
Em memória a todos que perderam a vida na pandemia, uma chama se acendeu esta semana no Sesc Avenida Paulista. Um pequeno isqueiro zippo, que geralmente manteria a flama por cerca de quinze segundos, foi aceso e assim ficará de forma ininterrupta por um ano. A escultura é o primeiro episódio de A extinção é para sempre, projeto multilinguagem idealizado por Nuno Ramos e realizado pelo Sesc São Paulo com apoio do Goethe-Institut. Fechada para visitação, a obra pode ser apreciada no site da iniciativa, onde sua transmissão acontecerá ao vivo até que o fogo se extinga.
Envolvendo artes visuais, literatura, música, teatro, dança e cinema, o projeto é composto de sete episódios, desenvolvidos através de diálogos com artistas de diversas origens e linguagens, como a escritora Noemi Jaffe, o cineasta Jorge Bodanzky, a atriz Edna de Cássia, o coreógrafo Eduardo Fukushima e o encenador Antônio Araujo. “É quase que a configuração de um corpo que anda junto, uma orquestra de câmara, na qual esses trabalhos tem que jogar um com o outro, mas têm muita voz independente”, explica Nuno Ramos.
Apesar da potência individual de cada ato e de seus conceitos próprios, os episódios giram em torno de uma mesma questão: a busca por uma resposta poética à conjuntura brasileira e à pandemia, situação que para Nuno se configura através de uma série de extinções. “O que sinto é que não vamos voltar ao que era antes através de uma eleição. Vamos precisar de muito mais”, diz. E completa: “Existe a entronização da própria violência na Presidência da República, como um projeto que teve o aval da elite e do próprio ressentimento popular. O Brasil está passando por uma tragédia inacreditável, não só pela Covid-19 – que é uma espécie de visualização explícita disso -, mas também na destruição minuciosa de toda uma trama institucional.”

Para o artista, essa situação foi agravada ao que o mundo político oficial se paralisou, sem conseguir superar as divergências e apontar um caminho de reação à barbárie. “Tenho a impressão de que a gente precisa realmente criar esse lugar de respiração, de trocas, de sublimação, de simbolização da vida. Então acho que tem um pouco desse desespero: como é que eu faço frente a uma situação como essa que a gente está passando?”. Junto a outros artistas, Nuno agiu pela cultura, expressando-se através de múltiplas linguagens de forma simultânea. “É uma forma de fazer arte ‘a quente’, uma produção em movimento, que vá contra o atual estado de apatia e responda aos assuntos que percorrem o espaço público hoje – como o luto, a violência, a ameaça às instituições e a relativização da nossa história”, declara.
A arte!brasileiros conversou com o artista sobre os conceitos que envolvem cada um dos sete episódios de A extinção é para sempre. Atualmente configurado como um laboratório artístico. O projeto segue em desenvolvimento e está previsto para durar um ano, o tempo da chama acesa no zippo.
A caminho da extinção
Se em 2020, em Marcha à Ré – performance feita pelo artista em parceria com o Teatro da Vertigem e comissionada pela Bienal de Berlim – buscava-se reverter a energia de descaso do governo frente à pandemia de coronavírus, homenageando suas vítimas, CHAMA aprofunda essa ideia, ao se configurar como um gesto artístico de luto. Nas próximas semanas, o público poderá participar ativamente da obra, entrando na transmissão ao vivo. “Se uma pessoa no Canadá quiser fazer uma fogueira e nos mandar, colocamos o fogo na transmissão. Outro vai pegar uma lata de combustível embaixo de um viaduto em Jacarepaguá? Coloco o fogo dele. Assim, vamos mantendo uma chama acesa ao vivo, numa espécie de monumento da chama eterna”, explica Nuno.

Entre os dias 28 e 30 de maio, Chão-Pão vai ao ar, sempre às 20h30. Nesse episódio, um grupo de performers monta um chão feito com lajotas e pães impróprios para consumo. Sobre esse terreno, caminham e dançam, quebrando e modificando esse chão-pão. No meio da cena, dois monitores trazem em loop trechos dos filmes Deus e o Diabo na Terra do Sol e Terra em Transe, de Glauber Rocha, nos quais a fala “a culpa não é do povo” está presente. “Os atores jogam um pouco com a ambiguidade dessa frase e dessa estrutura. Com esse pão sustentando e sendo despedaçado por esse chão do qual ele é a base original, que ele é quem segura”, explica. “Então tem algo da perda de horizonte popular, da perda de vocalização do que era ainda vocalizado há alguns anos e que foi sumindo.”
Essa dificuldade de expressar as situações está presente também no terceiro episódio de A extinção é para sempre, construído a partir de Os Desastres da Guerra, de Goya. Nele, teremos um tableau vivant (pintura viva), no qual atores vestidos de soldados napoleônicos vocalizam os duros depoimentos de pessoas que perderam seus parentes na guerra, colocando em foco as vítimas da violência do Estado. A brutalidade dos relatos os torna difíceis de ouvir e Nuno buscou trazer essa ideia à apresentação. Para isso, os textos foram traduzidos para o braile e então transformados em partitura percussiva. “No braile, temos dois pontos por casa: um tempo forte e um tempo fraco”, explica. É a partir disso que os músicos tocam os relatos, sobrepondo a fala dos atores. “Estamos lidando com a impossibilidade de representação de uma violência dessas, através de uso amalucado de todas as linguagens”, conta.

