Exposição “Cássio Vasconcellos – Viagem Pitoresca pelo Brasil”

sab17ago(ago 17)10:00sab12out(out 12)19:00Exposição “Cássio Vasconcellos – Viagem Pitoresca pelo Brasil”O artista apresenta dezenove fotografias inéditas, em grande formato, produzidas nos últimos três anos, em que faz uma homenagem às florestas brasileiras.Galeria Nara Roesler - SP, Avenida Europa, 655, São Paulo - SP

Detalhes

Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresenta a exposição “Viagem Pitoresca pelo Brasil”, com dezenove fotografias em grande formato, recentes e inéditas, de Cássio Vasconcellos, resultado de três anos de incursões do artista dentro da mata atlântica nos estados de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro.  A curadoria é de Ana Maria Belluzzo, crítica e pesquisadora, professora titular de História da Arte da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Universidade de São Paulo. O evento integra o Circuito Jardim Europa, que acontecerá neste dia.  

 Na abertura, no dia 17 de agosto, às 11h, será lançado o livro “Cássio Vasconcellos – Viagem Pitoresca pelo Brasil” (Fotô Editorial, 2024), com 192 páginas, formato 32 x 23,5cm, e textos da curadora e pesquisadora Ângela Berlinde, do historiador Julio Bandeira e do botânico Ricardo Cardim.
 

O processo de trabalho de Cássio Vasconcellos abrange muitas viagens, “muita lama e carrapato”, e depois um extenso e minucioso trabalho de pós-produção da fotografia, de modo a “limpar” o excesso de informações carregadas pela imagem da floresta, e assim obter o resultado desejado. “Gosto de explorar muito os limites da fotografia. É isso que me interessa como linguagem”, diz. 

DIÁLOGO COM OS ARTISTAS VIAJANTES  

O título da exposição faz referência aos primeiros registros conhecidos das florestas brasileiras, iniciados pelo aristocrata e arqueólogo francês Conde de Clarac (1777-1847), com seu desenho “Floresta Virgem do Brasil”, gravado em metal por Claude François Fortier (1775-1835), em 1822, referência para os chamados “artistas viajantes” do século 19, integrantes da Missão Artística Francesa, como Jean-Baptiste Debret (1768-1848), que ao voltar à França publicou “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil” (1834-1839). 

Diferentemente dos artistas viajantes, Cássio Vasconcellos precisa encontrar o enquadramento certo. “Os artistas do século 19 pegavam uma cena que podiam depois acertar no ateliê, tirar por exemplo uma palmeira que estava atrapalhando a imagem”, compara. “A floresta é muito difícil de fotografar. É uma confusão visual tremenda, porque são infinitos planos. É muita informação de uma vez só. E é muito fácil cair na banalidade. São muitos quilômetros de caminhada para achar o ângulo perfeito, e muitas vezes levo um dia inteiro para fazer uma foto. Ao contrário do que muita gente imagina, eu prefiro dias nublados e até com um chuvisco. A luz do sol na floresta não é boa, estoura nas altas luzes, e na sombra fica preto. Sob o nosso sol tropical, a luz é uma paulada”, explica. 

 Cássio Vasconcellos usa equipamento digital, e após o registro feito na floresta, ele trabalha com muitas camadas de pós-produção. “Dou uma dessaturada. Os tons variam: às vezes ficam mais ou menos verdes, ou uma sépia. Uma cor mais esmaecida, algo intermediário”. “São muitas etapasno ateliê, para se chegar ao resultado”.  

 O curador e pesquisador Theo Monteiro salienta que “é muito difícil fotografar mata fechada, e com o tratamento feito por Cássio ele consegue criar um tipo de representação que lembra muito o que os viajantes estrangeiros faziam – Clarac, Rugendas (1802-1858), Thomas Ender (1793-1875) – só que é fotografia”. “Com este tratamento muito requintado e elaborado, ficamos na dúvida por alguns instantes se é fotografia ou gravura, que é uma ideia da fotografia e da arte contemporânea: de que meio estamos falando? Até que ponto aquele meio é verídico ou não, se é real ou imaginário? Não é simplesmente uma releitura de um trabalho acadêmico. Tem um jeito de fazer um enquadramento no olhar que fica compreensível. Por mais panorâmico que seja o trabalho do Cássio, você consegue identificar cada um dos elementos. Tem um naturismo, um detalhismo. Não é simplesmente bater uma foto da mata”, afirma.  

 Cássio Vasconcellos ressalta: “Não tenho a preocupação de revisitar os locais feitos pelos artistas viajantes, e até nem seria possível, com a transformação havida na paisagem desde então”.  

 Para o público perceber este diálogo proposto pelo artista com os pintores viajantes, estarão na exposição reproduções em alta qualidade das obras Fôret Vierge Du Brésil” (“Floresta Virgem do Brasil”),1822, buril, 68 x 87 cm, gravura em metal de Claude Francois Fortier a partir de desenho do Conde de Clarac; Forêt Vierge (Le bords du Parahiba)” e “Valle da Serra do Mar” (“Chaine de Montagnes près de la Mer), litografias de Charles Motte (1784-1836), a partir de desenhos de Jean-Baptiste Debret, presentes na edição de “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, Paris, Firmin Didot Frères, tomo I,1834.  

 IMERSÃO NA FLORESTA 

No fundo do salão com pé direito duplo, haverá um painel curvo, com três metros de altura e doze de largura, com a imagem de uma figueira no Rio Grande do Sul, que vai preencher metade da sala, “para a pessoa ter uma certa imersão”, destaca o artista. A fotografia original também estará na exposição, emoldurada.  

 A expografia abrange duas paredes que serão construídas na primeira sala, para receber as fotografias.  

 “É uma grande homenagem às florestas, tanto o livro como a exposição. Muitas dessas florestas eu fui com o Cardim, que é uma enciclopédia ambulante, um botânico muito ligado na questão ambiental, da destruição que foi feita, dos remanescentes. Uma aula em que vamos aprendendo o que fizeram contra as florestas”, destaca o artista. 

 Ana Maria Belluzzo, no texto que acompanha a exposição, destaca que “o artista apura valores inerentes à fotografia, acentua e transforma registros do real, que são interpretados com aplicação de recursos de edições digitais”. “A imagem ganha teor expressivo ao aparecer revestida de dimensões plásticas, gráficas, táteis”, observa. “Sob comando da escrita da luz, os raios luminosos emitidos pela vegetação chegam até nós. Vistas em contraluz introduzem o sujeito/observador no interior da mata. Em contrapartida, o desfoque do fundo das fotos e o aspecto turvo de entes vegetais, em destaque, tendem a recriar cenários enigmáticos, até fantásticos. Motivam sensações oníricas. A visão da natureza nos escapa. A irrealidade da paisagem também se insinua pela extrema limpidez de pormenores ampliados. Imagens nos transportam para um mundo fantástico, por vezes fantasmático”.   

Um vídeo sobre o processo de Cássio Vasconcellos, feito em 2019, pode ser visto pelo link https://www.youtube.com/watch?v=g03O0eTahJ4. 

Serviço
Exposição| Cássio Vasconcellos – Viagem Pitoresca pelo Brasil
De 17 de agosto a 12 de outubro
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 15h

Período

17 de agosto de 2024 10:00 - 12 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)

Local

Galeria Nara Roesler - SP

Avenida Europa, 655, São Paulo - SP

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