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não brancas e migrantes”, explica Beatriz. Ao que Diane   violência não molde as nossas existências”.
            complementa: “De fato, as práticas artísticas e suas   Para manter essa ideia, buscaram “experimentos
            expressões são ferramentas para atravessar esses   curatoriais em diálogo com artistas que tem a vida e a
            colapsos naturais que a gente vem vivendo”.      prática diretamente conectadas com a violência colo-
               Para Thiago, a compreensão desse cenário era   nial, sem contribuir para a assimilação dessa práticas”,
            imprescindível, como forma de construir uma prática   explica o curador.
            curatorial que “busca a colaboração como uma maneira
            ética de imaginar o mundo de outro modo; de perguntar   QuanDo o rio toma Forma De serpente
            como a arte contemporânea pode nos ajudar a desen-  Em sua fala, Thiago explicou que, neste segundo
            volver um horizonte um pouco menos brutal em que a   semestre de 2020, o trio desenvolve um programa de
                                                                               estudos, a partir de encontros
                                                                               com um grupo de 15 artistas.
                                                                               Composto de atividades forma-
                                                                               tivas, tem o objetivo de fomentar
                                                                               práticas educativas radicais e, ao
                                                                               mesmo tempo, incentivar políti-
                                                                               cas de redistribuição e acesso à
                                                                               arte. Além desse programa, estão
                                                                               previstas ações online gratuitas e
                                                                               abertas ao público, como cursos,
                                                                               seminários, palestras, lançamen-
                                                                               tos editoriais, mostras de filmes e
                                                                               vídeos e um programa de forma-
                                                                               ção de professores.
                                                                                  O resultado da Frestas é dife-
                                                                               rente daquilo que se pensava no
                                                                               início, pois a edição foi elabora-
                                                                               da em um mundo pré-pandêmi-
                                                                               co. Porém, a situação pareceu
                                                                               intensificar a mensagem que a
                                                                               curadoria pretendia transmitir.
                                                                               “A pandemia não só revela a obs-
                                                                               cenidade das estruturas raciais
                                                                               e classistas do país, mas tam-
                                                                               bém a obscenidade no sentido
                                                                               do que o sistema da arte sempre
                                                                               tentou esconder”, explica Diane.
                                                                               Para ela, a situação global não
                                                                               impediu, mas em certos pon-
                                                                               tos até reforçou uma questão
                                                                               importante desse pensamento:
                                                                               O que é ser um corpo dissidente
                                                                               e racializado dentro do circui-
                                                                          FOTOS: ARQUIVO PESSOAL  to da arte contemporânea, que

                                                                               sempre invisibilizou e subalter-
                                                                               nizou os nossos conhecimen-
                                                                               tos? E é essa questão que O rio
                                                                               é a serpente pretende refletir.

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