Page 21 - ARTE!Brasileiros #57
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pandemia a resultados bons de venda. “Obra de arte é circular de alguma forma, então não tem um impacto
um investimento material, muita gente em momento de direto no mercado”, diz Bruna Bailune, das jovens Gale-
crise opta por fazer esse tipo de transação”, diz. Com ria Aura e Bailune Biancheri. As constatações vão de
um acervo diverso, a Paulo Darzé Galeria apresenta encontro ao contexto atual. Como aponta o relatório
obras de artistas jovens emergentes, bem como nomes sobre riqueza global feito pelo banco Credit Suisse, a
consagrados, como Amilcar de Castro, Frans Krajcberg, concentração de renda aumentou em todo o mundo no
Leda Catunda e Tunga. Os dois lados do negócio tiveram período da pandemia. No Brasil, vivemos o pior nível
resultados muito distintos em 2021. “Temos um mercado de concentração de renda desde 2000, com 49,6% da
de arte aquecido para obras mais caras, porque a crise riqueza do país na mão de 1% da população. “Acho que
impacta menos as grandes fortunas do país. No ponto tem muita grana no mercado de arte. Cada dia entram
de vista dos jovens artistas, o negócio fica bastante pre- novos colecionadores e novos patronos. Sinto que
cário. São obras mais em conta, de artistas emergentes estamos no início de um grande boom, que a próxima
e o impacto de vendas é muito significativo.” década vai ser a melhor que o mercado de arte já teve
A crise que se impõe sobre o país, inclusive na área na história”, diz Thiago Gomide.
cultural - com a paralisia na Lei de Incentivo a Cultura, A previsão do galerista não parece distante do que
a falta de investimentos nas instituições públicas e até mostram as pesquisas. “O relatório da Deloitte mostra
mesmo o cerceamento à criação artística - não che- que o número de super ricos no mundo cresceu muito
ga a afetar significativamente o mercado. “Acho que nos últimos anos, e que isso ainda não resultou num
temos um desmonte acontecendo, um momento muito aumento proporcional nos números de venda de arte,
complexo em relação aos recursos públicos da cultura, o que significa que esse mercado ainda tem muito para
mas de fato o mercado no Brasil é muito dependente crescer”, aponta Perlman. Segundo a pesquisa, até 2025
dos colecionadores privados, e esses colecionadores deve-se ver um grande crescimento no investimento
continuam capitalizados, continuam fazendo o dinheiro em artes não só no Brasil, como em todo o mundo.
Diego y yo, pintura de Frida Kahlo vendida por valor recorde em leilão da Sotheby’s
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