Por Gabriela de Laurentiis
“Todo mundo sabe que cidades foram feitas para serem destruídas”. Essas palavras grudaram em meus pensamentos sobre a obra Circa, montada pela artista Anna Bella Geiger na 16ª Bienal de Istambul. Circa traz significados semânticos e poéticos de um tempo incerto, algo ocorrido para o qual não há precisão de datas. Geiger produz uma instalação na qual se conjugam construções efêmeras – realizadas em areia, cimento seco, terra — e objetos pré-fabricados —, como uma pequena réplica de uma casa Bauhaus, um trenzinho e pedaços de vidro que formam uma piscininha. Há, ainda, um vídeo construído em conversação com a ópera Akhnaten de Philip Glass.
A primeira instalação da obra foi realizada como parte do Projeto Respiração (2006), na Casa Museu Fundação Eva Klabin, Rio de Janeiro, com curadoria de Marcio Doctors. A escolha dos materiais faz com que o trabalho ganhe, a cada montagem, características singulares. Entre as especificidades da montagem de Istambul estão as estradas de areia branca, inspiradas nas vistas áreas durante a vigem do Brasil para Turquia: “Eu notei essas estradas no meio do deserto. Esse traçado das estradas eu não tinha feito em nenhuma das instalações anteriores”, diz Anna Bella Geiger.
Elaborações poéticas a partir de mapas, arquiteturas e espacialidades são marcantes na prática artística de Geiger. Em Circa, essas discussões ganham a forma de uma cidade fantástica/fantasmagórica com configurações temporais-espaciais descoladas de periodizações lineares. Para a pesquisadora e artista Ana Hortides, que realizou uma série de montagens da obra, incluindo a da Bienal de Istambul, “Circa apresenta uma espécie de cidade que mescla, à primeira vista, diferentes culturas e espaços temporais em situação de ruínas, ou aparentemente, próximas a ruir”.
A fragilidade da matéria e as construções arquitetônicas em desmanche trazem uma sensação de destruição, de um território sendo devastado. Geiger lembra que a primeira construção de Circa estava envolta no imaginário da Ocupação do Iraque – que ocorria três anos antes – adensando, por meio das palavras, as sensações de devastação operadas pelas formas e as matérias da instalação.
Os sentidos da obra expandem-se na situação da Bienal de Istambul, que com curadoria de Nicolas Bourriaud leva o título O Sétimo Continente. A expressão se refere a uma área flutuante no Oceano Pacífico de três milhões e quatrocentos mil quilômetros quadrados composta por sete milhões de toneladas de plástico.
Entram em curso na Bienal de Istambul os impactos da ação humana em dimensões catastróficas no marco do Antropoceno — conceito dos pesquisadores Paul Crutzen e Eugene Stoermer para denominar a Era geológica efeito da atuação humana no globo — ou do Capitalocene — como proposto por Andreas Malm, dimensionando politicamente essas questões contemporâneas1. As guerras motivadas por interesses econômicos entrecruzados com problemas religiosos, os impactos nas infraestruturas de recursos básicos e nos modos de vida existentes em diversas regiões do planeta compõem a contemporaneidade. Circa traz essa dimensão.
A obra foi montada no prédio projetado por Emre Arolat, que a partir de 2020 abrigará o Museu de Pintura e Escultura de Istambul. Ali também foi exibido, entre outros trabalhos, o vídeo O Peixe (2016), do alagoano Jonathas de Andrade. Adentrando o prédio, é impossível desconsiderar as vistas das numerosas janelas. Da grande maioria delas o que se pode ver no exterior são trabalhadores, andaimes e estruturas inacabadas. Forma-se um canteiro de obras em meio às águas do Bósforo, prédios e mesquitas, que compõem a paisagem da região, no momento passando por um grande projeto de reurbanização.
A arquiteta e artista Laura Nakel conta que “a transformação do antigo Armazém n˚5 na orla da região de Karaköy em Museu compartilha características com grandes empreendimentos recentes, como o Puerto Madero em Buenos Aires, o Porto Maravilha no Rio de Janeiro e o V&A Waterfront na Cidade do Cabo”.
A produção de Circa nesse local tem como efeito um questionamento sobre as relações entre o dentre o fora do Museu. A cidade em ruínas de Geiger faz pensar nas construções de Istambul e vice-versa. Como lembra Geiger, Circa lida com “questões relativas à espiritualidade, memória, história e estórias, em uma dimensão de um espaço tempo que se estende”. Na cidade de Istambul, todas essas questões ressurgem na própria estruturação do espaço urbano, por vezes em dimensões catastróficas. Nakel lembra que na região do Museu ocorre “um processo que começa nos anos 1990, no qual galerias e coletivos de arte ocupam os antigos armazéns abandonados iniciando um processo de gentrificação da região, intensificado com a chegada dos grandes investidores privados”.
Na travessia entre continentes, entretanto, as construções de Circa ganham uma outra camada de possibilidade: de uma transformação esperançosa. Para Hortides, “a inclusão de uma terra molhada, viva e aparentemente fértil faz com que na montagem da Bienal de Istambul a passagem do tempo contenha um pouco mais de esperança no que está por vir, prenúncio de construção e transformação, apesar das catástrofes”. Anna Bella Geiger, com suas travessias por tempos incertos, faz imaginar espaços múltiplos e agonísticos, elaborando uma poética vibrante e viva.
¹ Bourriaud, N. “The Seteventh Continet: These Upon Art In The Age Of Global Warming”. In Seventh Continent. Catálogo da 16ª Bienal de Istambul. Istambul, 2019. P.47.
*Gabriela De Laurentiis é artista visual e pesquisadora. É autora do livro Louise Bourgeois e modos feministas de criar. É graduada em Ciências Sociais na PUC-SP e mestra pelo Departamento de História Cultural na UNICAMP. Atualmente é doutoranda na FAU-USP, com uma pesquisa sobre Anna Bella Geiger, sobre quem escreve para esta edição.
