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DEMOCRACIA E REPARAÇÃO BIENAL DE VENEZA


































                  Acima, instalação de Sonya Boyce no pavilhão britânico, com as artistas Errollyn Wallen, Tanita
                  Tikaram, Poppy Ajudha, Jacqui Dankworth; na página ao lado, Simone Leigh, Brick House, 2019




                    Artistas mulheres de fato estão muito bem repre- representações naCionais
                  sentadas em amplos conjuntos, caso da portuguesa   Nesta edição, que vai até 27 de novembro, a artista
                  Paula Rego, que morreu agora em junho aos 87 anos, e   que ganhou o Leão de Ouro como melhor participa-
                  da alemã Rosemarie Trockel, com um impressionante   ção na mostra internacional foi a norte-americana
                  grupo de “pinturas” feitas através de bordados realizados   Simone Leigh, que abre e encerra The Milk of Dreams
                  por máquinas.                                   no Arsenale, além de representar os EUa nesta bienal.
                    Há uma valorização da manualidade na elaboração   As representações nacionais, aliás, seguem sen-
                  das obras, que faz com que nesta mostra haja de fato   do uma confusão, onde ao contrário de um excelente
                  muitos trabalhos bordados, costurados, produzidos de   nível na mostra internacional, padecem de uma dis-
                  forma um tanto individualizada, dentro do ateliê. Nesse   crepância impressionante, de pavilhões com ótimos
                  segmento, entre as obras mais impressionantes estão as   trabalhos a outros bastante constrangedores, como
                  esculturas de grandes dimensões em barro do argentino   ocorreu desta vez com Jonathas de Andrade, pelo
                  Gabriel Chaile. Em formatos antropomórficos, as cinco   Brasil. Ao levar para o pavilhão expressões populares
                  esculturas representam sua família e dialogam com a   brasileiras, ilustrando algumas delas com esculturas
                  tradição das culturas pré-colombianas na América Latina.  um tanto cafonas, o conjunto parecia perdido em
                    Do Brasil, além de Roque e Esbell, participam também   traduções, sem levar em conta o contexto interna-
                  Lenora de Barros, Solange Pessoa e Rosana Paulino.  cional da mostra.
                  As duas últimas comparecem com grandes conjuntos,   O que se destaca: a Polônia, com uma imensa
                  especialmente Pessoa, que além de 14 imensos painéis   instalação em tecido de Malgorzata Mirga-Tas; a
                  com figuras orgânicas dentro do Arsenale, também   Bélgica, com Francys Alÿs e seus vídeos de crianças
                  ocupa esculturas de pedra-sabão.                brincando em várias partes da Terra; a França, com           FOTOS: CRISTIANO CORTE  / BRITISH COUNCIL | FABIO CYPRIANO
                    Cinco pequenas mostras dentro da curadoria de  Zineb Sedira, em um divertido filme sobre seu amor
                  Alemani complementam ainda esta edição da bienal,  pelo cinema; e a Inglaterra, que recebeu o Leão de
                  cada uma sendo consideradas uma “cápsula do tempo”,  Ouro por melhor pavilhão, com Sonia Boyce e um
                  algumas a cargo de curadoras externas. Elas simulam   trabalho que parte das vozes de cantoras negras.
                  gabinetes de curiosidade, com suas vitrines e cores   A questão agora é como manter essa representa-
                  próprias, a partir de designers do estúdio Formafantasma.  tividade toda nas futuras edições.


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