
Há mais de duas décadas, a produtora cultural paraense Lívia Condurú acalenta o desejo de criar uma Bienal das Amazônias, que finalmente terá sua primeira edição neste ano, entre os dias 3/8 e 5/11, em Belém (PA) e outras cidades da Amazônia brasileira. Era um sonho sonhado a dois, ou melhor, a duas, com a amiga Yasmina Reggad, curadora do Pavilhão da França na 59ª Bienal de Veneza, ocorrida no ano passado, e cofundadora e curadora da ARIA (Artist Residency in Algiers). Yasmina atuará como diretora artística da exposição. Por ora, estima-se que participarão 115 artistas, e que a mostra alcance, até seu encerramento, um público total de cerca de 300 mil pessoas.
Desde sua origem, um dos pontos pacíficos do projeto é que a Bienal extrapolasse o ambiente institucional da arte, assumindo “espaços da rua, da urbanidade, para debater os usos que a gente faz da cidade a partir da arte”, conta Lívia. Para tanto, além de expor 20 obras públicas, em endereços diversos da capital paraense, a Bienal terá, como sede, não um museu ou centro cultural já consolidado no cenário artístico da cidade, mas uma antiga loja de departamentos, um espaço de quase 8 mil metros quadrados, cujo endereço ainda é mantido em segredo.
Lívia destaca que a Bienal estará falando a partir de um território que as pessoas, em geral, não visualizam como ele é de fato. “Há uma dinâmica um tanto exótica, como se na verdade nós nos reduzíssemos ao bioma. Quando pensamos o nome [da Bienal], já partimos de uma lógica de que não somos uma Amazônia, somos diversas. Somos, assim, um emaranhado de identidade, de culturas, que às vezes se encontram na diversidade, na adversidade e no desafio de resistir enquanto território”, pondera.
Lívia havia conhecido Yasmina em 2011, numa oficina que a curadora franco-argelina ministrou, durante o Paraty em Foco. No ano seguinte, Yasmina foi então a Belém, onde juntas delinearam as demais premissas da Bienal. Uma delas era estabelecer que a exposição não se limitaria à Amazônia Legal – que contém nove estados brasileiros –, mas abarcaria todos os oito países e a Guiana Francesa, um território ultramarino, que compõem a região. Outra proposta era reivindicar para os amazônidas as narrativas acerca de sua própria produção simbólica e artística.
“Temos uma produção absolutamente rica e contemporânea, e que ninguém olha, porque a nós parece que, aparentemente, foi legado apenas aquilo que se entende por artesania”, pondera Lívia. “E isso acaba nos tirando um pouco da dinâmica, da inteligência da construção de saberes importantes. Como se a gente tivesse sempre à espera desse salvador e desse salvamento, quando na verdade a gente tem as soluções”.
A primeira edição da Bienal das Amazônias deveria ter acontecido em 2021, mas o projeto enfrentou dois obstáculos: primeiro, sofreu com a demora para homologação de sua execução, com a perseguição à cultura empreendida pela gestão Bolsonaro; segundo, precisou ser adiada por causa do recrudescimento da pandemia, ainda naquele ano. Adiada para 2022, foi novamente cancelada, também devido a entraves relacionados à administração pública federal.
A produtora também ressalta que, outro interesse da Bienal, enquanto espaço e instituição artística, é gerar debate, “permitir que a população amazônida se enxergue e se fortaleça nessas metodologias de sobrevivência e de resistência”, diz. “Então, é importante para nós que esse público, que não é o público de arte propriamente dita – não porque não queira, mas porque às vezes não se sente pertencente a um espaço nacionalizado de arte, como os museus – tenha acesso a esse lugar. Porque ele transita nesse lugar, dia e noite, para trabalhar, para fazer suas compras etc.”.
CURADORIA
Ainda em sua gênese, a Bienal partiu do princípio de que não teria um curador solo, mas um coletivo curatorial. Foi decidido que ele se chamaria sapukai, segundo comunicado da Bienal, uma “palavra derivada da língua tupi que é traduzida em português para canto, clamor, grito”. Em seu recorte, a curadoria deveria ter como proposta incluir “questões como prazer, alegria, desejo, cobiça, violência e invisibilização históricas”.
Num primeiro momento, o coletivo era formado por quatro mulheres. Duas integrantes tiveram de sair do sapukai, entre elas a educadora, pesquisadora e curadora Sandra Benites, que no ano passado participou do VII Seminário Internacional, promovido pela arte!brasileiros em parceria com o Sesc. Sandra se afastou da função após a sua recente nomeação para ser a nova Diretora de Artes Visuais da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Saiu também a artista, pesquisadora e professora Flavya Mutran, que assumiu um cargo em uma instituição superior de ensino, que exigiu dedicação exclusiva. Permaneceram no coletivo a curadora, escritora, pesquisadora Keyna Eleison e a curadora e historiadora da arte Vânia Leal. Mas o arcabouço geral já estava definido pelo quarteto.
Para Lívia, era essencial que o sapukai fosse composto de mulheres. O projeto, afinal, é um projeto de mulheres, foram mulheres que criaram, salienta. “Foi uma escolha consciente, no sentido de que a gente vivencia um mundo muito violento. Se a gente pensar na Amazônia, a partir de uma lógica da invisibilidade, da violência e de uma série de exotismos, ela se parece muito com o corpo feminino ou feminilizado, dentro do fetiche. Partir de uma construção, nesse território, é simbólico e é importante”.
Na elaboração desta primeira edição da Bienal das Amazônias, as curadoras elegeram a palavra “bubuia”, termo comumente usado na região, como título e ponto de partida para sua conceituação curatorial. De origem tupi (bebui), a palavra pode ser entendida como o “ato ou efeito de boiar (bubuiar), flutuar sobre as águas”, ou ainda sobre “rotas movediças” e “marés flutuantes”, como sugere texto curatorial, em que “as noções de lugar, crença, identidade cultural e modelo econômico são fortemente deslocadas”.
Segundo o texto curatorial, o termo é diretamente inspirado “no dibubuísmo defendido por João de Jesus Paes Loureiro”, um “poeta-profeta” que “nos conduz pelos meandros do tempo e da memória do universo amazônico. Flutuar sobre as águas simboliza a conjugação perfeita de movimento e inércia em favor do prazer, da reflexão e da integração com o meio ambiente, e diz muito sobre a perseverança e resistência de quem habita a região”.
Ainda de acordo com o texto curatorial, Loureiro ressaltava que “a paisagem amazônica é composta de rio, floresta e devaneio, cuja compreensão se dá por meio de uma dupla realidade: imediata e mediata. A imediata seria uma de função lógica e objetiva. A mediata (que aqui nos interessa) de função mágica, encantatória, estética. A primeira edição desta Bienal das Amazônias é, portanto, um convite à mirada para este território a partir da superposição dessas duas realidades, à semelhança do que acontece durante a mirada de um rio em fluxo: ora o olhar se fixa no leito e suas pedras, ora na água em movimento, ora simultaneamente nas duas.”
Keyna foi convidada para o coletivo em 2021. A curadora destaca que a Bienal nasce como proposta de instituição, ou seja, “como algo que quer e, tomara, seja longevo. E num território não centralizado, de certa forma contra-hegemônico. Não só em relação ao Brasil, mas em relação ao continente e ao planeta, também. Dentro do Brasil, por exemplo, não é no norte que está a linha de pensamento. As Amazônias são um lugar de estudo de pesquisa, de desejo de proteção, mas não é dali que está saindo todo o conhecimento oficialmente. Sai do Rio de Janeiro ou de São Paulo”, argumenta.
Para Keyna, seu trabalho em campo trouxe apenas boas surpresas – mas ela lamenta que sejam surpresas. “Enquanto pesquisadora e curadora, é uma pena que a gente não se articule tanto enquanto territórios vizinhos. A gente tem que brigar muito por essa articulação com os países que nos contornam, mesmo com os latinos mais conhecidos ou, nem que seja, apenas os territórios amazônicos latinos. Não vou dizer que a pesquisa tenha sido feita num formato de guerrilha, mas foi preciso ter uma força de vontade muito maior”.
Sobre a escolha do termo bubuia, Keyna afirma que a palavra aponta, também, para uma ideia de estratégia: “Para boiar no rio Amazonas, é importante você ter um corpo, um conhecimento muito forte, tem que estar muito alerta”. Usando-o como título e conceito, continua a curadora, “a gente traz uma ideia de posicionamentos estratégicos em tempos de guerra, para desenvolvimento do prazer, para proteção de desejos, para que a gente siga podendo sorrir”, explica. “Tem uma ligação muito forte com vida, com práticas que trazem vida, mas que não impedem o reconhecimento da estrutura, das violências que podem nos machucar, nos ferir”.
A partir daí, foram desenvolvidos seis eixos que orientam a curadoria: fontes vitais cambiantes, que traz referências a um centro de culto religioso para o povo inca, com particular atenção e dedicação à água; cisão de contrato, “uma tomada de consciência dos pactos e estruturas (sociais, econômicas, raciais e estruturais) que regem nossa existência”; poder de compartilhar, que se debruça sobre políticas de compartilhamento e práticas artísticas coletivas; clima(x) t(r)emor, “eixo que acata a ideia de que é impossível dar conta de um ‘todo'”; vidas linguagens, que “reconhece as distintas verdades, vidas e linguagens propostas por diferentes cosmovisões”; e, por fim, encontros de desejos, “eixo que vai afirmar as escolhas da curadoria como uma finalidade para construção desse corpo–expositivo”.
“A partir desses eixos, a gente assume formas que já existem de proteção, que a Amazônia tem, que não dependem de iniciativas vindas de fora, de um governo, por exemplo, mas, sim, das populações, de conhecimentos, de práticas que já acontecem desde muito antes, dentro das relações das populações originárias, das nações originárias, e que seguem até hoje”, analisa Keyna.
A curadora conta que a Bienal trará, por exemplo, práticas que normalmente estariam num campo antropológico, mas que são vistas hoje como objetos de arte. “Algumas performances, que são objetos que têm cheiro, que têm som, vão estar sendo colocadas ali como um ritual para a Bienal. Os termos artísticos são bem limitadores, mas a gente pode chamá-los de instalações, além de terem um caráter performático”, explica.
Para Keyna, o mercado das artes vem se apropriando, nos últimos anos, da produção indígena, o que é colocado também como um desafio para as curadoras. “Mas as próprias bienais se colocam nesse desafio, de articular mercado, intelectualidade, posicionamentos geopolíticos de uma forma muito potente. E eu, apesar de ser a gringa aqui, a sudestina, carioquésima, quero trazer a potência política que uma bienal tem. A gente quer atrair colecionadores nacionais e internacionais, a universidade, os políticos etc., para ver essa proposta a que costumamos chamar, como lema, de ‘nada sobre nós, sem nós'”.
Prossegue Keyna: “A gente não está querendo brigar com o mercado, pegar nada de volta. Mas falar ‘beleza, já entendemos, agora venham para cá, ver que também é gostoso’. E não a partir de uma peleja. A gente quer dançar junto. É uma proposta de festa, é uma proposta de prazer”.
Nascida em Macapá, mas moradora de Belém há 30 anos, a curadora Vânia Leal conta que já tinha a experiência de mapear artistas na Amazônia Legal a partir de um projeto feito em 2002, com o Itaú Cultural. A partir desse conhecimento, afirma que, por a Amazônia ser um lugar de violentação – “de que fazem parte o ciclo da madeira, a cobiça pela nossa biodiversidade, a exploração desenfreada de nossos minérios, de nossa fauna e flora, a morte no campo” –, a questão incide significativamente no sistema da arte na região. “Há uma reverberação não-cliché, mas crítica, em todas as linguagens da arte”, diz.
Vânia explica que, a partir de sua pesquisa de campo, está trazendo um núcleo de artistas de uma Amazônia profunda, que está “fincado lá na floresta, não é representado por galeria, não está num salão de arte, mas tem uma experiência artística inquestionável”.
