A Última Floresta
Davi Kopenawa em cena do documentário "A Última Floresta". Foto: Divulgação.

Dos dias 19 a 21, o Sesc Pompeia realiza um ciclo de debates sobre a situação dos povos indígenas no Brasil com a participação do fotógrafo Sebastião Salgado, lideranças indígenas, ativistas e especialistas. Como parte da programação da exposição Amazônia, os encontros são abertos ao público, gratuitos, e também serão transmitidos ao vivo pelo canal do YouTube (aqui).

A abertura do ciclo de debates acontece no teatro do Sesc Pompeia, dia 19, às 20h, onde Sebastião Salgado, Davi e Dário Kopenawa conversam sobre a situação dos indígenas diante da invasão do garimpo e devastação da floresta amazônica nestes 30 anos da demarcação da terra Yanomami. Na quarta-feira (20), Biraci Brasil, Francisco Pyiako e Wewito falam sobre a situação indígena no Acre e conflitos gerados com construções de estradas que cortam a região. O encontro acontece na Área de Convivência, às 20h. Para encerrar a programação, Sebastião Salgado, Beto Marubo, Sydney Possuelo e Tiago Moreira conversam sobre a situação de populações indígenas isoladas e do recente contato com outras comunidades, às 18h, da quinta-feira (21), também na Área de Convivência do Sesc Pompeia. Os três eventos são gratuitos e somente o primeiro necessita de retirada antecipada de ingressos, que deve ser feita na bilheteria com uma hora de antecedência.

Sobre os convidados

Biraci Brasil é cacique e líder espiritual do povo Yawanawa.

Beto Marubo é indígena da etnia Marubo e membro da organização Univaja – União dos Povos Indígenas do Vale do Javari.

Davi Kopenawa é escritor, xamã e líder político Yanomami. Atualmente é presidente da Hutukara Associação Yanomami, uma entidade indígena de ajuda mútua e etnodesenvolvimento.

Dário Kopenawa é líder político Yanomami, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, uma entidade indígena de ajuda mútua e etnodesenvolvimento.

Francisco Pyiako é lider do povo Ashaninka, coordenador da Opirj, ex-assessor da Presidência da Funai e ex-secretário de Estado do Acre.

Marcos Wesley é antropólogo, coordenador do programa Rio Negro no ISA (Instituto Socioambiental). Trabalha há mais de 20 anos junto aos Yanomami.

Sydney Possuelo é indigenista, ativista social e etnógrafo, considerado a maior autoridade com relação aos povos indígenas isolados do Brasil.

Tiago Moreira é antropólogo, analista de desenvolvimento e pesquisa socioambiental. Faz parte da equipe do ISA (Instituto Socioambiental).

Vista da exposição no Sesc Pompeia, em São Paulo. Foto: Everton Ballardin/Cortesia Sesc
Vista da exposição no Sesc Pompeia, em São Paulo. Foto: Everton Ballardin/Cortesia Sesc

Abril Indígena

A atividade faz parte do Abril Indígena no Sesc-SP. Realizado desde 2019, ele foi idealizado com o objetivo de valorizar e difundir a diversidade cultural desses povos no Brasil, especialmente por meio de atividades que suscitam espaços de protagonismo para indígenas – provenientes tanto de aldeias, comunidades e terras indígenas quanto de contextos urbanos. Segundo Tatiana Amaral, assistente da Gerência de Estudos e Programas Sociais do Sesc, “essa ação em rede pretende colaborar para a desconstrução da ideia estereotipada do indígena selvagem e isolado, revelando a atualidade e a dimensão local de suas existências, resistências, demandas, saberes e fazeres”, explica.

Já no dia 30 de abril, é inaugurada na plataforma virtual do Sesc a série Amazônia, Arqueologia da Floresta com direção e montagem de Tatiana Toffoli, produção da Elástica Filmes e realização do SescTV. Confira mais sobre cada capítulo da série:

Capítulo 1 – A Terra dos Povos

Monte Castelo é um sambaqui fluvial, uma ilha artificial, que foi construído e ocupado há pelo menos 6 mil anos. Localizado na bacia do rio Guaporé, em Rondônia, esse sítio foi escavado pela primeira vez pelo arqueólogo Eurico Miller na década de 1980. Trinta anos mais tarde, foi relocalizado por uma equipe de arqueólogos e as escavações foram retomadas, dando início a uma nova etapa de descobertas surpreendentes.

Capítulo 2 – Conchas e Ossos. 

Há 4 mil anos o clima da região mudou e novas camadas de conchas e terra foram adicionadas ao sítio. A equipe encontra muitos vestígios de um cemitério datado dessa época. Adornos e uma galhada de veado são encontrados junto aos ossos humanos. Os arqueólogos acompanharam os Tupari até a antiga aldeia do Laranjal, local em que viviam e do qual tiveram que sair por causa da criação da Reserva Biológica do Guaporé, em 1983.

Capítulo 3 – O Tabaco e a Cerveja. 

O sudoeste da Amazônia é uma região de grande diversidade natural e talvez por essa razão foi também um importante centro de domesticação de plantas. Os vestígios desse processo de domesticação e cultivo de plantas são encontrados nos sítios arqueológicos da região. Quando os Tupari abriram a aldeia Palhau, que está localizada sobre um sítio arqueológico, a mandioca dos antigos, usada para fazer chicha, brotou no solo. Muitas espécies aparecem espontaneamente na roça. O milho, por exemplo, cultivado há 6 mil anos, até hoje é plantado pelos Tupari numa demonstração de que o passado e o presente estão profundamente conectados na região.

Capítulo 4 – Cemitério Bacabal.

Neste episódio, novos sepultamentos são encontrados. A composição química das conchas que formam o sambaqui Monte Castelo ajudou a preservação de ossos e sementes. Através desses vestígios é possível saber o que os antigos comiam e bebiam. Os ossos e os dentes humanos, as amostras de solo, as cerâmicas e objetos de pedra nos ajudam a contar a história de ocupação dessa região.

 


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