O designer e arquiteto Jorge Zalszupin, cujo centenário de nascimento é celebrado neste ano
O designer e arquiteto Jorge Zalszupin, cujo centenário de nascimento é celebrado neste ano. Foto: Acervo pessoal

Um dos expoentes da geração de arquitetos que atuou, entre os anos 1950 e 1980, nos campos do design e da arquitetura brasileira, o polonês naturalizado brasileiro Jorge Zalszupin nasceu em 1º de junho de 1922, em Varsóvia. Em 1945, formou-se em arquitetura na Romênia, e em 1949 veio para o Brasil, ainda fugindo da perseguição aos judeus em seu país. Deixou-nos em agosto de 2020.

Agora, quase dois anos depois, três mostras celebram o centenário de seu nascimento, que revelam facetas diversas de sua produção diversa, que não se limitava ao mobiliário moderno, com o qual ganhou mais notoriedade nos últimos anos após um consistente trabalho de resgate de sua memória e da reedição de seus produtos, um projeto capitaneado pela empresária e curadora Lissa Carmona, da galeria ETEL.

Até o dia 4 de setembro, a exposição Orgânico Sintético: Zalszupin 100 Anos acontece simultaneamente no Museu da Casa Brasileira (MCB), com curadoria do técnico do MCB, Giancarlo Latorraca, e na Casa Zalszupin, com curadoria de Lissa e do professor Guilherme Wisnik. A mostra apresenta criações inéditas do acervo de Zalszupin, como itens pessoais, a exemplo de um livro de piadas ilustrado. O trabalho de pesquisa teve apoio da museóloga Nathalia Reys, em parceria com a família do designer. A propósito de livros, está prevista para o segundo semestre a reedição do livro esgotado sobre Jorge Zalszupin, com conteúdo inédito sobre seu trabalho arquitetônico.

No MCB, estão sendo apresentados novos aspectos da obra de Zalszupin, ligados à  produção industrial de sua empresa L’Atelier (1959–1988), aos utensílios de plástico da série Eva e às séries de mobiliário para escritórios. Será também resgatado no museu seu trabalho como arquiteto, mostrando alguns edifícios que projetou na Avenida Paulista, no Centro de São Paulo e no bairro de Higienópolis.

Na Casa Zalszupin, morada projetada pelo próprio Jorge, e onde ele trabalhou e viveu por mais de 60 anos, o foco é em sua arquitetura residencial, marcada por uma organicidade expressionista, com volumes curvos e paredes grossas e brancas. Fotos de Nelson Kon e croquis inéditos ajudam a entender melhor esta sua faceta. O espaço abriga ainda alguns móveis de Zalszupin que faziam parte da própria casa, como sua emblemática poltrona Dinamarquesa, a reedição da ETEL para sua poltrona Ondine e a última peça que ele criou para a marca, a poltrona Verônica. Há também obras de arte da Almeida & Dale, de artistas como Tunga, Anna Maria Maiolino, Laura Vinci e José Resende, que conversam com a estética do designer.

Administrado pela ETEL e pela galeria Almeida & Dale, a Casa foi aberta no ano passado e vem realizando exposições diversas, em que se busca diálogos com obras de arte do acervo da galeria, a própria arquitetura da residência e mobiliários de Zalszupin, ou ainda de outros designers, como Claudia Moreira Salles, que expôs criações suas lá, entre peças emblemáticas e lançamentos, até o fim de maio.

Originais

Até o dia 3 de setembro, a recém-inaugurada Galeria Teo – um espaço dedicado a preciosidades de grandes nomes design modernista, das décadas de 30, 40, 50, 60 e 70 – também homenageia os 100 anos de Zalszupin com uma mostra. A expografia é assinada por Teo Vilela Gomes, empresário à frente da Casa do Teo, que em 2022 completa 15 anos, e pelo arquiteto e designer gráfico Claudio Novaes. A exposição abriga 40 móveis do designer, originais e certificados, parte acervo da própria galeria, e outra parte foi cedida por colecionadores, para o período da mostra.

A seleção apresenta móveis de jacarandá maciço da Bahia e outros de jacarandá curvado, feito de compensado laminado, técnica que Zalszupin aprimorou em suas criações. Nos detalhes, destaque para os acabamentos de metal cromado e latão. Vale ressaltar ainda a elegante execução da tapeçaria de todas as peças, muitas finalizadas com botões de jacarandá, costuras e pespontos.

SERVIÇO

Orgânico Sintético: Zalszupin 100 anos
Até 4 de setembro

Museu da Casa Brasileira (MCB): Av. Brig. Faria Lima, 2705 – São Paulo (SP)
Visitação de terça a domingo, das 10h às 18h, com exceção da sexta-feira, que tem horário estendido até 22h
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada); às sextas-feiras, entrada gratuita

Casa Zalszupin:
Jardim Europa (oendereço compartilhado após agendamento da visita)
Visitação de segunda a sexta, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 14h
Entrada gratuita mediante agendamento prévio no site casazalszupin.com 

Exposição Centenário Jorge Zalszupin
Até 3 de setembro
Galeria Teo: Rua João Moura, 1298 – São Paulo (SP)
Visitação de segunda à sexta, das 9h às 18h; sábado, das 10h às 14h
Entrada gratuita


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