Page 76 - ARTE!Brasileiros #46
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EXPOSIÇÃO SÃO PAULO
MEXENDO COM ESTRUTURAS
ANDRÉ KOMATSU POSICIONA SEUS TRABALHOS DE FORMA CONTUNDENTE SOBRE QUESTÕES DO SISTEMA
POR JAMYLE RKAIN
AOS 40 ANOS DE IDADE, o artista André que o que vivemos hoje, por exemplo esse levante
Komatsu coleciona uma série de mostras impor- ultraliberal, é um desenvolvimento do mercanti-
tantíssimas em seu currículo, tendo participado lismo, da burguesia, quando eles começaram a
da delegação brasileira na Bienal de Veneza em entender que o Estado poderia ser um veículo de
2015 e de duas Bienais do Mercosul seguidas, em acúmulo de capital”, comenta o artista.
2009 e 2011. O artista divide um espaço com um Ele vem de um grupo que fazia muita performance
amigo no Belém, no começo da Zona Leste. O no começo da carreira, entre 1999 e 2000: “Anti-
galpão de 400 m é usado basicamente para que gamente era muito mais visceral. Venho de uma
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as ideias tomem forma, ideias essas que surgem turma que cresceu num momento que o mercado
em qualquer lugar, seja em um quarto de hotel ou de arte não era grande como agora. Tinha quase
mesmo durante uma troca com o público. nada. E era um grupo de artistas que o pessoal
Komatsu é um artista questionador, e que não tem não tinha dinheiro”, ele conta. De lá pra cá, ele já
receio disso. Seu posicionamento anti-sistema (ou trabalhou com várias modalidades, da gravura à
mesmo no plural) é um fator importante em seu performance à instalação: “Naquela época, você
trabalho, desde o início: “A gente precisa entender se virava com qualquer coisa. Material eu pegava
que a estrutura social nunca foi alterada. Entender na rua. Ou fazia performance porque não precisava
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