Page 31 - ARTE!Brasileiros #50
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Uma característica desses povos ameríndios é a
                  de não diferenciar coisas que nós consideramos
                  como esferas separadas: ética, estética e moral.
                  ’’
                  Então aquilo que é esteticamente belo é porque
                  é eticamente correto e moralmente é o certo.

                   SYLVIA CAIUBY


                  os povos que formaram o país com
                  a exposição Heranças de um Brasil
                  Profundo. A Pinacoteca prepara  uma
                  grande mostra de arte contemporâ-
                  nea indígena, Véxoa, e o maSp definiu
                  Histórias Indígenas como seu eixo
                  curatorial para 2021. Ainda se poderia
                  citar obras apresentadas nas últimas
                  bienais de SP, exposições realizadas
                  recentemente no Instituto Moreira
                  Salles – como A Luta Yanomami, de
                  Claudia Andujar, artista que também
                  ganhou uma galeria permanente
                  em Inhotim –, no Museu de Arte do
                  Rio, no Centro Cultural Banco do
                  Brasil e no Instituto Tomie Ohtake,
                  entre outros.
                     Afirmar quais são as motivações
                  para tamanho movimento seria arris-
                  cado, até por serem elas variadas e
                  imprecisas. A própria percepção da
                  ameaça crescente aos povos indí-
                  genas e as consequências da crise
                  climática certamente estão entre
                  elas. Mas há também quem perceba
                  outras nuances. “Acho que talvez o
                  mundo das artes tenha despertado
                  mais agora porque as coisas come-
                  çaram a atingir uma ‘branquitude’
                  que estava tranquila, protegida,
                  presa num romantismo. Mas tem
                  gente que já estava acostumada com    Child of the
                  a perseguição, que tem sabedoria      Great Box, dos     ofensa que mais essa agora não vai
                                                        artistas Gwaai
                  do que é estar em guerra. Quando
    EVERTON BALLARDIN | MIKE PECKETT  mais rápido”, afirmou o artista Guer-  e Jaalen   nos tirar do sério. Fico preocupado
                                                        Edenshaw
                  há necessidade, tudo se aprende
                                                        Edenshaw, do
                                                        povo Haida
                  reiro do Divino Amor em entrevista
                                                                           é se os brancos vão resistir. Nós
                                                        Gwaii (Canadá),
                  recente à ARTE!BRASILEIROS. A
                                                                           estamos resistindo há 500 anos”.
                                                        na mostra
                  fala dialoga com a declaração dada
                                                                             O enfoque dado pelas institui-
                                                        Encontros
                                                                           ções não vem dissociado do cres-
                  recentemente pelo líder indígena Ail-
                                                        Ameríndios
                                                                           cente destaque recebido por artistas
                  ton Krenak: “Já passamos por tanta

                                                                                                                08/04/2020   23:03
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