Os ataques ao meio ambiente e às identidades indígenas são outro ponto de barbárie que vem sendo denunciado nos últimos anos. É visando se aprofundar nas discussões ecológicas e antropológicas que o filme Iracema – uma transa amazônica, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna, é retomado em Iracema Fala. O episódio, que está previsto para ser lançado em agosto, funciona como “uma espécie de reparação e também uma atualização dessas questões”, explica Nuno. Para isso, Edna de Cássia, atriz principal do filme, que saiu da carreira artística logo após o prêmio recebido por sua atuação, revisita o texto que interpretou nos anos 70, dirigindo e interferindo em uma reencenação.
O quinto episódio traz foco à polêmica em torno de monumentos espalhados por todo o Brasil. Elaborado em colaboração com a escritora Noemi Jaffe, o trabalho busca reinaugurar uma estátua em uma das praças da cidade de São Paulo. Porém, ao invés das autoridades comumente chamadas para discursar nesses eventos, uma sequência de reinaugurações convida pessoas de várias configurações sociais, que travam discursos a partir de suas vivências dissidentes – “como que tentando reencontrar um espaço de significação para aquela escultura que já não quer dizer nada, ou que quer dizer algo muito ruim, que carrega uma memória muito violenta”.
Então, o luto volta à cena. Helióptero, sexto episódio, retoma Antígona, que enfrenta o Estado para poder velar o corpo de seu irmão morto. Em A extinção é para sempre, a tragédia grega é atualizada; Creonte, o Estado, passa a ser representado por uma máquina de guerra: um helicóptero. Com sua linguagem militar e a memória de violência e assassínio que carrega ao passar sobre as favelas brasileiras, a aeronave enfrenta Antígona, que no chão se expressa através do funk, projetado por caixas de som voltadas ao céu.
Do luto à extinção de fato, o projeto se encerra com o episódio que o dá nome. Uma pequena peça, escrita por Nuno Ramos e dirigida por Antônio Araújo, conta a história da última tartaruga gigante, que não conseguiu reproduzir e levou consigo seu código genético. Ao lado de um personagem sobrevivente de A Guerra dos Mundos, de H.G. Wells, a tartaruga palestra sobre sua vida e as extinções que permanecem em sua memória.
O projeto será disponibilizado de forma virtual ao longo desse um ano na plataforma de A extinção é para sempre, bem como nas redes sociais do Sesc Av. Paulista, e está sujeito a alterações de cronograma devido à pandemia de coronavírus. Porém, como coloca Nuno Ramos no texto base da iniciativa: “Vivemos algo da ordem do irreversível, numa proporção cujo desenho é difícil definir. Podemos perder tudo e, por isso, o que quer que façamos agora é dramático e decisivo. A hora é nossa”.

A extinção é para sempre
ONDE: Clique aqui para acessar a plataforma virtual do projeto
QUANDO: 25/05/2021 a 25/05/2022
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O Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB) inaugura a exposição “Memória: relatos de uma outra História”, um dos acontecimentos centrais da Temporada França-Brasil 2025. Com curadoria de Nadine Hounkpatin
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O Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB) inaugura a exposição “Memória: relatos de uma outra História”, um dos acontecimentos centrais da Temporada França-Brasil 2025.
Com curadoria de Nadine Hounkpatin e Jamile Coelho, a mostra reúne 20 artistas negras da diáspora africana e do continente africano, que se apropriam das artes visuais como campo de elaboração da memória e de reconstrução simbólica do mundo. Suas produções instauram um pensamento decolonial, no qual a arte atua como forma de escuta, reescrita e reexistência.
Participam: Amélia Sampaio, Barbara Asei Dantoni, Barbara Portailler, Beya Gille Gacha, Charlotte Yonga, Dalila Dalléas Bouzar, Enam Gbewonyo, Fabiana Ex-Souza, Gosette Lubondo, Josèfa Ntjam, Luana Vitra, Luisa Magaly, Luma Nascimento, Madalena dos Santos Reinbolt, Maria Lídia dos Santos Magliani, Myriam Mihindou, Na Chainkua Reindorf, Selly Raby Kane, Tuli Mekondjo e YêdaMaria.
Após itinerar por Bordeaux, Abidjan, Yaoundé e Antananarivo, a exposição chega a Salvador — cidade em que a herança africana se manifesta como fundamento estético e artístico — para instaurar um novo capítulo do projeto. No MUNCAB, essas artistas constroem um território de enunciação e reparação, no qual imagem, corpo e gesto tornam-se instrumentos de reconfiguração das narrativas históricas e de afirmação das subjetividades negras.
A exposição é uma realização do Ministério da Cultura, Petrobras e Embaixada da França no Brasil, em parceria com o MUNCAB, sob gestão da Amafro.
