“OBRASIL TEM UM ENORME PASSADO PELA FRENTE”: a frase de Millôr Fernandes nunca pareceu mais atual e resume com precisão a sensação de parte significativa do público que se reuniu na última semana de outubro no Instituto Tomie Ohtake para debater o futuro do País, às vésperas da eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República. O encontro, organizado em torno da exposição “AI-5 – Ainda não terminou de acabar”, desempenhou uma dupla e profundamente conectada missão: discutir o conteúdo da exposição em cartaz no centro cultural até o último dia 4 de novembro e ao mesmo tempo atualizar essa reflexão até os dias de hoje, evidenciando os nexos entre a herança do período ditatorial e o retrocesso repressivo vivenciado na atualidade.
Mais uma vez, constatou-se que o silêncio e o apagamento em relação aos feitos no período da ditadura são profundamente responsáveis pelo retorno virulento de políticas de negação dos fatos históricos, de hostilidade em relação a práticas culturais que se propõem a expor as feridas do passado e do presente, e pelas tentativas crescentes de forjar narrativas que reconstroem e modifi cam esse passado, transformando as vítimas em algozes e os algozes em heróis. Estudantes, artistas, críticos e editores presentes na Assembleia foram unânimes em concordar que o silêncio é o principal responsável por
esse fantasmagórico renascimento das ações repressivas. E não apenas em relação ao passado mais recente. Tal fenômeno se repete em processos históricos mais longos,
como a escravidão e o genocídio indígena, negados por não terem sido devidamente expurgados. Esse diagnóstico compartido repete de certa forma aquele já esboçado na
exposição “Osso”, realizada no mesmo espaço também com curadoria de Paulo Miyada e que é assumidamente o ponto de partida da mostra sobre o AI-5.
O desejo de refletir sobre esse momento terrível da história brasileira, de suspensão de direitos e perseguição política por parte do aparelho de Estado, não é fruto apenas do aniversário de 50 anos do Ato Institucional n.o 5, mas sim da sensação de que era preciso tratar dessas questões latentes. Ele nasce tanto da experiência de reunir obras contemporâneas interessadas em lidar com esses fantasmas como do esforço em criar um espaço de reflexão simbólica sobre a violência social intensa no país. “Osso” – tanto a mostra como o debate que suscitou – unia duas pontas importantes: a expressão artística de questões sociais e políticas e a denúncia em relação a um caso específico de injustiça contra Rafael Braga, enquadrado injustamente na lei anti-terrorismo por carregar produtos de limpeza.
Tal esquecimento negociado não ocorreu em países como Argentina e Chile. Ao invés da anistia “conciliadora”, os países vizinhos julgaram e encarceraram aqueles que tomaram o poder pelas armas. E continuam nesse movimento de expurgo, como comprova o atual processo encaminhado no Chile contra os militares envolvidos numa ampla rede de corrupção. Do ponto de vista da arte, o paralelo é o mesmo. Enquanto o que se viu no
Brasil foi um silenciamento em relação à produção mais crítica dos anos 1960, o predomínio de uma postura de autocensura institucional e o menosprezo por essas ques-
tões no período posterior, nos países vizinhos houve um esforço – tanto institucional como da sociedade civil – para instituir memoriais capazes de transmitir à população os feitos trágicos do período militar. É bem verdade que temos em São Paulo o Memorial da Resistência, mas seu alcance e dimensão ficam muito aquém da gravidade dos fatos sobre os quais se debruçam.
Os memoriais têm sentido para além do campo simbólico. São ações efetivas que impedem o apagamento da memória, mas são também testemunhos de como a arte é vital para a elaboração desses traumas. O projeto desenvolvido por Nuno Ramos para o Parque de la Memória, em Buenos Aires, e que ainda está por ser construído, parece tocar com precisão no nervo dessa questão da visibilidade/esquecimento. A proposta, uma das 18 vencedoras do concurso realizado em 2000 envolvendo mais de 600 projetos de 44 países, é ao mesmo tempo singela e contundente: o artista propôs recriar parte do “Olimpo”, temido centro de tortura da capital argentina, porém invertendo sua aparência arquitetônica. Aquilo que é opaco, como as paredes, seriam feitos em vidro, enquanto as aberturas, como
portas e janelas, passariam a ser de mármore negro, explicitando assim o caráter oculto e terrível das perseguições do regime.
Autor de algumas das obras mais contundentes sobre a situação social e política do país, como 111 – trabalho que se debruça sobre a chacina do Carandiru, em 1992 –, Nuno se diz assustado com a “loucura discursiva” que vivemos no País. Sua resposta a essa violência veio na forma de uma série de performances, trabalhos quase teatrais, desenvolvidos nos últimos meses. Essas apresentações, que entrelaçam discursos, narrativas televisivas, debate político, tragédias (como “Antígona”) e alegorias (como “Terra em Transe”) estão disponíveis no youtube. “Momentos muito agudos trazem reflexões mais imediatas”, diz o artista, enfatizando a importância de lidar com as coisas no calor da hora, expressa no título “Aosvivos”, que dá nome a trilogia das peças.
Talvez o aspecto que mais assuste Nuno seja o insuportável grau de violência de nossa sociedade, “essaviolência anônima, contra o anônimo”. “Matam 63 mil pessoas por ano, com índices sempre crescentes, passando pelos vários governos, e a gente tolera”, lamenta. No entanto, ele pondera que não devemos deixar a arte levar a culpa, acreditar que por causa do acirramento das tensões ela deveria tomar para si o papel de responder sempre aos acontecimentos. “Arte tem que ser boa, como for”.
Resgate
Voltar atrás e rever esses movimentos esque- cidos pelas instituições, pela crítica e pelo circuito artístico é algo vital, se quisermos encontrar caminhos que bloqueiem aqueles que defendem o fim do caminho democrático no País. Nesse sentido, a exposição AI-5 pinça na nossa história recente dois projetos de grande importância – simbólica e conceitual – que merecem ser reavaliados nos dias de hoje, quando buscamos novas saídas. O primeiro deles é o plano elaborado por Mario Pedrosa para o novo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, depois que este foi destruído pelo fogo em 1978 (qualquer semelhança com o caso do Museu Nacional não é mera coincidência). Logo após o desastre, Pedrosa sugere reestruturar o museu em torno de cinco eixos vitais para a compreensão da arte brasileira, com núcleos dedicados às artes negra, indígena, popular, do Inconsciente e contemporânea. O segundo é a tentativa liderada por Aracy Amaral de reorientar a Bienal de São Paulo, transformando-a numa espécie de polo latino-americano, capaz de estimular a troca, a produção e a exibição da arte regional como forma de fortalecimento político e cultural. Ambos não saíram do papel, mas são – juntamente com o resto da produção de seus autores – fontes vitais de realimentação nesse processo de resgate de modelos capazes de orientar o processo de resistência diante das tentativas de esfacelamento da cultura nacional.
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Exposição individual do artista Maxwell Alexandre. Novo poder: passabilidade faz parte da série “Novo Poder” e trata-se da itinerância em São Paulo do primeiro Pavilhão de Maxwell Alexandre, que foi
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Exposição individual do artista Maxwell Alexandre. Novo poder: passabilidade faz parte da série “Novo Poder” e trata-se da itinerância em São Paulo do primeiro Pavilhão de Maxwell Alexandre, que foi no bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro.
Uma vez que o artista tem uma agenda de exposições majoritariamente internacional, o Pavilhão Maxwell Alexandre foi anunciado para expandir no Brasil, a discussão do que estava sendo mostrado em galerias e museus fora do país. A intenção é gerar diálogo e dar acesso a uma audiência local à obra do artista e seu desenvolvimento a longo prazo: passabilidade. A caminhada segura e tranquila pelo cubo branco. Este é o conceito de passabilidade nos termos de Maxwell Alexandre.
Tratada pela primeira vez dentro da série Novo Poder na Espanha, passabilidade ganha desenvolvimento e chega com uma abordagem mais aguda ao Pavilhão, através de uma instalação ambiciosa com mais de 50 retratos, todos pintados a óleo sobre papel pardo.
Firmes e conscientes desses espaços – museus e galerias – que outrora eram hostis a pessoas melanizadas, os personagens caminham elegantes, como se estivessem desfilando numa passarela. Em Novo poder: passabilidade, o artista faz esse cruzamento entre moda e arte contemporânea, denotando os dois campos como plataformas de empoderamento, que oferecem dignidade e autoestima para o indivíduo.
Serviço
Exposição | Novo Poder: passabilidade
De 19 de abril a 29 de setembro
Terça a Sexta – Das 10h às 21h30, sábado – Das 10h às 19h30 e domingo – Das 10h às 18h30
Período
19 de abril de 2024 10:00 - 29 de setembro de 2024 19:30(GMT-03:00)
Local
Sesc Avenida Paulista
Av. Paulista, 119 - Bela Vista, São Paulo - SP
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Entre 25 de abril e 1º de dezembro de 2024, “Um Defeito de Cor” toma o espaço expositivo do segundo andar do Sesc Pinheiros com desdobramentos que recepcionam visitantes desde
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Entre 25 de abril e 1º de dezembro de 2024, “Um Defeito de Cor” toma o espaço expositivo do segundo andar do Sesc Pinheiros com desdobramentos que recepcionam visitantes desde o muro da entrada como uma mostra de arte que parte do romance histórico homônimo de Ana Maria Gonçalves. Em seu livro, a autora reconta a saga de Kehinde, africana escravizada confrontada com a necessidade de reconstrução em terras brasileiras e a incessante luta por liberdade fazendo uso da comida, da arte, do afeto, da busca pela família, acolhimento e de sua fé nos encantados.
Os curadores Amanda Bonan e Marcelo Campos, ambos do MAR (Museu de Arte do Rio), fizeram o convite a Ana Maria para uma construção curatorial conjunta a repensar a trajetória do livro de forma imagética: da produção moderna e contemporânea que tem em seu cerne a cosmogonia africana nasceu esse encontro a partir de produções de 131 artistas – entre 77 vivos e 37 já falecidos, além de 17 convidados a produzir novas obras para a mostra, com nomes como Kwaku Ananse Kintê, Kika Carvalho, Antonio Oloxedê e Goya Lopes.
Assim, tal exposição se pretende um profundo mergulho pelas quase mil páginas do texto de “Um Defeito de Cor” e toma seus dez capítulos como metodologia de divisão de núcleos temáticos em uma estrutura circular de fruição que transborda as questões da ancestralidade nas visualidades da mostra e proposta expográfica. Além dos curadores, fazem parte do processo de criação os artistas Ayrson Heráclito, consultor que assina a expografia ao lado de Aline Arroyo, e Tiganá Santana, curador da paisagem sonora que envolve o ambiente.
Nos meses em que esteve em cartaz no Rio de Janeiro, a mostra foi bem recebida pelo público, com visitação expressiva, deixando clara sua potência. É importante destacar que, antes da vinda para o Sesc Pinheiros, esta itinerância passou pelo Museu da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), fazendo uma importante triangulação entre instituições e abrangência de públicos do Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Serviço
Exposição | Um Defeito de Cor
De 25 de abril a 01 de dezembro
Terça a sábado das 10h30 às 21h | domingos e feriados das 10h30 às 18h
Período
25 de abril de 2024 10:30 - 1 de dezembro de 2024 21:00(GMT-03:00)
Local
Sesc Pinheiros
Rua Paes Leme, 195, Pinheiros, São Paulo - SP
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Sucesso de público e elogiada pela crítica, a mostra Dos Brasis, que reúne obras de 240 negros do país no Centro Cultural Sesc Quitandinha, foi vista por mais de
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Sucesso de público e elogiada pela crítica, a mostra Dos Brasis, que reúne obras de 240 negros do país no Centro Cultural Sesc Quitandinha, foi vista por mais de 130 mil pessoas no Sesc Belenzinho, em São Paulo. Exposição estará em cartaz, em Petrópolis de 3 de maio a 27 de outubro.
A centralidade do pensamento negro no campo das artes visuais brasileiras, em diferentes tempos e lugares, é uma das principais premissas que guiam o processo curatorial da mostra Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro, a mais abrangente exposição dedicada exclusivamente à produção de artistas negros. Depois de passar sete meses em São Paulo, com registro de mais de 130 mil visitantes, a exposição chega ao Rio de Janeiro e será instalada em um dos principais cartões postais da Região Serrana: o Centro Cultural Sesc Quitandinha (CCSQ), em Petrópolis. Com abertura marcada para o dia 3 de maio, a mostra receberá visitantes até 27 de outubro deste ano.
Resultado de um trabalho desenvolvido pelo Sesc em todo o país, a mostra conta com sete núcleos temáticos, reunindo aproximadamente 240 artistas negros, de todos os estados do Brasil, sob curadoria de Igor Simões, em parceria com Lorraine Mendes e Marcelo Campos. Realizada por meio de um trabalho em conjunto de analistas de cultura da Insituição de todo o país, a exposição traz obras em diversas linguagens artísticas como pintura, fotografia, escultura, instalações e videoinstalações, produzidas desde o fim do século XVIII até o século XXI. A lista completa dos artistas participantes está disponível ao final do texto.
A exposição chega na íntegra ao Centro Cultural Sesc Quitandinha (CCSQ). As 314 obras que estavam em exibição no Sesc Belenzinho (SP) vão ocupar os salões da área monumental do histórico edifício, que em 2024 completa 80 anos. Parte dos trabalhos, alguns inéditos, também serão expostos pela primeira vez na área externa e no lago em frente à unidade. A mostra vai ainda oferecer ao público uma programação paralela com ações em mediação cultural e atividades educativas, além de um programa público composto de debates e palestras com convidados.
Inaugurado em 1944, um ano antes do fim da Segunda Guerra Mundial, o Quitandinha abrigou um dos maiores hotéis-cassino das Américas. Recebeu personalidades brasileiras e hollywoodianas, como Carmen Miranda e Walt Disney. Também foi palco de eventos que marcaram a história, como da Conferência Interamericana para a Manutenção da Paz e da Segurança no Continente, em 1947, e a 1ª Exposição Nacional de Arte Abstrata, realizada em 1953. Na década de 1960, após a proibição dos jogos no Brasil, o cassino foi fechado e o hotel teve seus apartamentos vendidos, tornando-se um condomínio. Em 2007, a área monumental passou a ser administrada pelo Sesc RJ, que a transformou em um Centro Cultural.
