Foto- Reprodução:theguardian.com
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* Alex Tajra

No coração da maior floresta do mundo, os últimos seringueiros do Brasil buscam continuar vivendo do extrativismo, mesmo com a constante desvalorização do látex. Nos áureos tempos da borracha, a região, que seria o futuro estado do Acre, foi o centro de uma disputa diplomática entre brasileiros e bolivianos. Em 1903, portanto há 110 anos, foi necessária a intervenção do Barão do Rio Branco para que o território, habitado em sua maioria por brasileiros, pertencesse definitivamente ao Brasil.

Hoje, as dificuldades ainda são imensas. Ameaçados por posseiros, os seringueiros do Acre são os alvos principais de agricultores, que os intimidam o tempo todo. A luta pela terra neste rincão escondido do país gera mortes, despedaça famílias, mantém os seringueiros em constante estado de alerta. O sonho de envelhecer vivendo na floresta é uma batalha diária, que já vitimou pessoas simples e líderes, como Wilson Pinheiro e Chico Mendes.

O assassinato de Chico Mendes, em Xapuri, em 1988, foi o estopim para que as reivindicações dos povos da floresta chegassem ao poder público. Porém, 25 anos depois, o que se vê é o abandono de muitos projetos e cooperativas idealizadas pelo líder dos seringueiros.

Google homenageou o aniversário do seringueiro e líder sindical Chico Mendes – Foto- Reprodução:Google
Google homenageou o aniversário do seringueiro e líder sindical Chico Mendes – Foto- Reprodução:Google

Com o látex pouco lucrativo, os extrativistas buscam novas formas de sustento. Plantações de cacau e produção de castanha para exportação são atividades que garantem a sobrevivência dos acrianos que resistiram. Resistir parece ser o verbo correto para se pronunciar no Acre. Assim como os extrativistas, a floresta resiste às ações de madeireiras.

A reportagem do programa Caminhos da Reportagem foi até as margens do Rio do Rola, conversou com quem sempre viveu ali, entrevistou quem está ali só pelo lucro. No papel, todas as madeireiras dizem fazer o manejo sustentável das áreas exploradas. Na prática, é visível que o corte ilegal da vegetação amazônica aumentou nos últimos anos.

Nada mais distante do ideal que Chico Mendes tinha para a região, onde os trabalhadores, reunidos em cooperativas, conseguiriam a sobrevivência respeitando os limites da floresta. O Acre, com sua história mais do que centenária; Chico Mendes, sua luta e seu legado; e a dura realidade dos povos da floresta; são os temas deste Caminhos da Reportagem.


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