“Não são nomes legitimados por um sistema de galerias, de bienais etc. Eles estão fora desse grande circuito da arte hegemônica. É o mateiro, o indígena, o quilombola, o caiçara, o ribeirinho, o afro-indígena. Todos esses povos que habitam as Amazônias”, diz. “Há uma comunicação planetária, a gente sabe disso. Aproximações que só a arte convoca. Mas tem um modus operandi muito particular aliado à cultura de cada lugar, mesmo. Eles têm um maneirismo tão seguro, tão próprio, que ele é descolado de códigos hegemônicos. Até mesmo os materiais, de que estes fazedores de cultura lançam mão, os diferencia, por causa de sua origem”.
A curadora ressalta que a região vive, ainda, um processo de muita invisibilidade. “Às vezes, a seta vira para cá, mas por conta de uma pauta, por exemplo, de representatividade. É preciso ainda, pedagogicamente, ter uma cota, até que o eixo centro-sul se acostume e nos coloque num pé de igualdade de discussão crítica, de percepção, de conhecimento de um lugar”, argumenta. “Eu vislumbro uma grande abertura de caminho, para apresentar estes artistas, levantar esta discussão ao nível de uma Bienal. E que as pessoas vejam aqui um sistema de arte consolidado.”
SERVIÇO
1ª Bienal das Amazônias
De 3/8 a 5/11 de 2023
Direção executiva: Lívia Condurú
Direção artística: Yasmina Reggad
Curadoria: Flavya Mutran, Keyna Eleison, Sandra Benites e Vânia Leal
Endereços e horários de visitação a serem divulgados
Detalhes
Detalhes
Depois de atrair quase 1 milhão de visitantes com a exposição “Dos Brasis – arte e pensamento negro” – considerada uma das maiores mostras dedicadas exclusivamente à produção negra nacional -, o Centro Cultural Sesc Quitandinha, em Petrópolis, abrirá, neste sábado (24/5), um novo projeto expositivo que promete grande repercussão. Trata-se de “Insurgências Indígenas: Arte, Memória e Resistência“, que reunirá obras e performances de artistas indígenas aldeados de diferentes partes do país.
A mostra será aberta em etapas – ou em “fogueiras”, terminologia utilizada pela curadoria do projeto. Ela é assinada pela antropóloga e ativista indígena Sandra Benites e pelo curador-chefe do Museu de Arte do Rio (MAR), Marcelo Campos, com a assistência de Rodrigo Duarte, artista visual e ativista socioambiental. O termo fogueiras (TATA YPY, a origem do fogo, em guarani) faz referência às práticas culturais ancestrais de reunião ao redor do fogo. Para a mostra, a palavra se refere aos encontros e debates que abrem cada etapa da exposição.
“É nas fogueiras que há compartilhamento e diálogo aquecido pela força e afeto. É o lugar de encontro de uma comunidade, um lugar de debate, tomadas de decisões, recontar nossas histórias e acordar memórias”, explicam os curadores.
Andrey Guaianá e debate com lideranças indígenas
A primeira fogueira, neste sábado (24/5), será marcada pela inauguração da obra comissionada de Andrey Guaianá Zignnatto, na Galeria Brasil, e por uma conversa entre público, artistas e lideranças indígenas no Salão das Convenções. Participarão Lutana Kokama, Vanda Witoto, Iracema Gãh Té Kaingang e Alice Kerexu Takua, além da curadora Sandra Benites. A atividade, que acontece das 14h às 17h, tem entrada franca. Também haverá transmissão ao vivo através de um link que será disponibilizado em www.sescrio.org.br.
Nascido em Jundiaí (SP), descendente de povos Tupinaky’ia e Gûarini, Andrey é reconhecido por trabalhos que fazem referência ao universo do labor. Neto de pedreiro, do qual foi ajudante quando criança, Andrey utiliza em suas obras materiais como sacos de cimento, tijolos, juntas de argamassa e fragmentos e sobras de intervenções urbanas. Sua intenção é provocar uma reflexão sobre a relação instável e dinâmica que o ser humano estabelece com o meio que o cerca.
Diversidade de povos
A fogueira seguinte será no dia 7 de junho, com o desenvolvimento das obras comissionadas, ou seja, desenvolvidas exclusivamente para a mostra. O público poderá acompanhar o processo de criação dos trabalhos, que envolverá instalações, pinturas e ilustrações. As peças serão criadas por artistas e coletivos de Amazonas, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, dos povos Desana, Baniwa, Anambé, Guarani Nhandeva, Xavante, Guarani, Mbya e Karapotó.
A composição do projeto prossegue no dia 10 de julho, coincidindo com o Festival Sesc de Inverno, quando serão apresentadas obras audiovisuais, incluindo mapping, e inaugurada a obra da artista Tamikuã Txihi no entorno do lago Quitandinha. Para o dia 9 de agosto está prevista a última fogueira, que completa a exposição, com obras que remetem à arte e à memória. A mostra se estenderá até fevereiro de 2026.
Serviço
Exposição | Insurgências Indígenas: Arte, Memória e Resistência
De 24 de maio a 24 de fevereiro
Terça a domingo e feriados, das 10h às 16h30
Período
24 de maio de 2025 10:00 - 24 de fevereiro de 2026 16:30(GMT-03:00)
Local
Centro Cultural Sesc Quitandinha
Avenida Joaquim Rolla, 2, Petrópolis, Rio de Janeiro - RJ
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Claudia Andujar é um paradigma internacional de humanismo construído ao longo de décadas de dedicação a seu trabalho com a fotografia. Seu foco sempre esteve, sobretudo, nos
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Claudia Andujar é um paradigma internacional de humanismo construído ao longo de décadas de dedicação a seu trabalho com a fotografia. Seu foco sempre esteve, sobretudo, nos segmentos da população brasileira que viveram à margem da vida, como os migrantes nordestinos, mulheres, afrodescendentes e indígenas do Brasil, entre outros. Nascida numa família judia em 12 junho de 1931 em Neuchâtel na Suíça. Quando ela tinha 5 anos sua família se mudou para a Hungria. Grande parte de sua família era judia. Seu pai foi aprisionado pelos nazistas e morreu num campo de concentração. Com sua mãe, a jovem Claudia se exilou em Nova York durante a Segunda Guerra Mundial, em fuga do Holocausto. Claudine Haas se tornou Claudia Andujar ao se casar com o espanhol Julio Andujar nos Estados Unidos. Em 1955, ela veio morar em vieram para São Paulo.
Desde a infância, Claudia Andujar escrevia poemas e depois passou a pintar até que descobriu a fotografia. “Na pintura, eu me fechava. Na fotografia, eu me abri” Sua entrega política mais surpreendente foi em prol da mudança da consciência coletiva sobre a violência das formas de hegemonia imperantes no país, por grupos que chegaram ao ponto de praticar o genocídio, como no caso dos garimpeiros historicamente espoliados de suas terras e bens e eliminados como povos.
Para Claudia Andujar, a fotografia foi sua arma de “violentação da violência” social, dimensão tomada emprestada de Michel Foucault. O regime ótico de sua produção foi primeiramente marcado pelo compartilhamento de valores éticos necessários ao olhar de compaixão, simpatia e aliança com os dominados e à defesa da vida. Só depois, caberia pensar na excelência estética de sua fotografia.
Sustentabilidade. A conservacionista Claudia Andujar colocou sua câmera a serviço da natureza. Sua produção fotográfica denunciou diante do mundo o genocídio dos povos indígenas da América do Sul, o genocídio, a espoliação das terras e dos saberes indígenas, o garimpo ilegal, inclusive como o envenenamento dos rios amazônico pelo uso do mercúrio.
Ciência. Aconselhada por Darcy Ribeiro, Claudia Andujar se encaminhou para documentar sociedades indígenas sobre o prisma do conhecimento antropológico, incluindo a vida simbólica e a cultura material dos povos originários. Claudia Andujar compõe uma história de mais de 150 anos de emprego da fotografia nesse processo investigativo, ao lado de Sebastião Salgado, Milton Guran, Elza Lima, entre outros – aqui referidos por conta da dimensão estética de suas imagens.
Espiritualidade. Em seus primórdios, algumas sociedades não brancas, consideravam que a fotografia “roubava a alma” dos retratados. Ademais, as sociedades indígenas foram catequizadas por missionários católicos, uma guerra simbólica hoje acirrada pelo exacerbado proselitismo de seitas evangélicas. O delicado respeito ético de Claudia Andujar pelas diferenças e especificidades das crenças resultou numa “arte sacra” sui generis ao registrar com formidável qualidade plástica cerimônias, adereços ritualísticos, cerimônias como a da ingestão dos alucinógenos religiosos, observando teogonias e unidade entre todos os seres que compõe a terra: água, pedras, montanhas, vegetais, animais, um reino da natureza no qual os humanos se inscrevem sem hierarquização de qualquer espécie.
Serviço
Exposição | Claudia Andujar e seu Universo
De 18 de julho a 04 de novembro
Quinta a terça-feira, das 10h às 18h
Período
18 de julho de 2025 10:00 - 4 de novembro de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
Museu do Amanhã
Praça Mauá, 1 - Centro, Rio de Janeiro - RJ
Detalhes
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O IMS Paulista abre a mostra Paiter Suruí, Gente de Verdade: um projeto do Coletivo Lakapoy. A exposição apresenta um acervo inédito de fotografias familiares tiradas majoritariamente pelo povo indigena Paiter Suruí, reunidas e digitalizadas pelo Coletivo Lakapoy. Esse acervo inclui cenas e retratos tirados desde a década de 1970, quando as câmeras chegaram ao território pelas mãos de missionários, mas passaram a ser utilizadas pela população local para registrar seu dia a dia. Além do acervo histórico, a exposição apresenta fotos e vídeos atuais, reforçando o papel da fotografia como importante ferramenta de afirmação dos direitos indígenas.
As imagens do acervo histórico estavam armazenadas nas casas das famílias, guardadas em álbuns, caixas e estantes das diferentes aldeias do território indígena, localizado entre os estados de Rondônia e Mato Grosso. Para preservá-las, o Coletivo Lakapoy – grupo formado por comunicadores indígenas, com o apoio de não indígenas, com o objetivo de fortalecer a cultura Paiter Suruí – reuniu, catalogou e digitalizou as fotografias. Em 2021, o projeto foi publicado na revista ZUM e, em 2023, selecionado pela Bolsa ZUM/IMS, de fomento à produção artística. O resultado dessa pesquisa agora se desdobra nesta exposição, que ocupa o 6º andar do IMS Paulista, com entrada gratuita. (Saiba mais sobre o Coletivo Lakapoy no serviço.)
A mostra tem curadoria da líder e ativista Txai Suruí, que integra o Coletivo Lakapoy, da arquiteta, pesquisadora e curadora Lahayda Mamani Poma e de Thyago Nogueira, coordenador da área de Arte Contemporânea do IMS, além de supervisão do cacique-geral Almir Narayamoga Suruí, nome fundamental da história da luta indígena no Brasil. No sábado (26/7), às 11h, os curadores participam de uma conversa com Almir Suruí e Ubiratan Suruí, do Coletivo Lakapoy, no cinema do IMS Paulista. No domingo (27/7), às 15h, um grupo de anciãos do povo Paiter Suruí conduz uma atividade sobre os cantos tradicionais da sua cultura. Os eventos são gratuitos e abertos ao público.
Na exposição, o público encontra reproduções de cerca de 800 fotografias analógicas, da década de 1970 até 2000, que documentam o dia a dia do território, registrando aniversários, casamentos, batizados e competições esportivas, mas também os desafios decorrentes dos contatos com os não indígenas. Este acervo histórico ocupa todas as paredes da exposição, transformando-as em um grande álbum de família, composto de registros informais e pessoais.A mostra apresenta ainda cerca de 20 retratos recentes do povo Paiter Suruí tirados em maioria por Ubiratan Suruí, primeiro fotógrafo profissional do povo e integrante do Coletivo Lakapoy, além de depoimentos e vídeos dos influencers Oyorekoe Luciano Suruí e Samily Paiter. A exposição também apresenta redes, cestos e colares produzidos pelas artesãs do território, valorizando o conhecimento ancestral e artístico das mulheres Paiter Suruí.