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O dia a dia do povo brasileiro é atravessado pelas presenças africanas na forma como nos expressamos – seja na entonação, no vocabulário, na pronúncia ou na forma de
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O dia a dia do povo brasileiro é atravessado pelas presenças africanas na forma como nos expressamos – seja na entonação, no vocabulário, na pronúncia ou na forma de construir o pensamento. É sobre essas presenças que trata a exposição temporária Línguas africanas que fazem o Brasil, com curadoria do músico e filósofo Tiganá Santana e realização do Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo. A mostra abre ao público no dia 24 de maio e fica em cartaz até janeiro de 2025.
A exposição conta com patrocínio máster da Petrobras, patrocínio da CCR, do Instituto Cultural Vale, e da John Deere Brasil; e apoio do Itaú Unibanco, do Grupo Ultra e da CAIXA.
Línguas dos habitantes de terras da África Subsaariana, como o iorubá, eve-fom e as do grupo bantu, têm participação decisiva na configuração do português falado no Brasil, seja em seu vocabulário ou na maneira de pronunciar as palavras e de entoar as frases, mesmo que esta estruturação não seja do conhecimento dos falantes. Trata-se de uma história e de uma realidade legadas por cerca de 4,8 milhões de pessoas africanas trazidas de forma violenta ao país entre os séculos 16 e 19, durante o período do regime escravocrata. Além da língua, essa presença pode ser sentida em outras manifestações culturais, como a música, a arquitetura, as festas populares e rituais religiosos.
“Ao mesmo tempo que a gente quer mostrar ao público que falamos uma série de expressões e estruturas que remontam a línguas negro-africanas, também desejamos revelar de que maneira isso acontece. Por que falamos caçula e não benjamim? Por que dizemos cochilar e não dormitar? Essas palavras fazem parte de nosso vocabulário, da nossa vida, do nosso modo de pensar”, afirma Santana.
A exposição Línguas africanas que fazem o Brasil recebe o público com 15 palavras oriundas de línguas africanas impressas em estruturas ovais de madeira penduradas pela sala. Serão destacadas palavras como bunda, xingar, marimbondo, dendê, canjica, minhoca e caçula. O público também poderá ouvi-las nas vozes de pessoas que residem no território da Estação da Luz, onde o Museu está localizado.
Outro destaque no espaço é a obra do artista plástico baiano J. Cunha – um tecido estampado com os dizeres “Civilizações Bantu” que vestiu o tradicional Ilê Aiyê, primeiro bloco afro do Brasil, no Carnaval de 1996. Além disso, cerca de 20 mil búzios também estarão suspensos e distribuídos pelo ambiente. Na tradição afro-brasileira, as conchas são usadas em práticas divinatórias e funcionam como linguagem que conecta o mundo físico e espiritual.
“Os búzios estão presentes nos espaços afro-religiosos no Brasil que foram, não os exclusivos, mas os principais núcleos de preservação e reinvenção das línguas africanas do Brasil. A partir deles, as presenças negras se irradiaram para outras dimensões da cultura popular brasileira”, diz Santana.
Ainda na entrada da exposição, o público avistará vários adinkras espalhados pelas paredes. Trata-se de símbolos utilizados como sistema de escrita pelo povo Ashanti, que habita países como Costa do Marfim, Gana e Togo, na África. Eles podem representar desde diferentes elementos da cultura até sentenças proverbiais inteiras em um único ideograma. Evidenciando a presença desse povo como parte da diáspora africana, é possível encontrar, em diversas regiões do Brasil, gradis de residências e outras construções arquitetônicas adornados com alguns dos mais de 80 símbolos dos adinkras.
Fazem parte da exposição duas videoinstalações da relevante artista visual fluminense Aline Motta. Na obra Corpo Celeste III, emprestada pela Pinacoteca de São Paulo e projetada no chão em larga escala, a artista destaca formas milenares de grafias centro-africanas, especificamente as do povo bakongo, presente em territórios como o angolano. Este trabalho foi desenvolvido com o historiador Rafael Galante. Já em Corpo Celeste V, criada exclusivamente para o Museu da Língua Portuguesa, quatro provérbios em quicongo, umbundo, iorubá e quimbundo, traduzidos para o português, serão exibidos em movimento nas paredes e em diálogo com Corpo Celeste III.
Um dos principais nomes da nova geração da escultura no país, a baiana Rebeca Carapiá assina obras de arte criadas em diálogo com frequências e grafias afrocentradas, a partir de seu trabalho com metais.
A exposição também mostra como canções populares no Brasil foram criadas a partir da integração entre línguas africanas e o português, como Escravos de Jó e Abre a roda, tindolelê. O “jó”, da faixa Escravos de Jó, advém das línguas quimbundo e umbundo e quer dizer “casa”, “escravos de casa”. “Escravizados ladinos, crioulos e mulheres negras, que realizavam trabalho doméstico e falavam tanto o português de seus senhores quanto a língua dos que realizavam trabalhos externos, foram a ponte para a africanização do português e para o aportuguesamento dos africanos no sentido linguístico e cultural”, diz Tiganá Santana com base nas pesquisas da professora Yeda Pessoa de Castro.
Além dos búzios, a mostra explora outras linguagens não-verbais advindas das culturas africanas ou afro-diaspóricas. Entre elas, os cabelos trançados, que, durante o período de escravidão no Brasil, serviam como mapas de rotas de fugas. E de turbantes, cujas diferentes amarrações indicam posição hierárquica dentro do candomblé. Há ainda dois trabalhos da designer Goya Lopes, cujas principais referências são as capulanas, os panos coloridos usados por mulheres em Moçambique. Tais trabalhos enfatizam uma articulação significativa com a língua iorubá.
Outro exemplo da linguagem não-verbal são os tambores, que compõem uma cenografia constituída por uma projeção criada por Aline Motta, com imagens do mar e trechos do texto Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira, de Lélia Gonzalez, uma das principais intelectuais do Brasil, referência nos estudos e debates de gênero, raça e classe. Nestes trechos, verifica-se o uso da expressão pretuguês cunhada pela intelectual. Por fim, ainda nessa cena, é importante ressaltar a presença de esculturas da Rebeca Carapiá, conversando com as frequências dos tambores.
Numa sala de cinema interativa, o visitante será surpreendido com uma projeção de imagens ao enunciar palavras de origem africana como axé, afoxé, zumbi e acarajé.
