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REPORTAGEM CURADORIA






































             YAÔ. RITUAL DE INICIAÇÃO CANDOMBLÉ, ILÊ ASÉ IYA OGUNTÈ OGUNTÈ (2014), GUY VELOSO, ANANINDEUA – PA, 54 X 86 CM



             Ohtake, Paulo Miyada também é pesquisador de   FORA DO CIRCUITO
             arte contemporânea e tem como única regra não   Mesmo com estilos e personalidades diferentes,
             ficar restrito a um grupo ou um entendimento único   os curadores são unânimes ao falar que espaços
             do que seja arte. “Isso às vezes passa por criar   independentes ou alternativos são essenciais para
             projetos como o Estou Cá, realizado no último ano  quem quer sair do óbvio. “São lugares menos
             no Sesc Belenzinho. Passa também pelo corpo a   burocráticos e com uma liberdade maior de expe-
             corpo com os alunos artistas na Escola Entrópica   rimentação e flexibilidade, onde é possível encon-
             do Instituto Tomie Ohtake.” Recentemente, Miyada   trar produções frescas”, explica Alves, citando os
             levou os artistas Lia Chaia, João Castilho e Jorge   paulistanos Atêlie 397, Casa Contemporânea e
             Soledar ao Tomie Ohtake quase ao mesmo que uma   Casa Tomada, e Ateliê Aberto, em Campinas. Para
             retrospectiva da pop Yoko Ono estreava no instituto.   ele, não existe cena independente, já que “todo
             O carioca Bernardo Mosqueira pondera que, mesmo  mundo depende de alguma coisa”. “É mais um
             com novidades constantes no mercado, o trabalho   rótulo do que uma verdade, uma vez que a coisa
             do curador não se resume a descobrir novos talen -  toda funciona em rede.”
             tos. “Muitas vezes me interessa mais acompanhar   À frente do Ateliê 397, espaço de intervenção cultu-
             e trocar longamente do que descobrir e ‘utilizar’   ral com gestão coletiva, Rivitti é parte desse cenário
             um trabalho ou artista uma única vez”, conta ele,   informal e tem como desafio encontrar meios de
             que fez sua primeira exposição em sua casa no   manter o espaço e abrigar artistas, seja com leilões
             bairro do Jardim Botânico, no Rio, com obras de 47  ou exposições, seja cedendo espaço para residên-
             artistas. “Tem artistas com quem trabalho desde a   cia. “Normalmente os artistas com os quais eu me
             primeira exposição, como é o caso do coletivo carioca   identifico são aqueles que buscam contextos de exi-
             Opavivará, da artista paulistana Vivian Caccuri, do   bição mais favoráveis à experimentação, situações
             carioca Marcos Chaves e do gaúcho Tiago Rivaldo.   em que o conflito não é evitado, mas, ao contrário,
             Devo ter feito de seis a 12 exposições com cada um  desejado”, explica a curadora e pesquisadora.
             deles nesses últimos sete anos”, lembra Mosqueira.  Sempre que pode, ela também se força a sair de


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