Contatados oficialmente pela Funai em 1969, os Paiter Suruí resistiram a invasões, doenças e à omissão governamental até obterem, em 1983, a homologação da Terra Indígena Sete de Setembro, localizada entre os estados de Rondônia e Mato Grosso. Hoje, são aproximadamente 2.000 pessoas, distribuídas em mais de 30 aldeias. Com um modo de vida integrado à floresta amazônica, mas também profundamente transformado desde o contato com a sociedade não indígena, os Paiter Suruí seguem lutando para garantir sua soberania e a integridade de seu território, ameaçado pelo garimpo, pela pecuária e pelo extrativismo predatório. A fotografia e as redes sociais, entre outras ferramentas tecnológicas, foram apropriadas pela juventude como formas de difundir sua cultura, denunciar invasões e fortalecer a resistência.
Txai Suruí comenta a exposição e a importância de preservar essa memória: “A vontade de guardar, registrar e contar a história do povo Paiter Suruí é um sonho que agora se realiza, antes de os últimos anciãos nos deixarem, antes de essa história se ocultar de vez em algum canto esquecido do tempo, na memória dos que viveram essa saga. […] Com as câmeras nas mãos, vemos um olhar diferente daqueles que vieram de fora, podemos notar a espontaneidade e naturalidade de quem tira fotos para um álbum de família. São imagens cheias de amor, carinho e afetividade, mas também de conhecimento, de amor à humanidade e à natureza, de orgulho de pertencer ao povo Paiter Suruí.”
A maioria das pessoas retratadas nas imagens foram identificadas e contatadas, autorizando a reprodução das fotos, num movimento de propor novas lógicas de construir, guardar e expor acervos indígenas, como pontua a curadora Lahayda Mamani Poma: “De modo geral, o contato entre instituições de arte e culturas originárias abre não apenas para conhecimento de novas produções e linguagens artísticas, mas para a reflexão sobre modos de fazer museologia”.
O curador Thyago Nogueira também ressalta que o acervo é um “documento inédito da história Paiter Suruí, muito diferente das imagens oficiais e etnográficas produzidas sobre os povos indígenas brasileiros”. Segundo o curador do IMS, “montar um acervo visual de um povo é uma forma de refazer laços e dinamizar a própria cultura, criando pontes entre as novas e velhas gerações. É também uma forma de mostrar que as fotografias atuam como ferramenta de resistência e afirmação − uma estratégia que pode interessar a outros povos indígenas e grupos minorizados ou excluídos de sua própria história”.
Essa lógica aparece nas legendas da exposição, elaboradas coletivamente pelos Paiter Suruí, com coordenação de Ubiratan Suruí (ver exemplo abaixo). Essa opção reforça o trabalho coletivo, em contraponto à ideia de autoria individual, já que é frequentemente difícil determinar quem bateu cada foto, pois a câmera circulava entre várias mãos. Outro aspecto importante é a presença de intervenções manuais nas fotografias. Rasuras, desenhos e anotações mostram que estas fotografias são fragmentos de memória vivos, e não apenas documentos do passado.
Ubiratan Suruí, integrante do Coletivo Lakapoy, comenta o processo de construção deste acervo: “Essas fotos foram coletadas nas casas de vários Paiter. Quando muitas delas foram feitas, eu era apenas uma criança. Assim, para entender melhor o que estava vendo e o porquê de cada registro, passamos a ir atrás dos personagens ou seus familiares. Às vezes, a fotografia era brincadeira de criança ou até um disparo acidental de alguém que não estava tão acostumado com a câmera. Mas, como a máquina era analógica, com a limitação dos filmes, a maioria dos cliques era de momentos realmente importantes.” Segundo o fotógrafo, o “acervo catalogado já passou das centenas de registros, e cada um deles traz outra centena de narrativas. Quando um álbum novo é encontrado na aldeia, vários parentes se sentam em volta dele para trocar relatos e lembrar do passado.”
Ubiratan é o autor de parte das fotos contemporâneas exibidas na mostra, tiradas a partir de 2024. As imagens mostram o cotidiano atual das aldeias do território Paiter Suruí, marcadas tanto por costumes tradicionais quanto por novas sociabilidades e pelo uso das tecnologias. A exposição traz também vídeos de entrevistas com lideranças e integrantes da comunidade, como Almir Narayamoga Suruí. Nos depoimentos, as pessoas falam da importância do acervo e comentam temas como política, espiritualidade e alimentação.
Outro destaque, feito especialmente para a exposição, é uma projeção audiovisual que documenta o contato de anciãos do território com as imagens históricas do fotógrafo Jesco von Puttkamer. Jesco participou do contato da Funai com os Paiter Suruí na virada dos anos 1960 para os 1970, e, ao longo da vida, reuniu um dos acervos audiovisuais indígenas mais importantes do país, depositado no IGPA da PUC Goiás. A maioria dos Paiter Suruí, no entanto, nunca havia visto as imagens, que retornaram ao território pela primeira vez depois de uma colaboração entre o Coletivo Lakapoy e o IGPA da PUC Goiás.
Em cartaz até 2 de novembro, a exposição apresenta ao público um conjunto inédito de imagens de grande importância histórica e política. Trata-se de um acervo em expansão, que, em 2026, também será exposto no próprio Território Sete de Setembro.
Serviço
Exposição | Paiter Suruí, Gente de Verdade
De 26 julho a 2 novembro
Terça a domingo e feriados das 10h às 20h (fechado às segundas).
Última admissão: 30 minutos antes do encerramento.
Período
26 de julho de 2025 10:00 - 2 de novembro de 2025 20:00(GMT-03:00)
Local
IMS - Instituto Moreira Salles
Avenida Paulista, 2424 São Paulo - SP
Detalhes
A exposição Tableau, de Valeska Soares, na Fortes D’Aloia & Gabriel, em São Paulo, apresenta obras novas e recentes que exploram temas como ausência, presenças fantasmagóricas, impermanência e erotismo. O
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A exposição Tableau, de Valeska Soares, na Fortes D’Aloia & Gabriel, em São Paulo, apresenta obras novas e recentes que exploram temas como ausência, presenças fantasmagóricas, impermanência e erotismo. O título alude à dimensão narrativa do trabalho de Soares, em que cada obra funciona como um fragmento de uma trama maior. O significado permanece aberto à interpretação, mas os enigmas e ambiguidades tecem uma rede de alusões que conectam e aprofundam muitas de suas preocupações conceituais de longa data: as tensões entre visão e som, memória e apagamento, objeto e desejo.
A mostra é composta por três núcleos distintos. Na série Blindface (2025), um desdobramento de sua produção anterior Doubleface, Soares utiliza imagens descartadas de nus femininos, montando-as de verso para frente sobre chassis e cortando a tela para revelar fragmentos de paisagens e corpos. A obra lida com visibilidade e ocultamento: o que é mostrado está sempre em relação com o que é escondido ou apagado. Na instalação calling (2025), um sino de bronze fundido no formato de uma maçã está suspenso sobre uma grande mesa de madeira. Um mecanismo oculto põe o sino em movimento em intervalos irregulares, produzindo um tilintar suave que rompe brevemente o silêncio. A obra se desdobra no tempo, sugerindo um chamado ou sinal que permanece sem resposta. A transformação da maçã em sino combina ideias de atração e interrupção, marcando o tempo através do som em vez do movimento.
Em outra parte da exposição, esculturas de bronze de utensílios domésticos, como uma vassoura, uma brocha e um rodo, são apresentadas em posições estáticas e improváveis. Esses objetos parecem animados, mas intocados, sugerindo uma ruptura com sua função original. Em Upside-down (2024), um vaso de bronze é invertido, equilibrando-se sobre suas flores e folhas, subvertendo um objeto decorativo familiar e transformando-o em uma estrutura que resiste ao uso para o qual foi concebida. Em conjunto, as obras da exposição apontam para deslocamentos sutis na forma como percebemos o trabalho, a memória e a presença no espaço doméstico.
Serviço
Exposição | Tableau
De 30 de agosto a 18 de outubro
Terça a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 10h às 18h
Período
30 de agosto de 2025 10:00 - 18 de outubro de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Galpão Fortes D'Aloia & Gabriel - SP
Rua James Holland 71, Barra Funda, São Paulo
Detalhes
A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de anunciar a exposição Onda Avalanche Vulcão, uma série de fotografias colaborativa de Mauro Restiffe e Maria Manoella. Este novo conjunto de obras
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A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de anunciar a exposição Onda Avalanche Vulcão, uma série de fotografias colaborativa de Mauro Restiffe e Maria Manoella.
Este novo conjunto de obras apresenta uma exploração sensível da relação entre o corpo humano e a paisagem natural. A série reúne retratos íntimos e eróticos junto a fotografias dos vastos ambientes percorridos pelos artistas, registrando o desejo e o tempo como elementos centrais da criação de imagens. Juntas, essas fotografias estabelecem um diálogo simbólico entre a corporeidade e as forças da natureza.
As imagens mostram corpos revelados e sugeridos que operam como metáforas para os processos de transformação observados no mundo físico. Montanhas cobertas de neve, cachoeiras, gêiseres e formações rochosas aparecem ao lado dessas figuras, evocando ideias de desejo e erupção por meio de suas transformações viscerais. Tanto o sexo quanto essas paisagens selvagens implicam certo grau de volatilidade e incontrolabilidade.
No centro da série está a ênfase na experiência sensorial como forma de apreensão do mundo. O erotismo se manifesta a partir da textura e da luz, em diálogo com o drama físico do contato amoroso e da presença atmosférica. A esfera íntima do envolvimento tátil e das sugestões de toque e sensação interagem com as amplas dimensões físicas e temporais das paisagens, moldando correspondências sensuais entre formas humanas e geológicas.
Um livro de artista homônimo, publicado pela Familia Editions, será lançado no dia da abertura (30.08).
A visitação é recomendada para maiores de 18 anos.
Serviço
Exposição | Onda Avalanche Vulcão
De 30 de agosto a 18 de outubro
Terça a sexta. das 10h às 19h, sábado, das 10h às 18h
Período
30 de agosto de 2025 10:00 - 18 de outubro de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Galpão Fortes D'Aloia & Gabriel - SP
Rua James Holland 71, Barra Funda, São Paulo
Detalhes
Como se constrói uma exposição de arte? Qual o papel de um curador de uma coleção? Na 69ª edição do programa Ocupação Itaú Cultural, somos convidados a conhecer a trajetória
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Como se constrói uma exposição de arte? Qual o papel de um curador de uma coleção? Na 69ª edição do programa Ocupação Itaú Cultural, somos convidados a conhecer a trajetória de um dos mais importantes pesquisadores das artes no Brasil, o curador, gestor cultural, crítico de arte e artista Paulo Herkenhoff.
A mostra – com curadoria de Leno Veras e da equipe do Itaú Cultural – apresenta documentos, fotografias, livros, obras de arte e diversos de seus cadernos de anotação para se debruçar sobre três aspectos fundamentais do trabalho de Paulo: o colecionismo, a curadoria de exposições e a edição de publicações de arte.
Nascido em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, nosso homenageado tem um trabalho marcado pela investigação profunda da história da arte, da cultura e de seus protagonistas; pela tessitura de redes de saber e pelas ações estruturantes em museus e organizações nas quais atua, sempre preocupado com o fortalecimento das bases que sustentam as instituições culturais, garantindo sua perenidade e permanência. Como gestor e crítico, se engaja na construção de coleções e análises críticas que olhem e representem, de fato, a multiplicidade que constitui o país, e a transmissão de seus saberes inerentes.
