Priscila Arantes é diretora artística e curadora do Paço das Artes, além disso leciona na PUC-SP.

Desde o início de 2016, quando o Paço das Artes foi despejado do espaço que ocupava na Universidade de São Paulo (USP), houve uma sensação de incerteza de qual seria o futuro da instituição. Um ano depois, passou a ocupar uma sala na entrada do MIS-SP (Museu da Imagem e do Som), enquanto internamente se articulava na procura de uma nova sede.

Só no ano passado, essa questão teve um desenrolar substancial, quando foi anunciado que o casarão Nhonhô Magalhães, em Higienópolis, seria a nova sede. Desde então, a equipe da instituição vem trabalhando na transferência de suas atividades para lá. A inauguração já tem data e programação: uma individual de Regina Silveira que será aberta no dia 25 de janeiro de 2020.

O processo ao longo dos quatro anos de procura por um local novo para chamar de casa não foi, no entanto, fácil. É o que conta a diretora artística e curadora Priscila Arantes, à frente do Paço das Artes. “As pessoas dizem: ‘Ah, que bom que você esperou’. Não, eu não esperei. Foi um trabalho que conquistamos como equipe”, ela diz em entrevista à ARTE!Brasileiros, reproduzida na íntegra abaixo.

Na conversa, Priscila conta como foi o período entre 2016 e este final de 2019, mas também comenta sobre o planejamento futuro, com o fortalecimento da Temporada de Projetos, uma residência artística internacional e o processo de musealização do Paço das Artes. Além disso, ela discute as possibilidades de gestão cultural sob a perspectiva expandida do entendimento do museu e a luta das mulheres à frente de instituições culturais.

ARTE!Brasileiros: Queria começar pedindo para que conte um pouco mais sobre o despejo na USP em 2016.
Priscila Arantes: Aquilo foi bastante traumático. Na verdade, é um processo que só agora, passados quatro anos, estamos conseguindo reverter. Lógico que na época sempre existiu um certo fantasma da possibilidade do Paço sair de lá. Em função de, historicamente, o Paço não ter uma sede definitiva. Mesmo assim, pegou a gente de surpresa. Estávamos há quase 20 anos lá, com um trabalho muito sério, um trabalho potente. Estávamos em um momento muito ascendente do Paço das Artes em termos de público, porque exatamente ali era um lugar muito interessante por estar dentro da USP, da Cidade Universitária, o que nos permitia muitas parcerias. Um espaço maravilhoso, que era um prédio do Jorge Wilheim, então era um espaço grande. Por outro lado, era um espaço complicado, porque era longe. De qualquer maneira, pegou a gente de surpresa. Foi tudo muito rápido. A solicitação para que saíssemos de lá foi feita muito em cima da hora. Ainda conseguimos negociar de ficar mais um tempo expandido, mesmo porque já tínhamos um compromisso de desenvolver uma exposição, que foi a nossa última lá, do Harun Farocki. Mas outra exposição que já estava marcada, que era a da Lenora de Barros, tivemos que fazer na Oficina Cultural Oswald de Andrade. Então foi muito traumático aquele momento para a equipe no geral. Tivemos manifestações, abaixo-assinados para que ficássemos.

Foi muito duro. Foi uma demanda da Secretaria do Estado da Cultura na época. Estávamos em um momento de ampliação de público, com a programação anual já toda fechada. Então, por mais que soubéssemos que existia o contrato, que era uma troca com a Secretaria do Estado da Saúde, sempre é uma surpresa. Sairíamos de lá e aí? Não tinha lugar. Naquele momento, não havia qualquer coisa em termos concretos de uma nova possibilidade de sede. O que foi falado é que tínhamos que sair porque tínhamos que devolver o espaço para a Secretaria da Saúde, porque possivelmente iam usar o espaço para uma fábrica de vacinas, algo que nunca se efetivou. Quando nós saímos, o espaço ficou muito vazio. Só mais recentemente foi ocupado por questões mais administrativas. Enfim, não havia naquele momento um discurso no sentido de nos colocarmos em um novo lugar, ou mesmo que em breve nos dariam um novo espaço. Era sair sem saber exatamente o que seria o futuro próximo. Havia apenas uma fala de que possivelmente, junto à Secretaria da Saúde, verificariam um espaço para o Paço. Isso também nunca se efetivou. Nós tivemos, posteriormente, reuniões, que a possibilidade era de que fôssemos para um espaço que era um antigo estacionamento de ambulâncias no Bom Retiro. Chegamos a ir em uma reunião lá, mas nunca aconteceu. Aí começamos um trabalho de luta para, de fato, conseguir um novo espaço.

