Foto reproduzida de capazes.pt/cronicas/nada-vai-mudar-se-nao-lutarmos-e-denunciarmos/

A sensação de medo também varia de acordo com o gênero. Pesquisa
recém-concluída constatou que 83% das mulheres têm medo de andar
sozinhas à noite. Entre os homens, o índice cai para 55%. “Todos os
indicadores mostram que a sensação de medo em andar na rua, ir para o
trabalho, sair para comprar pão, é muito maior entre as mulheres do que
entre os homens”, afirma Renato Meirelles, presidente do Instituto
Locomotiva, que entrevistou três mil pessoas, em 35 cidades, nos dois
primeiros meses do ano.

A ideia de pesquisar o tema surgiu da hipótese de que a sensação de medo
era generalizada nas cidades brasileiras, associada à dúvida se essa vivência
dependia do gênero. Constatada a discrepância entre os gêneros, Meirelles
trabalha com a possibilidade de o pano de fundo desse temor estar no fato
de, em geral, a fonte do medo vir do sexo masculino: “Uma mulher não
atravessa a rua para não cruzar com outra mulher. Por outro lado, os
homens não têm medo de ser assediados. Não têm medo de ser violentados.
Eles não fazem ideia do que seja isso.”

Embora a ameaça de violência sexual não faça parte do universo
masculino, o tema permeia o cotidiano de todos. De acordo com a pesquisa,
28% dos brasileiros conhecem uma mulher que foi violentada. O índice
aumenta para 34% quando o universo pesquisado é apenas feminino.
“Existe uma proximidade com casos de estupro muito maior do que nós
imaginávamos”, afirma Meirelles.

Outro detalhe que chama a atenção na pesquisa é o fato de 96% das
brasileiras defenderem que é preciso ensinar os homens a respeitarem as
mulheres. Faltam, no entanto, políticas públicas nesse sentido. Por outro
lado, é cada vez mais intenso o debate sobre o tema organizações, redes sociais e manifestações. Assim como há um medo generalizado, há também
muito empenho para não sofrer violência calada.

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