Em meio a uma enorme precarização em que o governo federal colocou a maioria das instituições nacionais, o sucateamento tem sido seríssimo no que envolve o Museu de Arte do Rio (MAR). O museu vem realizando um trabalho incrível junto à população do Rio de Janeiro e se preocupando em acercar artistas nacionais e internacionais, além da construção de um acervo riquíssimo de arte brasileira.

O diretor cultural Evandro Salles e a diretora executiva Eleonora Santa Rosa saíram de seus cargos como parte desse enxugamento.

Em paralelo, tentam-se soluções de resistência como uma forma de não permitir a destruição total da história do museu. A seguir, publicamos comentários do crítico de arte e curador, que hoje trabalha voluntariamente para a formação do acervo do museu e junto algumas curadorias, Paulo Herkenhoff:

“O MAR minguou muito, mas não vai fechar. A equipe teve que ser muito reduzida, mas de modo bem pensado em termos estratégicos para não fechar. Fica a segurança para manter o museu funcionando defeso e corretamente, uma equipe básica de monitores para dar a continuidade possível ao projeto educativo e uma sólida equipe de museologia, incluindo a montagem para cuidar do acervo e receber as novas doações.

Fotografias realizadas para o projeto www.museubr.org, com patrocínio da Petrobras

Na próxima semana chega uma obra prima do barroco brasileiro: uma talha do Vieira Servas, dito “o rival do Aleijadinho em Ouro Preto”. No próximo dia 30 de novembro se inaugura a exposição da Aranha de Louise Bourgeois, graças ao Itaú Cultural. Farei a curadoria de modo voluntário, agregando palestras, visitas guiadas e projeção de videos. Há uma empresa que quer implantar instalações para a captura de energia solar, que custeará o ar condicionado. Estão sendo programadas as exposições A casa carioca, Rio, onde começou a imigração japonesa para o Brasil, Maxwell Alexandre, De São Paulo para o MAR (doações paulistas) Tudo para o ano que vem.

 

São tempos difíceis, duros, mas não perdemos a crença na instituição, o entusiasmo e a direção para o futuro.


O Luis Chrysostomo de Oliveira, presidente do Conselho do MAR, continua zelando pela instituição e mantendo a ininterruptibilidade do projeto. Nesses dois anos de crescentes dificuldades, o MAR se tornou um dois dois museus mais visitados do Brasil, ao lado do MASP. O cuidado do Luiz Chrysostomo tem sido não permitir que as relações com o público percam a energia e o MAR continue sua vitalidade.

2020 se avizinha como mais promissor: será escolhida uma nova OS, parceiros tradicionais estão ampliando sua contribuição financeira, há boas perspectivas de novos doadores significativos. O arco da educação será restaurado, desde projetos para a primeira infância, até a retomada do MAR na Academia, com cursos, seminários e mesas redondas, como Louise Bourgeois e suas contemporâneas brasileiras, Clarice Lispector.

São tempos difíceis, duros, mas não perdemos a crença na instituição, o entusiasmo e a direção para o futuro. De minha parte, enquanto o Luiz Chrysostomo estiver no MAR, estarei junto, trabalharei como voluntário enquanto o museu precisar.”

Assim como o MAR, a Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV Parque Lage) está sendo esvaziada. Nas palavras de Katia de Marco, presidente da Associação Brasileira de Gestão Cultural (ABGC), publicadas em 4 de novembro no seu perfil de Facebook:

“Deixo aqui a minha indignação solidária ao Museu do Amanhã, Museu de Arte do Rio e Parque Lage, por estarem sendo alvo da censura e do desmonte das instituições culturais pelos governos conservadores e autoritários. A meu ver, tal fato não se dá pela ignorância e descaso destes para com a cultura, mas SIM por saberem justamente da importância social do setor nas ações libertadoras que estampam a História da humanidade, formando consciências críticas em prol de verdadeiras transformações sociais”.

 

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