Gostaria de agradecer em meu nome e das equipes de arte!brasileiros que passaram por aqui durante estes 12 anos pelo Prêmio Antônio Bento, outorgado pela Academia Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), no ano de 2019, aos Seminários –Arte!Brasileiros e que será entregue na terça-feira, 3 de outubro de 2023, no Sesc Vila Mariana.
Os Seminários surgiram em 2010, como uma iniciativa junto à revista arte!brasileiros, àquela época só impressa, bilíngue, e que era distribuída no Brasil e em dez importantes cidades no mundo, por meio da mala direta do Itamaraty, numa parceria com o Ministério das Relações Exteriores.

Duas certezas norteiam o esforço de realizar esses encontros. Primeiro, criar pontes. Entendendo a importância de trazer para o Brasil profissionais-chave do circuito da arte e da cultura contemporânea, desconhecidos por aqui, e também capazes de entrar em contato, mais diretamente, com uma produção nacional impactante, distante do que até pouco tempo ainda era entendido – tirando ícones como Tarsila do Amaral, Maria Martins, Lygia Clark, Hélio Oiticica, Cildo Meireles, Tunga, Amílcar de Castro –, como a cultura dos exóticos. Movimentos anti-hegemônicos e decoloniais efetivos datam de não mais de dez anos atrás. Só hoje Rubens Valentins ou Lorenzatos ganham espaço internacional.

A segunda é acreditar que na arte se concentra o conhecimento de sujeitos do seu tempo. Ela é uma espécie de ponta de iceberg, onde cada obra e cada exposição permite criar significados que falam de filosofia, de memória, do esquecimento, de pertencimento e, assim, criam cultura. Sem arte, sem literatura, a humanidade não se reconhece.
Nossos Seminários sobre o papel dos museus, sobre Gestão Cultural, sobre os Atravessamentos da arte, em Defesa da Cultura e da Natureza, em defesa da Democracia, dos Relatos, da Memória, da Reparação, sobre Colecionismo, trouxeram debates riquíssimos e antecipatórios, nas vozes de artistas internacionais como Alfredo Jaar ou Voluspa Jarpa, Paulo Tavares, da Forensic Arquitecture, ganhador da Bienal de Arquitetura de Veneza neste ano, ou Denilson Baniwa. Curadores como João Fernandes, do Reina Sofía, ou Jochen Voltz, muitos anos antes de se tornarem diretores do IMS e da Pinacoteca de SP, respectivamente, ou os curadores da Bienal de Berlim, Lisette Lagnado e Agustín Perez Rúbio, Moacir dos Anjos, curador e diretor da Fundação Joaquim Nabuco de Recife, Claudinei da Silva, hoje no Conselho do MAM e do MAC e Diretor do Museu Afro Brasileiros, Sandra Benítes, uma das curadoras da Bienal das Amazônias. Pensadores brasileiros como Peter Pelbart, Christian Dunker, Tania Rivera, Elisabeth Telsnig, da Suíça, o italiano Franco Berardi, Bifo. Dirigentes de instituições como a Garage da Rússia, o Guggenhein de Liverpool, o Vídeobrasil, Inhotim, a Bienal de São Paulo, o Masp, o Itaú Cultural, o Sesc.

E muitíssimos outros, que tornaram os encontros abertos e gravados – inclusive durante toda a pandemia, quando passaram a ser inteiramente virtuais – em verdadeiros espaços de troca e construção de conteúdos

O mais recente, o I Seminário Latino-americano, realizado em Buenos Aires, Argentina, em parceria com a BIENALSUR e a universidade UNTREF, cumpriu com mais um desejo: o de diluir fronteiras.

Agradeço especialmente a colaboradores como o jornalista e crítico de arte Fabio Cypriano, cuja interlocução foi fundamental ao discutir ideias, temas, convidados e estratégias, e a Eliane Massae, sem cuja competência e garra administrativa seria impossível viabilizar esses encontros.

Vamos, fortalecidos para os próximos. ✱

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