O público terá acesso a uma série de registros de manifestações culturais afro-brasileiras e de conteúdos sobre as línguas africanas e sua presença no português do Brasil. Há performance da cantora Clementina de Jesus, imagens da Missão de Pesquisas Folclóricas idealizada por Mário de Andrade, entrevistas com pesquisadores como Félix Ayoh’Omidire, Margarida Petter e Laura Álvarez López, além de gravações de apresentações do bloco Ilú Obá De Min e da Orkestra Rumpilezz, e o vídeo Encomendador de Almas, de Eustáquio Neves, que retrata o senhor Crispim, da comunidade quilombola do Ausente ou do Córrego do Ausente, na região do Vale do Jequitinhonha.
Tudo isso em meio a sons de canções rituais e narrativas em iorubá, fom, quimbundo e quicongo, captados pelo linguista norte-americano Lorenzo Dow Turner nos anos de 1940 na Bahia e cedidos pela Universidade de Indiana, nos Estados Unidos. Será possível, ainda, assistir aos filmes sobre o Quilombo Cafundó: um que já existia há mais de 40 anos e outro que foi concebido para a exposição, versando sobre a língua cupópia de modo mais enfático.
Serviço
Exposição | Línguas africanas que fazem o Brasil
De 24 de maio a 18 de janeiro de 2025
Terça a domingo, das 9h às 16h30 (permanência permitida até 18h)
Período
24 de maio de 2024 09:00 - 18 de janeiro de 2025 16:30(GMT-03:00)
Local
Museu da Língua Portuguesa
Praça da Luz, s/nº Centro, São Paulo - SP
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A exposição Terra de Gigantes convida o público do Sesc Casa Verde a uma imersão em um novo mundo possível e inspiração ao visitante a pensar em uma contemporaneidade e
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A exposição Terra de Gigantes convida o público do Sesc Casa Verde a uma imersão em um novo mundo possível e inspiração ao visitante a pensar em uma contemporaneidade e um porvir afroameríndio. Com concepção e curadoria do artista, editor e pesquisador Daniel Lima, a mostra se desdobra em uma videoinstalação composta por onze cenas, incluindo intervenção poética e ateliê educativo, que exaltam as forças poéticas, simbólicas e mitológicas interseccionais entre as culturas negras e indígenas no Brasil.
Repleta de recursos audiovisuais desenvolvidos especialmente para promover uma vivência interativa, sensorial e singular, a mostra tem como inspiração atrações de parques temáticos como trem-fantasma e labirinto de espelhos. Ao longo do percurso, o espectador é provocado por uma série de projeções geradas a partir de sensores óticos acionados por presença: às vezes gigante, às vezes minúsculo, em um trajeto de luzes e vislumbres fantásticos evocados por personagens, performances, entrevistas e criações visuais.
São protagonistas das cenas 12 artistas, coletivos e lideranças: Katú Mirim, rapper indígena paulista; Davi Kopenawa Yanomami, importante liderança yanomami e autor do livro “Queda do Céu”; Legítima Defesa, coletivo de atores e atrizes negros; Naruna Costa, atriz, cantora e diretora teatral que interpreta o texto “Da Paz”, de Marcelino Freire; Jota Mombaça, artista performática; Jonathan Neguebites, dançarino de passinho carioca; Daiara Tukano e Denilson Baniwa, artistas da cena da arte indígena contemporânea brasileira; a presença musical central de Naná Vasconcelos; cantos gravados por Juçara Marçal e Daiara Tukano, além da intervenção poética de Miró da Muribeca, poeta e performer pernambucano.
“Terra de Gigantes tem como proposição cruzar essas gerações de artistas negros e indígenas para questionar um ideário brasileiro contemporâneo, reivindicando outra imagem de Brasil, não a criada pelo Modernismo a partir da perspectiva branca”, defende Daniel Lima.
Segundo o curador, a exposição nasceu de um processo de pesquisa, autoeducação e investigação sobre o quilombismo que começou há anos, em projetos anteriores capitaneados por ele, como Quilombo Brasil, e a videoinstalação Palavras Cruzadas (2018/19), que deram as bases técnicas e poéticas do projeto atual.
“Terra de Gigantes é uma expressão de questionamentos sobre o momento histórico que vivemos. Um documento vivo de forças que nos constituem como sociedade contemporânea no Brasil. A videoinstalação investe também na representação das forças opressivas que nos cercam como fogo ao redor. Em contraste, posicionamos as linhas de resistências articuladas neste imaginário político-poético”, conclui o curador.
Interação e acessibilidade: saiba mais sobre algumas das obras na exposição
Um dos destaques da exposição, cujo gigantismo simboliza seu título, a intervenção de Davi Kopenawa Yanomami surge projetada em uma escala aumentada em 800%. A partir de excertos de seu livro A Queda do Céu, Kopenawa fala sobre a força de resistência que existe não só em sua figura, mas na cultura do povo yanomami que, simbolicamente, por meio da dança de seus xamãs, garante que o céu permaneça sobre as cabeças e não caia.
A série “Kahpi Hori” da artista indígena Daiara Tukano ganha animação em formato tridimensional em uma sala de imersão visual e sonora. Imerso em um cubo com projeções mapeadas nas paredes e no piso e sonorizado com cantos entoados pela própria artista, o público vivencia um mergulho no universo simbólico de uma das expressões da arte indígena contemporânea brasileira.
Na performance corporal Get Up, Stand Up do Legítima Defesa, os integrantes do coletivo, divididos em três grupos e sem emitir falas, desafiam o público com gestos de afirmação através de projeção que responde à interatividade, criando um jogo de ações e movimentos com o espectador.
Terra de Gigantes conta com recursos de acessibilidade como mapa tátil, legendas em braile, tinta ampliada, audiodescrição, videoguia, audioguia e recursos tecnológicos como o vibroblaster, que transforma o áudio em vibrações sensíveis. A exposição conta também com um ateliê educativo aberto ao público com atividades mediadas e um espaço de leitura.
