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SEM TÍTULO (1990), ELZA LIMA. PIGMENTO MINERAL SOBRE PAPELDE ALGODÃO, RIO TROMBETAS – PA, 70 X 105 CM
São Paulo e visitar artistas em outras cidades. “É Domingos da Criação, Walter Zanini reprovado
impressionante como a circulação dos trabalhos, pelo projeto de exposições Jovens Arte Contem-
mesmo no Brasil, é difícil, e temos sempre que ficar porânea, Lisette Lagnado repreendida por sua
atentos e nos movimentar para não cair no erro de Bienal (2006) e o seu Panorama (2013) e Paulo
achar que a nossa cidade é o mundo.” Herkenhoff, então, seria multiplamente desacre-
Mosqueira concorda com Rivitti. O carioca conta ditado, um fracasso como curador ‘competente’”,
que, depois de uma viagem ao Pará, fez uma observa. Para ele, mais importante que definir o
exposição chamada Horizonte Generoso só com que é o trabalho do curador é pensar o que pode
artistas de Belém. “Os jornalistas diziam que eu ser seu trabalho e de que maneira essa prática pode
estava descobrindo Belém, como se antes ela esti- ser “expandida e transformada, além de expansiva
vesse invisível. Interessante de verdade é o Paulo e transformadora”.
Herkenhoff, que acompanha os artistas e institui- Miyada, afora coordenar o Núcleo de Pesquisa e
ções da cidade há décadas”, lembra Mosqueira. Ele Curadoria do Tomie Ohtake, é professor da Escola
confessa ainda que mais importante do que ter Entrópica, que oferece programação de cursos,
feito uma exposição com os artistas de Belém é ter laboratórios e grupos sobre a arte contemporânea,
podido trabalhar com alguns deles muitas outras e acredita que curadoria é o trabalho de quem vê,
vezes depois da primeira exposição. estuda e discute a produção artística de forma a
Interessado e atento ao mercado, Mosqueira criar situações para que outros públicos possam
questiona as cartilhas que querem enquadrar o vivenciar juntos certas obras e ideias. “Nesse sen-
trabalho do curador em determinado contexto ou tido, todo contexto em que artistas apresentam
modelo. “Em 2016, lançaram uma publicação sobre sua produção interessa, de exposições grandes e
o tema cuja introdução ambicionava listar os pro- pequenas a grupos de estudo, publicações, canais
cedimentos obrigatórios do trabalho. Segundo os digitais, etc”, argumenta. Para Cauê Alves, curador
parâmetros desse ‘tutorial da curadoria’, Frederico tem que circular. Assim como o artista, “que não
Morais seria condenado pelo projeto de encontros pode ficar parado”.
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