Serviço
Exposição | Memória: relatos de uma outra História
04 de novembro a 1º de março de 2026
Terça a domingo, das 10h às 16h30, sábado das 10h às 17h
Período
Local
Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira: MUNCAB
R. das Vassouras, 25 - Centro Histórico, Salvador - BA
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A última exposição de 2025 da Pinacoteca, “Trabalho de Carnaval”, é uma coletiva com obras de 70 artistas de diferentes gerações e origens, como Alberto Pitta, Bajado, Bárbara Wagner, Ilu Obá
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A última exposição de 2025 da Pinacoteca, “Trabalho de Carnaval”, é uma coletiva com obras de 70 artistas de diferentes gerações e origens, como Alberto Pitta, Bajado, Bárbara Wagner, Ilu Obá de Min, Heitor dos Prazeres, Juarez Paraíso, Lita Cerqueira, Maria Apparecida Urbano, Rafa Bqueer e Rosa Magalhães.
A mostra no edifício Pina Contemporânea expõe 200 obras dentre adereços, projetos de decoração e documentação histórica em fotografia e vídeo, além de comissionamentos de projetos inéditos dos artistas Adonai, Ana Lira e Ray Vianna.
Dividida em quatro temas – Fantasia, Trabalho, Poder e Cidade, “Trabalho de Carnaval” apresenta a maior festa popular do país como uma cadeia produtiva que envolve o trabalho das muitas mãos desde antes mesmo da festa acontecer, ao mesmo tempo em que alude à precariedade e invisibilidade desses profissionais.
NÚCLEOS TEMÁTICOS
O núcleo Fantasia faz referência a dois elementos característicos do carnaval: o ato de se fantasiar e a força da imaginação. Projetos e croquis integram a parte central da Grande Galeria, como os estudos de J. Cunha para o carnaval de Salvador e Joana Lira para as decorações de rua do Recife.
Discussões sobre as condições de trabalho da festa são apresentadas no núcleo Trabalho, no qual são apresentadas obras que trazem à tona a representatividade dos trabalhadores.
A relação entre carnaval e espaço urbano ou rural aparece no núcleo Cidade por meio de representações de blocos, cordões, afoxés e outras formas de cortejos. O núcleo reúne obras como as fotografias realizadas por Diego Nigro no bloco de carnaval Galo da Madrugada (2025).
Por fim, o núcleo Poder celebra os encontros de trabalhadores dos canaviais em Pernambuco transformando-se em reis e rainhas do maracatu, assim como mulheres negras e grupos periféricos marginalizados se tornando, por alguns dias, as figuras de comando durante a festa na Bahia: Deusas de Ébano, Reis Momos, Rainhas do Carnaval.
Serviço
Exposição | Trabalho de Carnaval
De 8 de novembro de 2025 a 12 de abril de 2026
Quarta a segunda, das 10h às 18h
Período
Local
Pinacoteca Contemporânea
Av. Tiradentes, 273, Luz, São Paulo - SP
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A Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar a exposição Nascimento de Antonio Obá, que ocupa todo o espaço da galeria na Barra Funda com obras inéditas e emblemáticas.
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A Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar a exposição Nascimento de Antonio Obá, que ocupa todo o espaço da galeria na Barra Funda com obras inéditas e emblemáticas. Os trabalhos, desenvolvidos com técnicas distintas como pintura, desenho, instalação e filme, dão continuidade à investigação do artista sobre a construção da identidade nacional, e suas contradições e influências, por meio de ícones e símbolos presentes na cultura brasileira.
O título da exposição surge da ideia de nascimento como marco de um momento, de uma nova existência sobre a Terra. Este evento milagroso também carrega a contrapartida da fortuna e da sorte, que nos acompanha desde a concepção. Para Obá, “Estar sujeito a isso não diz a respeito de uma escolha. Estar sujeito a isso diz a respeito de uma irreverência ao inevitável. Então, o que podemos fazer é demarcar essas várias sortes através do rito, da celebração, do símbolo, da linguagem.”
Cada obra que compõe a exposição confere a essa tentativa de situar a ideia de sorte, fortuna, ora como uma prece, ora com um ritual que celebra isso.
Uma instalação inédita, localizada em um espaço fechado, no fundo da galeria, se refere diretamente a ideia de jogo e de sorte. Nela, colunas de búzios se derramam sobre peneiras de bronze douradas, carregando ovos de cerâmica pintados de vermelho. Os búzios representam elementos de tentativa de leitura da sorte, do destino e da sina, e simbolizam a moeda de troca, que também se transforma em oferenda. Na disposição que se encontram no espaço, os búzios formam colunas que estão ascendendo, como um território de elevação espiritual e de ressignificação da vida ante ao que ela propõe de fatal.
Na entrada do espaço expositivo, um caminho de espadas de São Jorge e Iansã, conduzem até um novo objeto instalativo: um altar com dois troncos que simbolizam o pelourinho. Os troncos estão inteiramente cravejados de pregos — em um deles, os pregos estão voltados para fora; no outro, para dentro — simbolizando proteção e punição e a dificuldade de harmonizar tensões. Entre os pelourinhos, cabos suspendem uma cabeça de bronze com um prumo na ponta. Esta instalação é uma oferenda ao senhor do caminho, portanto, tem uma relação com Exu.