Serviço
Exposição | Terra de Gigantes
De 21 de setembro a 22 de dezembro
Terças a sextas-feiras, das 10h30 às 18h30, sábados, domingos e feriados, das 10h30 às 17h30
Período
21 de setembro de 2024 10:30 - 22 de dezembro de 2024 18:30(GMT-03:00)
Local
Sesc Casa Verde
Avenida Casa Verde, 327, Casa Verde, São Paulo - SP
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Com uma trajetória única e influente, Rosana Paulino traz à tona discussões sobre memória, natureza, identidade e história afro-brasileira na exposição “Novas Raízes”. Os trabalhos expostos são resultado de uma
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Com uma trajetória única e influente, Rosana Paulino traz à tona discussões sobre memória, natureza, identidade e história afro-brasileira na exposição “Novas Raízes”. Os trabalhos expostos são resultado de uma longa pesquisa acerca da arquitetura e do acervo da Casa Museu Eva Klabin, na Lagoa, propondo a separação conceitual entre os dois andares. Com o objetivo de celebrar os 30 anos de carreira da consagrada artista paulistana, “Novas Raízes” abre no dia 26 de setembro (quinta-feira) e poderá ser visitada gratuitamente de quarta-feira a domingo até 12 de janeiro de 2025.
A individual da artista é a primeira no Rio de Janeiro após a sua exposição no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, o MALBA. Com a mostra, Rosana se tornou a primeira mulher negra a ter uma individual exposta no museu argentino, que apresentou um olhar retrospectivo da trajetória da artista.
“Esta é uma oportunidade única de ver a obra de Rosana Paulino em diálogo direto com um acervo clássico, propondo assim uma revisão histórica e epistemológica aos olhos do visitante”, afirma o curador Lucas Albuquerque, sobre a combinação do acervo fixo da casa com as obras da artista. “Rosana pretende que esta exposição tenha um caráter educativo bem acentuado, questionando sobre como podemos repensar a produção contemporânea em diálogo com novas leituras de mundo, este bem diferente daquele deixado por Eva Klabin há mais de trinta anos”, complementa.
Os cômodos do térreo serão dedicados a produções que expõem a relação entre a arquitetura e botânica, com desenhos, colagens e instalações. As obras da série “Espada de Iansã”, integrante da 59ª Bienal de Veneza, se juntam a outros trabalhos que visam romper a separação entre dentro e fora, com plantas tomando as diferentes salas. Rosana chama a atenção para a incisiva separação entre o ambiente doméstico e o jardim, fruto de uma corrente de pensamento europeu que aponta para a necessidade de domar a natureza.
Os cômodos do segundo andar tangenciam uma discussão sobre a vida privada de mulheres negras ao longo da história. Obras como “Paraíso tropical”, “Ama de Leite” e “Das Avós” resgatam fotografias e símbolos da história afro-brasileira, tecendo uma reflexão sobre a subjugação dos corpos às políticas de apagamento resultantes do modelo escravocrata vivido pelo Brasil Colônia. Fazendo uso de tecidos em voil, fitas, lentes, recortes e outros objetos, Paulino propõe a preparação de um ambiente de descanso para todas as mulheres negras vítimas da história brasileira, em especial Mônica, a ama de leite fotografada por Augusto Gomes Leal em 1860, uma das poucas que tiveram o seu nome conservado ao longo da história.
‘Novas Raízes’ é uma iniciativa da Casa Museu Eva Klabin, com produção da AREA27, patrocínio da Klabin S.A e realização do Ministério da Cultura. Conta com o apoio da Atlantis Brazil, Everaldo Molduras e Galeria Mendes Wood, e parceria de mídia da Revista Piauí e do Canal Curta!.
Serviço
Exposição | Novas Raízes
De 26 de setembro a 12 de janeiro
Quarta a domingo , das 14h às 18h
Período
26 de setembro de 2024 14:00 - 12 de janeiro de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
Casa Museu Eva Klabin
Av. Epitácio Pessoa, 2480 - Lagoa - RJ
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O Instituto Antonio Carlos Jobim, localizado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, abre as portas para a exposição Tom Jobim: Discos Solo. A mostra, dedicada a um dos maiores
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O Instituto Antonio Carlos Jobim, localizado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, abre as portas para a exposição Tom Jobim: Discos Solo. A mostra, dedicada a um dos maiores ícones da música brasileira, oferece uma visão detalhada sobre os 12 LPs que marcaram a carreira solo do maestro, gravados entre 1963 e 1994, desde o primeiro álbum, The Composer of Desafinado Plays, até Antonio Brasileiro, passando por marcos como Wave, Matita Perê, Urubu e outros.
A exposição, que promete ser uma experiência imersiva, convida os visitantes a explorarem a trajetória artística de Tom Jobim por meio de documentos, fotos, gravações, partituras e objetos pessoais pertencentes ao acervo do Instituto. O conceito da exposição surgiu em 2020, durante a pandemia, a partir de uma série de entrevistas virtuais entre Paulo Jobim, filho do maestro e morto recentemente, e Aluísio Didier, curador da mostra e amigo de Tom, que assumiu a direção do instituto neste mesmo ano. Essas conversas, realizadas via Zoom, revelaram detalhes inéditos sobre o processo criativo do compositor e agora se transformaram em documentários, que revelam o processo por trás de cada álbum, oferecendo uma perspectiva íntima e pessoal sobre o legado musical de Jobim. Os vídeos com as conversas foram editados pelo cineasta Cayo Oliveira, também produtor da exposição, e serão apresentados pela primeira vez.
A curadoria de Didier ilumina momentos importantes da carreira do compositor como seu encontro com Vinícius de Moraes, que resultou em clássicos eternos da Bossa Nova e sua colaboração com João Gilberto no LP Chega de Saudade.
Tom Jobim: Discos Solo é uma homenagem a um artista que não apenas transcendeu fronteiras, mas que continua a influenciar gerações de músicos e fãs ao redor do mundo. A exposição não só celebra a obra solo do maestro, como também convida o público a revisitar e redescobrir a profundidade e a beleza de sua música.
Histórias inusitadas
Na exposição, histórias inusitadas do maestro irão divertir os visitantes. Entre elas, duas bastante icônicas, lembradas por Paulo Jobim e Didier nos documentários.
Autor de várias canções com nomes de mulheres, Tom foi procurado por um pesquisador com um projeto de livro sobre as músicas e suas musas inspiradoras: Luiza, personagem interpretada por Vera Fischer na novela Brilhante; Gabriela, personagem de Jorge Amado; O samba de Maria Luiza, a filha caçula, entre outras.