A sensação que eu tenho é que é como se fosse uma puxada de tapete. A questão nunca foi de qualidade de trabalho. Sempre tivemos uma dotação orçamentária para a nossa programação muito pequena, e mesmo assim conseguíamos trabalhar. O Paço sempre esteve em uma situação muito complexa, mas mesmo com esse pouco orçamento, fizemos um trabalho em equipe para ampliar essa programação. Então fazíamos muitas parcerias.

Agora o Paço ganha uma sede em Higienópolis. Como foi isso e quais foram as tentativas durante esse período?
Começamos quatro anos de luta. Porque esses quatro anos entre 2016 e 2020, que é quando está prevista a abertura do novo espaço, foram fruto de muita luta. Foi um período, por um lado, de aprender a sobreviver nas adversidades, porque tem sido muito complexo. Por outro, foi uma conquista. As pessoas dizem “Ah, que bom que você esperou”. Não, eu não esperei. Foi um trabalho que conquistamos como equipe.

Quando percebemos que não havia, de fato, uma uma sinalização de que seria efetivado um novo lugar para nós após o despejo, ficamos dois anos no limbo. Foram dois anos em que tiveram movimentos feitos internamente. Eu fui atrás de um espaço ali na Praça Victor Civita, um movimento feito internamente da gente na Organização Social. Mas não era algo da Secretaria. Vimos algumas possibilidades de alugar galpões, mas não tínhamos orçamento, porque quando saímos da USP também tivemos um corte de orçamento que praticamente só dava para pagar funcionários. Então você não pode ir porque não tem orçamento, mas ao mesmo tempo você precisa arrumar um lugar. É uma equação que não fecha. Também fomos ver um espaço na Vila Mariana, mas também não funcionava por causa do orçamento. De dois anos para cá que começou a haver um movimento por parte da Secretaria de Estado da Cultura, havendo essa sinalização de que iríamos para esse espaço para onde estamos indo agora. Uma pessoa que foi muito importante dentro da secretaria foi a Regina Ponte, fundamental nesse processo. Então, há um ano, efetivamos realmente esse contrato.

Foi um misto de luta, de resistência e ao mesmo tempo ter que continuar a desenvolver o nosso trabalho durante esse período. O Paço poderia simplesmente ter sido fechado. Só que teve um movimento do público próximo ao Paço, e também a resistência do nosso trabalho, da qualidade do trabalho que fazemos.

Vista da fachada do Casarão Nhonhô Magalhães, que após restauro será a nova sede do Paço da Artes.
FOTO: Joca Duarte.

E as parcerias nesse período?
Estabelecer redes de relações, conexões, foi nossa forma de resistir. Essas redes foram muito importantes, porque ficava muito confuso para as pessoas saberem se o Paço tinha fechado ou não. Até as pessoas entenderem que o Paço estava dentro do MIS… Enfim, foi um momento de reinvenção. Foi ressurgir. O MIS nos acolhe. Fazemos parte da mesma Organização Social (OS), estamos dentro do mesmo guarda-chuva.

