Foto horizontal, colorida. Ao centro, os dois volumes de PANDEMIA CRÍTICA. Os livros estão em pé, lado a lado e levemente na diagonal. Tem capas pretas, na lombada lê-se o título em letras cinza. Ao fundo, uma estampa em preto e branco geométrica, meramente ilustrativa.
"Pandemia Crítica", coletânea de textos em dois volumes, coedição N1 e Edições Sesc SP. Foto: Reprodução

“Mais difícil do que prever o futuro é ler o presente a partir dele mesmo. Demasiado colados nele, atravessados pelas emoções, cativos das opiniões correntes, do jargão midiático, o presente não parece oferecer o mínimo indispensável para qualquer avaliação isenta – a distância”, assim escreve Peter Pál Pelbart no texto que abre Pandemia Crítica. Publicada em dois volumes, a coletânea reúne análises, relatos, registros e as mais variadas informações sobre a crise sanitária mundial, refletindo ideias e sentimentos que atravessaram importantes pensadores do Brasil e do mundo.

Lançada pela parceria entre n-1 e Edições Sesc SP, a publicação dá valor justamente à imersão no ‘agora’ pandêmico. Com a descoberta do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, em março de 2020, a n-1 criou uma plataforma online destinada exclusivamente à circulação de textos vinculados à pandemia. Por quase cinco meses publicaram um escrito por dia. São eles que agora compõem os dois livros. De acordo com o organizador Peter Pál Pelbart, a intenção foi captar o que se pensou e sentiu no calor dos acontecimentos: “Tratava-se de explorar, ainda que intuitivamente, como esse evento mundial nos chegava, perturbava, atordoava e abria brechas”.

Portanto, Pandemia Crítica não pretende ser um registro objetivo da crise, mas um mergulho na mente coletiva frente a uma catástrofe em curso. Tudo isso, a partir de uma cronologia do colapso, ao que o sumário dos livros segue a ordem em que os textos apareceram na plataforma virtual – o primeiro tomo, Outono de 2020, reunindo escritos de março a junho do ano passado; o segundo, Inverno de 2020, os produzidos posteriormente.

Essa linha do tempo se constrói atravessada por textos de pensadores nacionais e internacionais, dentre desconhecidos e figuras renomadas, como os filósofos Achille Mbembe, Franco Bifo Berardi e Judith Butler; o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro; Davi Kopenawa e Ailton Krenak, ativistas e lideranças indígenas; curadores tais quais André Lepecki, Moacir dos Anjos e Tania Rivera; e artistas como Zé Celso. Essa polifonia confere às páginas de Pandemia Crítica uma variedade de estilos discursivos, visões de mundo, afetos e assuntos. 

As reflexões podem ser divididas em quatro eixos principais: observações sobre as vulnerabilidades e desigualdades evidenciadas pelos efeitos e mortandade da pandemia; análises das causas (imediatas e remotas) da crise sanitária – desde a lógica predatória do capitalismo, a monocultura industrial até a invasão pela agroindústria dos habitats animais; avaliações sobre as relações de poder entre governantes e governados em distintas regiões do mundo nesse momento de crise; e depoimentos pessoais de artistas, escritores, poetas e feministas, que retratam os paradoxos do isolamento, mas também as iniciativas de solidariedade.

 


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