No entanto, o tal pesquisador também pergunta pela “musa” Carla que inspirara a canção do mesmo nome. Tom se surpreende e questiona: “Que Carla?” O pesquisador insiste: “Ora, a da música dos anos 50, “Carla, meu amor”, responde o rapaz. Acontece que a canção se chamava “Cala, meu amor”.
“O pesquisador já havia até se encontrado com a mulher que tinha sido a fonte de inspiração”, diverte -se Paulinho, em um dos bate-papo com Didier.
***
Músicos são sempre cobrados pela crítica ou pelos fãs por novidades, novas músicas, por uma atualização de sua arte, um diálogo com influências, novas tecnologias. Com Tom, sempre fiel ao “velho” piano acústico ou ao violão, não foi diferente. No disco Tide, podemos ouvi-lo no piano elétrico Fender Rhodes, hoje um clássico, mas na época, um som diferente, um passo à frente dos instrumentos acústicos. Na época as pessoas se perguntaram: “O que houve, Tom cedendo a um som mais pop?” Sim e não. Se o resultado ficou ótimo na faixa “Takatanga”, o fato se deveu a um copo de uísque derrubado dentro do piano acústico do estúdio, que impossibilitou o instrumento para a gravação. “Jobim, sem opção, aceita arriscar-se no Fender Rhodes e parece que gostou, pois no LP seguinte, Stone Flower, repete a experiência em várias faixas”, conta Didier.
Serviço
Exposição | Tom Jobim: Discos Solo
De 09 de outubro (exposição permanete)
Diariamente (exceto na quarta-feira), de 9h às 17h
Período
9 de outubro de 2024 09:00 - 31 de dezembro de 2030 17:00(GMT-03:00)
Local
Instituto Antonio Carlos Jobim
Rua Jardim Botânico, 1008, Rio de Janeiro - RJ
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Ministério da Cultura, Nubank e Instituto Tomie Ohtake tem o prazer de anunciar Mira Schendel – esperar que a letra se forme, exposição com curadoria de Galciani Neves e Paulo
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Ministério da Cultura, Nubank e Instituto Tomie Ohtake tem o prazer de anunciar Mira Schendel – esperar que a letra se forme, exposição com curadoria de Galciani Neves e Paulo Miyada, que explora a presença dos signos gráficos, da letra e da palavra linguagem na produção artística de Mira Schendel (1919–1988). Reunindo mais de 250 obras, entre pinturas, monotipias, desenhos, cadernos, objetos gráficos e uma instalação, a mostra é dividida em sete núcleos, convidando o público a imergir na presença da palavra na produção artística de Mira e suas interligações. A exposição será inaugurada no dia 24 de outubro, concomitantemente à exposição Carlito Carvalhosa – A metade do dobro.
Mira Schendel – esperar que a letra se forme integra o programa semestral palavra palavra palavra, iniciado com o projeto Poesia em presença – Entre cenas, slam, spoken word e rap, e que contará ainda com o lançamento da publicação Caderno-ensaio 2: Palavra. Esta exposição conta com o patrocínio do Nubank, através do Ministério da Cultura, via Lei de Incentivo à Cultura, Programa Nacional de Apoio à Cultura e Governo Federal – Brasil, União e Reconstrução.
Reconhecida como uma das artistas mais significativas da arte brasileira do século XX, Mira Schendel nasceu em Zurique, na Suíça, com ascendência judaica, tcheca, alemã e italiana. Devido à perseguição antissemita, fugiu para o Brasil em 1949, onde viveu e produziu grande parte de sua obra, dialogando com a Poesia Concreta, o Neoconcretismo e as experimentações artísticas das décadas de 1960 e 1970.
Neves e Miyada assinalam que Schendel desafiava a si mesma buscando formas de atribuir sentido ao efêmero. Foi em um manuscrito da artista, por exemplo, que os curadores encontraram o título da exposição, “esperar que a letra se forme” e de lá extraíram também o trecho a seguir, presente no texto curatorial: “A sequência das letras no papel imita o tempo, sem poder realmente representá-lo. São simulações do tempo vivido, e não capturam a vivência do irrecuperável, que caracteriza esse tempo. Os textos que desenhei no papel podem ser lidos e relidos, coisa que o tempo não pode. Fixam, sem imortalizar, a fluidez do tempo”.
A curadoria pensou a montagem em sete núcleos sustentados de maneira fluida na cronologia da artista. Em “Chegada ao Brasil e à palavra”, núcleo que abre a exposição, o público confere o percurso de representações esquemáticas de objetos para composições abstratas e experimentos com elementos gráficos. Destaque para as obras dos anos 1960, quando Mira integra rótulos e textos em seus trabalhos, trazendo a palavra escrita para o centro de suas composições. Em “Escritura-desenho estruturando espaços”, estão desenhos feitos com nanquim e carvão que trazem a relação entre palavra e espaço, combinando letras, signos gráficos e gestos caligráficos. Segundo a curadoria, Haroldo de Campos descreveu essa “arte-escritura” de Mira , na qual o signo gráfico se torna uma questão estética e uma forma de fabulação de espaços.
Em “A palavra em espiral”, estão trabalhos que trazem palavras em diferentes idiomas, sobretudo italiano e o alemão, línguas que a artista herdou dos pais, que aparecem junto ao português, língua oficial do Brasil. Para a curadoria, “Essa diversidade de expressões e pronúncias efetiva a palavra no trabalho da artista como uma espécie de acontecimento de enunciação de algo, como se escrever/desenhar as letras e a sua decodificação fizessem realizar o que ali está posto. A palavra instaura, assim, uma situação”, completam.
O núcleo seguinte, “Arte: encontro com o corpóreo” destaque para os Toquinhos, tanto os feitos em papel de arroz, como os em acrílico. Entre as séries homônimas, os decalques de letraset são o elemento comum. Já em “Refluir de páginas fechadas e abertas”, estão os cadernos de Mira Schendel. A curadoria aponta que “Essas obras – feitas, em sua grande maioria, no ano de 1971 – são exercícios de composição em papéis encadernados, perfurados, grampeados ou colados, como brochuras ou simples aglomerados de páginas. A artista usufruiu de centenas de conjuntos de folhas, de muitas dimensões, que, compreendidas em sua sequencialidade, formam um percurso no tempo e no espaço”.
