Page 88 - ARTE!Brasileiros #40

LIVROS FOTOGRAFIA

MARCOS CHAVES
(Rio de Janeiro, 1961). Grande parte da
obra visual desse artista se modula
através de um libertário uso da
fotografia que pertence ao novo
casamento efetivado nos anos 1990
pela arte e a fotografia, apesar da
ênfase reconhecida que esse meio tinha
historicamente. De fato, o tratamento
visual se dirige para várias direções:
para o registro de situações paródicas,
para fotografias intervindas ou para a
construção de arquiteturas visuais, seja
de imagens, seja com objetos. Trata-se,
portanto, de uma poética fotográfica
que se coloca no meio-fio da imagem,
na dependência simétrica do externo,
sempre conceitualizada como fotografia
direta, e do processo posterior, de uma
pós-produção visual, em que às vezes
aparece a palavra ou o título como
descódigo. Seja no lado explorado da
cópia, da imagem gravada-pescada na
rua como apropriação (entre Duchamp
e a fotografia), seja na escolha dos
motivos e situações, o humor constitui
um ingrediente capital, desmitificador,
irreverente, até quando é a natureza
mais sublime a representada. Isso
explica a tendência aos assemblages ou
às próteses visuais que costumam ser
objetos arquitetônicos encontrados,
obras públicas anônimas, caso da
coleção Buracos (2002), toda uma
homenagem cáustica ao despoder
como acervo artístico, à vista.

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