Desde que foi reinaugurado como um Centro Cultural, em abril do ano passado, o Quitandinha vem sendo ocupado por exposições que resgatam a forte identidade afro-brasileira em Petrópolis. A primeira, intitulada “Um oceano para lavar as mãos”, com curadoria de Marcelo Campos e Filipe Graciano, apresentou uma revisão da história do Brasil a partir de narrativas não eurocentradas, pensada por curadores e artistas negros, levando o espectador à reflexão sobre a forte memória e produção artística negra na contemporaneidade, no Brasil e no município, e sua relação com o passado imperial. Depois, dos mesmos curadores, recebeu a coletiva “Da Kutanda ao Quitandinha”, em que o ponto de partida foi o território onde o edifício está inserido – uma região marcada por quilombos formadores da cidade.
Serviço
Exposição | Dos Brasis
De 3 de maio a 27 de outubro
Terças a domingos e feriados, das 10h às 17h
Período
3 de maio de 2024 10:00 - 27 de outubro de 2024 17:00(GMT-03:00)
Local
Centro Cultural Sesc Quitandinha
Avenida Joaquim Rolla, 2, Petrópolis, Rio de Janeiro - RJ
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Uma das fotógrafas mais importantes do mundo, Claudia Andujar é a nova artista a ocupar a Pinacoteca do Ceará. O museu, que integra a Rede Pública de Equipamentos e Espaços Culturais (Rece)
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Uma das fotógrafas mais importantes do mundo, Claudia Andujar é a nova artista a ocupar a Pinacoteca do Ceará. O museu, que integra a Rede Pública de Equipamentos e Espaços Culturais (Rece) da Secretaria da Cultura do Ceará (SECULT) e é gerido pelo Instituto Mirante, abre a exposição “Claudia Andujar. Minha vida em dois mundos” no sábado, 22 de junho, a partir das 17h. A entrada é gratuita e haverá acessibilidade em Libras.
A programação de abertura contará com uma sessão especial do documentário “A senhora das flechas” (The Lady with the Arrows”, 2024), de Heidi Specogna. O filme, que foi exibido no Brasil apenas durante o festival “É Tudo Verdade” deste ano, aborda a relação de afeto e militância de Claudia Andujar com o povo indígena Yanomami. A sessão acontece às 17h30 e serão distribuídos 80 ingressos por ordem de chegada, a partir das 16h.
Dividida em cinco núcleos, “Claudia Andujar. Minha vida em dois mundos” tem curadoria de Eduardo Brandão e reúne cerca de 200 fotografias da artista suíça naturalizada brasileira. O título reforça a proposta curatorial, que traz diferentes olhares e trânsitos de Andujar: entre o fotojornalismo e a arte experimental; as grandes cidades e a floresta; a Europa, onde ela nasceu, e a América, continente que a acolheu após a perseguição nazista à sua família paterna; ela própria e o Outro.
Reconhecida por sua atuação humanista na fotografia, Andujar constrói os trabalhos a partir de uma longa convivência com o ambiente, as pessoas e os costumes. É o que se vê em séries como “Famílias Brasileiras”, um dos primeiros ensaios que ela realizou no Brasil, no qual passou longos períodos convivendo com diferentes famílias em cidades de São Paulo, Minas Gerais e Bahia. O intenso trabalho de reelaboração das imagens feito pela artista também é destaque na exposição. Em “A Sônia”, para refletir esteticamente sobre as formas do corpo feminino, as fotografias com filme infravermelho são posteriormente refotografadas, com um uso experimental de filtros de cor e sobreposições.
“Trem Baiano” é outro importante trabalho presente na mostra, que retrata migrantes que tentavam se estabelecer em São Paulo voltando às suas cidades de origem, enviados pelo Departamento de Imigração e Colonização de São Paulo. Para fazer o ensaio publicado numa reportagem da clássica revista Realidade, em 1969, Andujar embarcou sozinha no trem que saía de São Paulo e parava em diversas cidades no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e na Bahia.
A colaboração com Realidade levou a fotógrafa a ter o primeiro contato com os indígenas Yanomami, trabalhando numa edição especial sobre a Amazônia, em 1971. A partir daí, Claudia Andujar estabelece uma ligação cuidadosa e comprometida com aquele povo ameaçado à época – e até hoje – pelo garimpo e por interesses políticos e econômicos, como o projeto de desenvolvimento industrial do governo militar, que construiu grandes rodovias na região.
Em plena ditadura militar, Claudia passa a atuar na luta política em defesa do povo Yanomami, que a acolhe e reconhece na artista uma aliada. Durante os anos 1970, ela faz diversas viagens ao território, chega a morar durante 14 meses na Reserva Catrimani e se envolve com o modo de vida local, a cultura, os hábitos e rituais daquele povo.
Em 1977, enquadrada na Lei de Segurança Nacional, editada pelo Governo Militar, ela é retirada à força do território indígena, sendo proibida de voltar à Amazônia. A partir daí, a fotógrafa funda, em 1977, a Comissão pela Criação do Parque Yanomami (CCPY), que tinha como objetivo a demarcação do território, o que se concretiza apenas em 1992, com a criação da Terra Indígena Yanomami.
Esse período é retratado especialmente nas séries “Catrimani”, “Reahu”, “Sonhos Yanomami” e “Marcados”, em que é possível perceber a aproximação real entre a fotógrafa e o povo Yanomami, além do experimentalismo de linguagem que, ao longo do tempo, foi sendo ampliado até chegar a propostas estéticas extremamente inovadoras.
A retrospectiva “Claudia Andujar. Minha vida em dois mundos” ficará em cartaz na Pinacoteca do Ceará até 29 de dezembro de 2024 e conecta o Ceará a um circuito internacional de museus que têm repercutido o grande trabalho de Claudia Andujar. Nos últimos anos, a obra da artista tem sido exposta em instituições de todo o mundo, com apoio da Fondation Cartier pour l’Art Contemporain (França), como no México, Itália, Espanha, Suíça, Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha. Sempre gratuita, a Pinacoteca oferece aos visitantes a chance de conhecer uma das fotógrafas mais celebradas da arte contemporânea que, aos 93 anos, traz uma contribuição fundamental para compreender o Brasil.
A exposição tem classificação indicativa de 12 anos e contará com diversos recursos de acessibilidade, como obras táteis, audiodescrição, Braille e vídeo em Libras, além de uma série de atividades formativas, com diversos públicos, ao longo de todo o período de exibição.
Documentário “A Senhora das flechas”
Exibido no Brasil em abril deste ano, durante o festival “É tudo verdade” (SP), o documentário “A Senhora das flechas” (The Lady With the Arrows, 2024), da diretora suíça Heidi Specogna, mostra o relacionamento profundo de Claudia Andujar com o povo Yanomami, numa costura emocionante a partir da biografia da artista, sua relação com a fotografia e o ativismo na luta contra a exploração da floresta amazônica e a defesa do povo Yanomami
Serviço
Exposição | Claudia Andujar. Minha vida em dois mundos
De 22 de junho a 29 de dezembro
Segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 11:30h
Exibição do documentário | A Senhora das flechas (The Lady With the Arrows, 2024)
Sábado, 22 de junho, a partir das 17h30
Auditório da Pinacoteca do Ceará
Acesso gratuito | 80 ingressos distribuídos por ordem de chegada, a partir das 16h
Período
22 de junho de 2024 10:00 - 29 de dezembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Pinacoteca do Ceará
Rua 24 de Maio, s/n, Praça da Estação, Centro - Fortaleza - CE
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É impossível refletir sobre a obra da artista e intelectual Lia D Castro (Martinópolis, São Paulo, 1978) sem falar de encontros, contrastes, fricções e transformações. A partir de 5 de julho, o público
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É impossível refletir sobre a obra da artista e intelectual Lia D Castro (Martinópolis, São Paulo, 1978) sem falar de encontros, contrastes, fricções e transformações. A partir de 5 de julho, o público pode encontrar a exposição Lia D Castro: em todo e nenhum lugar, no MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. A primeira mostra individual da artista em um museu reúne 36 trabalhos, sendo a maioria pinturas de caráter figurativo. As obras selecionadas exploram cenários onde o afeto, o diálogo e a imaginação se tornam importantes ferramentas de transformação social.
O título da exposição parte da constatação da ausência histórica de grupos minorizados em posições de poder e decisão — em nenhum lugar —, enquanto sua presença e força de trabalho compõem as bases que sustentam a sociedade — em todo lugar. Com curadoria de Isabella Rjeille, curadora, MASP, e Glaucea Helena de Britto, curadora assistente, MASP, a mostra apresenta trabalhos que abrangem toda a produção da artista.
Lia D Castro utiliza a prostituição como ferramenta de pesquisa e desenvolve sua produção a partir de encontros com seus clientes – homens cisgêneros, em sua maioria brancos, heterossexuais, de classe média e alta – para subverter relações de poder ou violência que possam surgir entre eles, aliando história de vida e história social. Temas como masculinidade e branquitude, mas também afeto, cuidado e responsabilidade, são abordados nessas ocasiões e resultam em pinturas, gravuras, desenhos, fotografias e instalações criadas de modo colaborativo.
Nesses momentos, ela conversa com esses homens e os convida a refletir: quando você se percebeu branco? E quando se descobriu cisgênero, heterossexual? “Perguntas sobre as quais a artista não busca uma resposta definitiva, mas sim provocar um posicionamento dentro do debate racial, sobre gênero e sexualidade”, afirma a curadora Isabella Rjeille.
As conversas de Lia D Castro com esses homens são permeadas por referências a importantes intelectuais negros como Frantz Fanon, Toni Morrison, Conceição Evaristo e bell hooks. Frases retiradas dos livros desses autores, lidos pela artista na companhia de seus colaboradores, são inseridas nas telas e misturam-se aos gestos, cenas, cores e personagens. O trabalho de Lia D Castro torna-se um lugar de encontro, embate e fricção, no qual ações, imagens e imaginários são debatidos, revistos e transformados. Com frequência, a artista insere referências a outros trabalhos por ela realizados, incluindo-os em outro contexto e, consequentemente, atribuindo novos significados e leituras a essas imagens.
“Partindo da visão de Frantz Fanon de que o racismo é uma repetição, eu proponho combatê-lo com a repetição de imagens. Como a imagem constrói cultura e memória, ao colocar uma obra dentro da outra, busco criar novas referências estéticas”, comenta a artista.
PINTURAS E METODOLOGIA ARTÍSTICA
A produção de Lia D Castro é organizada em séries, sendo a maior delas Axs Nossxs Filhxs, presente nesta exposição. Desenvolvida na sala de estar e ateliê de Lia D Castro, um lugar de encontro e trocas, comerciais, intelectuais e afetivas, a série apresenta um processo criativo marcado por escolhas coletivas, da paleta de cores à assinatura das obras. A repetição é uma característica central: por meio desse recurso é possível reconhecer gestos, personagens e situações, assim como outras obras da artista que aparecem representadas nas telas, acumulando significados. A utilização do “x” no título da série se refere à diversidade de formações familiares e vínculos afetivos para além do parentesco consanguíneo ou da família heterossexual monogâmica. O uso do “x” também é utilizado para abarcar diferentes gêneros.
Lia D Castro também se retrata em pinturas dessa série. Enquanto os homens estão nus, ela encontra-se vestida. Seu corpo é coberto por esparadrapos colados sobre a tela formando um longo vestido branco, na contramão da tradição histórica da pintura ocidental, em que a grande maioria dos nus são femininos.
A artista subverte também pintando esses personagens em momentos de pausa, descanso, lazer, leitura e contemplação. “O caráter político da obra de Lia D Castro questiona o imaginário social que vincula violência e subalternidade a corpos não hegemônicos na arte ocidental”, afirma a co-curadora Glaucea Helena de Britto.
Lia D Castro: em todo e nenhum lugar integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA+. Este ano a programação também inclui mostras de Gran Fury, Francis Bacon, Mário de Andrade, MASP Renner, Catherine Opie, Leonilson, Serigrafistas Queer e a grande coletiva Histórias da diversidade LGBTQIA+.
Exposição | Lia D Castro: em todo e nenhum lugar
De 5 de julho a 17 de novembro
Terças grátis e primeira quinta-feira do mês grátis; terças, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h)
Período
5 de julho de 2024 10:00 - 17 de novembro de 2024 20:00(GMT-03:00)
Local
MASP
Avenida Paulista, 1578, São Paulo
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No espaço antes ocupado por um restaurante no pátio da Vermelho, Motta & Lima exibem a instalação de grandes dimensões Relâmpago (2015). Na obra, o fenômeno natural de mesmo nome é recriado
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No espaço antes ocupado por um restaurante no pátio da Vermelho, Motta & Lima exibem a instalação de grandes dimensões Relâmpago (2015). Na obra, o fenômeno natural de mesmo nome é recriado por Motta & Lima no espaço interno, com lâmpadas tubulares que imitam a luz violácea dos relâmpagos, representando sua potência e fragilidade, sua capacidade criadora e destruidora.
Serviço
Exposição | Relâmpago
De 31 julho a 28 setembro
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 17h
Período
31 de julho de 2024 10:00 - 28 de setembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Vermelho
Rua Minas Gerais, 350, São Paulo - SP
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Luisa Strina anuncia a exposição Mira Schendel: Transparências. A artista (1919-1988) foi uma figura pioneira na arte latino-americana, trabalhou com Strina nos anos 1980, e expôs na galeria em 1981
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Luisa Strina anuncia a exposição Mira Schendel: Transparências. A artista (1919-1988) foi uma figura pioneira na arte latino-americana, trabalhou com Strina nos anos 1980, e expôs na galeria em 1981 e 1983.
Organizada por Olivier Renaud-Clement em colaboração com a família Schendel e Hauser & Wirth, a mostra reúne uma ampla seleção de Monotipias de Schendel, produzidas entre 1963 e 1965, além de uma série de objetos escultóricos em acrílico do final dos anos 1960 e 1970. Transparências é acompanhada por um ensaio inédito do Curador Chefe do Museo del Barrio de Nova York, Rodrigo Moura.
“A transparência está no centro dessa mostra da Luisa Strina, onde Mira Schendel fez duas exposições em vida nos anos 1980. Passados quase um quarto do século 21, é inescapável perguntar qual o lugar reservado à sua obra no Brasil e no mundo de hoje, quando as questões identitárias parecem ter assumido um papel que muitos consideram preponderante na arena cultural. Schendel ressurge aqui como um farol para iluminar o caráter individual e irredutível que habita o cerne da obra de qualquer grande artista – e a transparência nos apresenta uma imagem poderosa para essa afirmação. Quem há de negar que sua identidade tenha informado sua obra – uma mulher europeia imigrante? Que a vivência da perda e da diáspora esteja por trás do seu impulso por transcendência? Que a linguagem esteja sempre prestes a desmoronar em sua obra, como só acontece com aqueles para os quais a língua nunca é uma garantia? Que seu entendimento singular do projeto moderno o empurre sempre para uma espécie de beira do precipício, por ela enxergar nele as limitações sexistas de suas aspirações hegemônicas originais?”, analisa Moura.
