original de 500
                  exemplares numerados, exemplar 132; Christophe Cherix, In & Out of Amsterdam: Travels in Conceptual Art, 1960-1976; Sigmar
                  Polke, publicação da representação da República Federal da Alemanha para a 13a Bienal de São Paulo (1975)


                    inteligentes para conviver. Aí, de novo, não dá para   para criar um código de conduta. Primeiramente
                    tirar a parte humana desse circuito, porque quem faz   com os artistas, depois os galeristas, os museus, os
                    isso aqui são essas mentes brilhantes. E eu escolhi   colecionadores, as instituições independentes, as
                    um caminho que remete à minha história de vida, a   coleções públicas e as privadas, e assim por diante.
                    meu pai professor, minha irmã cientista, meu irmão   Obviamente, isso vai ser sempre reformulado. A pri-
                    também professor, primos na USP e assim por diante.   meira versão está no ar no site ethicsofcollecting.org.
                    Eu consegui uma independência financeira e estou   Feito em inglês, mas traduzida para o espanhol,
                    numa posição privilegiada que me permite isso.   chinês e o francês, e em breve teremos a versão em
                                                                     português. Propusemos várias coisas extremamente
                  Você comenta que nesse colecionismo há dois        discutidas e negociadas, visando a uma proposta
                  mundos diferentes. Mas esse outro, o que te traz   coletiva. Conseguimos endossos diversos, que veem
                  independência financeira, ele fica esquizofrênico   o código como algo com um objetivo comum, em
                  ou você consegue manter teus posicionamentos       que todos se beneficiam. Por exemplo, uma coisa
                  nele? Grande parte das instituições públicas está   que a gente advoga como colecionador: jamais pedir
                  sendo dirigida por executivos ligados ao mercado   mais de 20% de desconto para um galerista, mas o
                  ou ao mercado financeiro, não só no Brasil, e são   galerista também tem que ajudar não deixando se
                  geralmente colecionadores, ou profissionais liga-  influenciar pela pressão que sofre. Se eu mato o
                  dos diretamente a galerias. Essas instituições, que   galerista, mato um pedaço do circuito.
                  manejam alguns milhões, estão tomando decisões       Tem colecionador que chega e pede 40% a 50%
                  estéticas e éticas. Isso não representa um confli-  de desconto. Pergunto: qual o interesse? Sufocar
                  to de interesses dentro do que seria um ideal no   o galerista, matar o artista? Veja bem, isso não é
                  mundo da arte? Isso não tem que ter limites? Há    um mercado de pulgas onde a regra número um
                  códigos de ética?                                  é a barganha. Quando eu não concordo com um
                    No Brasil, todo mundo é público e privado, porque   preço, simplesmente vou embora, adeus. Os preços
                    depende de Lei Rouanet. Se você pegou dinheiro   se ajustam no tempo.
                    público, você tem que ter respeito pela sociedade
                    à qual ele pertence.                          E nos museus…
                       Eu sei, por exemplo, que existe um código no   É o CIMaM [comitê internacional para museus] que
                    museu Reina Sofía, na Espanha, para os coleciona-  vai te dar um norte, porque é um código público
                    dores que participam dos comitês de aquisição. Há   amplamente discutido. Aqui temos mania de jogar   FOTOS: PATRICIA ROUSSEAUX
                    quase dois anos, dois colecionadores que moram   para debaixo do tapete, precisamos discutir essas         FOTO: ARQUIVO PESSOAL
                    em Paris, um italiano e outro grego, chamaram-me   coisas no dia a dia, implementar e aperfeiçoar as
                    para um grupo e fizemos discussões extensivas,   condutas do CIMaM.


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