A instalação Ka’a porá (2024), apresentada pela primeira vez na mostra itinerante Finca-Pé: Estórias da terra no CCBB Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, ocupa lugar de destaque na exposição. Esculturas de pés, representando tanto o pé humano quanto o de uma árvore, enfatizam a conexão com o solo. A configuração da obra lembra um pequeno jardim, com troncos dispostos de forma aparentemente aleatória, cada um sugerindo uma direção diferente dentro de um labirinto. O título da instalação deriva do termo tupi ka’a porá, que se refere a um indivíduo que se estabelece e se ancora à terra. A expressão também remete à figura mítica da Caipora, protetora das florestas na mitologia indígena brasileira. Outro elemento simbólico da instalação revisita o conceito de poda, entendido aqui como um ato de violência que rompe com a vida e a natureza.
Telas de diferentes tamanhos e técnicas compõem a narrativa visual da mostra. Um conjunto de 22 pinturas de pequeno formato apresenta a leitura de Obá sobre o Tarô. Nas obras, o artista utiliza de uma mistura de técnicas junto a folhas de ouro, conferindo um tom mágico e fantasioso único às cartas do oráculo. Além dessas, a exposição reúne novas pinturas de grandes dimensões, bem como uma obra pintada diretamente sobre uma das paredes do espaço expositivo. Nessas peças, figuras e símbolos que compõem a identidade brasileira sugerem novas interpretações. A mostra também inclui desenhos inéditos feitos com carvão, nanquim, lápis e têmpera e sobre tela.
O filme Encantado (2024) apresenta uma performance do artista que propõe reflexões sobre sistemas simbólicos — especialmente os religiosos. A ação performática evoca uma perspectiva ritualística, centrada na figura do peregrino, que, em seu gesto, sintetiza elementos de crença, cultura e tradição associados ao imaginário do romeiro.
Com esse conjunto de obras, que atravessa diferentes mídias e simbologias, a exposição reafirma a potência da produção de Antonio Obá na construção de uma poética que investiga identidade, território e espiritualidade.
Serviço
Exposição | Nascimento
De 8 de novembro a 14 de março de 2026
Terça a sexta, das 11h às 19h, sábado das 10h às 17h
Período
Local
Mendes Wood DM
Rua Barra Funda, 216, São Paulo – SP
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Nascido das periferias urbanas e estudado por pesquisadores como um dos movimentos culturais mais influentes do país, o funk se afirma como linguagem estética, política e social que transforma modos
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Nascido das periferias urbanas e estudado por pesquisadores como um dos movimentos culturais mais influentes do país, o funk se afirma como linguagem estética, política e social que transforma modos de falar, vestir e criar. É a partir dessa força que o Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, apresenta, no histórico prédio da Estação da Luz, a exposição FUNK: Um grito de ousadia e liberdade. Concebida originalmente pelo Museu de Arte do Rio (MAR), onde ficou um ano e meio em cartaz conquistando sucesso de público e crítica, a exposição será aberta ao público de São Paulo no dia 15 de novembro, debatendo o papel do funk nos repertórios linguísticos, artísticos e afetivos, com acervo incorporado sobre o funk paulista.
Com curadoria de Taísa Machado, Dom Filó, Amanda Bonan, Marcelo Campos e Renata Prado, a exposição irá apresentar e articular a história do funk para além da sua sonoridade, também evidenciando sua origem na matriz cultural urbana, periférica, a sua dimensão coreográfica, as comunidades, e os seus desdobramentos estéticos, políticos e econômicos ao imaginário constituído em torno dele.
Para isso, a exposição contará com 473 obras e itens de acervo, entre pinturas, fotografias e registros audiovisuais. Na versão apresentada no Museu da Língua Portuguesa, o projeto terá conteúdos exclusivos sobre o funk paulista. Entre eles, o acervo da memória da FUNK TV, produtora do bairro da Cidade Tiradentes, berço do movimento na capital. Essas imagens poderão ser vistas em um telão assim que o público entrar na sala expositiva do primeiro andar.
A exposição FUNK: Um grito de ousadia e liberdade mostrará o caminho percorrido pelo gênero musical desde a influência da música negra estadunindense, o estabelecimento no Rio de Janeiro com características próprias e depois em São Paulo, onde também assumiu feições locais.
As obras ajudarão a contar a história do funk desde sua gênese nos bailes black, que começaram a acontecer no Rio de Janeiro e em São Paulo no fim dos anos 1960, a partir da ancestralidade negra já presente nas eras Soul e Black Music. Nesses espaços de lazer da juventude negra, eventos como o show do cantor norte-americano James Brown, o Rei do soul, na festa Chic Show realizada no ginásio do Palmeiras em novembro de 1978 atraiu cerca de 22 mil pessoas e entrou para a história. O acontecimento é interpretado por artistas contemporâneos em telas produzidas para a exposição.
Fotografias de acervos pessoais de dançarinos, músicos e demais profissionais envolvidos no universo do funk ou que influenciaram este movimento musical fazem parte do acervo da exposição, entre elas imagens de Jair Rodrigues com os Originais do Samba, Nelson Triunfo, Gerson King Combo e Lady Zu, entre outras.