As mais de cinquenta Monotipias apresentadas traçam um panorama da abordagem experimental e inovadora de Schendel. Cada peça revela sua meticulosa exploração da textura, forma e translucidez, em um jogo sutil de luz e sombra.
Esses trabalhos foram extremamente experimentais na época de sua criação. Tal feitura envolve a aplicação de pó de talco em um dos lados do papel de seda japonês, que é colocado sobre uma chapa de vidro previamente oleada. Schendel “desenhava” com vários instrumentos, incluindo seus dedos, aplicando pressão no lado não oleado.
O processo criava uma linha orgânica que quase parecia parte do papel e permitia a Schendel responder gestual e caligráficamente ao material. Essas marcas gráficas, letras e manchas resultaram em desenhos extraordinariamente belos e poéticos em ambos os lados do papel, os quais são mostrados na galeria em prateleiras retroiluminadas, que preservam sua transparência.
Nas obras seguintes de Schendel, a transparência se apresenta como o catalisador da experiência do espectador com o corpo e a visão. A artista começou a usar acrílico que, suspenso no ar, permite que a imagem e o plano se desdobrem em dois: para ver através e para uma “leitura circular em que o texto é o centro imóvel, e o leitor é móvel”, como afirmou a artista.
Essas formulações deram origem aos Objetos gráficos (1967-1973), nos quais folhas de papel são sobrepostas para criar quadrados onde o jogo de cheio e vazio amplifica o signo gráfico entre o silêncio e o ruído por meio da repetição e alterações na escala. Suspensas por fio de nylon, as obras da série Transformáveis são compostas por pequenas tiras de material transparente articuladas para evocar a sensação de mutabilidade e jogo. Elas giram no ar, projetando sombras e reflexos em constante mudança.
Também incluídas na exposição estão obras da série Discos, do início dos anos 1970, quando Schendel começou a criar objetos escultóricos usando acrílico e letraset. Sintetizando a experimentação formal das Monotipias, este conjunto de obras continuou a abraçar ideias espirituais sobre o “outro lado” da transparência, um lugar onde outros mundos e outras formas de materialidade existiam.
Os discos redondos são feitos de lâminas de acrílico sobrepostas. Eles envolvem turbilhões de letras e símbolos em letraset, legíveis, mas composições intraduzíveis. Aqui a linguagem é vista como uma espécie de poeira cósmica, informe e infinita. “Mira Schendel é fundamental para o debate artístico atual. Embora enraizada na experiência, sua obra refuta as leituras redutoras de identidade, mas também cada vez mais se mostra refratária a uma interpretação formal strictu sensu. Talvez, sob a lente da transparência, este seja seu traço mais marcante”, finaliza Rodrigo Moura.
Serviço
Exposição | Mira Schendel: Transparências
De 01 de agosto a 21 de setembro
Segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 17h
Período
1 de agosto de 2024 10:00 - 21 de setembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Luisa Strina
ua Padre João Manuel 755, Cerqueira César, São Paulo
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A Secretaria de Cultura, por meio do Centro Cultural Tijuana, convida a comunidade artística internacional a participar da Trienal de Tijuana 2 Internacional Pictórica com obras ou projetos que explorem
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A Secretaria de Cultura, por meio do Centro Cultural Tijuana, convida a comunidade artística internacional a participar da Trienal de Tijuana 2 Internacional Pictórica com obras ou projetos que explorem outras poéticas, novas problemáticas e derivações que possibilitem a construção de diferentes paradigmas estéticos a partir de uma perspectiva pictórica.
Curadoria geral
A curadora geral é Leonor Amarante, crítica, editora e jornalista brasileira. Co-Curadora das 2ª e 3ª edições da Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (1999/2001), com Fábio Magalhães. Curadora geral com Tício Escobar da 5ª Bienal Internacional de Curitiba, (2009). Curadora geral da 1ª Bienal do Fim do Mundo, Ushuaia, Argentina (2007). Responsável pela parte brasileira nas 3ª e 4ª edições da Bienal do Barro, Venezuela(1997/1999). Jurada de seleção de obras da Bienal de Cuenca, Equador (2009). Curadora da mostra Galeria Cilindro, na 10ª Bienal de Havana (2009). Jurada de seleção da Bienal de las Fronteras, Taumalipas, México (2014). Jurada de seleção da Feira Arteamericas Miami, das edições (2010) – (2011). Hoje integra o Comitê Editorial da revista arte!brasileiros.
Serviço
Exposição | Trienal Tijuana: 2. Internacional Pictórica
De 2 de agosto a 28 de fevereiro
Terça a domingo, das 10h às 19h
Período
2 de agosto de 2024 10:00 - 28 de fevereiro de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Centro Cultural Tijuana
P.º de los Héroes 9350, Zona Urbana Rio Tijuana, 22010 Tijuana, B.C., México
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A exposição “Corpo da imagem”, segunda individual do artista Fernando Soares na galeria Andrea Rehder Arte Contemporânea, reúne algumas séries conceitualmente complementares do artista que abordam a condição “carnal”, tangível
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A exposição “Corpo da imagem”, segunda individual do artista Fernando Soares na galeria Andrea Rehder Arte Contemporânea, reúne algumas séries conceitualmente complementares do artista que abordam a condição “carnal”, tangível e matérica da pintura.
Serviço
Exposição | Corpo da imagem
De 4 de agosto a 24 de setembro
Segunda a sexta – das 11h às 18h, sábado – sob agendamento 11 97653-7560
Período
4 de agosto de 2024 11:00 - 24 de setembro de 2024 18:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Andrea Rehder Arte Contemporânea
Av. Brasil, 2079, Jardim Paulista São Paulo - SP
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A partir de agosto, a ABERTO retorna a São Paulo em sua terceira edição, maior e mais ambiciosa do que as edições anteriores. Após sua edição inaugural na única residência
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A partir de agosto, a ABERTO retorna a São Paulo em sua terceira edição, maior e mais ambiciosa do que as edições anteriores. Após sua edição inaugural na única residência particular remanescente do lendário arquiteto Oscar Niemeyer em São Paulo, e uma segunda edição em uma casa projetada por Villanova Artigas, figura seminal da Escola Paulista de Arquitetura, a excepcional mostra de arte e design deste ano ocupará, pela primeira vez, dois espaços distintos – e será uma ode ao legado artístico e arquitetônico de duas extraordinárias mulheres asiático-brasileiras e suas notáveis casas brutalistas da década de 1970.
Mais que residências, são espaços onde se perpetuam a criatividade, o espírito e a memória dessas duas mulheres para as gerações futuras: uma delas, projetada pelo arquiteto brasileiro Ruy Ohtake para sua mãe, Tomie Ohtake, conceituada artista de origem japonesa, nascida em Kyoto; e a outra, projeto de residência familiar de Chu Ming Silveira, nascida em Xangai, China. Esta última, arquiteta e designer visionária, criadora de um dos grandes símbolos do mobiliário urbano brasileiro, o orelhão.
As casas servirão de pano de fundo para exibições de arte e design, cuidadosamente selecionadas pelo trio de curadores Filipe Assis, Kiki Mazzucchelli e Claudia Moreira Salles em resposta ao ambiente arquitetônico; elementos como concreto aparente e linhas orgânicas serão perfeitamente integrados para aprimorar a experiência artística geral. “Estamos empolgados em revelar as histórias notáveis dessas mulheres extraordinárias e seu profundo impacto na arte, arquitetura e design brasileiros. A mostra não apenas celebra suas contribuições artísticas e arquitetônicas, mas também suas perspectivas imigrantes que moldaram o movimento modernista brasileiro “, explica Filipe Assis, empreendedor de arte e fundador da ABERTO em 2022. Plataforma de exposição pioneira, a ABERTO celebra e promove o encontro da arquitetura, arte e design em espaços públicos e privados nunca vistos, e reúne as principais instituições culturais, coleções, fundações e galerias, para criar um panorama atraente de obras dos nomes mais proeminentes do Brasil e do mundo.
A curadoria de arte colocará em primeiro plano um conjunto cativante de arte moderna e contemporânea brasileira e internacional por meio de colaborações com galerias renomadas, como Fortes D’Aloia & Gabriel, Mendes Wood DM, Luisa Strina e Nara Roesler, além das galerias globais Lisson e Pace. Enquanto a curadoria de design, de Claudia Moreira Salles, se concentrará em novas peças de mobiliário projetadas pelas famílias Ohtake e Chu especialmente editadas para o evento pela Galeria ETEL, sob a direção de Lissa Carmona.
“Essas casas oferecem uma intimidade inesperada, inspirada em designs orientais com tetos baixos que aumentam o envolvimento com a arte, promovendo a contemplação e a interação. Nossa curadoria usa cuidadosamente elementos arquitetônicos – aberturas, ângulos e luz natural – para colocar obras de arte, transformando cada casa em uma tela que combina forma e função para uma experiência imersiva além dos padrões típicos de exposição”, explica a curadora Claudia Moreira Salles.
Serviço
Exposição | Aberto3 | Tomie Ohtake e Chu Ming Silveira
De 11 de agosto a 15 de setembro
Residência de Chu Ming Silveira
Endereço: Rua República Dominicana, 327 – Real Parque, São Paulo
Horário de visitação: quarta-feira a domingo, das 10h às 18h – última entrada 17h
A Casa Ateliê de Tomie Ohtake
Endereço: Rua Antonio de Macedo Soares, 1,800 – Campo Belo, São Paulo
Horário de visitação: quarta-feira a domingo, das 10h às 18h – última entrada 17h
Período
11 de agosto de 2024 10:00 - 15 de setembro de 2024 18:00(GMT-03:00)
Local
Casa-ateliê Tomie Ohtake
Rua Antônio de Macedo Soares, 1800, Campo Belo, São Paulo, SP
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Marli Matsumoto Arte Contemporânea tem o prazer de anunciar a abertura da exposição “O que é…?” do artista Ricardo Basbaum, com texto crítico de Luiza Interlenghi.
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Marli Matsumoto Arte Contemporânea tem o prazer de anunciar a abertura da exposição “O que é…?” do artista Ricardo Basbaum, com texto crítico de Luiza Interlenghi.
“O que é…?” apresenta uma seleção de trabalhos realizados entre 1984 e 2024, alguns trazidos a público pela primeira vez, outros muito pouco vistos. O percurso apresentado envolve a utilização de diversos suportes e recursos, indicando o interesse recorrente do artista em construir as intervenções em proximidade com o campo comunicativo, adotando recursos de repetição, estruturas recursivas e a mobilização do discurso em dispositivos de visualidade, sonoridade e oralidade.
“A marca Olho [1984] recupera minha atuação nos anos 1980, evocando proximidade com a indústria cultural e a sociedade de controle, buscando reagir à crise de valor frente aos automatismos do hábito e do consumo, abrindo o caminho para, a partir de 1990, o desenvolvimento do projeto NBP – Novas Bases para a Personalidade: desde então, venho adensando as camadas conceituais do trabalho, movendo-me através de um signo recorrente e repetitivo, ao mesmo tempo visual e verbal e, por isso mesmo, sonoro. A forte oralidade, presente em vídeos e diagramas, é também instrumento para trabalhos coletivos que mobilizam a voz enquanto índice de encontros e entrechoques – de corpos com a fisicalidade dos trabalhos e também entre si. O visitante é convidado a ingressar em uma dinâmica performativa, que não permite indiferença, ao se perceber envolvido em jogos de captura a partir dos quais constrói sua relação com as obras expostas: “sentar, saltar, atravessar”, mas também caminhar, escutar, ler e ver, em deslocamento. “O que é…?” apresenta algum esforço de aproximação com o visitante, fazendo com que as obras construam diversos graus de proximidade e distância, seja dos objetos, sons e imagens, seja da ideia mesma de exposição enquanto território de mobilização dinâmica dos sentidos: o que se propõe é que a pergunta seja construída junto à pele, na vertigem de encontro com as coisas – “o que é…?”, lançado enquanto indagação geral e aberta, é apenas um indicativo para a produção incessante do assombro em cada instante de ação do corpo vivo, de modo inconforme. O que é…?”.
Ricardo Basbaum
Serviço
Exposição | O que é…
De 13 agosto a 11 outubro
Segunda a sexta, das 11h às 19h | sábado, das 12h às 17h
Período
13 de agosto de 2024 11:00 - 11 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Marli Matsumoto Arte Contemporânea
Rua João Alberto Moreira, 128, Vila Madalena, São Paulo - SP
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É com muito entusiasmo que a Galeria Carmo Johnson Projects apresenta a primeira exposição individual da artista Naine Terena, “O começo de tudo”, com abertura no dia 17/08, sábado, em
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É com muito entusiasmo que a Galeria Carmo Johnson Projects apresenta a primeira exposição individual da artista Naine Terena, “O começo de tudo”, com abertura no dia 17/08, sábado, em seu espaço localizado no bairro Alto de Pinheiros, em São Paulo.
“O começo de tudo” conta com um sensível ensaio curatorial escrito por Luciara Ribeiro, educadora, pesquisadora e curadora, que menciona: “Naine Terena tem atuado com enorme contribuição para áreas da curadoria, crítica de arte, educação e a gestão pública cultural-educacional. A exposição Véxoa, nós sabemos, curada por Terena, exibida em 2020, na Pinacoteca de São Paulo, se tornou um marco referencial na história da instituição e das artes nacionais, sendo reconhecida como uma das principais mostras recentes das produções indígenas contemporâneas. Diferente do lugar ocupado em Véxoa, na exposição O começo de tudo, pela primeira vez, a sala expositiva não será pensada por Naine Terena para abrigar trabalhos de outros artistas, mas sim as suas produções artísticas. Aqui, ela nos aproxima de uma faceta ainda pouco conhecida, a de artista”.
A exposição nos possibilita apreender um pouco do começo da produção artística de Naine, que tem início na década de 1990, a partir das manualidades e das artes cênicas. Com essas referências a artista imprime tanto na expografia distribuições instalativas das obras, inspiradas nos encontros da cena teatral, tanto na confecção das obras têxteis, compondo então, os seguintes núcleos: Os outros; Eu sou uma árvore; Admirável mundo novo e Antes o mundo não existia.
