Page 18 - ARTE!Brasileiros #57
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MERCADO BALANÇO 2021







































            Acima, estandes na ArtRio; na página ao lado, estande da Galeria Nara Roesler na The Armory Show 2021, em Nova York



            o papel Do online e a (Des)aCeleração           Belo Horizonte. Vilma Eid e Alexandre Roesler, sócio da
            Do presenCial                                   Galeria Nara Roesler, fazem coro e destacam os viewing
            Se em 2020 o online se tornava o centro das negociações,  rooms como um complemento, mais do que uma frente
            dobrando o número de vendas nele executadas - como   de negócios. A diretora da ArtRio, Brenda Valansi, pôde
            apresenta o relatório anual da Art Basel e uBs -, com   verificar isso na edição deste ano da feira carioca: “A pla-
            o início da vacinação e a redução no número de novos   taforma virtual acaba sendo muito usada como pesquisa,
            casos de Covid-19 no Brasil e no mundo, 2021 teve parte   para quem depois quer ver no presencial, ou às vezes
            desse cenário alterado. As atividades presenciais foram   a pessoa vê fisicamente e finaliza a compra no online”.
            retomadas gradativamente ao longo do ano, galerias   Para o fundador da Gomide & Co. (antiga Bergamin &
            e museus reabriram suas exposições e feiras de arte   Gomide), Thiago Gomide, a comparação entre os resul-
            nacionais e internacionais adotaram um formato híbrido.  tados dos eventos presenciais e virtuais é desleal: “Acho
               No caso dos leilões, “o online se consagra como uma   que os viewing rooms vieram para ficar, mas é ridícula a
            alternativa sólida de operação”, como garante Aloísio   comparação. As vendas que foram resultado de alguma
            Cravo. O leiloeiro destaca que seus dois eventos deste   coisa online foram irrisórias no meu faturamento”.
            ano ocorreram virtualmente e tiveram bons resultados,   Apesar da programação digital não ter a mesma
            chegando a dobrar os valores das peças. Há também   potência da física, como aponta Roesler, ela é muito
            uma profusão de pequenos leilões por canais virtuais,  mais barata. Esse parece ser um dos fatores chave
            com patamares de preços mais baixos, como afirma   para o sucesso de 2020. Se por um lado as vendas
            Tamara Perlman.                                 foram menores, foi a capacidade de reduzir custos     FOTOS: DIVULGAÇÃO | CHARLES ROUSSEL / CORTESIA NARA ROESLER
               Porém, esse não parece ser o cenário geral para as   operacionais que permitiu a alguns galeristas manter
            artes. O modelo híbrido se firma como um caminho sem   a lucratividade. A volta do presencial traz um impacto
            volta, o online não parece disposto a recuar, mas talvez não   nesse sentido, em especial com o aumento da cota-
            persista do modo que se esperava. “Acho que, neste ano,  ção do dólar e do euro. “Participar de feira física, por
            o virtual foi mais um processo de aproximação, menos   exemplo, é caríssimo. Atualmente está mais caro ainda,
            de venda. Ele não perdeu a importância, mas a venda   porque os custos de logística mais do que duplicaram”,
            voltou a ser mais presencial”, afirma Murilo Castro, de   destaca Roesler.

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