Fachada da Cinemateca Brasileira, em São Paulo. Foto: Divulgação

Leia abaixo a íntegra da carta divulgada pela APACI e veja aqui a página da campanha de arrecadação para apoio financeiro aos trabalhadores da Cinemateca Brasileira.

Cinemateca Brasileira: Patrimônio da Sociedade 

Não é legal ver imagens da Copacabana nos anos 50? Admirar os gols de
Pelé ou um drible do Garrincha? Rir com Oscarito e Grande Otelo em uma
chanchada da Atlântida? Assistir cenas de novelas da TV Tupi com Hebe
Camargo ainda em preto e branco? Conferir nos cinejornais como era o
Brasil nos anos 40? Onde você acha que estes registros e outros
milhares de filmes e vídeos estão guardados?

A Cinemateca Brasileira é o maior acervo audiovisual da América do
Sul. A instituição zela por mais de 250 mil rolos de filmes realizados
desde as primeiras filmagens em nosso país, há mais de 100 anos. Lá
estão também os acervos da extinta TV Tupi e do Canal 100, as
produções da Vera Cruz e da Atlântida e o acervo de Glauber Rocha,
além de cerca de 1 milhão de documentos entre roteiros, fotos, livros
e cartazes.

No mundo inteiro, arquivos de imagem são tratados como um tesouro
precioso. Não bastasse o valor cultural e histórico do acervo da
Cinemateca Brasileira, é bom lembrar que se trata igualmente de um
patrimônio de todos os brasileiros: filmes e cinejornais são bens
valiosos, cuja preservação é levada a sério.

O patrimônio da Cinemateca Brasileira vai além do que seu precioso
acervo histórico: inclui uma sede tombada e equipada com sala de
cinema, além de equipamentos para manutenção, restauro e
preservação dos filmes. A Cinemateca também é um corpo de
funcionários dedicados, que ali fizeram suas carreiras como técnicos
de excelência internacional.

Chega a ser inacreditável que um patrimônio desta monta esteja prestes
a virar cinza devido à incompetência administrativa dos entes
públicos que deveriam zelar por ele. De acordo com a Fundação Roquete
Pinto,  OS gestora da Cinemateca, o Ministério da Educação parou de
efetuar os repasses devidos por contrato, acumulando uma dívida de 13
milhões. Os funcionários estão com os salários atrasados desde o
início da pandemia, uma situação trágica em si. As contas de consumo
não estão sendo pagas. Se houver corte de energia elétrica, podemos
dizer adeus à história do audiovisual brasileiro: os filmes mais
antigos são feitos em nitrato e entram em combustão quando não
mantidos sob refrigeração. Um prejuízo irrecuperável, já que uma
parcela significativa do acervo não tem outra cópia além da
depositada na Cinemateca.

Face à gravidade da situação, a Associação Paulista de Cineastas
– APACI lançou um manifesto “SOS Cinemateca” endossado por mais
de 70 associações nacionais e internacionais e, em colaboração com o
Movimento “Cinemateca Acesa”, realizaram o vídeo manifesto do qual
participam Antonio Pitanga, Fernando Meirelles, Alessandra Negrini,
Kleber Mendonça Filho, Petra Costa, Marcelo Gomes, Cao Guimarães,
Bárbara Paz, Alessandra Negrini, Mariana Ximenes, João Miguel,
Fabrício Boliveira, Marcelo Machado, Tata Amaral, Fernando Alves Pinto,
Marina Person, Simone Spoladore, Fabiula Nascimento, Débora Brutuce,
Enrique Díaz, Gilda Nomacce, Sabrina Fidalgo, Guta Ruiz, Fernanda
Viacava e Lilian Santiago.

Esta campanha visa sensibilizar o Poder Público e a Sociedade Civil
para a emergência da situação em que a Cinemateca se encontra e em
conjunto criar mecanismos para remediar esta crise imediatamente.

Em meio ao descaso e desrespeito da ACERP com seus trabalhadores, e pela
falta de repasses dos recursos pelo Governo Federal à ACERP, os
trabalhadores da Cinemateca  realizam também uma campanha pública para
amenizar os efeitos dessa situação que não tem perspectiva de se
resolver, até o momento.

Caso queira colaborar com um apoio financeiro aos trabalhadores da
Cinemateca Brasileira com atrasos de salários e benefícios e em
situação de emergência financeira, acesse o site. Para entrar em contato envie e-mail para trabalhadoresdacb@gmail.com

Deixe um comentário

Por favor, escreva um comentário
Por favor, escreva seu nome