Eminentemente, o que foi mais importante nesses quatro anos era fazer com que a Temporada de Projetos permanecesse, que é o nosso carro chefe e a grande diferença que o Paço tem em relação às outras instituições. É um projeto pioneiro que fomenta a produção de jovens artistas, jovens críticos e jovens curadores. Por isso, estrategicamente, foi fundamental que fosse mantido. Por isso, ele ficou aqui no MIS e conseguimos, junto ao diretor do MIS da época, que fosse na entrada. Apesar de ser uma sala de 80 metros quadrados, não estaria escondida em outro andar. Também fortalecemos o MaPA (Memória Paço das Artes), que foi um projeto criado em 2014 e que saiu do entendimento da importância da temporada de projetos, como um projeto de política cultural para a importância de criar memória não só institucional, mas dessa produção de jovens artistas que muitas vezes não está nos eixos hegemônicos. Os outros projetos, como a residência, tivemos que parar.

“O Paço nunca teve acervo no sentido tradicional da palavra, mas eu vim construindo também essa ideia do museu sem acervo, um entendimento expandido de museu, como se nosso acervo fosse nossa história, os artistas que passaram pelo Paço”.

Para os outros projetos, as outras curadorias, fomos fazendo parcerias. Era importante criarmos redes e trabalharmos o Paço de maneira nômade em articulação com outros espaços culturais. Foram espaços culturais que se abriram para esse tipo de parceria e que tinham afinidades com as nossas propostas. Fomos muito bem recebidos, por exemplo, pela Oficina Cultural Oswald de Andrade. Fizemos lá três exposições: Lenora de Barros, Charly Nijensohn e a coletiva Estado(s) de Emergência. Também houve uma parceria com o MAC-USP, muito importante. Foi algo em torno das questões dos diálogos em torno dos acervos do Paço das Artes e do MAC. Era importante para nós porque ficamos um bom tempo na USP, então era interessante termos nessa despedida de lá uma articulação de vivência. A artista da qual partíamos do trabalho era a Regina Silveira. O Paço nunca teve acervo no sentido tradicional da palavra, mas eu vim construindo também essa ideia do museu sem acervo, um entendimento expandido de museu, como se nosso acervo fosse nossa história, os artistas que passaram pelo Paço. Foi um período de muita luta para não deixar o Paço morrer. Outra parceria muito importante nesse período foi o VideoBrasil, quando fizemos o seminário de Urgências na Arte. Tivemos parceiros muito importantes nesses quatro anos.

Como surge esse “entendimento expandido de museu”?
Eu comecei a trabalhar muito com essa história também porque vinha trabalhando com essa questão do MaPA, a memória do Paço, que é um projeto importante enquanto política institucional, dessa história que não é contada, dessa produção jovem.

Como você sente esse momento de agora, prestes a inaugurar essa sede?
Agora temos essa sede nova, que é uma coisa quase que definitiva porque vamos ter um contrato de 40 anos. Isso é quase a existência do Paço. Eu sinto isso como uma vitória, num momento em que a cultura no país está sendo desmantelada. E um país sem cultura, sem arte, sem produção de pensamento, sem reflexão não é país. Se entendemos que a política cultural de um estado tem que ser uma política democrática, da diversidade, aberta para a pluralidade da população que a gente tem, só podemos entender a importância de abrir espaço para um jovem artista que chega cheio de indagações e de experimentações. E também de fomentar isso. Esse é um trabalho de formação fundamental, também de educação. Então, realmente estamos vivendo esse momento em que a cultura está sendo atacada, também a educação e as universidades públicas, e que há censura. Isso é extremamente prejudicial para todo mundo. E o Paço ter conseguido chegar a esse momento de ter uma sede é uma conquista.

Como está a relação com a Secretaria do Estado da Cultura hoje?
Por um lado, existe uma sensação de “que bom que deu certo”. Afinal, isso também foi fruto de uma relação com a secretaria na gestão antiga. Mas a gente ainda não tem, por exemplo, uma ideia definitiva em torno da dotação orçamentária. Entendo que é muito importante discutir isso, já que o Paço vai ocupar esse novo lugar, porque nossa dotação orçamentária até agora é a mesma de 2016, de quando saímos da USP, que é um orçamento praticamente voltado para pagar funcionário. Não temos orçamento de programação. Eu acho que temos uma relação positiva, porque é uma concretização de algo que viemos costurando há dois anos, mas por outro lado há uma certa indeterminação de como poderemos atuar financeiramente, porque até agora não foi firmado nenhum contexto e isso para nós é muito importante.