Naine Terena confecciona uma série de “Máscaras” (2024) aproveitando elementos da técnica da tecelagem e os recodifica, para criar obras têxteis que materializam os ‘outros’ – tudo aquilo que habita este mesmo tempo-espaço mas não é identificado ou passa despercebido aos olhos humanos. Com base em processos de tecelagem comuns entre as populações Terenas. Seu trançado, diferente do usualmente presente na manualidade têxtil Terena, não busca a rigidez do planejado, da perfeição, do enquadramento e do calculado, ao contrário, visa ressaltar a noção do imperfeito, incompleto, insuficiente, inacabado. São linhas soltas, cortes sinuosos, pontos saltados, onde são incorporados restos de objetos que ela encontrou durante o processo da feitura, descartes jogados no solo, lixos, indícios do desprezo que a sociedade atual tem praticado com a saúde da terra. Em “Vovó” (2024), ela aprofunda o contato entre ciclos de tempo, entre o falar do agora com o escutar dos que vieram antes. Com a sabedoria proferida pelo tempo do presente e o tempo dos mais velhos, a artista-pesquisadora cria uma vovó entrecruzada por fitas, fazendo do gesto dançado dos dedos o firmamento para a presença de uma exuberante vovó, de enormes tentáculos que a eleva ao mesmo tempo que a apruma no chão.
Já a série “Eu sou uma árvore” é um experimento para a produção de uma materialidade dos pensamentos que conectam a humanidade a tudo aquilo que habita o mundo animal, vegetal e cosmológico. Naine Terena costuma lembrar que: Era um fim de tarde, no ano de 2020, quando sentei ao fundo da minha casa e tirei foto de uma das minhas plantas. Comecei a mexer nela a partir de inúmeros filtros, até que em um deles vi um pequeno sorriso que me gerou o pensamento: eu sou uma árvore! [Naine Terena]
O conjunto ‘Admirável mundo novo’, ou ‘um boot necessário’, cria a partir de um conjunto de sete latas de atum, que tem como conteúdo imagens feitas a partir da inteligência artificial, como a tecnologia reconhece ‘riqueza’, pobreza no Brasil, bem viver. As imagens parecem dialogar com fatos da vida real, como o ‘tokenismo’, o racismo ambiental, os locais de lazer particulares, o empobrecimento de uma boa parcela da população, refletindo se é hora de um boot necessário.
Por fim, o conjunto de vídeos, “Antes o mundo não existia” faz uma alusão às muitas histórias e cosmologias indígenas, utilizando o nome da obra literária escrita por de Umusi Pãrõkumu e Tõrãmu Kehíri, indígenas da região amazônica, para abordar a criação do mundo na perspectiva indígena e suas relações com presente e futuro. As imagens das cacas de coco, trazem constelações, importantes para os povos indígenas, ações climáticas, cores e formas que representam o mundo de antes e o mundo de agora. O mundo antes deste mundo, que nossos troncos velhos nos ensinaram a conviver em equilíbrio, e o mundo de hoje, onde as relações parecem ter sido rompidas por grande parte da população.
Em “O começo de tudo”, a exposição, ficamos diante da possibilidade de pensar, ver e rever nossas existências individuais e coletivas, os conhecimentos adquiridos e preservados, as relações e paisagens que nos circundam, os diversos paradoxos que não conseguimos responder e os mistérios de um mundo em movimento. Colocando a razão, o pensamento cartesiano, a racionalidade em ponto de diálogo com as cosmologias, com saberes e contra narrativas, a serviço de refletir sobre o que acontece agora? Como será depois de amanhã, de amanhã? Onde é o começo de tudo?
Serviço
Exposição | O começo de tudo
De 17 de agosto a 5 de outubro
Terça à sexta, 11h às 17h, sábados sob agendamento
Período
17 de agosto de 2024 11:00 - 5 de outubro de 2024 17:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Carmo Johnson Projects
Rua Anunze, 249 - Boaçava, Alto de Pinheiros, São Paulo - SP
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Pinakotheke Cultural, no Rio de Janeiro, abre para o público a exposição “Gonçalo Ivo – Zeitgeist”, com 79 pinturas criadas pelo artista nos últimos cinco anos, das séries “Le jeu des perles de verre” (“Jogos
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Pinakotheke Cultural, no Rio de Janeiro, abre para o público a exposição “Gonçalo Ivo – Zeitgeist”, com 79 pinturas criadas pelo artista nos últimos cinco anos, das séries “Le jeu des perles de verre” (“Jogos de contas de vidro”), “Cosmogonias”, “Cardboards”e “L’inventaire des pierres solitaires” (“Inventário das pedras solitárias”). A curadoria é de Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho, presidente do Conselho do Museu de Arte do Rio, amigo do artista, e que acompanha seu trabalho há mais de trinta anos. A quase totalidade dos trabalhos é inédita, e apenas cinco deles estiveram na exposição homônima realizada no Paço Imperial, em abril de 2022, que teve 26 obras selecionadas pelo mesmo curador. Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho destaca que Gonçalo Ivo “é considerado um dos maiores coloristas contemporâneos do país”.
O artista nasceu no Rio de Janeiro, em 15 de agosto de 1958, e se divide entre seus ateliês na serra de Teresópolis, no Rio de Janeiro, em Paris e em Madri. O termo Zeitgeist significa “espírito de tempo“, e foi usado inicialmente pelo filósofo e escritor alemão Johann Gottfried von Herder (1744-1803). Será exibido o filme “Gonçalo Ivo – uma biografia da cor” (2024, 28′), dirigido por Katia Maciel, com fotografia de Daniel Venosa, feito especialmente para a mostra.
A exposição será acompanhada do livro “Gonçalo Ivo – Zeitgeist” (Edições Pinakotheke), bilíngüe (port/ingl), com 328 páginas, em formato 21 x 27cm. A organização é de Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho, apresentação de Max Perlingeiro, e textos de Tomás Paredes, Nicholas Fox Weber, diretor-executivo da Josef & Anni Albers Foundation, Lêdo Ivo (1924-2012) e Nélida Piñon (1934-2022) – que fez sua última visita ao ateliê do artista em Teresópolis em maio de 2022 –, e um poema visual inédito de Luciano Figueiredo, criado especialmente para a publicação. O livro contém ainda uma detalhada cronologia do artista, e a mais longa entrevista concedida por ele, dada a Luiz Chrysostomo, “iniciada em janeiro de 2022, enquanto Gonçalo estava em suas residências-ateliê de Madri e Paris”, e finalizada “numa manhã ensolarada, no início do outono de 2023, no Museu Isamu Noguchi, em Nova York”.
Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho afirma que a exposição e o livro refletem “as inquietações do artista nos últimos cinco anos, vindo de uma sequência de vivências intensas, descobertas e afetos”. “Manifesta um profundo desejo de partilhar uma longeva trajetória de arte, marcada por percepções corajosas e fragmentadas de nossa contemporaneidade. Lidar com a não linearidade que a vida nos impõe e os espantos decorrentes dela, como bem disse o poeta Gullar, revela que a persistência é uma característica diferenciada da construção humana. Insistir, rever ou retornar não são contradições, mas ações que nos permitem existir e revelar um outro lado possível”, diz. O curador enfatiza que suas séries de trabalho “falam do tempo como tema central, buscam dar conta de um presente mutante, desobstruem uma voz interna que estava por vezes emudecida”. Outros aspectos do artista assinalados por Luiz Chrysostomo são “a facilidade com que navega e deglute manifestações do românico ao barroco espanhol, de culturas africanas ancestrais ao modernismo europeu“, e que se “confunde com o domínio técnico com que manipula pigmentos, têmperas e óleos”.
Max Perlingeiro, diretor da Pinakotheke Cultural, destaca que o público vai se surpreender com a exposição. “Além de trabalhar as cores como ninguém, ele está em constante mutação, como pode ser visto nessas três séries novas que surgiram em 2018″. Ele conta que a ideia do livro e da exposição surgiram ao ver a pintura “Cosmogonia – Melancolia, para Giacomo Leopardi e Francisco de Goya” (2021), na montagem da exposição no Paço Imperial, acompanhado por Luiz Chrysostomo: “Tive a certeza de que iria entrar nesse universo mágico da produção do seu novo livro. E que livro!”.
PROGRAMAÇÃO INFANTIL
Nos sábados dias 31 de agosto e 14 de setembro, às 11h, haverá oficinas para as crianças, coordenadas pela equipe do educativo da Pinakotheke Cultural, a partir da exposição de Gonçalo Ivo. No primeiro sábado, a atividade será “Colagens Fantásticas: Transforme Papelão em Arte“, inspirada na série “Cardboard”. Em 14 de setembro, a oficina “Galáxias de Arte: Pinturas Mágicas das Cosmogonias” vai propor ao público infantil fazer pinturas, partindo das obras da série “Cosmogonia”. A entrada é gratuita, e a classificação é livre.
Serviço
Exposições | Gonçalo Ivo – Zeitgeist
De 19 de agosto a 28 de setembro
Segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e sábados das 10h às 16h
Período
19 de agosto de 2024 10:00 - 28 de setembro de 2024 18:00(GMT-03:00)
Local
Pinakotheke Rio de Janeiro
Rua São Clemente 300, Botafogo – Rio de Janeiro - RJ
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O trabalho de Gisela Colón explora as interconexões entre ecofeminismo, histórias coloniais e as forças universais da natureza. Sua prática artística busca transformar o pessoal em universal, seguindo uma trajetória
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O trabalho de Gisela Colón explora as interconexões entre ecofeminismo, histórias coloniais e as forças universais da natureza. Sua prática artística busca transformar o pessoal em universal, seguindo uma trajetória elíptica que começa com o início dos tempos, a primeira luz primordial que criou a vida na Terra. Colón atravessa a violência da existência humana, processando experiências de opressão contra humanos, animais e a natureza, retornando catarticamente ao mundo natural em busca de respostas, utilizando uma linguagem de regeneração transformadora.
Colón utiliza sua arte para abordar as dolorosas realidades da violência armada, do feminicídio e da violência coletiva que presenciou durante sua juventude em Porto Rico. Em suas obras, ela canaliza essas experiências traumáticas, transformando-as em metáforas de renovação e resiliência. Observando e aprendendo com os processos de cura e regeneração, Colón desenvolveu uma estética que incorpora a vitalidade e a força dos elementos naturais, como exemplificado em suas esculturas monolíticas que simbolizam a transformação de balística em montanhas metamórficas, a Balística Holística.
A artista se apropria de materiais de alta tecnologia, frequentemente associados a funções militares, transformando-os em veículos de luz, vida e transcendência. Essa transmutação de materiais destinados à opressão em objetos que canalizam energia positiva subverte suas conotações originais. Com essa abordagem crítica, o espectador é desafiado a reconsiderar a relação entre tecnologia e a capacidade transformadora da arte.
Plasma, o quarto estado da matéria, reflete seu conceito de criação sob pressão extrema, emergindo como luz incandescente. Suas esculturas capturam e refratam a luz, criando uma cor estrutural que remete às cores naturais encontradas em besouros escaravelhos, conchas de abalone e mariscos pré-históricos. Esses elementos enfatizam a conexão entre a arte de Colón e a história primordial da vida na Terra, destacando a transformação da energia solar em energia química como a centelha inicial de vida.
Colón nos lembra que todas as respostas vêm do mundo natural. A energia da Terra e as leis da física oferecem um guia sobre como reparar os caminhos quebrados da humanidade e retornar a uma simbiose equilibrada de coexistência na Terra. Sua arte atua como um manifesto para o pós-Antropoceno, convidando-nos a nos reconectar com nossas origens universais e abraçar um futuro de regeneração com a natureza.
Marcello Dantas
Serviço
Exposição | O quarto estado da matéria
De 21 de agosto a 19 de outubro
Segunda a sexta, das 11h às 19h | sábado, das 11h às 15h
Período
21 de agosto de 2024 11:00 - 19 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Raquel Arnaud
Rua Fidalga, 125 – Vila Madalena, São Paulo - SP
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Aline Bispo, artista que vem desenvolvendo uma pesquisa acerca do sagrado como expressão artística afro-brasileira, abre a individual “Somatória de Forças” na Luis Maluf Galeria, unidade Barra Funda. A mostra
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Aline Bispo, artista que vem desenvolvendo uma pesquisa acerca do sagrado como expressão artística afro-brasileira, abre a individual “Somatória de Forças” na Luis Maluf Galeria, unidade Barra Funda. A mostra apresenta trabalhos inéditos e outros produzidos nos últimos cinco anos, muitos dos quais a partir do contato com festas temáticas do calendário afro-brasileiro, como Bará do Mercado, Festa de Nossa Senhora da Boa Morte, 02 de fevereiro, Nossa Senhora Aparecida, Feira de Baiano e outras. A mostra tem curadoria de Alexandre Araujo Bispo e segue em cartaz até 2 de outubro.
Aline e Alexandre, paulistanos de ascendência baiana, compartilham mesmo sobrenome, mas não tem parentesco direto. Em comum compartilham o interesse nas forças sincréticas do sagrado afro-brasileiro. Em “Somatória de Forças” afirma o curador: “Aline Bispo persegue um caminho no qual admite o valor do sincretismo na cultura brasileira, ciente que apesar de seus aspectos negativos, no sentido de, historicamente, conduzir à ocultação de práticas culturais de origens africanas, ele também gerou forças inéditas.”
Entre as obras expostas, merece destaque “Ogunté”, 2024 pintura em acrílica e folha de ouro sobre tela nas dimensões 123 x 82,5 x 5 cm. O título Ogunté se refere a uma qualidade do orixá Yemanjá que, segundo a mitologia iorubana está ligada a Ogum e à sua força guerreira. Assim, Iemanjá Ogunté representa proteção, coragem e determinação. Importante sublinhar que as cores azuis e vermelho presentes nesta tela são parte da paleta que se espalha por toda a mostra, somadas ao branco e preto.
Outro destaque da exposição é “Mães da boa morte” 2023, que combina tinta acrílica, folha de ouro e miçangas em uma tela de 80,5 x 121 x 5 cm. O título da obra é uma referência a Irmandade da Boa Morte, coletivo de mulheres negras que há mais de 200 anos realiza anualmente uma celebração na cidade de Cachoeira, Recôncavo baiano. Atualmente a irmandade é composta por cerca de 30 mulheres com idade média entre 50 e 70 anos que juntas clamam por uma boa morte. A festa da irmandade indica a complexidade que envolve o sincretismo religioso no Brasil, misto de resistência, negociação política e manutenção valores civilizatórios africanos. Considerada Patrimônio Imaterial da Bahia desde 2010, o rito é realizado sempre no mês de agosto quando é acompanhado de samba de roda e distribuição de comidas.
