Page 38 - ARTE!Brasileiros #52
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INSTITUIÇÕES MAM RIO
    INS T I T U IÇ Õ E S  MAM  R I O









            “DESVERTICALIZAR”


            O MUSEU







                                     Keyna Eleison e Pablo Lafuente assumem a
                                     direção artística do Museu de Arte Moderna do
                                     Rio e, em dupla, defendem para a instituição uma
                                     lógica marcada pela diversidade e negociação

                                     por Fabio CYpriano



            DesDe o Dia 1º De setembro passaDo, o Museu de   histórica e, em nosso projeto, discutimos o que pode
            Arte Moderna do Rio (mam Rio) tem à frente uma nova   ser um processo de abertura do mam”, conta Eleison.
            direção artística, escolhida a partir de um edital público,   “O mam, mesmo antes do Frederico Morais, começa
            em um exercício de transparência raro no cenário nacio- em um prédio que era o Bloco Escola (inaugurado em
            nal. A proposta veio do diretor executivo do museu,  1958) e só depois vem o Bloco de Exposições (1967). Então,
            Fabio Szwarcwald, que assumiu o posto no início do ano.  ele já começa com práticas outras como a pedagogia,
               Essa nova direção artística carrega ainda outra novi- que faz parte da criação, e resulta em processos de
            dade: a gestão exercida por uma dupla, a brasileira Keyna   exposição, que por sua vez resultam em projetos peda-
            Eleison e o espanhol Pablo Lafuente, que vive no Brasil   gógicos, tudo isso acompanhado da Cinemateca, um
            há sete anos, desde que fez parte da equipe curatorial   arquivo que se conserva e se exibe. Essa conjunção de
            da 31ª Bienal de São Paulo, intitulada Como (...) coisas   práticas é fundamental para a história do mam”, explica
            que não existem.  Em comum, ambos passaram “pelas   Lafuente. Para ele, isso representa “uma complexidade
            várias posições que envolvem a prática da arte: escrita,  orgânica, onde todos os processos se alimentam uns
            curadoria, gestão, educação”, como definiu Lafuente   aos outros, sem que nenhum deles seja o centro”.
            durante entrevista virtual concedida à arte!brasileiros   Levando em conta essa contextualização, a nova
            no início de outubro. Entusiasmados na nova função,  gestão chega cumprindo a agenda deixada pelos anteces-
            respondiam com humor e se revezando, em uma sintonia   sores. “A gente tem um legado institucional para celebrar.
            característica de casal novo.                   E a palavra é mesmo essa, porque é comum que, quando
               Durante a ditadura militar, o mam carioca protagoni- entra uma nova direção, a antiga seja demonizada. Não é
            zou alguns dos momentos mais marcantes da história   nesse sentido que queremos trabalhar. Então será a partir
            da arte no Brasil, como na mostra Nova Objetividade,  de julho do próximo ano que teremos uma contundência
            em 1967, onde Hélio Oiticica apresentou seu penetrá- maior”, conta Eleison. Fernando Cocchiarale e Fernanda
            vel Tropicália, e nos Domingos da Criação, encontros   Lopes deixam a curadoria em outubro e uma nova vaga
            promovidos por Frederico Morais com artistas expe- se abre e será preenchida por concurso.
            rimentais na área externas do museu, em 1971. Desde   Mas, se do ponto de vista da programação a pro-
            então, contudo, a instituição foi se fechando e há muito   posta da dupla só será mesmo mais visível em 2021,   FOTO: FABIO SOUZA
            deixou de ser referência, desafio que se impõe à dupla.  há um componente de gestão distinto, como afirma
           “Nós compartilhamos essa leitura sobre a potência   Lafuente, que já será exercido agora: “O mam não





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