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CRÍTICA BIENAL DE VENEZA

























































             ALÉM DA ESCALA DE PAISAGEM CROMÁTICA, (2016-2017), SHEILA HICKS. MEIOS MISTOS, 600 X 1600 X 400 CM



             Por outro lado, é muito recorrente a apresentação de   Pavilhão Central e outros nove no Arsenale. Cada capítulo
             artistas com trabalhos significativos dos anos 1960 e 1970,   ou pavilhão, o nome que acaba se contrapondo aos tradi-
             quando tinha início a performance. Várias obras da mostra   cionais pavilhões nacionais da mostra, é visto em um tema
             estão conectadas com esse momento. É o caso da italiana   amplo e genérico, que vai desde questões específicas da
             Maria Lai (1919 – 2013), do húngaro Tibor Hajas, do holandês   arte, como o Pavilhão das Cores e o Pavilhão dos Artistas
             Ader, e do brasileiro Bruscky, entre tantos outros. Contudo,   e Livros, passando por outros de temática social, como o
             são artistas com produções que carregam o sentimento de   Pavilhão do Comum e o da Terra, até temas esotéricos,
             déjà vu, apesar da originalidade de cada um em seu lugar.   como dos Xamãs, e do Tempo e do Infinito.
             A performance na qual Bruscky espalhou diversas caixas de   O Pavilhão do Comum, por exemplo, reúne artistas como
             madeira à frente do Pavilhão Central, por exemplo, é uma   a italiana Maria Lai, figura até o momento bastante à
             obra com marca de datada, já que a referência à arte postal,   margem do sistema de arte, mas resgatada em 2017 em
             com a ironia do que significa o transporte de uma obra de   duas grandes mostras, já que além de Veneza, ela parti-
             arte, perde um tanto o sentido com a falta de importância   cipa da Documenta de Kassel e Atenas. Na Bienal, Lai é
             do correio na sociedade atual.              vista de forma ampla, em obras de vários períodos de sua
             Aliás, Viva Arte Viva dá mesmo a impressão de que pior   carreira, das intervenções performáticas em sua cidade
             que cair nas radicalizações polarizadas que o mundo vive   natal, Ulassai, nos anos 1970, à esplêndida série Lenzuolo,
             hoje é buscar agradar a todos com um consenso inclusivo.   de 1991, composta por textos costurados em tecidos, um
             A exposição se divide em nove capítulos, dois deles no   trabalho manual impressionante.


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