A abordagem vai se estender, ainda, à presença do funk em variadas dimensões e práticas culturais, com especial atenção ao campo das artes visuais contemporâneas, para as quais o funk é uma referência de visualidade, alteridade e de forma. Objetos próprios da história do estilo musical serão combinados a uma profusão audiovisual de sons, vozes e gestos, bem como atravessados por uma iconografia relacionada ao funk.
Entre os artistas brasileiros contemporâneos com obras expostas estarão Panmela Castro, Rafa Bqueer, Marcela Cantuária, Maxwell Alexandre, Rafa Black. A obra de Tiago Furtado mostra a relação do Rap e do Funk na comunidade paulistana com prédios do centro histórico de São Paulo ao fundo. Já Markus CZA destaca, em um de seus quadros, movimentos negros inseridos no contexto do paulista erguendo suas bandeiras em frente ao Theatro Municipal de São Paulo.
A exposição temporária FUNK: Um grito de ousadia e liberdade conta com patrocínio máster da Petrobras e da Motiva; patrocínio da Vale; e apoio do Instituto Ultra, do Itaú Unibanco e da CAIXA. Concebida pelo Museu de Arte do Rio, equipamento da Secretaria Municipal de Cultura da cidade do Rio de Janeiro e gerido pela Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), a exposição é uma realização do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, e do Ministério da Cultura – Lei Rouanet.
Serviço
Exposição | FUNK: Um grito de ousadia e liberdade
De 15 de novembro de 2025 a agosto de 2026
Terça a domingo, das 9h às 16h30 (com permanência até as 18h
Período
Local
Museu da Língua Portuguesa
Praça da Luz, s/nº Centro, São Paulo - SP
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A DAN Galeria apresenta a exposição O Brasil dos modernistas, com curadoria de Maria Alice Milliet. Reunindo cerca de 50 obras de emblemáticas de nomes fundamentais como Tarsila do Amaral,
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A DAN Galeria apresenta a exposição O Brasil dos modernistas, com curadoria de Maria Alice Milliet. Reunindo cerca de 50 obras de emblemáticas de nomes fundamentais como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Cícero Dias, Victor Brecheret, Cândido Portinari, Guignard, Alfredo Volpi, Anita Malfatti e outros, a coletiva traça um panorama da arte moderna no país e destaca o papel do movimento que, a partir da década de 1920, redefiniu a linguagem artística nacional e acrescentou ao imaginário coletivo visões atualizadas do imaginário popular brasileiro.
O Brasil dos modernistas toma como ponto de partida das transformações que marcaram o surgimento da modernidade artística no Brasil, um movimento que se consolidou no confronto entre o conservadorismo cultural e o impulso de renovação de um país em transição. A Semana de Arte Moderna de 1922, é retomada aqui como marco simbólico desse embate: vaiada pelo público, expôs a resistência às novas linguagens e à ruptura com os padrões tradicionais, inaugurando uma produção voltada à atualização estética e à construção de uma identidade artística brasileira.
O percurso curatorial retrata como os primeiros modernistas, em busca de formação e reconhecimento, voltaram-se aos grandes centros artísticos da Europa. Foi a partir dessa experiência que muitos passaram a perceber a força e a originalidade da diversidade cultural brasileira para construção de suas próprias identidades artísticas. “Os nossos modernos não precisaram buscar em lugares exóticos os conteúdos populares ou étnicos que tanto encantavam os europeus. Encontraram em nossas paisagens e costumes os ingredientes para a constituição de uma visualidade de caráter nacional”, afirma a curadora Maria Alice Milliet.
Embora influenciada pelas vanguardas europeias, a arte moderna no Brasil manteve-se fiel à figuração. O contato com o movimento de “retorno à ordem”, no período entre guerras, levou os artistas a explorar linguagens expressionistas, cubistas e, mais tarde, surrealistas, em um processo que definiu as bases estéticas do primeiro modernismo brasileiro.
Dentre os destaques da mostra, está o Retrato de Judite (1944), de Alfredo Volpi. Pintado no ano em que o artista se casou com Benedita da Conceição, conhecida como Judite, o trabalho retrata sua esposa nua entre cortinas, de braços abertos, como se apresentasse as pinturas que a cercam. Volpi, que iniciou a carreira decorando fachadas paulistanas, desenvolveu uma linguagem própria, marcada pela geometrização e pelo uso refinado da cor. Seu trabalho simboliza a passagem da pintura figurativa para uma modernidade madura, iluminada e de forte identidade brasileira.
“É inegável que Tarsila, Di Cavalcanti, Cícero Dias, Rego Monteiro, Brecheret, Portinari, Guignard constituíram um corpus iconográfico identificado com o Brasil. Mais que isso, o modernismo acrescentou ao imaginário nacional visões atualizadas da nossa realidade sociocultural. Ou seja, quando pensamos na mulher brasileira, vem à nossa cabeça a sensualidade das morenas pintadas por Di Cavalcanti; a história da conquista do nosso território realiza-se no Monumento às Bandeiras, de Brecheret; nossos mitos são os de Tarsila; nossas praias são as de Pancetti; e as festas populares têm no colorido das bandeirinhas de Volpi sua melhor expressão”, completa Maria Alice Milliet sobre o eixo expositivo.