Na juventude, ainda em Cachoeiro de Itapemirim, Paulo Herkenhoff cresceu imerso em uma escola criada e gerida por sua família. Foi nela onde começou a trabalhar na biblioteca aos 10 anos, ministrou aulas aos 14 e montou sua primeira curadoria, uma mostra dedicada ao estado da Paraíba, aos 6 anos. Frequentou a Escolinha de Arte de Cachoeiro de Itapemirim, fundada por Isabel Braga em 1950 e, na década de 1970, foi aluno do artista Ivan Serpa. Foi inclusive enquanto aluno de Serpa que Paulo começou a carreira artística. Sua receptividade foi imediata, sendo premiado no Salão Universitário da PUC-Rio, no Salão de Verão, na exposição Valores Novos e na VII Jovem Arte Contemporânea. Nessa mesma década participou da Bienal de Veneza e da Bienal de Paris.
Seu sonho, desde a juventude, era trabalhar com diplomacia, que o leva a cursar Direito, carreira que deixaria de lado anos mais tarde para se dedicar à cultura e à arte. Foi Curador-chefe do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), Diretor Cultural do Museu de Arte do Rio (MAR), também com passagens pelo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), pelo Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro (MNBA) e muitas outras organizações dentro e fora do Brasil. Foi responsável por curadorias que ficaram para a história da arte brasileira, como a 24ª Bienal Internacional de São Paulo, conhecida como a “Bienal da Antropofagia”; o Pavilhão brasileiro da 47ª Bienal de Veneza (Itália), o Salão Arte Pará, em dezenas de edições; o Tempo, no MoMA (Nova Iorque); Vontade Construtiva na Coleção Fadel, no MAM-RJ; entre outras. No Itaú Cultural, foi curador das mostras Investigações: o trabalho do artista (2000), Trajetória da Luz na Arte Brasileira (2001), Caos e Efeito (2011), Modos de Ver o Brasil: 30 anos do Itaú Cultural (2017) e Sandra Cinto: das Ideias na Cabeça aos Olhos no Céu (2020).
Além da exposição, a Ocupação Paulo Herkenhoff conta com um site e uma publicação – disponíveis na data de abertura – que expandem e aprofundam os conteúdos trabalhados na mostra, com textos do próprio homenageado, além de depoimentos de parceiros e pesquisadores sobre o legado de sua atuação para a arte brasileira.
Serviço
Exposição | Ocupação Paulo Herkenhoff
De 30 de agosto a 23 de novembro de 2025
Terça a sábado, das 11h às 20h, domingos e feriados, das 11h às 19h
Período
30 de agosto de 2025 11:00 - 23 de novembro de 2025 20:00(GMT-03:00)
Local
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, Sâo Paulo - SP
Detalhes
A nova exposição de Iván Argote “Arroz com feijão” na Vermelho presta homenagem à cultura popular sul-americana a partir de uma investigação crítica da tradição dos monumentos. No lugar de
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A nova exposição de Iván Argote “Arroz com feijão” na Vermelho presta homenagem à cultura popular sul-americana a partir de uma investigação crítica da tradição dos monumentos. No lugar de erguer memoriais a heróis notáveis, Argote monumentaliza a cultura compartilhada a partir de elementos cuja história foi elaborada pela ressignificação de ideias impostas por culturas dominantes.
A reelaboração das narrativas hegemônicas se inicia do lado de fora da galeria, no pátio, recebendo os visitantes. Em Antípodo: Curupira – uma monumental escultura em concreto pigmentado de 3 metros de altura – Argote celebra o Curupira, figura do folclore brasileiro que é protetor das florestas e dos animais, e que pode ser interpretado como uma reelaboração crítica da noção de “antípoda” elaborada pelos colonizadores europeus.
Desde a Antiguidade, a ideia de que os habitantes do hemisfério sul viveriam “invertidos” em relação ao norte foi mobilizada para sustentar uma visão hierarquizante e racializada do mundo, em que a diferença geográfica era convertida em signo de alteridade inferiorizada. Os pés voltados para trás do Curupira ecoam diretamente essa lógica de inversão, mas deslocam seu sentido: em vez de signo de inferioridade, tornam-se estratégia mítica de proteção da floresta. Ao caminhar pela mata, o Curupira deixa pegadas invertidas, fazendo caçadores e exploradores se perderem. Assim, o que, na leitura colonial, era marca de estranhamento e desumanização, no mito ganha um valor nobre, de astúcia e resistência, apropriando-se e subvertendo um imaginário imposto para criar uma entidade que inverte não apenas os pés, mas também a hierarquia simbólica entre colonizador e colonizado.
A escultura tem como fundo a fachada da galeria, onde Argote realizou uma imponente pintura mural que combina texto e formas vegetais. A imagem é composta por plantas nativas, como o feijão, espécies especulativas – inventadas por ele – e espécies invasoras, como o arroz. Plantas invasoras são espécies não nativas de um determinado local que, ao serem introduzidas, se adaptam tão bem que se espalham de forma agressiva. Elas competem por recursos com as plantas nativas, o que pode causar desequilíbrios no ecossistema.
Em meio a essa vegetação hipotética, Argote escreveu “COM A BOCA”. A frase é fragmentada em duas partes (COM A em cima, e BOCA embaixo), criando uma dupla leitura possível. A primeira (COM A BOCA) refere-se ao alimentar-se; a segunda (COMA BOCA), ao alimentar-se do outro. Na escala da fachada, o texto se torna um lema ou um slogan, em que comer pode ser lido como a possibilidade antropofágica de incorporar e ressignificar o outro.
Da entrada até a sala principal, Arroz com feijão, série que dá nome à exposição, engrandece a dupla de grãos que constitui a base da alimentação do Brasil e de grande parte da América Latina. As esculturas são versões ampliadas de grãos de arroz e de feijão, feitas artesanalmente em faiança, e se distribuem horizontalmente pela sala principal da Vermelho, rompendo com a tradicional verticalidade dos monumentos a figuras masculinas.
A obra se fundamenta na ideia de Ternura Radical, conceito que Argote vem desenvolvendo ao longo de sua carreira, em que propõe a construção de outras narrativas possíveis sobre a história, capazes de gerar relações de convivência com o diferente a partir de uma visão compartilhada do passado.
Nesse sentido, Argote presta homenagem à sabedoria popular que uniu o arroz e o feijão para formar um alimento que não apenas reúne pessoas em torno da mesa, mas que também constitui uma das combinações nutricionais mais ricas. A união dos grãos, contudo, carrega um potente simbolismo cultural.
Essa combinação, hoje tradicional, surgiu do encontro de diferentes matrizes culturais. O feijão, cultivado há milênios pelos povos indígenas, já era alimento essencial do Caribe ao extremo sul da América; o arroz, por sua vez, foi introduzido pelos colonizadores europeus e difundido sob a exploração do trabalho de escravizados de origem africana. A introdução visava abastecer as crescentes demandas alimentares e comerciais da Europa. Gradualmente, o consumo conjunto se espalhou, adaptou-se às particularidades regionais e consolidou-se como referência da dieta latino-americana. Embora o prato reflita desigualdades históricas, ele expressa a criatividade popular diante das adversidades de estruturas persistentes de exclusão que dificultam a ampliação e a democratização do acesso à alimentação.
No segundo andar da exposição, o mesmo tipo de articulação pictórica da fachada pode ser visto na série de pinturas em seda Breathings [Respirações]. Aqui, as frases combinadas à vegetação fazem referência ao existir junto, a fluidos corporais e a canções populares. São frases como “O que flui por dentro”, “Caminhar da tua mão” e “Com a boca de feijão”. Todas estão instaladas sobre uma pintura mural que amplia a folhagem da fachada, construindo um horizonte de ideias de afeto, de dilatação do tempo e do conviver.
Para observar essa paisagem, Argote instalou na sala um conjunto de cadeiras coloridas chamadas Pájaros [Pássaros]. São cadeiras de balanço que celebram modelos que podem ser vistos em várias partes do Brasil e da Colômbia, mas aqui são construídas em duplas ou trios. Cada cadeira é ladeada por outra, virada para lados opostos, como namoradeiras. As cadeiras foram feitas para o compartilhar e para ver o tempo passar – para uma pausa conjunta. Embora estejam voltadas para direções opostas, permitem ver o parceiro de balanço, unindo lados contrários no mesmo ritmo, no mesmo tempo, juntos.
Serviço
Exposição | Arroz com feijão
De 02 de setembro a 10 de outubro
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 17h
Período
2 de setembro de 2025 10:00 - 10 de outubro de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Vermelho
Rua Minas Gerais, 350, São Paulo - SP
Detalhes
Em Jonathas de Andrade: Permanência Relâmpago, primeira exposição de Jonathas de Andrade (n. 1982, Maceió, Brasil) na galeria Nara Roesler São Paulo, o artista apresenta um novo corpo de trabalho com obras
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Em Jonathas de Andrade: Permanência Relâmpago, primeira exposição de Jonathas de Andrade (n. 1982, Maceió, Brasil) na galeria Nara Roesler São Paulo, o artista apresenta um novo corpo de trabalho com obras totalmente inéditas em torno dos jangadeiros e canoeiros de Alagoas – sujeitos que fazem sua vida e trabalho através do mar do litoral e do Rio São Francisco, no sertão – e a relação com cores e abstração presentes nas velas e barcos.
Com curadoria de José Esparza Chong Cuy, diretor-executivo e curador-chefe da Storefront for Art and Architecture, em Nova York, Permanência Relâmpago abrange três conjuntos de obras dentro deste universo a que Jonathas de Andrade vem se dedicando nos últimos meses. Entre eles, estão trabalhos da pesquisa em andamento do artista para um comissionamento feito pelo Victoria and Albert Museum, em Londres, a convite de Catherine Troiano, curadora do departamento de fotografia da instituição. Em novembro de 2025, as obras produzidas por Jonathas de Andrade nesta pesquisa serão exibidas no V&A, quando passarão a integrar a coleção do Museu.
O título da mostra se refere ao nome de uma das jangadas fotografadas pelo artista, e que traduz poéticamente aspectos das vidas dos jangadeiros e canoeiros e que também toca nossas vidas de modo geral. “Esse título fala sobre algo que é muito fugaz e ao mesmo tempo permanente, que é a vida, é sobre esse estar muito rápido e ao mesmo tempo muito permanente. ‘Permanência relâmpago’ é também tocar de alguma forma os sentimentos abstratos da vida”, conta Jonathas de Andrade.
Em Jonathas de Andrade: Permanência Relâmpago, primeira exposição de Jonathas de Andrade (n. 1982, Maceió, Brasil) na galeria Nara Roesler São Paulo, o artista apresenta um novo corpo de trabalho com obras totalmente inéditas em torno dos jangadeiros e canoeiros de Alagoas – sujeitos que fazem sua vida e trabalho através do mar do litoral e do Rio São Francisco, no sertão – e a relação com cores e abstração presentes nas velas e barcos.
Com curadoria de José Esparza Chong Cuy, diretor-executivo e curador-chefe da Storefront for Art and Architecture, em Nova York, Permanência Relâmpago abrange três conjuntos de obras dentro deste universo a que Jonathas de Andrade vem se dedicando nos últimos meses. Entre eles, estão trabalhos da pesquisa em andamento do artista para um comissionamento feito pelo Victoria and Albert Museum, em Londres, a convite de Catherine Troiano, curadora do departamento de fotografia da instituição. Em novembro de 2025, as obras produzidas por Jonathas de Andrade nesta pesquisa serão exibidas no V&A, quando passarão a integrar a coleção do Museu.
O título da mostra se refere ao nome de uma das jangadas fotografadas pelo artista, e que traduz poéticamente aspectos das vidas dos jangadeiros e canoeiros e que também toca nossas vidas de modo geral. “Esse título fala sobre algo que é muito fugaz e ao mesmo tempo permanente, que é a vida, é sobre esse estar muito rápido e ao mesmo tempo muito permanente. ‘Permanência relâmpago’ é também tocar de alguma forma os sentimentos abstratos da vida”, conta Jonathas de Andrade.
