Fotos: Ana Luzes

Ana Luzes é artista visual capixaba, nascida no centro de Vitoria e criada no Morro do Quadrado. Desde muito jovem a sua paixão foi a fotografia, fazendo dela uma forma de documentar seu entorno. Já com 22 anos, se graduou em Fotografia pela Universidade de Vila Velha (UVV) e resolveu começar a retratar a periferia, mostrar suas raízes, suas historias. Participou da exposição virtual “Séries sobre o isolamento” no Museu Vale em 2021 e atuou com fotografia documental na matéria “Sobreviver para cuidar: Os degraus da vida de Lenir”.

Em 2022, participou da projeção O URBANO ENTRE A REALIDADE E A UTOPIA no Festival de Fotografia Tiradentes e Rotterdam Photo. Com imagens da serie Só se afoga quem sabe nadar (2021), tiradas no Rio Santa Maria, que beira a Ilha das Caieiras.
Em 2023, participou das exposições BRIDGING HORIZONS: Brazilian Photography Today, nos Estados Unidos e Otros Brasiles: La fotografía como expresión de la resistencia, na Cidade do México.

Há mais de três anos, Ana Luzes desenvolve uma pesquisa sobre as criações que existem dentro da favela, em parceria com o Instituto Serenata de Favela. Ao todo, ela dá aula de fotografia e conduz oficinas para 200 crianças.

Na exposição GENESIS: A CRIAção, a artista apresentou, na Galeria Homero Massena, em Vitória, instalações fotográficas baseadas nas 7 etapas de criação do mundo, segundo o primeiro livro bíblico Gênesis, que narra desde um ponto de vista religioso, a origem do mundo. Ao registrar imagens que dialogam com a realidade das periferias, a artista, moradora do bairro Santa Tereza e a iniciativa “cria” , do Morro do Quadro, apresentam intervenções de fragmentos de um grande universo criativo dos bairros do Quadro, Cabral, Jesus de Nazareth, Inhanguetá e Grande Vitória, enfatizando suas vivências, manifestações culturais e resiliência em meio à desigualdade social e que trazem a tona diversos momentos com palavras chaves da historia bíblica.

“Essa pesquisa e estudo para a produção das imagens não foram feitas nos livros, com nenhuma teoria ou especialista em favela , essa pesquisa foi feita na prática com as comunidades, com muitas visitas, conexões e reflexões que influenciaram nas decisões estéticas ou narrativas. Deste modo, a exposição não foi feita apenas sobre eles mas, fundamentalmente, com eles.” diz a curadora Nataly Volcati*.

A exposição é resultado também de um projeto educacional, que inclui o uso de smartphones e câmeras para fazer registros. Crianças são também estimuladas a participar da experiência fotográfica.

“Gênesis é minha primeira exposição individual, mas me orgulho em saber que foi construída de forma coletiva com as pessoas envolvidas no projeto. É o início de uma trajetória que busca trazer as memórias das favelas capixabas para o olhar de outros públicos. Exibir essas experiências na Galeria Homero Massena, um espaço de referência para pautas políticas contemporâneas, reforça a presença da periferia no Centro Histórico de Vitória”, diz Ana Luzes.

“Todo o meu trabalho é sobre, também, um pouco da minha história. Sempre quis abordar a favela de uma perspectiva diferente, de uma perspectiva que encantasse as pessoas e eu acho que isso acabou gerando um bom resultado”.


* Nataly Volcati, cria do bairro Grande Vitória, em Vitória/ES, é pesquisadora-artista e gestora de projetos culturais. Curadora estreante da exposição GENÊSIS: A CRIAção, ao lado da artista Ana Luzes, Nataly traz ao seu trabalho uma abordagem crítica e consciente das questões étnico-raciais, com uma projeção de continuidade na prática curatorial. Formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), com ênfase em Sociologia Urbana, atualmente cursa especialização em Gestão de Projetos Culturais no Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (CELACC/USP). Sua pesquisa explora temas como memória e identidades afro-brasileiras e das periferias urbanas, permeando sua atuação intelectual, artística e cultural. ✱


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