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COLECIONISMO PEDRO BARBOSA






                  ACERVO POLÍTICO






                  Ao lado da mulher, Patrícia Moraes,                ponto em que entendi que isso era um espaço de
                  Pedro Barbosa vem construindo                      ativismo político. Que eu poderia usar as obras, ou
                  há 23 anos uma seleção de obras                    uma certa narrativa da coleção, para me expressar
                  nacionais e internacionais que propõe              politicamente.
                                                                       Em 2012, achei que poderia navegar no mercado
                  reflexões sobre estética e ativismo                internacional, fazendo uma compra aqui e ali. Primeiro,

                                                                     tive uma conversa com [o colecionador] Luiz Augusto
                  por patriCia rousseaux
                                                                    Teixeira de Freitas, que havia chamado um curador
                                                                     externo para acompanhá-lo no desenvolvimento da
                                                                     sua coleção. O Luiz Augusto foi supergeneroso, con-
                 o engenheiro QuímiCo De formação peDro barbosa,     tou-me absolutamente tudo, trocamos ideias, “veja,
                  que trabalhou por 25 anos no mercado financeiro, iniciou   isso aqui fiz errado e não faria de novo; nisso, eu daria
                  em 1999 a coleção hoje chamada de moraes-barbosa   mais ênfase”. Peguei uma experiência de nove anos
                  (cmb), que conta com um acervo de obras de arte de   que ele já tinha e copiei o modelo dele, com minhas
                  peso e um extenso arquivo de documentos raros. Recen-  nuances. Foi ele que me apresentou ao trabalho de
                  temente, foi implementado na coleção um programa   stanley brouwn, por exemplo.
                  de bolsas que propõe que artistas e pesquisadores    Aí vi que precisava de alguém no Brasil com for-
                  desenvolvam estudos em interação com o acervo. Em   mação e conhecimento que me ensinasse sobre a
                  conversa com a arte!brasileiros, Barbosa comenta que   arte contemporânea internacional e suas tendên-
                  um dos obstáculos para o crescimento do circuito da arte   cias. Só tinha um cara, que era o Jacopo [Crivelli
                  no Brasil é o hábito que se tem de jogar questões que   Visconti, curador]. Propus a ele trabalhar comigo
                  envolvam a relação entre ética e estética para debaixo   no desenvolvimento desse projeto, inicialmente
                  do tapete, quando elas deveriam, na verdade, estar em   pensado para durar dez anos, mas que foi terminado
                  primeiro plano de importância.                     em 2019, quando o Jacopo foi chamado para ser o
                                                                     curador da 34  Bienal de São Paulo.
                                                                                 a
                                                                       Em um mês haveria a Art Basel, na Suíça, e
                           – Como começou seu projeto de colecionismo?   Jacopo fez uma lista de 100 artistas contemporâ-
                    Pedro Barbosa – De modo absolutamente involun-   neos, muitos deles bastante conhecidos no circuito
                    tário. A [galerista] Raquel Arnaud é minha prima de   artístico atual. Reduzimos a lista para 40, para ter
                    primeiro grau. Eu visitava a sua galeria com alguma   melhor atenção, e deles sobraram no máximo 15
                    frequência, apenas para apreciar. Um dia, comprei   ou 20. Ao mesmo tempo, continuamos olhando a
                    uma obra [Petite Ronde Olive (1999), de Jesus Rafael   cena brasileira. Fomos montando um projeto que
                    Soto] e foi o início do que se tornou hoje a cole-  envolvia publicações, residências no Brasil e outras
                    ção. Durante minha vida universitária na USP, nos   em Londres, em parceria com a Delfina Foundation.
                    anos 1980, eu já era interessado por museus e pela   Atualmente, tenho uma coleção com certo protago-
                    contracultura paulistana, e acompanhava as artes   nismo, e Jacopo foi finalmente reconhecido quando
                    visuais pelos jornais. Depois da primeira compra,   foi chamado para fazer a Bienal. Teve uma caça às
                    veio a segunda, a terceira e assim por diante. Eu fui,   bruxas violenta a ele, que é um doce de pessoa,
                    então, tomando gosto pelo colecionismo.          muito profissional, dedicado e ético. Convivi com
                       A subida repentina de preços no início dos anos   ele por sete anos, todos os dias.
                    2000 me expeliu do segmento da geometria abstrata
                    e tive que partir para artistas novos ou em meio de  A sua coleção tem um traço muito particular. Como
                    carreira, fui gostando e me envolvendo mais. Até o   você construiu essa linha de colecionismo?


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