Em sua trajetória, Jonathas de Andrade vem questionando os sistemas em transformação que moldam identidade, trabalho e memória. Suas instalações, filmes e obras conceituais atuam como arquivos vivos, reativando histórias orais, saberes marginalizados e tradições artesanais. Nas obras que integram Permanência Relâmpago, o artista se debruça sobre duas culturas de navegação presentes no Nordeste brasileiro: os jangadeiros da praia de Pajuçara, em Maceió, que navegam em jangadas de madeira e velas tradicionais, levando turistas às piscinas naturais, e os canoeiros do Rio São Francisco, no sertão de Alagoas, que usam canoas de velas quadradas duplas de grande escala, notavelmente gráficas para um circuito de competições sobre o rio, de forma recreativa e esportiva. Ambas manifestações representam culturas náuticas seculares transmitidas de pai para filho, praticadas por comunidades de pescadores e barqueiros, revelando um jogo cultural que tensiona intimamente tradição, patrimônio, turismo e economia.
A exposição terá três eixos de trabalhos. Na série Jangadeiros Alagoanos, Jonathas de Andrade usa como suporte as velas originais das jangadas marítimas, usadas na praia de Pajuçara, em Maceió, marcadas pelo sol e pelo uso. A cada estação, elas são substituídas por outras novas. O artista passou então a coletar essas velas coloridas de grande escala descartadas, que apresentam também pinturas feitas à mão, de anúncios de marcas diversas, que funcionam como renda complementar dos jangadeiros na disputada orla da elite alagoana.
Deixando apenas rastros desses anúncios, Jonathas de Andrade aplica sobre eles serigrafias monocromáticas com os retratos dos jangadeiros e roleiros (aqueles que empurram os barcos para dentro e fora do mar), personagens fundamentais deste circuito beira-mar. Com isso, o artista busca tensionar “o lugar tradicional da publicidade que ocupa aquele espaço, substituindo-o pelos rostos dos protagonistas, muitas vezes invisibilizados”. Dessa forma, ele subverte o lugar destinado às mensagens das propagandas, que agora estampam rostos, “deixando as mensagens originais fragmentadas e desconexas”. Nas serigrafias, as imagens dos trabalhadores em retículas, só perceptíveis quando vistas de perto.
As coloridas velas de três metros de altura cada são apresentadas em um sistema de bastidores que, ao enquadrar os retratos gravados sobre as velas, também fragmentam e inviabilizam a legibilidade das propagandas que outrora dominavam aquela superfície. O tecido da vela que resta após o enquadramento do bastidor, por sua vez, se comporta de maneira diferente a cada obra: o excesso de pano é ora recolhido atrás do bastidor, ora ganha um caráter escultórico, assumindo dobras, cordas, e volumes que podem se despejar da parede até o chão. Cada obra leva o nome do fotografado, como por exemplo na obra “Roleiro Maurício e a vela verde”.
Na segunda série que compõe a exposição, Canoeiros Neoconcretos, Jonathas de Andrade parte das velas de padrões gráficos ousados utilizados pelos canoeiros do Rio São Francisco, próximo à Ilha do Ferro, paisagem carregada de histórias de seca, migração e sobrevivência no Sertão. A série inclui os Metaesquemas-canoeiros, inspirados nos Metaesquemas de Hélio Oiticica, e outras composições baseadas no universo cromático e formal do artista carioca Ivan Serpa. As obras misturam campos de cor com a fotografia reticulada, própria da serigrafia, com a imagem do barco e seus barqueiros mergulhada em aspectos da pintura neoconcreta, unindo o design popular à abstração modernista.
Em outra série, Puro torpor do transe do sol,as velas gráficas dos barcos no Rio São Francisco inspiram composições abstratas com pintura automotiva, “dando volume escultórico e objetual aos campos de cor que atravessam o rio, na corrida das canoas e as velas gigantes”, comenta o artista. As obras, em serigrafia sobre folhas de sucupira, são acompanhadas por textos poéticos, escritos pelo próprio artista, e gravados em placas de acrílico.
O terceiro eixo da exposição é a estreia do filme Jangadeiros e Canoeiros (2025, 15′), que terá uma sala especial para sua exibição. No filme, Jonathas de Andrade costura o universo e o cotidiano dos protagonistas dos dois cenários distintos – o mar e o Rio São Francisco – propondo o fio narrativo a partir da relação deles com as cores e as formas, em um diálogo entre as manifestações populares e o universo cromático e afetivo.
O artista empenha seu particular equilíbrio entre aproximação documental e toques ficcionais, decupando o gestual e os movimentos de corpo repetidos ao longo de séculos, na medida em que inventaria as cores presentes nas jangadas e canoas bem como na vida e memórias dos protagonistas, através de trechos de falas captados em conversas com eles. Com foco nos gestos corporais e no trabalho coletivo de levar a jangada ao mar e trazê-la de volta, um ritual secular hoje entrelaçado ao turismo na disputada orla de Maceió, a obra contrasta estas cenas com as imagens idílicas frequentemente usadas para promover a região, evocando o anonimato e a resiliência das vidas moldadas pelo legado colonial brasileiro. Desta forma, o filme circunda uma espécie de paleta cromático-emocional dos jangadeiros, da orla maceioense, das canoas, das velas e dos canoeiros do sertão do Rio São Francisco.
A trilha sonora é de Homero Basílio, profícuo percussionista e produtor musical que colaborou em diversos filmes de Jonathas de Andrade. Vale mencionar ainda que, em 2024, Jonathas de Andrade teve seu processo artístico documentado pela realizadora Maria Augusta Ramos, que dirigiu o minidoc Northern Winds (17′), produzido pela fundação holandesa Ammodo como parte de uma série de filmes de artistas. O minidoc acompanha e registra o início da pesquisa que deu origem ao filme Jangadeiros e Canoeiros, que tem sua estreia na exposição.
Jonathas de Andrade fez este ano duas expoosições individuais na França: Tropical Hangover and Other Stories, no Jeu de Paume, Tours, e L’art de ne pas être vorace, na Commanderie de Peyrassol. Ele é o único artista brasileiro a participar da grande mostra “30th anniversary of Museum of Contemporary Art Tokyo (MOT), em Tóquio, que abre em 22 de agosto. E em Akita, também no Japão, está em cartaz até setembro a exposição “Minebane! Contemporary Art!”, no Akita Museum of Art, com obras do artista. Em novembro, participará da coletiva no Victoria & Albert Museum, em Londres. Em dezembro, Jonathas de Andrade fará uma individual no Vaticano, dentro do Jubileu 2025.
Enraizada no Nordeste, mas em diálogo com questões globais, a prática de Jonathas de Andrade navega pelo cruzamento entre narrativas pessoais e histórias sistêmicas, das estruturas pós-coloniais e economias regionais ao valor mutável do trabalho manual. O artista se envolve com a resistência cultural e com as práticas do fazer, confrontando tradição, resiliência em tensão com a gentrificação e o capitalismo predatório. Nesse contexto, a cultura náutica da beira mar e da beira de rio Nordeste, o universo de barqueiros, canoeiros, roleiros e pescadores, surge como ofício e resistência, sustentada por saberes transmitidos ao longo do tempo.
Serviço
Exposição | Permanência Relâmpago
De 02 de setembro a 26 de outubro
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 15h
Período
2 de setembro de 2025 10:00 - 26 de outubro de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Nara Roesler - SP
Avenida Europa, 655, São Paulo - SP
Detalhes
A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresentar Àkùko, Eiyéle e Ekodidé – Uma revoada de Alberto Pitta, primeira individual do artista baiano na sede paulistana da galeria.
Detalhes
A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresentar Àkùko, Eiyéle e Ekodidé – Uma revoada de Alberto Pitta, primeira individual do artista baiano na sede paulistana da galeria. Figura central no carnaval de Salvador, Alberto Pitta foi o autor das estamparias de importantes blocos como o Olodum e os Filhos de Gandhy, tendo criado em 1998 o seu próprio bloco, o Cortejo Afro.
A mostra, com curadoria e texto crítico de Galciani, conta com 24 trabalhos inéditos e outros resultantes de sua produção ao longo dos últimos anos, incluindo pinturas e serigrafias sobre tela e um carrinho de cafezinho, em madeira – uma referência aos coloridos carrinhos usados por ambulantes para vender cafezinho em Salvador, e também ao trabalho mostrado na coletiva “A Quietude da Terra: vida cotidiana, arte contemporânea e projeto axé”, com curadoria de France Morin, no Museu de Arte Moderna da Bahia, em 2000.
Para a exposição na galeria, Galciani destaca os pássaros presentes na produção pictórica do artista. De acordo com a curadora, os pássaros, “na ampla cultura yorubá os pássaros se apresentam como seres divinos”. “São guardiões das comunidades, evocam energia positiva e guiam as pessoas em situações adversas. Esta reunião de obras revigora, assim, o sentido de revoada: voar em bando, como aves da mesma espécie; coreografar no céu uma coletividade; migrar junto; mover-se rumo a um destino certo”.
Ela aponta também que três pássaros em especial têm protagonismo nas obras: Àkùko, Eiyéle e Ekodidé. Em suas palavras: “Eles habitam a primeira série de trabalhos, na qual predominam composições em preto, branco, vermelho e amarelo, como se dessem boas-vindas ao público; em seguida explodem em cores vibrantes e composições multicoloridas, para encantar; e, por fim, acontecem na calmaria de telas brancas – onde distintos matizes de branco compõem o trabalho”.
Àkùko “é frequentemente associado a um galo – o mensageiro do tempo, que anuncia o dia, que explica a ancestralidade e afirma a continuidade da vida. Eiyéle é a pomba branca, que traz a paz, a harmonia e a bem-aventurança. Por sua elegância e plumagem, Eiyéle também simboliza honra e prosperidade. Ekodidé é a única pena vermelha de um pássaro ou o papagaio, um símbolo de proteção, vitalidade, realeza. Sua pena é um elemento natural e uma presença essencial nos rituais de iniciação, para afastar energias negativas e consagrar objetos”, conta Galciani Neves.
Ela complementa: “Apresentar esses seres no campo da arte é acreditar que sua revoada pode ser um sopro de transformação para reanimar os ares, reorganizar os pensamentos, renovar as esperanças, refazer as conexões. O gesto artístico e insurgente de Pitta – como nos diz a poeta, pesquisadora e dramaturga brasileira Leda Maria Martins – é um dos que mais transformam, pois afetam as imagens estéticas inscritas como únicas e verdadeiras. Por isso, trata-se de um gesto que, por refazer as narrativas e apresentar novos caminhos para enxergar o mundo, nos mobiliza a viver com esperança (“o fermento da revolução”, o que faz emergir o novo, segundo o filósofo e professor sul-coreano Byung-Chul Han) e nos encoraja a reivindicar ambientes onde possamos celebrar, nos alegrar e regozijar”.
No dia da abertura da exposição ocorrerá também o lançamento do livro Alberto Pitta, editado pela Nara Roesler Books, dedicado a obra do artista. Com 152 páginas, a edição bilíngue (português/inglês) inclui o texto de Galciani Neves para a exposição, além de uma entrevista dada pelo artista a Jareh Das, curadora que vive entre a África Ocidental e o Reino Unido e introdução é de Vik Muniz, amigo do artista desde que ambos participaram da já mencionada exposição “A Quietude da Terra: vida cotidiana, arte contemporânea e projeto axé”, com curadoria de France Morin, no Museu de Arte Moderna da Bahia, em 2000.
Serviço
Exposição | Àkùko, Eiyéle e Ekodidé – Uma revoada de Alberto Pitta
De 02 de setembro a 26 de outubro
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 15h
Período
2 de setembro de 2025 10:00 - 20 de dezembro de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Nara Roesler - SP
Avenida Europa, 655, São Paulo - SP
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O Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), e o Instituto Tomie Ohtake apresentam a exposição A terra, o fogo, a água e os ventos – Por
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O Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), e o Instituto Tomie Ohtake apresentam a exposição A terra, o fogo, a água e os ventos – Por um Museu da Errância com Édouard Glissant. Concebida como um museu em movimento e dedicada à obra e ao pensamento do poeta, filósofo e ensaísta martinicano Édouard Glissant (1928–2011), a exposição integra a Temporada França-Brasil 2025 como um de seus principais destaques.