Completam a exposição “Monotipias e objetos gráficos”, duas das mais conhecidas séries da artista e “Ondas paradas de probabilidade, um sussurro”, que, como o nome já entrega, apresenta a instalação “Ondas Paradas de Probabilidade”, sua obra de maior dimensão.
Paralelamente à mostra de Mira Schendel, o Instituto Tomie Ohtake inaugura Carlito Carvalhosa – a metade do dobro, a primeira retrospectiva de fôlego sobre a produção artística de Carlito Carvalhosa (1961–2021). Com cerca de 150 obras que datam de 1984 a 2021, a mostra tem curadoria conjunta de Ana Roman, Lúcia Stumpf, Luis Pérez-Oramas e Paulo Miyada.
Programa Público
A estas exposições soma-se um programa público de encontros, oficinas e vivências, com programação atualizada pelo site e redes sociais do Instituto ao longo do período expositivo. Na abertura, dia 25 de outubro, realiza-se programação concebida para professores das redes pública e privada, e também para profissionais das artes com a participação dos curadores da exposição e os educadores da instituição. No dia 26 de outubro, o público é convidado a assistir performance do duo Teia-Teia, parceria musical entre Inês Terra (voz) e Júlia Telles (teremin). O duo pesquisa a relação entre os primeiros dispositivos eletrônicos e vozes, em processos improvisados e composicionais. Teia transita entre sons harmônicos e ruidosos, explorando as possibilidades do corpo por meio de intervenções, partituras gráficas e gravações de campo. No dia 1 de novembro, o público em geral é convidado a participar da mesa de debate Os ecos da palavra, com a presença das artistas Livia Aquino, Lenora de Barros e da pesquisadora Maria Carvalhosa. No dia 2 de novembro serão três oficinas de diferentes gêneros de texto: Menus inventados, com a participação da jornalista e crítica gastronômica Luiza Fecarotta; Dedicatória de livro – Livros que me fazem lembrar você, com a participação da pesquisadora Rosa Couto e Técnicas de Comicidade e nossa responsabilidade com as Palavras, orientada pela atriz e comediante Karina Sbruzzy. Haverá também no dia 21 de novembro a oficina de audiodescrição Da palavra a imagem com a artista DEF Isafora Ifanger e no dia 14 de janeiro a oficina de zines O diário de Mira Schendel conduzido pelo artista e educador Léo Daruma. A participação nos eventos se dá mediante inscrição prévia, via o site do Instituto e sujeito a lotação.
Programa amigos
O Programa de Amigos do Instituto Tomie Ohtake quer aproximar o público de um dos espaços de arte mais emblemáticos da cidade de São Paulo. Além de apoiar, o Amigo Tomie fará parte de uma comunidade conectada à arte, contará com benefícios especiais e experiências únicas. São três categorias de apoio, contribuindo com novas exposições, programas educativos, orçamento anual e manutenção do Instituto. E uma novidade para os usuários do Nubank, patrocinador da exposição Mira Schendel – esperar que a letra se forme: Os clientes da instituição têm 25% de desconto em qualquer categoria de apoio, enquanto os clientes ultravioleta têm 50%.
Serviço
Exposição | Mira Schendel – esperar que a letra se forme
De 25 de outubro a 02 de fevereiro
Terça a domingo, das 11h às 19h
Período
25 de outubro de 2024 11:00 - 2 de fevereiro de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Instituto Tomie Ohtake
Av. Brigadeiro Faria Lima, 201, Pinheiros, São Paulo – SP
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“Comigo-ninguém-pode” é a terceira exposição individual da artista Ana Dias Batista na Galeria Marilia Razuk, e será inaugurada em 26 de outubro, das 11h às 16h. Conhecida por seu trabalho
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“Comigo-ninguém-pode” é a terceira exposição individual da artista Ana Dias Batista na Galeria Marilia Razuk, e será inaugurada em 26 de outubro, das 11h às 16h. Conhecida por seu trabalho multifacetado, que a cada projeto se aproxima de um campo do mundo da vida, Ana Dias Batista transforma a galeria em uma loja de plantas.
A instalação, especialmente concebida para o espaço original da Galeria no térreo do Edifício Gisele, no Itaim Bibi, se apropria de materiais comuns nesses estabelecimentos, como flores, cactos, espuma floral e vasos, submetendo-os a arranjos que subvertem ou ampliam a percepção cotidiana.
O visitante pode de fato comprar e levar objetos – plantas, vasos e até pedaços do piso feito inteiramente de tijolos de espuma floral. No entanto, o funcionamento “real” não impede a loja de instaurar ficções: procedimentos de linguagem deslizam entre objetos fabricados e plantas naturais; indivíduos híbridos, formados por enxertia, compartilham um nome popular; plantas que se parecem com órgãos de animais ocupam vasos no formato de caracteres-curinga, ou murcham e se propagam ao longo da exposição.
O projeto inclui ainda obras de dois artistas convidados: a poeta Ana Martins Marques e o artista João Loureiro. Ao evocar as conotações da planta popularmente conhecida como “Comigo-ninguém-pode”, a artista reforça o trânsito de significados e abre espaço para reflexões sobre linguagem, natureza e representação.
“Comigo-ninguém-pode” conta com o apoio da Oasis Produtos Florais.
Serviço
Exposição | Comigo-ninguém-pode
De 26 de outubro a 18 de dezembro
Segunda sexta, das 10h30 às 19h, sábado, das 11h às 16h
Período
26 de outubro de 2024 10:30 - 18 de dezembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Marilia Razuk
Rua Jerônimo da Veiga, 62 – Itaim Bibi, São Paulo - SP
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A Galeria Tato apresenta a exposição individual Sob as Árvores. da artista Ana Michaelis, com curadoria de Maria Alice Milliet. Nos últimos anos, as pinturas de paisagens têm sido o principal
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A Galeria Tato apresenta a exposição individual Sob as Árvores. da artista Ana Michaelis, com curadoria de Maria Alice Milliet.