Serviço
Exposição | Somatória de Forças
De 24 de agosto a 02 de outubro
Segunda a sexta, das 10h ás 19h, sábado, das 11h ás 16h, fecha aos domingos e feriados
Período
24 de agosto de 2024 10:00 - 2 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Usina Luis Maluf
Rua Brigadeiro Galvão, 996 Barra Funda, São Paulo - SP
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Dos desenhos em nanquim realizados em meados dos anos 1960, formas e corpos empilhados — aquelas a sugerirem blocos apoiados uns nos outros, possíveis visões sombrias e enigmáticas de muros,
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Dos desenhos em nanquim realizados em meados dos anos 1960, formas e corpos empilhados — aquelas a sugerirem blocos apoiados uns nos outros, possíveis visões sombrias e enigmáticas de muros, edifícios, cidades imaginárias, sabe-se lá o que sejam; estas, cabeças, troncos, sexos, todos desconjuntados —, a obra de Tuneu, como é comum acontecer, conheceu muitas variações. Nascido e criado em São Paulo, viciado em visitas a museus, a galerias e às sucessivas edições da Bienal de São Paulo, primeiramente como visitante e, a partir de 1967, na famosa Bienal Pop, como participante — de passagem, o mais jovem participante, ao menos até então —, era natural que fosse sensível à produção de seus colegas, daqui e de fora, a começar pela da sua mentora Tarsila do Amaral (sim, ela mesma, acompanhou-o dos 10 até seus 25 anos); que sentisse o impacto dos desenhos de Wesley Duke Lee; que acompanhasse deslumbrado a desembalagem das 39 pinturas da sala Edward Hopper, na mesma Bienal de 1967, onde viu Robert Rauschenberg pendurando sua imensa Barge, pintura de 980 cm de largura, a maior de toda sua série de 79 pinturas silk screen.
A indicação dessas quatro referências não é gratuita. Todos esses são artistas figurativos, enquanto Tuneu terminaria pendendo para a abstração, mais precisamente para a abstração geométrica. Mas que não se confunda com o Concretismo. Para começar, uma de suas afinidades estético-afetivas era Willys de Castro, que, como seu companheiro Hércules Barsotti, juntou-se aos neoconcretos cariocas. Tuneu divertia-se com Willys zombando do dogmatismo de Waldemar Cordeiro, o líder dos concretistas, para quem o marrom não era cor. O problema é que Tuneu, ademais do apuro formal, desde sempre cultuou a cor, jamais separando uma dimensão da outra.
A variação da obra de Tuneu não foi tanto pela anexação de territórios de linguagens exteriores a ela, mas pela exploração sistemática, diligente, meditativa dos elementos constitutivos da pintura, de formas geométricas aplicadas a ela, incluindo desde o campo quadrangular delimitado pela moldura, a própria moldura, às quatro linhas que perfazem os limites da folha de papel, do cartão, ou do tecido da tela; considere-se também as superfícies desses suportes, sobre os quais ele pinta, risca, corta, como as séries formadas por cortes, dobras e sobreposições de planos. E cores, claro, muitas cores, variações e contrastes tonais próprios de sua condição de ouvinte musical cultivado, daqueles que reconhecem ritmos compostos complexos e os matizes de certos glissandos.
Para essa exposição, composta por um conjunto de papéis e pinturas, Tuneu mantém o hexágono como protagonista. Como responder a isso? Talvez porque os favos das abelhas sejam pequenos hexágonos confinados com a pureza, com a doçura e sua condição de alimento vital; talvez porque o mundo tenha sido feito em seis dias; talvez porque o hexágono seja a soma e produto dos três primeiros números, o um, o dois e o três, o que o caracteriza como o primeiro dos números perfeitos; talvez porque uma infinidade de estruturas cristalinas, de um floco de neve ao átomo de carbono, sejam hexagonais; talvez porque a escala pentatônica, como queria Pitágoras, tenha seis intervalos iguais. Talvez, enfim, para encontramos um sentido de ordem e pureza numa vida carente de sentido, num mundo permanentemente em crise.
Sim, talvez tudo isso seja uma boa coincidência, o que pessoalmente duvido, e convido o leitor a ser prudente, pois não sei se ele está advertido do que podem, consciente ou inconscientemente, os artistas. Seja como for, olhe para cada um desses trabalhos e note que todos eles – formas abertas, expandidas, desdobradas, pontiagudas, que sejam – contêm, no seu interior, um hexágono perfeito. Por vezes, como que atendendo a sua natureza versátil, eles se esparramam, correm para os lados, para o alto, como pétalas geométricas de um lírio, que se vão abrindo em movimentos alternados e em posições desiguais, mas precisos como se dotados de dobradiças. E é frequente que, ao mesmo tempo em que isso acontece, uma das seis linhas laterais de um desses hexágonos resolva afirmar sua condição simultânea de aresta de um quadrado que se projeta para dentro dele, numa dinâmica que se repete e prolifera em triângulos, trapézios, cheios ou vazados, ocupados por uma ou duas cores, ou reduzidos às linhas de contorno, em alguns casos uma fenda retilínea de luz. Note como as cores se correspondem, vibram consoante se aproximam, quando acontece de serem contrastantes, dissolvem-se umas nas outras, quando vizinhas ou quando são sobrepostas, em velaturas mais ou menos discretas, com uma cor habitando um plano submerso à cor flutuando na superfície.
Trabalhando com o hexágono, essa forma perfeita, Tuneu examina-o com o apuro aparentado ao de Newton submetendo um prisma à luz, descobrindo que o simples sólido de secção triangular de vidro, com suas faces planas, polidas, e seu corpo transparente, tem o poder de transformar um feixe de luz branca na projeção de uma mancha com as cores do arco-íris.
Agnaldo Farias
Serviço
Exposição | OUTROPLANO
De 24 de agosto a 19 de outubro
Segunda a sexta, das 11h às 19h | sábado, das 11h às 15h
Período
24 de agosto de 2024 11:00 - 19 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Raquel Arnaud
Rua Fidalga, 125 – Vila Madalena, São Paulo - SP
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A galeria Verve inaugura ‘Posesión’, primeira exposição individual do artista cubano Carlos Martiel no Brasil. A mostra conta com obras inéditas produzidas especialmente para o contexto brasileiro e texto crítico
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A galeria Verve inaugura ‘Posesión’, primeira exposição individual do artista cubano Carlos Martiel no Brasil. A mostra conta com obras inéditas produzidas especialmente para o contexto brasileiro e texto crítico de Ayrson Heráclito, artista com quem já colaborou inúmeras vezes e mantém intensa troca há muitos anos.
Radicado em Nova York, Martiel é um dos mais prestigiados performers da atualidade e já se apresentou em importantes instituições, como o Solomon R Guggenheim Museum, de Nova York (EUA); El Museo del Barrio, Nova York (EUA), Stedelijk Museum, Amsterdam Holanda); The Museum of Fine Arts Houston (EUA), entre outros. Ganhador de inúmeros prêmios, seus trabalhos também integram os acervos permanentes do Solomon R Guggenheim Museum, Nova York (EUA); The Pérez Art Museum Miami (Miami, EUA); do Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro, entre outros. Neste momento, o artista apresenta uma grande exposição retrospectiva no Museo del Barrio, também na cidade de Nova York, curada pelo diretor da instituição, Rodrigo Moura.
Nos trabalhos desenvolvidos para esta mostra, Martiel investiga as dinâmicas em torno dos corpos originários e diaspóricos, explorando questões de resistência e resiliência nos diferentes contextos da colonização. Desta forma, o artista tece conexões com a realidade brasileira em diferentes núcleos através da religiosidade (como o Candomblé), dos símbolos (bandeiras e medalhas) e do território (demarcações e disputas). Em obras muito sintéticas e de grande potência, Martiel transforma sua existência em uma experiência radical de arte. No texto crítico desenvolvido para a mostra, Ayrson Heráclito define com precisão a força de seu trabalho: “podemos pensar o seu discurso artístico enquanto a voz dissonante de um sujeito negro, queer, desterrado e imigrante em constante embate com as politicas de assujeitamento do seu tempo. Apresentando um arquivo de situações, onde racismo, sexismo, colonialismo e utopismos se entrecruzam nas mais torpes e sádicas violências, o artista produz um manifesto antirracista e libertário. A poética da sua obra desencadeia na audiência um desconfortável susto ético e político”, conclui o curador.
Serviço
Exposição | Posesión
De 24 de agosto a 24 de outubro
Terça a sexta-feira, das 11:00 às 18:00h / Sábado, das 12:00 às 17:00h
Período
24 de agosto de 2024 11:00 - 24 de outubro de 2024 18:00(GMT-03:00)
Local
Verve Galeria
Avenida São Luis, 192, Sobreloja 06, República, São Paulo - SP
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No centenário de nascimento de Paulo Vanzolini (1924 – 2013), compositor brasileiro responsável por clássicos como Ronda e Volta Por Cima, o Sesc São Paulo apresenta uma imersão na vida do
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No centenário de nascimento de Paulo Vanzolini (1924 – 2013), compositor brasileiro responsável por clássicos como Ronda e Volta Por Cima, o Sesc São Paulo apresenta uma imersão na vida do artista, revelando não apenas sua faceta musical, mas também a trajetória do zoólogo de renome internacional. A exposição 100 anos de Paulo Vanzolini, o cientista boêmio ocupa o Sesc Ipiranga a partir de 28 de agosto de 2024, e segue em cartaz até 16 de março de 2025. Idealizada pelos filhos do cientista, o diretor de arte e cineasta Toni Vanzolini e a psicóloga Maria Eugênia Vanzolini, a mostra conta com curadoria de Daniela Thomas, reconhecida cenógrafa, cineasta e diretora teatral.
“A data simbólica do centenário de Paulo Emilio Vanzolini, nosso pai, nos motivou a pensar uma exposição que mostrasse um pouco da pluralidade desse brasileiro que ouviu, traduziu, pesquisou, escreveu, cantou e pensou um Brasil bom, diverso e inclusivo. Que sempre valorizou o conhecimento e a arte, fazendo de ambas seu maior legado. O universo desse personagem interessado e interessante, ‘cientista boêmio’, como bem o definiu Antonio Candido, é o que queremos mostrar nessa exposição”, antecipa Toni Vanzolini.
Sem perder de vista o lado boêmio e artístico do homenageado, a exposição revisita as expedições científicas e as contribuições para a ciência empreendidas como herpetólogo, especializado no estudo de répteis e anfíbios. O Sesc Ipiranga como espaço para a exposição possui um simbolismo especial: a proximidade com o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP), onde Paulo Vanzolini trabalhou por cinco décadas – três destas, como diretor.
“Algumas figuras são incontornáveis na história de uma cidade, de um país. Algumas chegam a ser incontornáveis até no planeta. É o caso do nosso homenageado nessa exposição, Paulo Vanzolini, que completaria 100 anos este ano e que passou a maior parte da sua vida aqui do lado do Sesc Ipiranga, dirigindo o Museu de Zoologia da USP, sua casa. Ou uma de suas casas, já que se sentia perfeitamente integrado à paisagem numa picada na floresta, no seu laboratório ou no boteco, entre músicos ou entre os maiores intelectuais da sua época”, destaca Daniela Thomas. “Homem ímpar, de uma inteligência sobrenatural, uma inventividade que produziu versos inesquecíveis como ‘reconhece a queda e não desanima, levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima’ e teorias revolucionárias na zoologia, e de uma determinação quase autoritária, características que fizeram dele essa potência realizadora que celebramos agora”.
Em parceria com o Museu de Zoologia da USP, a exposição exibe ao público 51 exemplares conservados de espécies animais identificadas e catalogadas por Vanzolini. Esses espécimes, emprestados pelo Museu ao Sesc, estão em destaque em uma sala que recria um laboratório de zoologia.
Cinco salas temáticas revelam a trajetória multifacetada de Vanzolini, abrangendo mais de meio século de pesquisa. A exposição destaca suas célebres expedições amazônicas e as conexões entre arte e ciência que ele promoveu. Documentos, fotografias e vídeos oferecem um vislumbre dos bastidores das descobertas marcantes do “cientista boêmio”, apelido carinhosamente atribuído por Antonio Cândido, sociólogo e crítico literário, no encarte do disco Acerto de Contas de Paulo Vanzolini (2002). Esta compilação apresenta 52 composições do cientista, interpretadas por renomados artistas como Chico Buarque, Paulinho da Viola e Martinho da Vila.
No percurso expositivo, ilustrações de Alice Tassara guiam os visitantes pela trajetória de Vanzolini, em uma cronologia biográfica que destaca aspectos de sua formação acadêmica e seu círculo de amizades com intelectuais, artistas e ícones da música popular brasileira.
O que encontrar na exposição 100 anos de Paulo Vanzolini, o cientista boêmio
Confira a seguir detalhes sobre os espaços que compõem a exposição espalhados pelo Sesc Ipiranga.
Sala Laboratório
O espaço é uma reprodução de um laboratório que retrata o cotidiano do zoólogo, destacando as etapas dos processos de sistematização. Na mesa de trabalho estão dispostos instrumentos como microscópios, além de um painel que elucida aspectos da Teoria dos Refúgios. A sala também reúne as espécies emprestadas pelo Museu de Zoologia da USP, apresentadas em um painel com cubos giratórios que identificam e contextualizam cada uma delas. Ilustrações de Gabriela Dássio complementam o ambiente, enriquecendo a experiência visual dos visitantes.
Sala Expedição Amazônia
Uma instalação sonora e visual imersiva projetada para simular uma caminhada pela floresta amazônica, enriquecida pelas ilustrações de Danilo Zamboni, que capturam a riqueza da biodiversidade do bioma. A experiência busca dimensionar a grandiosidade da fauna e flora amazônicas. Nas paredes do ambiente, o visitante encontra uma variedade de informações detalhadas sobre a biodiversidade da região, dados preocupantes sobre desmatamento e uma reflexão sobre a importância crucial da Amazônia para o equilíbrio do planeta.
Sala A Bordo do Garbe
O espaço convida o público a mergulhar no universo de múltiplos interesses e aventuras de Vanzolini, entrelaçando ciência, arte e cultura.
Aqui, o público pode embarcar em uma das viagens de Vanzolini à floresta amazônica a bordo do barco Garbe – parte da Expedição Permanente à Amazônia (EPA), projeto comandado pelo cientista durante duas décadas. Em 1975, esta expedição cruzou o Rio Madeira, de Manaus a Porto Velho. Entre os tripulantes do Garbe estava o pernambucano José Cláudio da Silva, apresentado a Vanzolini por seu amigo Arnaldo Pedroso d’Horta, artista plástico e jornalista que também o acompanhou em expedições à Amazônia. No decorrer de dois meses de viagem, José Claudio retratou em cem telas a diversidade da fauna e flora amazônicas, bem como a vastidão dos rios e o dia a dia das comunidades ribeirinhas.
Reproduções desses trabalhos, que foram compilados no livro José Claudio da Silva: 100 telas, 60 dias & um diário de viagem – Amazonas, 1975 (Imprensa Oficial, 2009) e hoje integram os acervos do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual de São Paulo, são exibidas na sala. O ambiente também apresenta um extenso painel com o mapa do Rio Madeira, mostrando onde cada uma dessas obras foi criada e oferecendo ao público uma experiência imersiva, que permite “reviver” a expedição.