Com seu título inspirado na antologia poética La Terre, le feu, l’eau et les vents (2010), organizada pelo escritor martinicano, a mostra ensaia o que seria um “Museu da Errância”. Errância é uma vivência da Relação: recusa filiações únicas e propõe o museu como arquipélago – espaço de rupturas, apagamentos e reinvenções sem síntese forçada. Contra genealogias rígidas, propõe-se uma memória em trânsito, feita de alianças provisórias, traduções e tremores – um processo institucional movido pelo encontro entre tempos, territórios e linguagens. Ainda que Glissant tenha deixado fragmentos de sua visão para um museu do século 21, não chegou a concretizá-lo.
A exposição imagina como poderia ser esse Museu da Errância em múltiplas camadas e conexões inesperadas entre obras, documentos e paisagens. As duas ideias-chave da organização da montagem da exposição são a palavra da paisagem e a paisagem da palavra, concebidas a partir da concepção de Glissant de “parole du paysage”. Para o poeta, a paisagem não é apenas cenário externo, mas força ativa que molda memórias, gestos e linguagens.
Além disso, estão presentes em frases, manuscritos e entrevistas do autor outras ideias como Todo-mundo, crioulização, arquipélago, tremor, opacidade, palavra da paisagem e aqui-lá. Trata-se de um arco de assuntos interligados com profunda relevância no mundo contemporâneo, que mais uma vez se vê permeado por discursos e medidas de intolerância perante o diverso e incapaz de criar canais de escuta dos elementos naturais e das paisagens ameaçados de destruição.
É nesse horizonte que se apresenta, pela primeira vez no Brasil, parte da coleção pessoal reunida por Glissant e atualmente preservada no Mémorial ACTe, em Guadalupe. O conjunto inclui pinturas, esculturas e gravuras de artistas com quem o pensador conviveu e sobre os quais escreveu, como Wifredo Lam, Roberto Matta, Agustín Cárdenas, Antonio Seguí, Enrique Zañartu, José Gamarra, Victor Brauner e Victor Anicet, entre outros. São artistas de crescente reconhecimento internacional, que viveram trajetórias de diáspora e imigração, e produziram em trânsito entre línguas, linguagens, paisagens e histórias múltiplas.
À coleção de obras somam-se documentos, cadernos, vídeos e fragmentos de textos e entrevistas de Glissant, igualmente inéditos. A mostra apresenta também trechos da extensa entrevista concedida em 2008 a Patrick Chamoiseau, escritor martinicano e parceiro intelectual de Glissant, da qual resultou o monumental Abécédaire.
Este extenso e rico acervo é apresentado em diálogo com trabalhos de mais de 30 artistas contemporâneos das Américas, Caribe, África, Europa e Ásia, que convocam o público a experimentar, de forma sensorial, o entrelaçamento entre paisagem, linguagem e memória.
A exposição é parte da pesquisa de longo prazo do Instituto Tomie Ohtake em torno da produção de memória, a exposição dá sequência a iniciativas recentes como a mostra Ensaios para o Museu das Origens (2023) e o seminário Ensaios para o Museu das Origens – Políticas da memória (2024), que reuniu representantes de museus, arquivos e comunidades em um intenso debate sobre preservação e cidadania.
Serviço
Exposição | A terra, o fogo, a água e os ventos – Por um Museu da Errância com Édouard Glissant
De 03 de setembro a 25 de janeiro
Terça a domingo, das 11h às 19h – última entrada às 18h
Período
3 de setembro de 2025 11:00 - 25 de janeiro de 2026 19:00(GMT-03:00)
Local
Instituto Tomie Ohtake
Av. Brigadeiro Faria Lima, 201, Pinheiros, São Paulo – SP
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O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta Histórias da ecologia. A coletiva internacional ocupa todos os espaços expositivos do Edifício Pietro Maria Bardi e reúne
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O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta Histórias da ecologia. A coletiva internacional ocupa todos os espaços expositivos do Edifício Pietro Maria Bardi e reúne mais de 200 obras de artistas, ativistas e movimentos sociais de 28 países, como Colômbia, Islândia, Japão, Nova Zelândia, Peru e Turquia. A exposição investiga a ecologia como uma rede de relações entre seres vivos e o mundo que habitam, colocando em diálogo trabalhos de comunidades, territórios e ecossistemas de diferentes locais ou períodos.
A escolha curatorial se afasta da concepção de uma natureza apartada da sociedade ou que compreende o ser humano como hierarquicamente superior. “É comum que meio ambiente e ecologia sejam tratados como sinônimos. No entanto, escolhemos ecologia para abranger um sistema de relações entre humanos e mais que humanos — animais, plantas, rios, florestas, montanhas, fungos e minerais. Não conseguimos pensar a natureza separada do humano”, diz André Mesquita, curador, MASP.
A curadoria de André Mesquita e Isabella Rjeille, curadores, MASP, revela perspectivas artísticas em comum a respeito da ecologia ou de enfrentamentos aos efeitos da crise climática global, propondo uma reflexão política sobre o tema ao evidenciar o fator humano e as implicações de marcadores sociais da diferença, como gênero, raça e classe. A exposição é dividida em cinco núcleos temáticos que seguem uma ordem linear: Teia da vida; Geografias do tempo; Vir-a-ser; Territórios, migrações e fronteiras; e Habitar o clima.
Teia da vida aborda diferentes percepções dessa rede de inter-relações — das cosmovisões indígenas às disputas por poder, influência e território. A obra The Political Life of Plants (2021) retrata complexos entrecruzamentos entre as plantas e outros seres. O vídeo acompanha o artista Zheng Bo (China, 1974) em uma caminhada por uma floresta de faias em Bradenburgo, na Alemanha. Durante o percurso, Bo conversa com os cientistas Matthias Rillig, especialista em biodiversidade e ecologia do solo, e Roosa Laitinen, que investiga a plasticidade genética das plantas. Os temas de suas pesquisas se entrelaçam às reflexões do artista e aos sons e imagens da floresta.
Geografias do tempo reúne olhares indígenas, afrodiaspóricos, rurais e urbanos sobre a terra e o cosmos, a vida e a morte, a regeneração e o cuidado. A obra Calendário (2024), de Aycoobo (Wilson Rodríguez) (La Chorrera, Colômbia, 1967), artista nonuya-muinane, traz uma perspectiva indígena amazônica sobre a temporalidade cíclica da natureza. O desenho revela um sistema de marcação temporal que transcende a lógica linear ocidental, associando a passagem do tempo às transformações vividas pelas árvores, plantas, animais e rios da floresta amazônica. Já Ana Amorim (São Paulo, 1956) tem uma abordagem íntima e processual da temporalidade urbana. Em Passage of Time Study (2018), durante todas as noites, por um período de um mês, a artista brasileira registra o mapa do seu dia e um número localizador. O resultado é um conjunto de 31 desenhos feitos com caneta esferográfica sobre papel.
Vir-a-ser investiga as relações entre seres humanos e mais-que-humanos, além de modos simbólicos, espirituais e materiais que estruturam esses vínculos. A série de desenhos Tentativas de criar asas (década de 2000), de Rosana Paulino (São Paulo, 1967), evoca seres híbridos em constante transformação – trata-se de figuras femininas que tecem teias, rompem casulos ou ganham asas, libertando-se de estruturas que já não lhes servem mais, à semelhança de alguns insetos. A série fotográfica Corpoflor (2016-presente) propõe um hibridismo radical entre o corpo humano e o de outros seres da natureza. Em retratos e autorretratos, Castiel Vitorino Brasileiro (Vitória, ES, 1996) revela corporalidades imprevistas que transcendem as normas de gênero e sexualidade, criando formas de existir que resistem às categorizações binárias impostas pela sociedade.
Territórios, migrações e fronteiras se debruça sobre os deslocamentos forçados, fluxos migratórios e fronteiras físicas e sociais. A escultura Refugee Astronaut XI (2024), de Yinka Shonibare (Londres, 1962), representa migrantes, estrangeiros e refugiados contemporâneos. Desde 2015, o artista produz figuras em tamanho real de astronautas nômades, equipados com capacetes e vestidos com uma roupa espacial cujos tecidos se inspiram nos padrões africanos. Esses personagens parecem vagar sem rumo, à deriva, entre mundos devastados. Os astronautas de Shonibare carregam os traumas da crise climática e dos ecocídios que expulsam milhões de seus territórios de origem.
Habitar o clima sintetiza e, ao mesmo tempo, amplia questões centrais presentes nos demais núcleos de Histórias da ecologia. Nele estão reunidos trabalhos de artistas, coletivos e movimentos que investigam táticas de ocupar, experienciar e imaginar radicalmente a cidade e o campo. A instalação inédita Descida da terra/trabalho das águas (2025), de Cristina T. Ribas (São Borja, RS, 1980), reflete sobre os efeitos das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em 2023 e 2024. O trabalho comissionado pelo MASP consiste em um tecido translúcido suspenso diagonalmente no espaço expositivo, impresso com imagens que revelam como as águas redesenharam a geografia de rios, lagos e bacias hidrográficas, impactando mais de 650 mil pessoas.
“Histórias da ecologia transita entre diferentes saberes: o geológico, o biográfico, o ancestral, o espiritual, o comunitário, o local, o planetário. Essas intersecções ampliam a visão sobre o que está em jogo na atual crise climática — não como um evento isolado, mas enraizado em estruturas coloniais e patriarcais que condicionam os modos de habitar o planeta”, afirma Isabella Rjeille.
Histórias da ecologia é o tema do ciclo curatorial de 2025. A programação do ano também inclui as mostras de Claude Monet, Frans Krajcberg, Abel Rodríguez, Clarissa Tossin, Hulda Guzmán, Minerva Cuevas e Mulheres Atingidas por Barragens.
A mostra faz parte de uma série de projetos em torno da noção plural de “Histórias”, palavra que engloba ficção e não ficção, relatos pessoais e políticos, narrativas privadas e públicas, possuindo um caráter especulativo, plural e polifônico. Essas histórias têm uma qualidade processual aberta, em oposição ao caráter mais monolítico e definitivo das narrativas históricas tradicionais. Nesse sentido, entre os programas anuais e as exposições anteriores, o MASP organizou Histórias da Sexualidade (2017), Histórias Afro-Atlânticas (2018), Histórias das Mulheres, Histórias Feministas (2019), Histórias da Dança (2020), Histórias Brasileiras (2021-22), Histórias Indígenas (2023) e Histórias LGBTQIA+ (2024).
Serviço
Exposição | Histórias da ecologia
De 04 de setembro a 01 de fevereiro
Terças grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta e quinta das 10h às 18h (entrada até as 17h); sexta das 10h às 21h (entrada gratuita das 18h às 20h30); sábado e domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas
Período
4 de setembro de 2025 10:00 - 1 de fevereiro de 2026 20:00(GMT-03:00)
Local
Edifício Pietro Maria Bardi - MASP
Av. Paulista, 1500 - Bela Vista, São Paulo - SP
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Ailton Krenak consolidou-se, ao longo dos anos, como um dos principais porta-vozes da causa indígena no Brasil e no exterior. Sua trajetória impulsionou um movimento coletivo para repensar
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Ailton Krenak consolidou-se, ao longo dos anos, como um dos principais porta-vozes da causa indígena no Brasil e no exterior. Sua trajetória impulsionou um movimento coletivo para repensar o mundo, trazendo para o centro do debate temas como humanidade, natureza, espiritualidade e futuro.
Um marco histórico aconteceu em 1987, quando ele pintou o rosto com jenipapo durante um discurso na Assembleia Constituinte, gesto que se tornou símbolo de resistência, um aviso de que os povos indígenas existem, resistem e têm muito a dizer.