Nos últimos anos, as pinturas de paisagens têm sido o principal interesse de Ana Michaelis. Como relata a curadora: “Há acontecimentos que mudam a vida das pessoas. Para Ana Michaelis, o contato com a Floresta Amazônica foi determinante: mudou sua pintura. Ela já vinha pintando árvores, tratando-as isoladamente como espécies vegetais num catálogo de plantas. Porém, ao conhecer a pujança da mata tropical que cobre a Região Norte do Brasil, sentiu tal impacto que já não pôde
pintá-las solitárias, contidas num espaço ascético, à maneira dos botânicos, que desde o século 19 vêm registrando a flora tropical”.
Para esta exposição, artista e curadora selecionaram duas séries – Dossel e Liquens –, por meio das quais, segundo Maria Alice Milliet, “a artista buscou se ater às dimensões macro e micro do ecossistema florestal, sem, contudo, pretender a precisão científica, mas, sim, traduzir poeticamente a emoção que a imersão no habitat tropical nela produziu”.
Serviço
Exposição | Sob as Árvores
De 26 de outubro a 23 de novembro
Quarta a sábado, das 13h às 18h
Período
26 de outubro de 2024 13:00 - 23 de novembro de 2024 18:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Tato
Rua Barra Funda, 893. Barra Funda. São Paulo - SP
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Sob o pulsar de veias abertas, a Galeria Raquel Arnaud recebe o projeto “OS VENTOS DO NORTE NÃO MOVEM MOINHOS” da artista Geórgia Kyriakakis. Com texto crítico de Paula Borghi,
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Sob o pulsar de veias abertas, a Galeria Raquel Arnaud recebe o projeto “OS VENTOS DO NORTE NÃO MOVEM MOINHOS” da artista Geórgia Kyriakakis. Com texto crítico de Paula Borghi, a mostra traz obras que suscitam reflexões sobre a cultura, a história e a herança social do processo colonizador na América Latina.
Inspirada pela canção “Sangue Latino”, composta em 1973 por Paulinho Mendonça e João Ricardo, e eternizada pela banda Secos e Molhados, a artista propõe uma visão ampliada da América Latina, que ultrapassa conceitos geográficos e contrapõe a influência cultural norte-americana. “O que chamamos de América Latina é um tipo de regionalização que considera os idiomas falados, os processos históricos de colonização e exploração, as desigualdades sociais e as origens indígenas ancestrais, entre outros fatores. Os ‘ventos do norte’, mencionados na canção, são uma alusão direta às forças imperialistas do norte global, que resultam em opressão e espoliação de recursos naturais e sociais, presentes na história da região. Essas forças ‘não movem moinhos’, promovem o subdesenvolvimento inexorável da América Latina”, explica Geórgia.
Composta por esculturas, desenhos, instalações e ações colaborativas, a exposição ocupa todo o espaço da galeria. No piso térreo estão duas séries de desenhos inspirados na história da cidade de Chuquicamata, no Chile, abandonada devido à poluição do ar e à contaminação causada pela exploração de cobre na região. Na parede principal, a artista apresenta VEIAS ABERTAS, uma extensa faixa de tecidos vermelhos de diferentes formatos e texturas, cobrindo toda a metade inferior da parede. São quase 20 metros de tecidos sobrepostos, dispostos de modo a representar a divisão geográfica entre norte e sul. Esses tecidos trazem recortes de trechos da música Sangue Latino: “minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos, meu sangue latino, minha’alma cativa”. Ainda no térreo, outra frase da mesma canção inspira a criação das três esculturas chamadas LANÇA AO ESPAÇO, compostas por 15 lanças de madeira torneada, pontiagudas e encaixadas umas nas outras.
No andar superior, estão expostas ações colaborativas propostas por Kyriakakis em parceria com as artistas Carla Chaim, Aline Langendonck, Isis Gasparini e Vânia Medeiros, desenvolvidas para envolver a participação da equipe da galeria. Exceto Vânia Medeiros, todas as demais artistas, e também a curadora Paula Borghi, foram alunas de Kyriakakis no curso de Artes Visuais da FAAP. O projeto surgiu do desejo da artista de unir sua atuação como artista e professora em uma mesma iniciativa.
Todas as ações estabelecem relações com o tema geral da mostra e foram criadas para uma colaboração inicial com a equipe de trabalho da galeria realizada durante a montagem dos trabalhos. Depois da abertura, o público também poderá interagir com as propostas.
Serviço
Exposição | OS VENTOS DO NORTE NÃO MOVEM MOINHOS
De 7 de novembro a 17 de janeiro 2025
Segunda a sexta, das 11h às 19h, sábado, das 11h às 15h
Período
7 de novembro de 2024 11:00 - 17 de janeiro de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Raquel Arnaud
Rua Fidalga, 125 – Vila Madalena, São Paulo - SP
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A Feira de Arte Aberta chega ao Rio de Janeiro com o objetivo de transformar o acesso ao mundo da arte contemporânea. Realizada entre os dias 8 e 10 de
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A Feira de Arte Aberta chega ao Rio de Janeiro com o objetivo de transformar o acesso ao mundo da arte contemporânea. Realizada entre os dias 8 e 10 de novembro na icônica Fábrica Bhering e com entrada gratuita, a Feira promete ser um espaço inovador e acolhedor, onde o público poderá não apenas admirar, mas também adquirir obras de arte e se conectar diretamente com os artistas.
Com obras de mais de 50 artistas, incluindo nomes como Allan Pinheiro, Carlos Vergara , Heloísa Alvim, J. Borges, Lívio Abramo , Lynn Court , Lúcio Volpini, Maria Eugênia, Mariana Maia, Rose Afefe, Renan Cepeda Telma Gadelha e Yedda Affin,, além da presença dos parceiros institucionais Instituto Cultural Carlos Scliar, Instituto Municipal Nise da Silveira e Jacarandá, o evento proporciona uma plataforma que fortalece o vínculo entre a arte, o artista e o público.
Em sua essência, a Feira busca derrubar barreiras e desmistificar a arte, promovendo um ambiente que une artistas e amantes da arte em um espaço inclusivo e inspirador. Para isso, as obras expostas possuem preços visíveis, com um teto definido para garantir acessibilidade, variando entre R$ 200 e R$ 12.000, e com opção de parcelamento. A expectativa é que o evento ocorra em edição anual, consolidando-se como um espaço democrático e vibrante para a arte no Rio de Janeiro e posteriormente no Brasil.
