Page 76 - ARTE!Brasileiros #54

LIVROS ARTE POLÍTICA

Da esquerda para a direita: Lei e Polícia, Cartão postal; Empregadas domésticas…, de Hilda Campofiorito; União por
uma vida melhor e pela Paz, de Carlos Scliar; e O Escotismo como símbolo do patriotismo, autor não identificado

–, a pesquisa da historiadora se subdivide em dois trabalhadoras, muitos deles operários, artesãos, sem
grandes grupos de autores: de um lado, estão aqueles formação artística ou, em alguns casos, tendo uma
que tiveram formação artística, pertenciam à classe base formal adquirida nos Liceus de Arte e Ofícios do
burguesa, transitavam pelos círculos intelectuais ou Rio e de São Paulo. São aqueles que Mário de Andrade
eram reconhecidos como figuras importantes das chamou de “artistas proletários”, de origem humilde,
artes e da política brasileira. filhos de imigrantes. “Permaneceram à margem dos
Também fazem parte desse primeiro grupo de artis- principais movimentos culturais e artísticos da história
tas profissionais um leque amplo de exilados políticos, da arte moderna, sem dispor de um ateliê e sem fre-
com destaque para os refugiados das perseguições quentar os circuitos dos vanguardistas de protesto”,
nazistas que assolavam a Europa, sobretudo no período explica Tucci Carneiro. Apesar da clandestinidade,
que antecede e durante a Segunda Guerra Mundial essencial para aqueles que não dispunham de nenhum
e que são tema de grande importância na trajetória tipo de proteção, e da grande dispersão desse material
da pesquisadora. Em seu livro, Tucci Carneiro faz um (naturalmente, a imensa maioria dos impressos de
amplo levantamento desses artistas, apresenta sinté- protesto produzidos no Brasil foi esquecida ou perdi-
ticas biografias, sempre procurando traçar as relações da), a historiadora conseguiu reunir alguns vestígios
entre as poéticas em sintonia com as pesquisas de capazes de identificar alguns autores dessa militância.
vanguarda no campo da arte e o ideário político que Há, por exemplo, Moyses Kalinas, romeno, pintor e
conduz tais ações. funcionário da fábrica de papel Klabin, que chegou
Mas talvez a contribuição singular desse estudo a ter portaria de expulsão editada, mas que até 1948
seja o esforço feito em dar um lugar a um segundo permanecia no país. Outros nomes, como Angelo de
grupo, os autores anônimos, provenientes das classes las Heras, J. B. Pelayo, J. Matheus, Otávio Falcão e

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