Ao reunir obras fundamentais do período, a mostra O Brasil dos modernistas destaca a relevância histórica e cultural do movimento que redefiniu os rumos da arte no país. A coletiva reforça o papel dessa geração de artistas na construção de uma identidade visual e reafirma a atualidade de seu legado na formação do que se entende por brasilidade.
Artistas presentes
Alberto da Veiga Guignard, Alfredo Volpi, Anita Malfatti, Candido Portinari, Cícero Dias, Emiliano Di Cavalcanti, Ernesto De Fiori, Ismael Nery, José Pancetti, Tarsila do Amaral, Vicente do Rego Monteiro e Victor Brecheret.
Serviço
Exposição | O Brasil dos modernistas
De 19 de novembro a 19 de janeiro
De segunda a sexta, das 10h às 19h, aos sábados, das 10h às 13h
Período
Local
DAN Galeria
Rua Estados Unidos, 1638 01427-002 São Paulo - SP
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O evento Moda Tech, projeto que promove arte, moda, cultura e educação por meio da tecnologia, leva para a Galeria Pivô uma exposição gratuita aberta ao público. A galeria recebe
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O evento Moda Tech, projeto que promove arte, moda, cultura e educação por meio da tecnologia, leva para a Galeria Pivô uma exposição gratuita aberta ao público. A galeria recebe instalações audiovisuais, exposição de fotografia e moda e palestras que refletem sobre a inovação e o futuro da criação brasileira.
O destaque desta edição é um conjunto de instalações audiovisuais imersivas assinadas pela diretora Olívia Mucida; as obras integram som, imagem e movimento para revelar as criações dos 12 estilistas participantes e mentorados por Vitorino Campos, entre eles, Marc Andrade, Erico Valença, Jal Vieira e Amaral Adams.
O projeto conta com patrocínio institucional do Instituto C&A.
Serviço
Exposição | Moda Tech
De 20 a 30 de novembro
Das 11:00h às 19:00h
Período
Local
Pivô
Av. Ipiranga, 200, loja 54, Centro São Paulo - SP
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Nome central da história do cinema, com filmes que marcaram gerações, Agnès Varda (1928–2019) também é autora de uma extensa produção fotográfica, tendo inclusive começado sua carreira como fotógrafa. Ao
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Nome central da história do cinema, com filmes que marcaram gerações, Agnès Varda (1928–2019) também é autora de uma extensa produção fotográfica, tendo inclusive começado sua carreira como fotógrafa. Ao longo dos anos, consolidou-se como cineasta, mas a fotografia continuou presente em sua trajetória, seja em seus filmes, seja nas instalações artísticas que produziu no século 21. Essa faceta de sua obra, ainda menos conhecida pelo público, é apresentada na mostra Fotografia AGNÈS VARDA Cinema, que abre no IMS Paulista, com entrada gratuita.
A exposição Fotografia AGNÈS VARDA Cinema reúne cerca de 200 fotografias tiradas por Varda, principalmente, entre as décadas de 1950 e 1960. O conjunto traz imagens clicadas em viagens, incluindo registros inéditos na China, em 1957, fotos em Cuba, no contexto pós-revolução, e nos EUA, onde a artista documentou os Panteras Negras. Há ainda fotos feitas em Paris, como as de uma peça encenada pelos Griôs, primeira companhia de teatro negro na cidade. Em diálogo, a mostra apresenta trechos de filmes da autora, enfatizando como o comprometimento social, o olhar afetuoso e o humor caracterizam a sua produção.
Serviço
Exposição | Fotografia AGNÈS VARDA Cinema
De 29 de novembro a 12 de abril de 2026
Terça a domingo e feriados das 10h às 20h (fechado às segundas)
Período
Local
IMS - Instituto Moreira Salles
Avenida Paulista, 2424 São Paulo - SP
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O Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB) inaugura a exposição “Memória: relatos de uma outra História”, um dos acontecimentos centrais da Temporada França-Brasil 2025. Com curadoria de Nadine Hounkpatin
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O Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB) inaugura a exposição “Memória: relatos de uma outra História”, um dos acontecimentos centrais da Temporada França-Brasil 2025.
Com curadoria de Nadine Hounkpatin e Jamile Coelho, a mostra reúne 20 artistas negras da diáspora africana e do continente africano, que se apropriam das artes visuais como campo de elaboração da memória e de reconstrução simbólica do mundo. Suas produções instauram um pensamento decolonial, no qual a arte atua como forma de escuta, reescrita e reexistência.
Participam: Amélia Sampaio, Barbara Asei Dantoni, Barbara Portailler, Beya Gille Gacha, Charlotte Yonga, Dalila Dalléas Bouzar, Enam Gbewonyo, Fabiana Ex-Souza, Gosette Lubondo, Josèfa Ntjam, Luana Vitra, Luisa Magaly, Luma Nascimento, Madalena dos Santos Reinbolt, Maria Lídia dos Santos Magliani, Myriam Mihindou, Na Chainkua Reindorf, Selly Raby Kane, Tuli Mekondjo e YêdaMaria.
Após itinerar por Bordeaux, Abidjan, Yaoundé e Antananarivo, a exposição chega a Salvador — cidade em que a herança africana se manifesta como fundamento estético e artístico — para instaurar um novo capítulo do projeto. No MUNCAB, essas artistas constroem um território de enunciação e reparação, no qual imagem, corpo e gesto tornam-se instrumentos de reconfiguração das narrativas históricas e de afirmação das subjetividades negras.