Quais iniciativas vocês tomaram para tentar driblar isso?
O que fomos trabalhando durante esse tempo foi com a Lei Rouanet. É um trabalho que o Paço faz junto com a OS, mas é pontualmente. E é ainda no nosso caso um orçamento apertado. Também temos um ou outro patrocínio.

Tem algum outro projeto a longo prazo para essa nova sede?
Existem algumas coisas, sim. A gente vem pensando e estudando esse novo lugar, nesses dois anos. Acho que é um momento também do Paço de reposicionar enquanto um equipamento cultural, fortalecendo a espinha dorsal da instituição, que é o trabalho com a produção jovem. Não por acaso em 2020 fazemos 50 anos. E de 2020 para 2021 teremos 25 anos de Temporada de Projetos. Nesse reposicionamento, estamos articulando uma parceria internacional para que, em março possivelmente, possamos lançar uma nova residência. Já tínhamos uma residência, mas agora passa a ser internacional. Assim, fortalecemos também um trabalho com a Temporada, no qual o artista passa por aqui e depois, em um outro momento, ele tenha a possibilidade de fazer uma residência internacional. Então, é um entendimento de um fomento continuado. Serão editais diferentes, mas de fortalecimento desse laço que o Paço tem da formação e do fomento para o jovem artista, para o jovem curador e para o jovem crítico.

“Agora, passamos a ser um museu com acervo imaterial. E, exatamente, um dos grandes dispositivos de aquisição é a Temporada de Projetos.”

Vamos iniciar também o processo de musealização do Paço das Artes, que é fundamental. Já estamos trabalhando de forma que nos preocupamos tanto com a memória institucional quanto, também, com dispositivos de sobrevivência institucional. Então é uma questão de você deixar claro historicamente a força que a instituição tem. Esse projeto pensamos desde 2010, quando o Paço fez 40 anos. Fizemos um projeto lá atrás que é o livro-acervo, ali era uma questão de arquivo, memória e história cultural. Agora, passamos a ser um museu com acervo imaterial. E, exatamente, um dos grandes dispositivos de aquisição é a Temporada de Projetos. Se você for ler o novo edital da Temporada de Projetos, existe lá a possibilidade, em comum acordo entre nós e os artistas, de que a gente possa ficar com uma obra no acervo. Está sendo construído o banco de dados, no entendimento também de que o espaço digital será nosso espaço de reserva técnica, já que não temos uma reserva física, e trabalhando com linguagens “não matéricas”. Então não é um acervo para pintura ou para escultura, mas é um acervo para arte digital, para videoarte, para performance. Estamos, portanto, no momento da nossa criação de política de acervo museológico para que possamos, com esse fortalecimento da Temporada, inclusive, ter esse acervo de jovens artistas e de projetos de curadoria. Afinal, são pessoas que depois entram na cena não só brasileira, mas também internacional, de maneira contundente.

Priscila acredita em uma perspectiva de museu expandido. FOTO: Cinthia Bueno.

E a escolha da Regina Silveira para estrear esse novo espaço?
A escolha da Regina vem por ela ser uma artista singular no cenário brasileiro e internacional. É uma artista que transita por várias linguagens. E é mulher. Eu queria abrir com uma mulher, uma mulher brasileira. Tinha também um histórico da Regina ser essa artista que teve importância nessa exposição de acervos que fizemos no MAC-USP. E, ainda, por ela ser uma artista que trabalha muito com a questão do site-specific, da perspectiva, da percepção e da arquitetura. Para mim, esse momento de abertura foi entendido como algo que era importante resgatar de alguma maneira a memória dessa nova casa, porque para o Paço ela é uma casa, onde vai ser nossa sede por pelo menos 40 anos. Ela desenvolve dois site-specifics inéditos, um para a parte interna e outro para o jardim na entrada. Junto com esses trabalhos tem vídeos que a Regina está doando para o nosso acervo. Serão as cinco primeiras aquisições nossas. O nome que escolhemos não é à toa. A exposição se chama Limiares, “o começo”, em função de uma obra dela que se chama Limiar, que é uma obra sobre a projeção da luz, a palavra luz que pulsa. Então uma ideia do começo, dessa nova luz que pulsa no novo Paço das Artes.