A Ocupação Ailton Krenak, realizada pelo Itaú Cultural (IC), celebra esse percurso. Nascido em 1953, no Vale do Rio Doce (MG), ele é autor de obras fundamentais que se tornaram referência em tempos de crise, como Ideias para adiar o fim do mundo, A vida não é útil e Futuro ancestral. Além da produção literária, Ailton foi responsável por importantes iniciativas, como a criação do Programa de Índio, do Jornal Indígena e do Núcleo de Cultura Indígena (NCI), que ampliaram e fortaleceram a voz dos povos originários.
A mostra ocupa o piso térreo do IC e apresenta depoimentos, manuscritos e registros de uma vida dedicada a pensar caminhos fora da lógica do consumo e da destruição. O projeto inclui, ainda, uma publicação impressa (disponível on-line) e um site com conteúdos exclusivos (itaucultural.org.br/ocupacao).
Além da dimensão de homenagem, esta Ocupação – palavra que na língua Krenak se traduz como Men am-ním – é um convite a desacelerar, conceber outros horizontes e descolonizar o olhar.
Serviço
Exposição | Ocupação Ailton Krenak
De 04 de setembro a 23 de novembro
Terça a sábado, das 11h às 20h, domingos e feriados, das 11h às 19h
Período
4 de setembro de 2025 11:00 - 23 de novembro de 2025 20:00(GMT-03:00)
Local
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, Sâo Paulo - SP
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A PARADA 7, evento anual de arte, cultura e política, chega à sua quarta edição com o tema “Imagine um novo mundo – bandeiras da utopia”. Neste domingo, dia 7
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A PARADA 7, evento anual de arte, cultura e política, chega à sua quarta edição com o tema “Imagine um novo mundo – bandeiras da utopia”. Neste domingo, dia 7 de setembro, bandeiras com obras de 100 artistas sairão em cortejo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) em direção ao Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica (CMAHO), onde ficarão em exposição até o dia 15 de novembro de 2025. Pela primeira vez, além dos artistas brasileiros, o evento também contará com a participação de artistas estrangeiros, pertencentes a países integrantes do BRICS, selecionados pela BRICS Arts Association.
A edição deste ano abrirá a 1ª Semana de Arte e Cultura do Rio, iniciativa da ArtRio em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, e terá a participação de renomados artistas, como Cildo Meireles, Denilson Baniwa, Ernesto Neto, Jarbas Lopes, Lenora de Barros, Mana Bernardes, Marcos Chaves, Matheus Ribbs, Opavivará, Regina Silveira, Sepideh Mehraban, entre outros. Artistas indígenas de cinco diferentes etnias também participarão do evento.
“A PARADA 7 é um meio de participação efetiva do universo da arte e da cultura na discussão dos problemas do Brasil e do mundo, além de levar às ruas as manifestações da arte contemporânea. Um posicionamento efetivo dos artistas que trazem a visão da arte sobre as questões cruciais do nosso tempo”, afirmam César Oiticica Filho e Evandro Salles, idealizadores e organizadores do evento.
Realizada desde 2022 no Rio de Janeiro, a PARADA 7 reúne, em seu cortejo, músicos, atores, poetas, dançarinos e artistas visuais que percorrem, juntos, algumas das principais ruas do centro da cidade, em diálogo direto com a rua e as pessoas que ali transitam e que são convidadas a se juntarem ao evento. Por meio de pinturas, danças, performances, poemas e cantos, eles trazem, através de arte, discussões sobre temas relevantes para a sociedade.
Para o evento deste ano, serão produzidas 100 bandeiras, cada uma com a obra de um artista, com imagens do que imaginam ser um novo mundo. Através das bandeiras, serão apresentadas visões e reflexões sobre as principais questões contemporâneas, pensando temas como: Qual a nossa utopia de mundo? Que mundo queremos construir? Como queremos que o nosso mundo seja? Como gostaríamos que a nossa civilização fosse? E o que queremos fazer de nosso planeta, a mãe Terra que nos acolhe, cria e alimenta?
Dentre os participantes da PARADA 7 deste ano, haverá 40 brasileiros convidados, 20 estrangeiros selecionados pela BRICS Arts Association, que lançará o primeiro número de sua revista durante o evento, e outros 40 artistas selecionados através de chamada pública pelo comitê curatorial do evento − formado por Giselle Lucía Navarro (Cuba), Yang Shu (China), Pooja Sod (Índia), Barbara Santos (Colômbia), Mai Abu Eldahab (Egito), Raquel Schuartz de Vargas (Bolívia), Shabbir Hussain Mustafa (Singapura) e pelos brasileiros Cesar Oiticica Filho, Helmut Batista, Evandro Salles e Sergio Cohn.
A PARADA 7 2025 é organizada e produzida pelas seguintes instituições: BRICS Arts Association, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio, Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, Capacete, Companhia de Mysterios e Novidades, Fina Batucada, Florestas Cidade – UFRJ, Guerrilha da Paz, Instituto de Artes da Universidade Federal Fluminense – UFF, Oasis, Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes (PPGCA-UFF) e Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro.
Serviço
Exposição | A PARADA 7
De 07 de setembro a 15 de novembro
De segunda a sábado, das 10h às 18h
Período
7 de setembro de 2025 10:00 - 15 de novembro de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica
Rua Luís de Camões 68, Praça Tiradentes, Centro, Rio de Janeiro - RJ
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Em sua primeira individual na Portas Vilaseca – “Oríkì Ìwòran” – o artista Ayrson Heráclito (Macaúbas, BA, 1968) apresenta um vigoroso conjunto de obras – algumas especialmente realizadas para a mostra – em torno da questão
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Em sua primeira individual na Portas Vilaseca – “Oríkì Ìwòran” – o artista Ayrson Heráclito (Macaúbas, BA, 1968) apresenta um vigoroso conjunto de obras – algumas especialmente realizadas para a mostra – em torno da questão do ebó-arte ou arte-oferenda, em que expande o exercício da contemplação para um devir-ritual.
Dando continuidade à experiência sensorial de ambientes imersivos, que marcou sua participação na 35ª Bienal de São Paulo (com Tiganá Santana, 2023), o artista convida agora o visitante a percorrer três recintos que reúnem, no primeiro piso, esculturas e desenhos, das séries Juntós e Orikis, até chegar ao andar superior onde a videoinstalação Orikì de instrução, constituída de sete monitores de vídeo, ocupa todo o espaço, visando despertar uma conexão com elementos da natureza: a terra, a folha, o rio, o vento, o mar, o crepúsculo e o fogo.
Na parede que estabelece a passagem entre os pisos da galeria, Heráclito expõe Inventário de Tecnologias de Cuidado e Cura, inventário de ingredientes associados à força e à cura que habitam a ritualística do Candomblé, entre eles: velas, quiabos, moedas, mel, fumo de rolo, charuto, arroz, ovo etc. Nesse trabalho, o artista revisita sua obra cuja versão anterior lidava com a representação fotográfica (2023), fazendo uso da tradição modernista do grid. A versão para a Portas Vilaseca traz agora a materialidade desses componentes com seus aromas orgânicos. A manutenção dessa obra ao longo do período da exposição remete, ainda, às necessidades de cuidados e responsabilidade institucional que o artista vem discutindo em seus trabalhos.
A curadora e crítica Lisette Lagnado analisa como essa trajetória, construída ao longo de mais de trinta anos, “agrega camadas de complexidade ao cânone que se pretendeu universal e desenvolve uma filosofia do devir, inerente à transmutação do pensamento nagô.” De acordo com ela, “o estado atual do planeta reúne motivos suficientes para justificar buscas de ordem espiritual por orientação e proteção, apelos que talvez mereçam o atributo de ‘sintoma’ quando se considera o atual curso da destruição ambiental que prenuncia a sexta extinção da biodiversidade no planeta em que vivemos”.
A sala de entrada da galeria será banhada de energias relacionadas a equilíbrio, justiça ou renovação, atmosfera transmitida pelas principais divindades africanas, sempre articuladas em duplas na série Juntós: Ogum com Oxumarê, Oxóssi com Omolu, Iemanjá com Tempo, Exu com Xangô. Cada par reflete o orixá primário e o orixá complementar que guiam a vida de um individuo.
Desde 2021, Heráclito vem desenvolvendo a série de Juntós, esculturas em aço inoxidável a partir da combinação de dois orixás. Em paralelo, cada Juntó recebe um Oriki, invocações poéticas na tradição oral yorùbá. Dotados de insumos terapêuticos, esses versos inauguram uma nova etapa no processo criativo do artista, que encontra uma correspondência conceitual nas “instruções” de Yoko Ono, principalmente os haiku dos anos 1960. Este projeto está em andamento e prevê a realização de todas as combinações entre os dezenove orixás, respeitando as exceções por lei: Oxalá só pode ser regente e Oxaguiã não combina com Exu. No total, o sistema contará com 222 combinações.
Serviço
Exposição | Oríkì Ìwòra
De 09 de setembro a 25 de outubro
Terça a sexta, 11h–19h, sábados, 11h–17h
Período
9 de setembro de 2025 10:00 - 25 de outubro de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Portas Vilaseca Galeria
Rua Dona Mariana, 137, casa 2, Botafogo, Rio de Janeiro - RJ
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No ano em que celebra duas décadas de realização, a 18ª edição da VERBO – Mostra de performance arte chega a Fortaleza de 11 a 14 de setembro. Esta é a segunda
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No ano em que celebra duas décadas de realização, a 18ª edição da VERBO – Mostra de performance arte chega a Fortaleza de 11 a 14 de setembro. Esta é a segunda vez que um dos maiores eventos de performance do Brasil acontece na capital cearense, por meio de parceria entre a Galeria Vermelho (SP) e a Pinacoteca do Ceará, museu que integra a Rede de Equipamentos e Espaços Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará (SECULT-CE) e é gerido em parceria com o Instituto Mirante. De quinta a domingo, o público poderá conferir trabalhos de artistas do Brasil, México e de outros países em performances, sessões de vídeo e um seminário. O acesso é inteiramente gratuito.
Ocupando diversos espaços da Pinacoteca do Ceará, a VERBO 2025 destaca a performance como instrumento de luta para corpos que enfrentam a violência e o apagamento, reafirmando a arte como ação transformadora no tecido social. A curadoria desta edição é assinada por Marcos Gallon, diretor artístico da mostra, Carolina Vieira, gerente artística da Pinacoteca do Ceará, e Samantha Moreira, curadora e coordenadora da Chão SLZ. A equipe avaliou mais de mil projetos inscritos e também selecionou artistas convidados para compor o programa. Antes de Fortaleza, o evento passou pelas cidades de São Paulo e Ribeirão Preto. Da capital cearense, seguirá para São Luís (MA), onde será encerrada.
PERFORMANCES E VÍDEOS
Lyz Vedra, “Apesar de você continuarei viva” (2024)
A abertura oficial da 18ª VERBO na Pinacoteca do Ceará acontece nesta quinta-feira (11), às 13h30, no auditório do museu, seguida da primeira sessão de vídeos do evento. Ao longo dos quatro dias de festival, serão exibidos 10 filmes e vídeos selecionados para esta edição, entre eles os trabalhos de cearenses como Fluxo Marginal e Lyz Vedra. A classificação indicativa é de 16 anos. Outros vídeos da 18ª VERBO, com classificação livre, serão exibidos no café do museu durante o festival.
As performances acontecem na parte da tarde e da noite, sempre com classificação indicativa livre. Na quinta-feira (11), às 16h, a artista mexicana Tania Candiani apresenta “Coro de Vozes Não Humanas II” nos pavilhões expositivos e no hall da Pinacoteca. Logo depois, às 16h30, a performance “A noite mais bonita é quando somos o céu”, da artista cearense Trojany, acontece na entrada do museu e se estende até a Praça da Estação.