A exposição é uma realização do Ministério da Cultura, Petrobras e Embaixada da França no Brasil, em parceria com o MUNCAB, sob gestão da Amafro.
Serviço
Exposição | Memória: relatos de uma outra História
04 de novembro a 1º de março de 2026
Terça a domingo, das 10h às 16h30, sábado das 10h às 17h
Período
Local
Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira: MUNCAB
R. das Vassouras, 25 - Centro Histórico, Salvador - BA
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A última exposição de 2025 da Pinacoteca, “Trabalho de Carnaval”, é uma coletiva com obras de 70 artistas de diferentes gerações e origens, como Alberto Pitta, Bajado, Bárbara Wagner, Ilu Obá
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A última exposição de 2025 da Pinacoteca, “Trabalho de Carnaval”, é uma coletiva com obras de 70 artistas de diferentes gerações e origens, como Alberto Pitta, Bajado, Bárbara Wagner, Ilu Obá de Min, Heitor dos Prazeres, Juarez Paraíso, Lita Cerqueira, Maria Apparecida Urbano, Rafa Bqueer e Rosa Magalhães.
A mostra no edifício Pina Contemporânea expõe 200 obras dentre adereços, projetos de decoração e documentação histórica em fotografia e vídeo, além de comissionamentos de projetos inéditos dos artistas Adonai, Ana Lira e Ray Vianna.
Dividida em quatro temas – Fantasia, Trabalho, Poder e Cidade, “Trabalho de Carnaval” apresenta a maior festa popular do país como uma cadeia produtiva que envolve o trabalho das muitas mãos desde antes mesmo da festa acontecer, ao mesmo tempo em que alude à precariedade e invisibilidade desses profissionais.
NÚCLEOS TEMÁTICOS
O núcleo Fantasia faz referência a dois elementos característicos do carnaval: o ato de se fantasiar e a força da imaginação. Projetos e croquis integram a parte central da Grande Galeria, como os estudos de J. Cunha para o carnaval de Salvador e Joana Lira para as decorações de rua do Recife.
Discussões sobre as condições de trabalho da festa são apresentadas no núcleo Trabalho, no qual são apresentadas obras que trazem à tona a representatividade dos trabalhadores.
A relação entre carnaval e espaço urbano ou rural aparece no núcleo Cidade por meio de representações de blocos, cordões, afoxés e outras formas de cortejos. O núcleo reúne obras como as fotografias realizadas por Diego Nigro no bloco de carnaval Galo da Madrugada (2025).
Por fim, o núcleo Poder celebra os encontros de trabalhadores dos canaviais em Pernambuco transformando-se em reis e rainhas do maracatu, assim como mulheres negras e grupos periféricos marginalizados se tornando, por alguns dias, as figuras de comando durante a festa na Bahia: Deusas de Ébano, Reis Momos, Rainhas do Carnaval.
Serviço
Exposição | Trabalho de Carnaval
De 8 de novembro de 2025 a 12 de abril de 2026
Quarta a segunda, das 10h às 18h
Período
Local
Pinacoteca Contemporânea
Av. Tiradentes, 273, Luz, São Paulo - SP
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A Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar a exposição Nascimento de Antonio Obá, que ocupa todo o espaço da galeria na Barra Funda com obras inéditas e emblemáticas.
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A Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar a exposição Nascimento de Antonio Obá, que ocupa todo o espaço da galeria na Barra Funda com obras inéditas e emblemáticas. Os trabalhos, desenvolvidos com técnicas distintas como pintura, desenho, instalação e filme, dão continuidade à investigação do artista sobre a construção da identidade nacional, e suas contradições e influências, por meio de ícones e símbolos presentes na cultura brasileira.
O título da exposição surge da ideia de nascimento como marco de um momento, de uma nova existência sobre a Terra. Este evento milagroso também carrega a contrapartida da fortuna e da sorte, que nos acompanha desde a concepção. Para Obá, “Estar sujeito a isso não diz a respeito de uma escolha. Estar sujeito a isso diz a respeito de uma irreverência ao inevitável. Então, o que podemos fazer é demarcar essas várias sortes através do rito, da celebração, do símbolo, da linguagem.”
Cada obra que compõe a exposição confere a essa tentativa de situar a ideia de sorte, fortuna, ora como uma prece, ora com um ritual que celebra isso.
Uma instalação inédita, localizada em um espaço fechado, no fundo da galeria, se refere diretamente a ideia de jogo e de sorte. Nela, colunas de búzios se derramam sobre peneiras de bronze douradas, carregando ovos de cerâmica pintados de vermelho. Os búzios representam elementos de tentativa de leitura da sorte, do destino e da sina, e simbolizam a moeda de troca, que também se transforma em oferenda. Na disposição que se encontram no espaço, os búzios formam colunas que estão ascendendo, como um território de elevação espiritual e de ressignificação da vida ante ao que ela propõe de fatal.