Sala Boêmia
Afeito à vida noturna, Vanzolini se desenvolveu enquanto compositor em mesas de bares e rodas de samba, criando um método peculiar de escrita musical. Apesar de não dominar nenhum instrumento, ele concebeu a estrutura da maioria de suas mais de 70 canções, contando com o apoio dos amigos Adauto Santos e Luiz Carlos Paraná, violonistas e sócios no histórico bar Jogral, para dar forma às suas melodias e letras com harmonia e ritmo. Além dessas colaborações, Vanzolini deixou sua marca na música ao trabalhar com grandes nomes como Waldir Azevedo, Elton Medeiros, Toquinho, Paulinho Nogueira e Eduardo Gudin.
Essa característica boêmia é reverenciada em uma sala que reproduz a atmosfera da vida noturna. Elementos expositivos incluem rótulos personalizados com nomes de suas composições mais célebres, que podem ser ouvidas pelos visitantes. A cenografia da sala, que conta com balcão, prateleiras e mesas de bar, também destaca os nomes de seus grandes colaboradores em azulejos. Ampliações fotográficas da cidade de São Paulo, capturadas por Thomaz Farkas, entre outros, completam o ambiente, proporcionando uma imersão visual e sonora na história musical de Vanzolini.
Expedições terrestres
O pesquisador encontrou nas expedições científicas do século XIX inspiração para suas próprias viagens de campo pelo Brasil, onde explorou a fauna e flora dos diversos biomas nacionais. Para ele, esses ambientes naturais eram seu verdadeiro local de trabalho. As viagens eram realizadas a bordo de uma Kombi, percorrendo territórios diversos. Como não dirigia, sua filha Mariana frequentemente assumia a direção, ou então Francisca do Val, conhecida como Chica, que além de zoóloga, era ilustradora e documentava os trajetos cotidianos. Para revelar os bastidores dessas expedições, uma Kombi cenográfica será montada no acesso ao Sesc Ipiranga próximo ao Parque Independência e ao Museu do Ipiranga. Esta instalação reúne fotografias e diários, proporcionando aos visitantes uma imersão nas jornadas e descobertas de Vanzolini.
Sala Paulo por Paulo
Devido à sua intensa imersão na cultura e às suas inúmeras experiências, resultado das viagens por todo o Brasil, Vanzolini acumulava uma coleção de histórias e era um exímio contador de causos. Nesta sala, que reúne depoimentos em vídeo, frases emblemáticas e excertos de entrevistas documentadas ao longo de décadas, o público pode se aproximar de Vanzolini, explorando seu legado pessoal e intelectual de forma envolvente.
Do Butantan para o mundo: sobre Paulo Vanzolini
Paulo Emílio Vanzolini nasceu em São Paulo em 25 de abril de 1924. Aos 10 anos de idade, em um passeio ao Instituto Butantan, encantado pelas cobras e lagartos, decidiu que dedicaria sua vida ao estudo dos répteis e anfíbios, na especialidade de herpetologia. Após formar-se em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP) em 1947, fez doutorado em Zoologia na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, entre 1949 e 1951.
De volta ao Brasil, aplicou suas inovadoras visões no Museu de Zoologia da USP, organizando conjuntos de animais conservados para pesquisa a partir de técnicas aprendidas em Harvard, tornando a coleção do museu paulistano uma das mais importantes dentro e fora do Brasil e aumentando o catálogo de Herpetologia da instituição de 1.200 para mais de 220 mil exemplares. Reflexo de sua imprescindível contribuição, 15 espécies animais foram nomeadas em sua homenagem, como o lagarto Vanzosaura savanicola e a serpente Lygophis vanzolini.
Ao papel de gestor, somou-se o de professor de pós-graduação da USP e o de cofundador da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Vanzolini ainda obteve reconhecimento internacional ao formular a Teoria dos Refúgios, uma hipótese para explicar a biodiversidade amazônica elaborada em meio a suas diversas expedições científicas e a partir de estudos realizados com o geomorfologista brasileiro Aziz Ab’Saber, e em conjunto com o herpetólogo americano Ernest Williams.
Ao longo de mais de 20 anos, durante as décadas de 1960 e 1970, o cientista comandou a Expedição Permanente à Amazônia – EPA, realizada a bordo do barco Garbe e financiada pela FAPESP. Nestas empreitadas, Vanzolini estabeleceu colaborações que resultaram em contribuições significativas não apenas para a ciência, mas também para as artes visuais. Um exemplo é sua parceria com o pintor José Claudio da Silva, com quem compartilhou uma destas expedições, em 1975.
A proximidade com artistas plásticos estimulou colaborações instigantes. Como exemplo, o zoólogo escreveu textos para os livros de Gerda Brentani e convidou Aldemir Martins para ilustrar seu Tempos de Cabo, um relato breve de sua passagem pelo Exército na segunda metade da década de 1940, época em que, aos 21 anos, compôs seu clássico Ronda.
Lançado pelo selo Fermata em 1967, o álbum de estreia de Vanzolini, Onze Sambas e Uma Capoeira, teve a capa assinada por Luís d’Horta. Pai de Luís, Arnaldo Pedroso d’Horta não só foi estopim para a criação da música Capoeira do Arnaldo, como se inspirou no trabalho de Vanzolini para produzir a série de gravuras Esqueletos de Animais. Essas conexões destacam como Vanzolini viveu uma vida profundamente entrelaçada com as artes e a cultura. Seus interesses e curiosidade se estendiam além de seu campo imediato, abrangendo diversas formas de expressão.
Paulo Vanzolini faleceu em 2013, três dias após completar 89 anos.
Serviço
Exposição | 100 anos de Paulo Vanzolini, o cientista boêmio
De 29 de agosto de 2024 a 16 de março de 2025
Terça a sexta, das 9h às 21h30. Sábados, das 10h às 20h. Domingos e feriados, das 10h às 18h30
Período
29 de agosto de 2024 09:00 - 16 de março de 2025 21:30(GMT-03:00)
Local
Sesc Ipiranga
R. Bom Pastor, 822 - Ipiranga, São Paulo - SP
Detalhes
A Casa SP–Arte receberá a sua primeira exposição internacional. O espaço será ocupado pela galeria kurimanzutto, com sedes na Cidade do México e Nova York. A mostra Xeque-mate(s), primeira do
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A Casa SP–Arte receberá a sua primeira exposição internacional. O espaço será ocupado pela galeria kurimanzutto, com sedes na Cidade do México e Nova York. A mostra Xeque-mate(s), primeira do artista colombiano Oscar Murillo no Brasil, projeto de Mark Godfrey, reúne obras que dialogam com nomes fundamentais da arte brasileira, como Lygia Clark, Hélio Oiticica e Cildo Meireles.
Serviço
Exposição | Xeque-mate(s)
De 31 de agosto a 20 de setembro
Terça a sexta-feira, das 10h às 17h, e sábado, das 11h às 17h
Período
31 de agosto de 2024 10:00 - 20 de setembro de 2024 17:00(GMT-03:00)
Local
Casa SP–Arte
Alameda Ministro Rocha Azevedo, 1.052 – Jardins, Sâo Paulo - SP
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A DAN Galeria Contemporânea abre suas portas no dia 31 de agosto para a mostra “Writing, painting, calculating, transcoding”, do coletivo de artistas LAb[au], de Bruxelas. Ativo desde 1996, o
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A DAN Galeria Contemporânea abre suas portas no dia 31 de agosto para a mostra “Writing, painting, calculating, transcoding”, do coletivo de artistas LAb[au], de Bruxelas. Ativo desde 1996, o grupo explora a interseção entre arte conceitual, sistemática e concreta, utilizando materiais e técnicas contemporâneas para questionar a estética atual por meio de uma lógica algorítmica. A mostra reúne cerca de 26 obras estruturadas em torno de três noções principais: modos, sistemas e conceitos, que se manifestam em instalações, integrações arquitetônicas e objetos de arte.
O LAb[au], originalmente formado pelo trio Manuel Abendroth, Jérôme Decock e Els Vermang, destacou-se por suas instalações dinâmicas, onde a interação entre arte e arquitetura é uma constante. Embora Els Vermang tenha deixado o grupo, Manuel e Jérôme continuam a explorar temas conceituais em obras como ‘Signal to Noise’ e ‘Chronoprints’. Essas criações exemplificam a abordagem única do LAb[au], que investiga a relação entre sinal e ruído, bem como a passagem do tempo, utilizando programação algorítmica para criar experiências visuais e auditivas envolventes, conectando o espectador à lógica por trás da criação artística.
Outras peças em destaque, como “Origami” e “Mosaique 8×8”, refletem a obsessão do grupo com a geometria e a cor, utilizando matrizes quadriculadas para criar padrões visuais que oscilam entre a ordem e a imprevisibilidade. Essas obras destacam a habilidade do LAb[au] em combinar elementos tradicionais da arte com tecnologias avançadas, resultando em composições que são ao mesmo tempo meticulosas e aleatórias.
Flávio Cohn, um dos sócios da galeria, comenta “Dando continuidade à tradição da Dan Galeria em promover a arte concreta, apresentamos a obra da dupla belga Lab[au]. Manuel Abendroth, o artista, Jérôme Decock, o engenheiro, colaboram em um “laboratório de construção”, como denominam, criando obras que integram conceito, sistema e tecnologia. Esse trabalho dialoga com o movimento das Novas Tendências, iniciado nos anos 1960 pelo brasileiro Almir Mavignier e que influenciou artistas como Le Parc, Joël Stein, François Morellet e Francisco Sobrino. A dupla se destaca no cenário artístico mundial, com exposições nos museus mais importantes do mundo. Esta é a primeira vez que o público brasileiro tem a oportunidade de conhecer uma exposição que apresenta o conjunto de suas obras de forma tão completa.”
A exposição oferece uma visão profunda sobre a metodologia artística do grupo demonstrando que seus projetos são concebidos e executados a partir da fusão de pesquisa teórica, prática experimental e execução técnica. Ao visitar a mostra, o público será convidado a vivenciar uma experiência imersiva que desafia as percepções tradicionais da estética contemporânea.
Serviço
Exposição | Writing, painting, calculating, transcoding
De 31 de agosto a 26 de outubro
Segunda a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados das 10h às 13h
Período
31 de agosto de 2024 10:00 - 26 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
DAN Galeria Contemporânea
Rua Amauri, 73 01448-000 São Paulo - SP
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Desenvolvida em colaboração com a Maison Gacha, em Paris, e com a Fondation Jean-Félicien Gacha, Cameroun, a mostra apresenta 129 peças têxteis que buscam estimular novas percepções sobre a África
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Desenvolvida em colaboração com a Maison Gacha, em Paris, e com a Fondation Jean-Félicien Gacha, Cameroun, a mostra apresenta 129 peças têxteis que buscam estimular novas percepções sobre a África no público brasileiro, a partir de um olhar diverso para um continente povoado de saberes, tradições e contribuições artísticas.
É a primeira vez que um conjunto tão importante de obras é mostrado ao público brasileiro, ainda muito acostumado a associar o têxtil africano às estampas coloridas de produção industrial.
Na mostra, visitantes podem entrar em contato com obras que resultam de um conjunto de saberes artesanais ancestrais, peças cujo processo de produção pode levar semanas, até meses.
A exposição nasceu a partir de uma pesquisa sobre tecnologias têxteis ancestrais e transmissão de saberes tradicionais de África. Os curadores Renato Menezes e Danilo Lovisi visitaram diferentes regiões do Cameroun para dialogar com lideranças e autoridades locais, instituições e artesãos. Os objetos apresentados, em sua maioria vindos do acervo da instituição franco-camaronesa, são produzidos com materiais diversos e funções múltiplas, e nos permitem conhecer ritos e cosmogonias de diversos povos da África.
NÚCLEOS
Na primeira sala, “Geometria animal”, visitantes são recepcionados por um conjunto excepcional de mais de vinte máscaras-elefante de diferentes tamanhos, todas bordadas com contas de vidro multicoloridas.
No segundo núcleo, “O azul vegetal”, são expostas uma diversidade de tecidos tingidos de índigo por meio de diferentes técnicas. No terceiro núcleo, “A tecnologia da linguagem”, é apresentado um diálogo entre os kenté e os ewe, tecido real utilizado entre os Ashanti e os Ewe.
O quarto núcleo, “A rota das miçangas”, apresenta um conjunto de peças têxteis e esculturas que têm em comum seu uso como suporte para a criação de símbolos com contas de vidro multicoloridas.
Na sala seguinte, o núcleo “Opacidade e transparência” busca criar um diálogo entre um conjunto denominado “veludos kassai”, peças produzidas pelos Shoowa, povo pertencente à província de Kassai, na República Democrática do congo, e véus de seda melhfa, produzidos na Mauritânia.
No sexto núcleo, “A dança das formas”, tecidos instalados no centro da sala dão um sentido de coreografia aos diversos tecidos produzidos pelos Kuba. O sétimo núcleo, “Tintas da terra”, conclui o percurso apresentando um conjunto de tecidos Bògólan, produzidos no Mali com uma mistura de lama e ervas.
Serviço
Exposição | Entre a cabeça e a terra: arte têxtil tradicional africana
De 31 de agosto a 02 de fevereiro
Quarta a segunda, das 10h às 18h, quintas estendidas das 10h às 20h (entrada gratuita a partir das 18h)
Período
31 de agosto de 2024 10:00 - 2 de fevereiro de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
Pina Luz
Praça da Luz, 2, Bom Retiro, São Paulo — SP
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Em “Terceiro Mundo – a dimensão descoberta”, a galeria expositiva do edifício Pina Contemporânea se transforma no universo imersivo criado pelo artista Gabriel Massan, com suas esculturas, desníveis e texturas
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Em “Terceiro Mundo – a dimensão descoberta”, a galeria expositiva do edifício Pina Contemporânea se transforma no universo imersivo criado pelo artista Gabriel Massan, com suas esculturas, desníveis e texturas que remetem à experiência de dentro das telas.
“Terceiro Mundo – a dimensão descoberta”, projeto desenvolvido em colaboração com a Serpentine Galleries, é uma exposição imersiva concebida a partir de uma perspectiva decolonial, de teorias queer e de estratégias descentralizadas em tecnologia. No projeto, o artista Gabriel Massan constrói um jogo de videogame ambientado em um universo fantástico que, a partir de uma narração colaborativa de história, desafia o conceito colonial de “exploração” e convoca o público a repensar suas ações no mundo.
Na mostra, visitantes podem escolher entre as quatros estações de jogos para começarem a jornada pelo jogo Terceiro Mundo ou podem permanecer no espaço para assistir a experiência dos jogadores em tempo real, por meio de cinco telas no espaço expositivo – como em canais dedicados a transmissão ao vivo de jogos.