Como você avalia esses quase 13 anos de Priscila no Paço das Artes?
É uma vida. Foi fantástico. É um trabalho que eu faço com paixão. Eu acho que quem trabalha com cultura trabalha com paixão, porque é um trabalho onde você está lidando com produção de conhecimento, com arte e cultura, com vida o tempo todo. Então é um trabalho apaixonante. Eu aprendi muito. Sempre aprendo muito com o Paço, porque ele está dentro de uma das maiores cidades do país e é um equipamento da Secretaria do Estado da Cultura. Eu cheguei aqui no Paço e nunca tinha trabalhado numa instituição pública. Eu sempre fui professora universitária [da PUC-SP], sou até hoje, é a minha profissão mais antiga. Por isso, esse momento agora é uma conquista. Eu aprendi muito nesses 13 anos, como pessoa, curadora, gestora, equipe, política pública e também aprendi muito com relações com a secretaria. Eu entrei aqui a convite da então diretora e curadora na época, que era a Daniela Bousso. Foi uma pessoa muito importante naquela época para mim. Eu cheguei aqui como professora, numa época que era para fazer uma curadoria do Fred Forest, em função da minha tese de doutorado, sobre perspectivas da estética digital, que foi publicada e foi finalista do prêmio Jabuti. Eu vinha da área acadêmica, trabalhando com disciplinas que trabalhavam áreas da arte contemporânea, da estética. Eu recebi aquele convite e pensei em colocar minha pesquisa em prática. E agora tenho a percepção de que você trabalhar como diretora em uma área cultural é muito mais complexo que isso, é um desafio, é apaixonante, mas é sempre de muita luta, porque trabalhar na área da cultura no Brasil é algo de altos e baixos. Então eu também fui me entendendo nesse lugar de o que é ser diretora de um espaço cultural, por isso entendo isso como um grande aprendizado.

E como é ser uma das únicas mulheres à frente de uma instituição cultural no estado de São Paulo?
Acho que é um desafio muito grande, existem muitos espaços para as mulheres ocupar ainda. São pouquíssimos os postos ocupados por mulheres nessa área e é muito importante, afinal a maioria da população é feminina e tem mulheres extremamente qualificadas. Existe, sim, um processo de discriminação com a figura da mulher dentro não só de espaços públicos, em outros espaços de instituições culturais. Então acho que é muito importante, ainda mais quando falamos de política pública que atua na diversidade, pensar isso. Não só na figura da mulher, mas também especificamente da mulher negra.

Conte um momento que você sentiu que havia uma discriminação por você ser mulher…
Eu acho que o ponto maior é a dificuldade do trabalho. Eu sinto que a mulher tem que trabalhar muito mais, somente por ser mulher. E isso é a discriminação, que se dá de várias maneiras. Ela tem que estar o tempo todo provando e colocando o seu trabalho. Sinto também que tem existido mais espaço, mas ainda falta bastante. E não é só em uma questão de ocupação de espaços, mas também de equiparação salarial. Muitas vezes a mulher ocupa um cargo que não tem valor semelhante ao mesmo cargo ocupado por um homem. Não é à toa a movimentação que tem acontecido em vários campos sobre a importância de ouvir essas falas, essas vozes diversas. E isso reflete também em curadorias, temos visto muitas exposições que trazem esse debate. Nós, por exemplo, fizemos a mostra itinerante Mulheres em Cena. Entendo essa discriminação não só como gestora pública, mas também nas produções feitas por mulheres que são invisibilizadas por narrativas sempre eurocêntricas e masculinas. Não é só uma questão da diretora, da gestora, mas uma questão que contamina todo esse espaço.

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