Alfredo Volpi, 'Bandeiras e mastros', década de 1970.

Segundo artigo recente de Artribune, exposição de Alfredo Volpi, La Poetica del colore, montada em Villa Paloma, sede del Museo Nazionale di Monaco, e que termina dia 20 de maio, com curadoria de Cristiano Raimondi, se destacou por desvendar para os europeus sua arte essencial, precisa e sensível.

No final de 2017, o artista ganhou sua primeira individual em uma galeria estadounidense e neste ano, na tradicional galeria Sotheby’s, em Londres. “O mundo começa a descobrir Volpi”, destaca Zivé Giudice, diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) onde, atualmente, 33 obras do artista ítalo-brasileiro são exibidas. A mostra, que se estende até o dia 1° de julho deste ano, é um dos frutos do grande esforço que a gestão do museu tem feito ao lado de parceiros para driblar a crise orçamentária.

A exposição só foi possível, graças a colaboração de curadores, galeristas e colecionadores que se uniram para trabalhar em uma força tarefa que deu suporte ao recolhimento e transporte das obras até a Bahia. “Existe um flerte entre Volpi, a Bahia e este museu desde os anos 40”, afirma Zivé, sustentando seu argumento na posterior doação feita da obra Casas, na década seguinte, para o acervo da instituição. A iniciativa foi do crítico de arte Theon Spanudis e, para Ladi Biezus, que assina texto crítico da exposição, a atual mostra também cumpre o papel de comemorar mais de cinquenta anos da doação.

Zivé diz-se satisfeito por sediar algo digno do artista: “É uma retrospectiva que começa nos anos 40, passa pela incursão do figurativo e depois começa o surgimento da poética geométrica”, afirma. Para ele, o trabalho do curador Sylvio Nery reune “belos exemplares de pinturas que representam muito bem cada época de Volpi”.

A primeira atividade artística de Volpi data de 1914, quando tinha apenas doze anos de idade. Apesar disso, a pintura começou a fazer parte de seu cotidiano só na década de 30, tendo como base as suas observações de paisagens e construções da vizinhança onde morava. No final dessa década, começou a pintar aquilo que, historicamente, viraria a sua marca na arte. Mesmo fazendo parte de uma geração que se desenvolveu em um momento modernista, Volpi se desvinculou dos rótulos de movimentos artísticos impostos pela crítica.

No Brasil, suas obras se espalham por coleções ao longo de todo o país. Marcelo Xavier, Roberto Oliva, Marcos Amaro e Leonardo Telles são alguns dos colecionadores que se dispuseram a colaborar. Além deles, é preciso destacar a dedicação do galerista Paulo Darzé e da galeria paulistana Almeida e Dale em todo o processo, fazendo o intermédio entre o museu e os colecionadores.

A participação do Instituto Alfredo Volpi, presidido por Pedro Mastrubuono, também foi crucial para a realização da mostra. “Sucesso nos USA e Europa, mas sem jamais esquecer o público brasileiro”, destaca Mastrobuono em uma rede social. Segundo Zivé, as parcerias com esses nomes tornam-se importantes à medida que as instituições de arte brasileiras têm sofrido com a crise: “A cultura sempre padece por isso, mais que os outros subsetores da sociedade”.

Estado de espírito

No Museu de Arte Moderna da Bahia, a exposição de Afredo Volpi integra um projeto que foi denominado Estado Bienal. A medida é uma forma encontrada pela gestão da instituição para realizar, de alguma forma, a função que a Bienal da Bahia costumava cumprir. Depois do fechamento da II Bienal baiana em 1968, por ação da ditadura militar embasada-se no AI-5, o evento só voltou a acontecer 46 anos depois, em 2014. Sem recursos para continua-la, ainda não há previsão de quando a quarta edição será acontecerá. Desta forma, o MAM-BA resolveu integrar todos os projetos do museu no rótulo Estado Bienal. “Decidimos que tudo o que fosse produzido pelo museu ou demandado do museu fosse feito dentro da perspectiva desse lugar de gestação de ideias e de conteúdo”, pontua Zivé.

Para os próximos meses, o MAM-BA prevê uma mostra que irá reunir o que Zivé chama de Geração 70 da arte baiana. Para ele, é uma geração espontânea que “começa a construir um lugar da arte atual” no estado. Estão sendo cotados nomes como Bel Borba e Vauluizo Bezerra, sergipano radicado na Bahia.

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