A ESTRUTURA DO JOGO
O primeiro nível do jogo é Igba Tingbo, que em língua iorubá significa “longo prazo”. Caracterizado pelo trabalho da artista e psicóloga clínica Castiel Vitorino Brasileiro, a experiência nessa etapa enfoca o modo como o jogador se relaciona com a “alteridade”. Sòfo, que significa “Vazio” em Iorubá, é o segundo nível para onde os jogadores são enviados como Agente do QG.
Cada nível foi criado em colaboração com artistas e pensadores, que contribuíram na construção de diálogos, textos e narrativas, emprestando inclusive suas vozes aos personagens. Participaram LYZZA, Castiel Vitorino Brasileiro, Novíssimo Edgar e Ventura Profana, estando os três últimos incluídos na programação cultural que acontece no museu no 2º semestre de 2024.
O mundo foi criado em colaboração com o artista e rapper Novíssimo Edgar, a partir da sua vivência em São Paulo, sua cidade natal.
Serviço
Exposição | Gabriel Massan: Terceiro Mundo, a dimensão descoberta
De 31 de agosto a 02 de fevereiro
Quarta a segunda, das 10h às 18h
Período
31 de agosto de 2024 10:00 - 2 de fevereiro de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
Pinacoteca Contemporânea
Av. Tiradentes, 273, Luz, São Paulo - SP
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A exposição “A.R.L. Vida e Obra“, do fotógrafo e pintor brasileiro Antônio Roseno de Lima (1926-1998), entra em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro no dia 04
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A exposição “A.R.L. Vida e Obra“, do fotógrafo e pintor brasileiro Antônio Roseno de Lima (1926-1998), entra em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro no dia 04 de setembro de 2024. Com visitação gratuita, esta é uma oportunidade para o público conhecer a produção do artista outsider, natural de Alexandria, RN, que migrou para São Paulo e encontrou na arte a forma de se expressar. Semianalfabeto e morador da periferia de Campinas, A.R.L., como decidiu assinar suas obras, afirmando sua identidade como um cidadão, foi descoberto no final da década de 1980 pelo artista plástico e professor doutor do Instituto de Artes da UNICAMP, Geraldo Porto, que assina a curadoria da mostra. A exposição reúne mais de 90 obras, na sua grande maioria pinturas, principal suporte usado pelo artista. Há ainda à disposição do público 3 três reproduções em 3D, facilitando a acessibilidade para pessoas com deficiência visual. A mostra, que já passou pelos CCBBs SP, BH e DF, fica no CCBB Rio até 28 de outubro, encerrando sua temporada.
O pintor tirou da sua própria realidade a inspiração para criar obras que são reflexo da mais pura e encantadora Art Brut, termo francês, criado por Jean Dubuffet, para designar a arte produzida livre da influência de estilos oficiais e imposições do mercado da arte, que muitas vezes utiliza materiais e técnicas inéditas e improváveis. Seus temas centrais foram autorretratos, onças, vacas, galos, bêbados, mulheres e presidentes. Apesar das condições precárias em que vivia na favela Três Marias, em Campinas (onde morou de 1962 até sua morte, em junho de 1998), Roseno expressava seus sonhos e observações do cotidiano através de suas pinturas, muitas vezes utilizando materiais improvisados encontrados no lixo: pedaços de latas, papelão, madeira e restos de esmalte sintético.
Quando encontrava algum desenho que fosse do seu gosto, recortava-o em latas de vários tamanhos para usar como modelo, além de usar outros materiais que encontrava pelo caminho, como a lã, mais disponível em épocas de frio. Seu barraco era sua tela, onde cores vibrantes e figuras contornadas em preto ganhavam vida, revelando uma poesia visual única. Nas obras, as diversas aspirações do artista são representadas, mas uma delas se repete em toda a sua arte: “Queria ser um passarinho para conhecer o mundo inteiro!”
Com cores fortes, escrevia nos quadros: “Este desenho foi fundado em 1961“, referindo-se ao início de sua carreira em desenho, pintura e fotografia, com um “professor espanhol“, em São Paulo. Mesmo sendo semianalfabeto, as palavras sempre fizeram parte de sua expressão poética, como signos herméticos, expostos respeitando a anterioridade das figuras e evidenciando desconhecimento das regras gramaticais. Amigos e crianças da favela o ajudavam com a leitura e as anotações em um caderno, que eram fotocopiadas para serem coladas na parte de trás dos quadros. Os bilhetinhos, carregados de informação com as mais diversas letras, avisavam sobre os materiais, processo de criação, execução, conservação da pintura e arrematavam: “Quem pegar esse desenho guarda com carinho. Pode lavar. Só não pode arranhar. Fica para filhos e netos. Tendo zelo, dura meio século.”
Impressionado pela singularidade da obra de Roseno, o curador Geraldo Porto conta que a primeira vez que viu seus quadros foi em uma exposição coletiva de artistas primitivistas no Centro de Convivência Cultural de Campinas, em 1988. “Naquele instante, tive a certeza de estar diante de um artista raro“. Ele acrescenta que o pintor já se destacava entre os demais. Depois de ganhar notoriedade , passou a ser “chamado pelos jornalistas de ‘pintor pop da favela’, – fazendo referência ao Pop Art, movimento norte-americano dos anos sessenta – porque seus quadros misturavam imagens, fotografias, propagandas e palavras como nos cartazes comerciais“, explica Porto, acrescentando que Antônio Roseno desconhecia não somente este, mas qualquer outro movimento artístico, mas queria ver o seu trabalho nos outdoors da cidade.
Como forma de rebater reportagens da época, que o demonstravam como favelado, analfabeto e doente, passou a escrever em seus quadros em letras garrafais: “Sou um homem muito inteligente“, no intuito de se livrar dessas imagens tão negativas. A.R.L. viveu com Soledade, sua grande companheira na vida, e mesmo diante da devoção de sua mulher, o artista insistia em repetir em sua obra: “Nunca tive amor na vida“, independentemente das quase quatro décadas de relacionamento que os dois mantiveram.
Em 1991 Geraldo fez a curadoria da primeira exposição individual de A.R.L., na galeria de arte contemporânea Casa Triângulo, de Ricardo Trevisan, em São Paulo. Logo após, uma televisão alemã fez uma matéria sobre Roseno, veiculada na Europa durante a Documenta de Kassel, uma das maiores e importantes exposições da arte contemporânea e da arte moderna internacional que ocorre a cada cinco anos na cidade de Kassel, na Alemanha. O jornal brasileiro Folha de São Paulo recomendou sua mostra como uma das melhores da temporada. Seus trabalhos hoje figuram em publicações de renome mundial. Roseno faleceu em 1998, quando uma boa parte de seus trabalhos já estava em coleções de arte no Brasil e no exterior. Infelizmente, outra grande parte foi descartada pelo caminhão da prefeitura, chamado pela família para limpar a casa.
Assim como Arthur Bispo do Rosário, A.R.L. faz parte desses “artistas virgens” ou “outsiders“, autores dessa “arte incomum“. Para Geraldo Porto, Antônio Roseno “é sim um artista outsider, pela originalidade do seu processo criativo. Sua criatividade desconhecia limites entre fotografar, pintar ou escrever. Analfabeto, ele escrevia; fotógrafo, ele pintava; pintor, ele tecia. Pintava para não adoecer”. Ele retratava o cotidiano, coisas simples que o faziam feliz. “Perguntei-lhe por que pintava tantas vacas: ‘Porque eu gosto muito de leite’, ele me respondeu“.
Pedaços da alma e da vida
Com o intuito de desvendar as diferentes camadas da obra de Antônio Roseno de Lima, a exposição que ocupará o segundo andar do CCBB Rio, está dividida em seis seções, apresentando um panorama completo das diversas facetas do artista. Na primeira delas, “O Bêbado“, vislumbramos as raízes de A.R.L. em sua arte, em que se destacam cores chapadas e não existem meios-tons ou efeito de claro-escuro, e prolifera o uso de palavras. Iniciada em 1975, essa série traz rostos com olhos embaralhados pela bebida, trabalho que o projetou como artista no mercado internacional, se tornando sua marca registrada. Em “Recortes da Cidade“, mergulhamos nas aspirações e fantasias do artista, onde o vemos estampado em notas de dinheiro (fora de circulação); a casa bonita, colorida e com luz elétrica; o prédio moderno e a fábrica onde almejava trabalhar.
Na seção “Presidentes“ figuram fatos históricos e figuras notáveis como Afonso Pena, Nilo Peçanha, Getúlio Vargas, Mário de Andrade e Santos Dumont, o seu maior ídolo (aquele que provavelmente inspirou seu desejo de ser um passarinho). Já em “O Fotógrafo“, temos reflexos de sua grande paixão, o ofício que aprendeu a exercer aos 35 anos, em São Paulo capital, e tentou manter vivo no interior (Indaiatuba), mesmo depois de fechar seu estúdio por falta de recursos. “Frutos, Flores e Animais” trazem composições de galos, sapos, cavalos, gatos, capivaras e onças ou ainda quadros com traços quase “picassianos” de vacas. “Mulheres e Santas” completa o passeio pela alma criativa de Roseno, um admirador que gostava de retratar mulheres, e que seguiu as homenageando em forma de sereias ou à imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Além disso, a exposição contará também com duas instalações. Em “Foto Santo Antônio“, são projetadas imagens em looping, formando um vídeo com diferentes fotografias tiradas por Roseno, a maioria delas em preto e branco e outras com suas intervenções coloridas à mão. Inclusive, grande parte de suas fotografias está hoje no Centro de Memória da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Em “A.R.L Animado“, cerca de 20 obras foram aqui reimaginadas por Nélio Costa. As imagens, criadas a partir do desmembramento e transformação de elementos das obras originais, respeitam a integridade do trabalho de Antônio. Cada obra selecionada recebeu um tratamento personalizado, resultando em uma experiência única para os espectadores, que poderão apreciar a produção artística sob uma nova perspectiva.
Como parte do seu programa de inclusão social, visando garantir o acesso a um número maior de visitantes, a mostra traz QR Codes nas fichas de identificação de todos os seus quadros, possibilitando a audiodescrição de cada um deles. Outra iniciativa de acessibilidade é a leitura tátil de três telas que estão reproduzidas em MDF, com texturas variadas: “Bêbado com Cigarro I” (1986), que traz uma das representações mais emblemáticas da carreira de Roseno, um homem com três fileiras de orelhas, sobrancelhas, olhos, narizes e bocas, cada uma com um cigarro entre os lábios, “O Galo é Marido da Galinha I” e “Abacaxi” (ambos sem data), que também estão entre os temas mais recorrentes do artista.
A partirr da exposição “A.R.L. Vida e Obra”, o público vai poder conhecer quem foi Antônio, um entre cinco irmão, nascido em 1926, na cidade de Alexandria (RN), que aos 22 anos decidiu sair da roça para morar na cidade, auxiliando sua madrinha a produzir e comercializar doces. Aos 30 anos, largou o casamento com Cosma, com quem teve cinco filhos, para buscar uma vida melhor em São Paulo. Ali se dedicou à fotografia, antes de se estabelecer na favela Três Marias, em 1962, onde produziu a maior parte de sua obra.
Apesar de afirmar que nunca encontrou o amor, viveu ao lado de Soledade, uma líder comunitária, a quem ele dedicava todos os maiores cuidados. Uma amiga com quem brigava e fazia as pazes, sua companhia na alegria, mas principalmente nos momentos de saúde debilitada. Das dificuldades e do desconhecimento público em vida, o trabalho de Roseno, que resume sua história, ganhou reconhecimento internacional, com suas obras sendo exibidas em museus renomados em todo o mundo. Um legado que inspira e emociona até os dias de hoje.
Serviço
Exposições | A.R.L. Vida e Obra
De 04 de setembro a 28 de outubro
De quarta a segunda, das 9h às 20h
Período
4 de setembro de 2024 09:00 - 28 de outubro de 2024 20:00(GMT-03:00)
Local
CCBB RJ
R. Primeiro de Março, 66 - Centro Rio de Janeiro - RJ
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Anita Schwartz Galeria de Arte convida para a exposição “Meu lugar”, com 21 pinturas recentes e inéditas de Rafael Baron (1986, Nova Iguaçu), que ocuparão os dois andares expositivos do
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Anita Schwartz Galeria de Arte convida para a exposição “Meu lugar”, com 21 pinturas recentes e inéditas de Rafael Baron (1986, Nova Iguaçu), que ocuparão os dois andares expositivos do espaço de arte na Gávea. A curadoria é de Jean Carlos Azuos, curador assistente do MAR. A exposição, a primeira do artista na Anita Schwartz, apresenta sua nova pesquisa, com a inserção da paisagem em seu trabalho. “Tem a paisagem íntima, do lar, e do entorno, em uma afirmação de pertencimento e de fruição da vida”, diz Rafael Baron. As pinturas, em óleo ou acrílica sobre tela – e muitas vezes os dois materiais – são de formatos variados: desde os grandes, com 3,5 metros de largura, aos médios, em torno de 1 metro, e ainda estão quatro guaches, com 40 cm x 30 centímetros. A pintura “Casa com piscina” (2024) traz aplicados nela dois pares de sandálias havaianas.
O artista vem de um período de exposições nos EUA nos últimos três anos – as individuais “Pose”, na galeria Albertz Benda, em Nova York, e “Rafael Baron: Portraits”, na mesma galeria, em Los Angeles, ambas em 2022; e no ano anterior “Wishyouwerehere”, no espaço The Cabin, em Los Angeles; e as coletivas “Rollwith It”, na galeria Scott Miller Projects, em Birmingham, no Alabama, e “Fragmented Bodies III”, na galeria Albertz Benda, em Nova York, também em 2021 – e, com trabalhos comissionados, nas coletivas “Crônicas Cariocas” e “Funk”, no Museu de Arte do Rio(MAR).
Em “Meu lugar”, Rafael Baron mergulha no universo de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, onde nasceu e trabalha, em que explora cenários nas paisagens rurais – “ora sozinhas, ora com personagens” – como nas pinturas “Primavera” (2023), “Casa de Campo” (2023), “Marapicu” (2024), “Tinguá” (2024), “Serra do Vulcão” (2024), “Casa de Vó” (2024), “Café, fumo e jornal” (2024) e “Pai e filho no parque” (2024).