Na sexta-feira (12), a artista, pesquisadora e professora Lyz Vedra conversa com o público a partir das 14h, na abertura da sessão de vídeos do dia. Logo depois, às 16h, a mexicana Wendy Cabrera Rubio apresenta a performance “Cenário para uma Genômica Nacional”, no hall da Pinacoteca. Às 16h30, o público tem a oportunidade de conferir, pela segunda vez, “Coro de Vozes Não Humanas II”, de Tania Candiani. Já às 17h, a performance “Alva escura, lição de açúcar”, dos brasileiros Dori Nigro e Paulo Pinto, acontece no pátio do museu.
No sábado, às 17h30, Dori Nigro e Paulo Pinto apresentam a performance “Pin Dor Ama, lição de raiz”, no hall da Pinacoteca, e mais uma vez Tania Candiani preenche os espaços expositivos com seu “Coro de Vozes não Humanas II” a partir das 18h30. Fechando a noite, a partir das 19h, o espanhol Javier Velázquez Cabrera realiza “Projeto Amaraña”, que traz a participação de quatro artistas cearenses selecionados previamente para uma oficina de dança e performance com o artista. A formação é um dos eixos do evento e inicia no dia 9 de setembro.
SEMINÁRIO VERBO CONJUGADO
Além das performances e da exibição de vídeos e filmes, a VERBO conta com um ciclo de seminários, criado desde 2008, para a reflexão de questões atuais sobre a performance arte. A sexta edição do seminário “Verbo Conjugado” integra a programação do evento na Pinacoteca do Ceará e acontece no sábado (12). A primeira mesa, “Articulações em Rede”, inicia às 14h e debate as múltiplas formas de circulação da arte da performance, indo além das ações presenciais e explorando como encontros, simpósios e residências fortalecem agentes que atuam em rede. Participam os criadores, performers, arte educadores e pesquisadores, Dori Nigro e Paulo Pinto, além do professor e pesquisador da Universidade Federal do Ceará, Pablo Assumpção. A mediação será da transartista, curadora, docente-pesquisadora e gestora cultural Bárbara Banida.
No barraco da Constância tem!, Teatro Máquina e Marrevolto RESUMO DA ÓPERA (2025) Foto: Jamille Queiroz
Às 16h, com o tema “Performance para a câmera de vídeo”, a segunda mesa investiga o uso da câmera como ferramenta de criação, discutindo como o vídeo pode ser usado para editar a temporalidade e o espaço, resultando na transformação de corpos e linguagens performáticas. Participam da discussão o coletivo cearense No Barraco da Constância tem! e a artista mexicana Tania Candiani. O professor, pesquisador e artista Alexandre Veras fará a mediação.
A classificação indicativa para o seminário é livre e as mesas contarão com acessibilidade em Libras, além de tradução do Espanhol para o Português. No domingo (14), último dia do evento, segue a exibição de vídeos e filmes da mostra no auditório e no café do museu.
Serviço
Performances, sessões de vídeo e seminário | 18ª VERBO
De 11 a 14 de setembro
11/09/2025 | Quinta-feira
10h às 18h
Sessão de Vídeos
Local: Café
Classificação Indicativa: Livre
13h30
Abertura oficial da 18ª Verbo – Mostra de performance arte
Local: Auditório
Acessível em Libras
14h às 15h30 | 16h às 17h30
Sessão de Vídeos
Local: Auditório
Classificação Indicativa: 16 anos
16h
[PERFORMANCE]
Coro de Vozes não Humanas II (2025), 15´
Com Tania Candiani (México)
Local: Exposições em cartaz e hall da Pinacoteca
Classificação Indicativa: Livre
16h30
[PERFORMANCE]
A noite mais bonita é quando somos o céu (2024), 90’
Com Trojany (Brasil)
Local: Hall da Pinacoteca do Ceará e Praça da Estação
Classificação Indicativa: Livre
12/09/2025 | Sexta-feira
10h às 18h
Sessão de Vídeos
Local: Café
Classificação Indicativa: Livre
11h às 12h30
Sessão de Vídeos
Local: Auditório
Classificação Indicativa: 16 anos
14h às 15h30
Sessão de Vídeos
Com Lyz Vedra
Local: Auditório
Classificação Indicativa: 16 anos
Acessível em Libras
16h às 17h30
Sessão de Vídeos
Local: Auditório
Classificação Indicativa: 16 anos
16h
[PERFORMANCE]
Cenário para uma Genômica Nacional (2025), 20’
Com Wendy Cabrera Rubio e Carlos Martinez (México)
Local: Hall da Pinacoteca
Classificação Indicativa: Livre
16h30
[PERFORMANCE]
Coro de Vozes não Humanas II (2025), 15´
Com Tania Candiani (México)
Local: Exposições em cartaz e hall da Pinacoteca
Classificação Indicativa: Livre
17h
Alva Escura, lição de açúcar (2024), 30’
Com Dori Nigro e Paulo Pinto (Brasil)
Local: Pátio
Classificação Indicativa: Livre
Acessível em Libras
13/09/2025 | Sábado
14h às 15h30
[SEMINÁRIO]
Verbo Conjugado: Articulações em rede
Com Dori Nigro, Paulo Pinto e Pablo Assumpção (Brasil). Mediação de Bárbara Banida (Brasil)
Local: Auditório
Classificação Indicativa: Livre
Acessível em Libras
16h às 17h30
[SEMINÁRIO]
Verbo Conjugado: Performance para a câmera de vídeo
Com No Barraco da Constância Tem! (Brasil) e Tania Candiani (México). Mediação de Alexandre Veras (Brasil)
Local: Auditório
Classificação Indicativa: Livre
Acessível em Libras
Tradução consecutiva Português>Espanhol>Português
12h às 20h
Sessão de Vídeos
Local: Café
Classificação Indicativa: Livre
17h30
[PERFORMANCE]
Pin Dor Ama, lição de raiz (2024), 60’
Com Dori Nigri e Paulo Pinto (Brasil)
Local: Hall da Pinacoteca
Classificação Indicativa: Livre
Acessível em Libras
18h30
[PERFORMANCE]
Coro de Vozes não Humanas II (2025), 15´
Com Tania Candiani (México)
Local: Exposições em cartaz e hall da Pinacoteca
Classificação Indicativa: Livre
19h
[PERFORMANCE]
Amaraña (2025), 40’
Com Javier Velázquez Cabrera (México)
Local: Hall da Pinacoteca
Classificação Indicativa: Livre
14/09/2025 | Domingo
10h às 17h
Sessão de Vídeos
Local: Café
Classificação Indicativa: Livre
11h às 12h30 | 14h às 15h30
Sessão de Vídeos
Local: Auditório
Classificação Indicativa: 16 anos
PROGRAMA SESSÃO DE VÍDEOS – AUDITÓRIO
1.Victoria Papagni & Tobibi Bienz, Baladatoxica (10’42’’)
2.So Cabrera, Meu Pai Me Ensinou A Brincar (06’02’’)
3.Lorre Yégo Motta, Um Homem Chamado Cavalo É O Meu Nome (04’10’’)
4.Tania Candiani, Pulso (14’16’’)
5.Estela Lapponi, Seliberation #3 (05’45’’)
6.Edith Saldanha, Bodies (17’32’’)
7.Lyz Vedra, Apesar De Você Continuarei Viva (9’40’’)
8.Yan Soa, Amor Residual (4’46’’)
9.Marcelo Amorim, Sumiço (6’18’’)
10.Fluxomarginal, Cariri Território Indomável – Idioma Das Máscara (1’)
Período
11 de setembro de 2025 10:00 - 14 de setembro de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
Pinacoteca do Ceará
Rua 24 de Maio, s/n, Praça da Estação, Centro - Fortaleza - CE
Detalhes
A artista visual Maria Antonia apresenta a exposição/projeto inédita “Carne da Terra”, no Museu do Amanhã, no centro do Rio de Janeiro. É a primeira solo de pintura imersiva de
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A artista visual Maria Antonia apresenta a exposição/projeto inédita “Carne da Terra”, no Museu do Amanhã, no centro do Rio de Janeiro. É a primeira solo de pintura imersiva de uma artista mulher no espaço institucional e, que acontece durante a semana da ArtRio, principal feira da cidade que acontece na Marina da Glória.
O texto crítico é da curadora Fernanda Lopes e a expografia fica por conta da arquiteta Gisele de Paula, responsável também pela 36ª Bienal de São Paulo, que acontece no Pavilhão Ciccillo Matarazzo. A mostra segue aberta à visitação até o dia 25 de novembro de 2025. Este projeto foi contemplado pelo edital Pró-Carioca, programa de fomento à cultura carioca, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Cultura.
Limites da pintura e da imagem
Concebida como uma arena viva de experiências, a exposição reúne pinturas de grande escala, esculturas táteis, sons e realidade aumentada, criando encontros entre gestos ancestrais e recursos tecnológicos contemporâneos. O projeto, que é desdobramento mais recente da investigação de mais de 10 anos da artista, versa sobre os limites da pintura e da imagem, construindo ambientes pictóricos e imersivos nos quais o público é convidado a estar presente. Em sua instalação, Maria Antonia traz para os dias de hoje, questões essenciais da história da arte e como elas se configuram no mundo contemporâneo.
“Carne da Terra é um ambiente-vivo que convida o público a ativar sua percepção, explorando outros sentidos para além do olhar. Neste espaço, o mundo real, também alimentado pela audição e o tato, amplia seus contornos ao incorporar o universo virtual, e o uso de ferramentas presentes em nosso cotidiano, como a inteligência artificial e a realidade aumentada. Ao caminhar pelo universo construído pela artista, pinturas e esculturas pensadas especialmente para essa instalação, ganham novos contornos com ferramentas virtuais desenvolvidas para ampliar as possibilidades da pintura a partir da interação com o público”, diz a curadora Fernanda Lopes no texto crítico.
Serviço
Exposição | Carne da Terra
De 12 de setembro a 25 de novembro
Quinta a terça, das 10h às 18h (última entrada às 17h), inclusive feriados
Período
12 de setembro de 2025 10:00 - 25 de novembro de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
Museu do Amanhã
Praça Mauá, 1 - Centro, Rio de Janeiro - RJ
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Temos o prazer de anunciar a itinerância da exposição Mulheres em Luta! Arquivos de Memória Política na Galeria da Liberdade, em Fortaleza (CE). A Galeria da Liberdade faz parte do conjunto arquitetônico do
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Temos o prazer de anunciar a itinerância da exposição Mulheres em Luta! Arquivos de Memória Política na Galeria da Liberdade, em Fortaleza (CE).
A Galeria da Liberdade faz parte do conjunto arquitetônico do Palácio da Abolição, gerida pelo Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS CE), e ocupa o edifício do antigo Mausoléu Castelo Branco.
Parte da mostra chega à capital cearense apresentando a participação e a contribuição de mulheres na construção política do país, com enfoque nos testemunhos de mulheres que integram o acervo de história oral do Memorial da Resistência, reunidos na instalação “Partitura da Escuta” (2023), de Bianca Turner.
A mostra ainda explora o imaginário da historiadora, militante e poeta Beatriz Nascimento, que apresenta através de seus poemas um retrato urgente e contemporâneo das formas de resistir contra a violência, a impunidade e o racismo.
“Ao trazermos as vozes dessas mulheres que lutaram e lutam pela democracia, no edifício ocupado anteriormente pelo Mausoléu Castelo Branco e agora ressignificado na Galeria da Liberdade, representa um reconhecimento da força política das mulheres em sua luta por memória, verdade e justiça”, avalia Ana Pato, diretora técnica do Memorial da Resistência.
Serviço
Exposição | Mulheres em Luta! Arquivos de Memória Política
Abertura 12 de setembro às 16h.
De 13 de setembro a 01 de novembro
Quarta e quinta-feira, das 10h às 18h (com acesso até as 17h30)
Sexta-feira e sábado, das 13h às 20h (com acesso até as 19h30).
Período
13 de setembro de 2025 10:00 - 1 de novembro de 2025 17:30(GMT-03:00)
Local
Galeria da Liberdade
Av. Barão de Studart, 505, Meireles, Fortaleza - CE