Page 30 - ARTE!Brasileiros #52
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SEMINÁRIO INTERNACIONAL DIA 2













































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                                                                                   imagens de Alcântara, no
                                                                                   Maranhão, feitas durante
                                                                                   a viagem curatorial



               Com o título O rio é uma serpente, essa edição da   conhecimentos e repertórios, o trio embarcou para
            Trienal reúne cosmologias e cosmovisões “que não pas- uma viagem pelo país. “O mais importante para nós
            sam somente por esferas econômicas e sociais, que sus- era construir uma viagem coletiva, para que a partir
            tentam uma coleção de conhecimentos e pensamentos   desse corpo em movimento e em embate com outros
            afroindígenas, nativos e ancestrais”, afirma a curadora.  territórios pudéssemos criar esse corpo curatorial”,
            Para o trio, “O rio é uma serpente não é um tema, mas   conta Beatriz.
            uma cosmovisão interessada em reunir e apresentar   Fizeram uma rota inicial de dois meses por loca-
            os aprendizados que tivemos até aqui”, explica Diane.   lidades do Norte e do Nordeste. Assim entraram em
                                                            contato com a lógica local dos circuitos de arte e da
            entre negoCiações e ContraDições                sociabilidade dessas regiões específicas. “Buscamos
            Beatriz Lemos pontua que os aprendizados começaram   entender de diferentes maneiras a grandiosidade dessas
            com a compreensão de qual é esse chão de Sorocaba,  naturezas e como operavam as estratégias de crimes
            onde a Frestas se instalaria. Para isso fizeram encontros   ambientais”, conta. Para Beatriz, essa seria a forma de
            de escuta na cidade e criaram um diálogo com artistas,  entender como as grandes iniciativas privadas afetam
            produtores, gestores e educadores. “Foi a partir daí   as comunidades tradicionais, quilombolas e indígenas
            que percebemos que nossos pontos de partida seriam   das regiões, através de um racismo ambiental. Esse, por
            o território e o educativo”, explica.           sua vez, constituído por “práticas, legitimadas histori-
               De forma a expandir essas negociações e enten- camente, que anulam uma fruição de prazer e contato
            der outras narrativas de Brasil, além dos próprios   de meios ambientais a comunidades negras, indígenas,

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