ENCRUZILHADA
"Refino #2", 2017, de Tiago Sant'Ana. Foto: Divulgação

O Museu de Arte Moderna da Bahia – localizado no histórico edifício do Solar do Unhão, em Salvador – inicia uma intensa programação para os próximos meses com a abertura da exposição ENCRUZILHADA. A mostra propõe um diálogo entre o acervo moderno e contemporâneo do MAM-BA e a Coleção de Arte Africana Claudio Masella do Solar do Ferrão (Dimus/IPAC).

Com curadoria do artista Ayrson Heráclito – atualmente com mostra individual na Pinacoteca de São Paulo – e do curador geral da instituição soteropolitana, Daniel Rangel, ENCRUZILHADA apresenta uma dinâmica dialógica entre um vasto acervo de sujeitos criadores. “É uma reunião de artistas de diversos contextos históricos, sociais e raciais que articulam tensões na produção de visualidades, cuja centralidade dos seus interesses criativos é ativada a partir do universo das culturas afrodiaspóricas”, diz Heráclito no texto de divulgação.

ENCRUZILHADA
Sem Título, Carybé. Foto: Divulgação

Segundo Rangel, a proposta de ENCRUZILHADA traz uma conexão material-espiritual espaço-temporal que busca revelar a potência da presença africana na produção artística brasileira, do modernismo ao contemporâneo. “Temos também temas que transitam entre o sagrado e as emergências cotidianas, e ainda, referências estéticas e abordagens de cerca de 18 etnias provindas de diferentes regiões da África”.

Sobre o título da exposição, os curadores afirmam que ENCRUZILHADA reconhece o MAM como um histórico local de encontros, desde o trapiche do século XVII até o museu da atualidade – reformulado por Lina Bo Bardi entre os anos 1950 e 1960. “É um espaço de chancela de fazeres, diálogo entre artistas, obras e público”, diz Rangel. Já nas palavras de Heráclito: “Reunimos nessa exposição um amplo debate público na ‘encruzilhada museu’, considerando museu enquanto um espaço de encruzilhada, desde as abordagens de antropólogos visuais a artistas de diferentes cores, diferentes origens étnicas e lugares de fala, até artistas-sacerdotes e um amplo panorama da chamada arte jovem-preta-afro-brasileira”.

A Coleção Claudio Masella de Arte Africana – que leva o nome do industrial italiano que morou 35 anos na Nigéria e Senegal – é formada por mais de mil objetos que representam etnias de 15 países da África, como máscaras, estatuetas, instrumentos e utensílios, confeccionados em materiais que variam entre terracota, madeira, metal e marfim. Esse acervo é caraterizado pela riqueza e diversidade da produção cultural africana do final do século 19 e do século 20.

Sobre a programação do MAM-BA (Av. Contorno, s/n°, Solar do Unhão) para os próximos meses, o diretor da instituição, Pola Ribeiro, relata que entre abril e agosto, além de ENCRUZILHADA o MAM terá o Acervo da Laje no Programa de Residências Artísticas, dois shows já previstos da ‘JAM no MAM’, três cursos gratuitos nas ‘Oficinas do MAM’, o projeto ‘Museu-Escola’ com a Secretaria de Educação, além de dezenas de atividades e pesquisas com professores e alunos da UFBA – via termo de cooperação assinado com o vice-reitor Paulo Miguez e uma parceria com a UNIJORGE para o segundo semestre.

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