“A função estruturante da família, o amor, o afeto, momentos de relaxamento no próprio lar” são cenários íntimos que Rafael Baron mostra na exposição. “É um convite para este lugar idílico”, afirma. “A vida não é só confronto, conflito”. As cenas de lar, de paz e alegria estão presentes nos trabalhos “Reunião de Família” (2024), “Dia das mães” (2024), “Fim de tarde” (2023), “Maurício” (2024), “Casa com piscina” (2024), “Primeiro ano” (2024), “Amor e afeto” (2024), “Lar” (2024), “André, Henrique e Leopoldo” (2024), “Mãe” (2024), “Recanto” (2024) e “Cosme e Lourdes” (2024).
Jean Carlos Azuos destaca que “lar, afeto, amor, localidade são palavras muito fundamentais para Baron”. “Ele traz um território muito particular dele, da biografia que foi construindo. Nas suas pinturas ele vai nos apontando a dimensão de como lida com a família nas viagens, na casa da piscina, nos retratos, e nos ritos de passagem que temos nas nossas vidas, as celebrações.de família, o Dia das Mães…”, afirma o curador.
“Em um outro vértice”, continua, “o trabalho vai caminhando para as paisagens bucólicas”. “Baron nos faz acessar esses espaços, e nos instiga a saber: que lugares são esses? É um trabalho que nos convida para nossa compreensão, as confidências, a troca. Mexe um pouco com nossa fabulação. A pintura ‘Serra do vulcão’: onde será? É Nova Iguaçu, dentro da perspectiva de Rafael Baron? Mas pode ser tantos outros lugares, a partir de locais familiares em outras perspectivas, outras geografias”. Azuos observa também que esta compreensão de Nova Iguaçu se estende para a Gávea, e “os trabalhos dialogam com este trânsito entre esses espaços”. “Ele também tem este endereçamento: parte desses lugares e se assenta na galeria e se coloca para essas e outras interpretações e leituras”.
Serviço
Exposição | Meu lugar
De 04 de setembro a 26 de outubro
Segunda a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados das 12h às 18h
Período
4 de setembro de 2024 10:00 - 26 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Anita Schwartz Galeria de Arte
Rua José Roberto Macedo Soares, 30, Gávea, 22470-100, Rio de Janeiro - RJ
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O Memorial da Resistência de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, apresenta no dia 7 de setembro de 2024, às
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O Memorial da Resistência de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, apresenta no dia 7 de setembro de 2024, às 11h, a abertura de duas exposições concomitantes: Uma Vertigem Visionária – Brasil: Nunca Mais e Memória argentina para o mundo: o Centro Clandestino ESMA.
A mostra argentina é uma itinerância realizada pelo Museu Sítio de Memória ESMA – Ex-Centro Clandestino de Detenção, Tortura e Extermínio, em Buenos Aires e explora a história do edifício, desde a ocupação pelas Forças Armadas durante a última ditadura argentina (1976–1983) até seu reconhecimento como Patrimônio Imaterial da UNESCO, em 2023. As violações de direitos humanos cometidas contra mulheres no período também são revisitadas a partir dos testemunhos das sobreviventes.
Em paralelo, com curadoria do pesquisador e professor Diego Matos, a exposição Uma Vertigem Visionária – Brasil: Nunca Mais é dedicada à memória do projeto homônimo, responsável pela mais ampla pesquisa já realizada pela sociedade civil sobre a tortura no Brasil durante a Ditadura Civil-Militar (1964–1985).
Com as duas mostras, o Memorial explora as últimas ditaduras brasileira e argentina ao apresentar diferentes processos de luta e resistência protagonizados em ambos os países latino-americanos. A partir da história oral, coloca ambas as exposições em diálogo para a construção de uma memória coletiva sobre os períodos de repressão.
A abertura contará com a presença de Mayki Gorosito, diretora técnica do Museu Sítio de Memória ESMA, e do curador Diego Matos.
Uma Vertigem Visionária – Brasil: Nunca Mais
Em 400m², a mostra resgata a memória do projeto Brasil: Nunca Mais, empreendida entre 1979 e 1985. A iniciativa foi responsável por sistematizar e produzir cópias, clandestinamente, de mais de 1 milhão de páginas contidas em 707 processos do Superior Tribunal Militar (STM), revelando a extensão da repressão política do Brasil no período.
A história do projeto e seus desdobramentos é apresentada junto a testemunhos de advogados, jornalistas e defensores de direitos humanos envolvidos no projeto, que, por anos, tiveram seus nomes mantidos no anonimato: Paulo Vannuchi, Anivaldo Padilha, Ricardo Kotscho, Frei Betto, Carlos Lichtsztejn, Leda Corazza, Petrônio Pereira de Souza e Luiz Eduardo Greenhalgh.
O arquivo de 707 processos judiciais expõe os depoimentos de presos políticos sobre as ações de repressão, vigilância, perseguição e tortura do aparato estatal. As cópias desse conteúdo, que por anos foram mantidas em segurança em acervos preservados na Suíça e nos EUA, tiveram repatriamento e retornaram ao Brasil em 2011, onde atualmente encontram-se sob salvaguarda do Arquivo Edgard Leuenroth/Unicamp, em Campinas.
O projeto teve apoio do Conselho Mundial de Igrejas e da Arquidiocese de São Paulo, com participação de Dom Paulo Evaristo Arns (1921–2016), arcebispo de São Paulo, e do Rev. James Wright (1927-1999), da Missão Presbiteriana do Brasil Central.
Além dos arquivos do projeto Brasil: Nunca Mais, a exposição apresenta obras da Coleção Alípio Freire, sob salvaguarda do Memorial da Resistência, realizadas por ex-presos políticos como Artur Scavone, Ângela Rocha, Rita Sipahi, Manoel Cyrillo, Sérgio Ferro, Sérgio Sister e o próprio Alípio Freire, durante a permanência em presídios de São Paulo na Ditadura.
Também compõem a mostra obras de arte de artistas como Carmela Gross, Regina Silveira, Artur Barrio, Antonio Manuel, Rubens Gerchman, Claudio Tozzi e Carlos Zílio, do Acervo da Pinacoteca de São Paulo, e obras externas de Rivane Neuenschwander, Claudio Tozzi, Carlos Zilio. Rafael Pagatini apresentará uma obra comissionada para a exposição, ocupando um mural de 100m² na área externa do museu.
A exposição também lança luz sobre o tempo presente, oferecendo indícios da importância desse debate hoje na perpetuação das permanentes violências do Estado contra suas minorias e populações vulneráveis.
Memória argentina para o mundo: o Centro Clandestino ESMA
O lugar de memória, antiga sede da Escola Superior de Mecânica da Armada (ESMA), foi o maior centro clandestino da última ditadura civil-militar argentina (1976–1983), onde foram detidas ou desaparecidas cerca de 5 mil pessoas, entre militantes políticos, estudantes e artistas.
Com dois eixos principais divididos em 210m², a exposição apresenta a história do edifício junto a depoimentos com diferentes histórias de luta, lançando um olhar sobre o passado e conectando-o ao tempo presente e as reinvindicações por justiça, verdade e reparação.
O núcleo Patrimonio do Nunca Mais contém um vídeo institucional sobre a ESMA e seis painéis com textos e imagens que abordam a história do edifício. Já Ser mulheres na ESMA aborda as violências específicas a quais mulheres sofreram durante seus sequestros e detenções, como a maternidade durante a prisão, a solidariedade entre as presas e os caminhos adotadas para a recuperação física e psicológica das vítimas.
Também compõe o espaço expositivo uma ocupação com fotografias documentais do acervo Memoria Abierta, aliança de organizações argentinas de direitos humanos que promove a memória sobre as violações de direitos no passado recente, ações de resistência e lutas pela verdade e justiça, para refletir sobre o presente e fortalecer a democracia. A fim de apresentar ao público brasileiro a memória visual do período, a ocupação traz registros dos fotógrafos Daniel García, Eduardo Longoni e duas imagens sem autoria definida.
Além de reforçar a importância da história oral, a mostra busca valorizar a preservação e a musealização de lugares de memória difícil – em estreito diálogo com a exposição temporária dedicada ao projeto Brasil: Nunca Mais.
Serviço
Exposições | Uma Vertigem Visionária – Brasil: Nunca Mais e Memória argentina para o mundo: o Centro Clandestino ESMA
De 7 de setembro a 25 de julho de 2025
Terça a domingo das 09h às 20h, última entrada às 19h30
Período
7 de setembro de 2024 09:00 - 25 de julho de 2025 20:00(GMT-03:00)
Local
Memorial da Resistência de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo
Largo General Osório, 66 Santa Ifigênia, São Paulo - SP
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Marcela Cantuária traz para a Gentil Carioca a remontagem da instalação de pinturas que apresentou na exposição O Sonho Sul-Americano, em 2023, primeira mostra individual da artista nos Estados Unidos.
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Marcela Cantuária traz para a Gentil Carioca a remontagem da instalação de pinturas que apresentou na exposição O Sonho Sul-Americano, em 2023, primeira mostra individual da artista nos Estados Unidos. Nesta obra, Cantuária reúne narrativas de ativistas e ambientalistas da América do Sul que permaneceram fiéis aos seus sonhos por meio da resistência e da luta por seus países e terras, incluindo figuras como Chico Mendes, Dorothy Stang, Maria do Espírito Santo da Silva, Túpac Amaru, entre outras. Enquanto sua pesquisa destaca as injustiças vividas por esses personagens históricos, as pinturas apontam para a beleza da luta contada nessas histórias de ideais e batalhas, compartilhando com os espectadores a riqueza dos recursos naturais sul-americanos que muitos querem proteger.
Serviço
Exposição | O Sonho Sul-Americano
De 21 de setembro a 26 de outubro
Terça a sexta, das 12h às 18h, sábado, das 12h às 16h (com agendamento prévio, exceto em dias de abertura)
Período
21 de setembro de 2024 12:00 - 26 de outubro de 2024 18:00(GMT-03:00)
Local
A Gentil Carioca
Rua Gonçalves Lédo, 17 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20060-020
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Rodrigo Torres apresenta sua nova instalação, Um Lugar Seguro, composta por oito esculturas inéditas, que ocupará o primeiro andar do prédio 11 da sede carioca. Criados a partir do seu
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Rodrigo Torres apresenta sua nova instalação, Um Lugar Seguro, composta por oito esculturas inéditas, que ocupará o primeiro andar do prédio 11 da sede carioca. Criados a partir do seu interesse por sobras de construções e elementos da natureza encontrados na Floresta da Tijuca, os trabalhos em exposição são o resultado de um longo percurso de experimentações por técnicas diversas, como pintura e colagem, chegando à cerâmica.
O título da obra vem “do lugar da memória que fala do sentimento de proteção da infância, esse lugar para onde se pode retornar”, explica o artista. Valendo-se de ornamentos e refinamento nas composições, Torres subverte o gênero da natureza morta contemplativa, movimentando o espectador por questionamentos sobre a percepção do real – a exemplo das várias camadas sobrepostas que parecem cobertas por papelões, mas que, na verdade, são peças feitas em argila.
Serviço
Exposição | Um Lugar Seguro
De 21 de setembro a 26 de outubro
Terça a sexta, das 12h às 18h, sábado, das 12h às 16h (com agendamento prévio, exceto em dias de abertura)
Período
21 de setembro de 2024 12:00 - 26 de outubro de 2024 18:00(GMT-03:00)
Local
A Gentil Carioca
Rua Gonçalves Lédo, 17 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20060-020
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Artista proeminente no cenário da arte contemporânea carioca, Miguel Afa apresenta sua primeira individual na Gentil Carioca, reunindo um conjunto de 10 pinturas inéditas, além de uma instalação site specific
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Artista proeminente no cenário da arte contemporânea carioca, Miguel Afa apresenta sua primeira individual na Gentil Carioca, reunindo um conjunto de 10 pinturas inéditas, além de uma instalação site specific que ocupará a área da galeria conhecida como piscina. O texto de apresentação da mostra é assinado pelo rapper e compositor Emicida.
Resultado da produção recente do artista, a exposição reúne reflexões sobre território e memória. Nascido no Complexo do Alemão, Afa transpõe para as pinturas seu olhar sobre as transformações desse lugar e dos corpos que o habitam. As imagens figurativas, pinçadas da memória através das recordações da infância, integram-se às várias camadas de significado dispostas no campo pictórico dos trabalhos. Lembranças como “da terra indo embora do quintal para dar lugar ao concreto, as árvores frutíferas cortadas, os corpos racializados sendo lidos como marginais”, como conta o artista, conectam-se também a vivências de convívio fraternal. O título da exposição é uma referência ao sentimento de “cuidado e ordem afetiva”, oriundo desse lugar de memória, de que o artista se imbuiu para produzir as obras da exposição.
Elemento muito presente na pesquisa de território do artista, a pipa surge em grande parte dos trabalhos atuando como um fio condutor da mostra inédita. A representação desse objeto de desejo da infância se dá ora como elemento geométrico, ora como um recurso lúdico, ou apenas como um brinquedo em suas composições. Uma das principais pinturas da mostra, inspirada em Um Retrato de Artista, do britânico David Hockney, exibe uma piscina de pipas com a Serra da Misericórdia do início do século XX como cenário ao fundo – um conjunto de montanhas verdes em torno da Igreja da Penha, onde mais tarde se estabeleceu o Complexo do Alemão. Como um campo expandido dessa pintura, uma instalação site specific agrupará centenas de pipas no espaço da piscina da galeria, ampliando o imaginário onírico do artista para fora do quadro.
O estudo minucioso da cor e a escolha de uma paleta pouco saturada trazem significância e significado ao repertório poético, visual e temático da obra de Miguel Afa. Características que remetem a outras referências da história da arte, como alguns trabalhos do italiano Giorgio Morandi e do francês Edouard Villard, considerados por Afa como aqueles que conseguiram mostrar o interior pela matização da cor, que chegaram à “cor de dentro de casa”. Na obra do artista carioca, além de ser ferramenta para a investigação da pintura, a cor propõe uma reflexão racial profunda por meio da aproximação com a obra. “Quando vista de longe, a cor, quase metafisica, não comunica o que a minha pintura está trazendo, o que se configura como uma analogia ao corpo racializado”, elabora Afa. “O primeiro olhar para esse corpo passa pela ideia preconcebida que conduz o pensamento a um lugar marginal, cheio de questões raciais e sociais. Somente ao se aproximar do quadro percebese a complexidade da existência desse corpo. Quando penso na cor da minha pintura, penso num corpo propondo uma cor e convidando o espectador a dar um ou dois passos à frente, a fim de compreender realmente o que está vendo”, conclui o artista.
Serviço
Exposição | Entra pra Dentro
De 21 de setembro a 25 de janeiro
Terça a sexta, das 12h às 18h, sábado, das 12h às 16h (com agendamento prévio, exceto em dias de abertura)
Período
21 de setembro de 2024 12:00 - 25 de janeiro de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
A Gentil Carioca
Rua Gonçalves Lédo, 17 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20060-020