“A Feira de Arte Aberta é um espaço de descoberta e aproximação. Queremos criar um momento em que as pessoas se sintam à vontade para explorar o mundo da arte, seja por meio de conversas com os artistas, seja admirando ou adquirindo as peças,” destacam Alice Garcia e Jerson Farofa, diretores da Farm House, agência que propõe e organiza o evento.
Experiência Cultural e Expositiva
Os artistas presentes foram cuidadosamente selecionados por uma curadoria com o apoio de conselheiros experientes, garantindo a presença de trabalhos consistentes e de relevância no cenário contemporâneo. Cada obra exposta é única e recebe a curadoria de especialistas, garantindo um olhar criterioso e cuidadoso na exibição dos trabalhos. Cada detalhe importa.
A estrutura apresentada é como as que se encontram em grandes feiras e o ambiente foi pensado para instigar os sentidos e cativar o olhar. Um novo capítulo para a arte começa em um espaço que respira inovação e criatividade.
Além das exposições e vendas de obras de arte, o evento oferecerá uma programação diversificada com shows de jazz, samba, carimbó e bossa nova, conversas, exibições de filmes e documentários, além de visitas aos ateliês da Fábrica, que estarão abertos ao público durante o evento.
A Feira contará também com uma área de alimentação que complementa a experiência cultural, proporcionando um ambiente dinâmico e acolhedor. Entre as marcas confirmadas estão Tasquinha do Portuga, Pastel do Rio e Vulcano, além dos restaurantes locais da Fábrica Bhering, como De Rose Café & Bistrô, Ricardo Freitas Ateliê Gastronômico, Conflor Vegan e Tabi Kofi Cafés Especiais.
Programação Musical
A programação musical inclui os DJs residentes Vick, Jamal e Feijão, além de shows variados:
Sexta-Feira
- Em Tom Maior – 16h
- Afroribeirinhos – 19h
Sábado
- Eduardo Santana (Afrojazz) – 15h
- Samba Sucinto – 18h
Domingo
- Forró Pimenta – 15h
- Samba DG – 17h
Para muitos, adquirir arte é uma forma de cuidar de si. A Feira de Arte Aberta acredita no poder da arte como investimento que enriquece não só o ambiente, mas o espírito de quem o habita. Colecionar é construir um patrimônio emocional e cultural que se valoriza com o tempo.
A Feira de Arte Aberta convida a todos para um evento transformador, onde a interação com a arte contemporânea acontece de forma natural e a cultura é celebrada em um ambiente interativo que reflete o novo momento da Fábrica Bhering, conectando tradição e inovação no cenário artístico do Rio de Janeiro.
Serviço
Exposição | Feira de Arte Aberta
De 08 a 10 de novembro
Sexta-feira e sábado: 14h às 22h, domingo: 14h às 20h
Período
8 de novembro de 2024 14:00 - 10 de novembro de 2024 22:00(GMT-03:00)
Local
Fábrica Bhering
R. Orestes, 28 - Santo Cristo, Rio de Janeiro - SP
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Com texto crítico da curadora e pesquisadora Luciara Ribeiro, a exposição apresenta um conjunto inédito de pinturas, esculturas e instalações que demonstram a expansão material e conceitual na prática do
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Com texto crítico da curadora e pesquisadora Luciara Ribeiro, a exposição apresenta um conjunto inédito de pinturas, esculturas e instalações que demonstram a expansão material e conceitual na prática do artista, enquanto aprofunda os temas debatidos ao longo de sua carreira.
A primeira individual de No Martins no Brasil em cinco anos, Fronteiras inóspitas investiga as relações entre sujeito e as estruturas sociais dominantes, permeadas por debates existenciais clássicos. Exemplo dessas reflexões é o conjunto de pinturas produzido para a exposição, nas quais o artista empresta sua imagem na forma de autorretratos. Pensando em dimensões que não se limitam a si, Martins se coloca em ambientes marcados por símbolos relacionados à brevidade e aos impasses da vida, assim como signos que dizem respeito à sociedade brasileira. Uma dessas pinturas revela uma cena de aniversário com balões, faixas e uma mesa com garrafas de refrigerantes. O personagem sopra as velas de um bolo, ao lado do qual repousa um crânio. O símbolo é um clássico memento mori — imagens que na história da arte servem como lembrete de que a existência é passageira.
Outra obra mostra o personagem alimentando um urubu e vestindo uma camiseta com referência à bandeira de Hélio Oiticica — a imagem do corpo de Cara de Cavalo estirado e uma alteração na célebre frase: “Seja marginal, não seja herói”. Mais do que uma citação, Martins faz uma provocação ao sistema da arte e questiona os valores sociais que distinguem alguns entre prestígio e marginalidade.
A investigação existencial marcada pela crítica política é presente, também, na grande instalação que recebe o público na galeria. Seca é composta por um barco que repousa sobre uma superfície espelhada. Ao se aproximar, o espectador nota que na embarcação há, ainda, um outro espelho. “Uma ilusão, uma miragem, uma impossibilidade na possibilidade”, escreve a curadora Luciara Ribeiro no texto da exposição. “A imagem capturada pelo espelho torna o corpo presente dentro do barco, toda uma dimensão do confronto entre a realidade e suas projeções, o tempo e o espaço. O tempo é outro, com dilatações e acelerações, sendo sentido e projetado, computado ou arriscado”, completa.
A violência presente no cotidiano brasileiro, sobretudo a perpetrada pelo Estado, é abordada frontalmente em outros trabalhos em exibição. Coletes à prova de balas são moldes para esculturas, além de serem, eles mesmos, material para obras. Em Dress Code 2, eles são posicionados e ordenados sobre a parede aludindo a composições formalistas da arte concreta brasileira. A obra coloca discussões sobre a monetização da violência, apontando o controle, a segurança e a vigilância dos corpos. “Vigilância e controle como estratégia de gestão de violências públicas, políticas, sociais, educacionais, policiais”, aponta a curadora.
Serviço
Exposição | Fronteiras inóspitas
De 09 de novembro a 14 de dezembro
Segunda sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 15h
Período
9 de novembro de 2024 10:00 - 14 de dezembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Millan
Rua Fradique Coutinho 1360/1430 São Paulo Sp