Na entrada do espaço expositivo, um caminho de espadas de São Jorge e Iansã, conduzem até um novo objeto instalativo: um altar com dois troncos que simbolizam o pelourinho. Os troncos estão inteiramente cravejados de pregos — em um deles, os pregos estão voltados para fora; no outro, para dentro — simbolizando proteção e punição e a dificuldade de harmonizar tensões. Entre os pelourinhos, cabos suspendem uma cabeça de bronze com um prumo na ponta. Esta instalação é uma oferenda ao senhor do caminho, portanto, tem uma relação com Exu.
A instalação Ka’a porá (2024), apresentada pela primeira vez na mostra itinerante Finca-Pé: Estórias da terra no CCBB Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, ocupa lugar de destaque na exposição. Esculturas de pés, representando tanto o pé humano quanto o de uma árvore, enfatizam a conexão com o solo. A configuração da obra lembra um pequeno jardim, com troncos dispostos de forma aparentemente aleatória, cada um sugerindo uma direção diferente dentro de um labirinto. O título da instalação deriva do termo tupi ka’a porá, que se refere a um indivíduo que se estabelece e se ancora à terra. A expressão também remete à figura mítica da Caipora, protetora das florestas na mitologia indígena brasileira. Outro elemento simbólico da instalação revisita o conceito de poda, entendido aqui como um ato de violência que rompe com a vida e a natureza.
Telas de diferentes tamanhos e técnicas compõem a narrativa visual da mostra. Um conjunto de 22 pinturas de pequeno formato apresenta a leitura de Obá sobre o Tarô. Nas obras, o artista utiliza de uma mistura de técnicas junto a folhas de ouro, conferindo um tom mágico e fantasioso único às cartas do oráculo. Além dessas, a exposição reúne novas pinturas de grandes dimensões, bem como uma obra pintada diretamente sobre uma das paredes do espaço expositivo. Nessas peças, figuras e símbolos que compõem a identidade brasileira sugerem novas interpretações. A mostra também inclui desenhos inéditos feitos com carvão, nanquim, lápis e têmpera e sobre tela.
O filme Encantado (2024) apresenta uma performance do artista que propõe reflexões sobre sistemas simbólicos — especialmente os religiosos. A ação performática evoca uma perspectiva ritualística, centrada na figura do peregrino, que, em seu gesto, sintetiza elementos de crença, cultura e tradição associados ao imaginário do romeiro.
Com esse conjunto de obras, que atravessa diferentes mídias e simbologias, a exposição reafirma a potência da produção de Antonio Obá na construção de uma poética que investiga identidade, território e espiritualidade.
Serviço
Exposição | Nascimento
De 8 de novembro a 14 de março de 2026
Terça a sexta, das 11h às 19h, sábado das 10h às 17h
Período
Local
Mendes Wood DM
Rua Barra Funda, 216, São Paulo – SP
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Nascido das periferias urbanas e estudado por pesquisadores como um dos movimentos culturais mais influentes do país, o funk se afirma como linguagem estética, política e social que transforma modos
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Nascido das periferias urbanas e estudado por pesquisadores como um dos movimentos culturais mais influentes do país, o funk se afirma como linguagem estética, política e social que transforma modos de falar, vestir e criar. É a partir dessa força que o Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, apresenta, no histórico prédio da Estação da Luz, a exposição FUNK: Um grito de ousadia e liberdade. Concebida originalmente pelo Museu de Arte do Rio (MAR), onde ficou um ano e meio em cartaz conquistando sucesso de público e crítica, a exposição será aberta ao público de São Paulo no dia 15 de novembro, debatendo o papel do funk nos repertórios linguísticos, artísticos e afetivos, com acervo incorporado sobre o funk paulista.
Com curadoria de Taísa Machado, Dom Filó, Amanda Bonan, Marcelo Campos e Renata Prado, a exposição irá apresentar e articular a história do funk para além da sua sonoridade, também evidenciando sua origem na matriz cultural urbana, periférica, a sua dimensão coreográfica, as comunidades, e os seus desdobramentos estéticos, políticos e econômicos ao imaginário constituído em torno dele.
Para isso, a exposição contará com 473 obras e itens de acervo, entre pinturas, fotografias e registros audiovisuais. Na versão apresentada no Museu da Língua Portuguesa, o projeto terá conteúdos exclusivos sobre o funk paulista. Entre eles, o acervo da memória da FUNK TV, produtora do bairro da Cidade Tiradentes, berço do movimento na capital. Essas imagens poderão ser vistas em um telão assim que o público entrar na sala expositiva do primeiro andar.
A exposição FUNK: Um grito de ousadia e liberdade mostrará o caminho percorrido pelo gênero musical desde a influência da música negra estadunindense, o estabelecimento no Rio de Janeiro com características próprias e depois em São Paulo, onde também assumiu feições locais.
As obras ajudarão a contar a história do funk desde sua gênese nos bailes black, que começaram a acontecer no Rio de Janeiro e em São Paulo no fim dos anos 1960, a partir da ancestralidade negra já presente nas eras Soul e Black Music. Nesses espaços de lazer da juventude negra, eventos como o show do cantor norte-americano James Brown, o Rei do soul, na festa Chic Show realizada no ginásio do Palmeiras em novembro de 1978 atraiu cerca de 22 mil pessoas e entrou para a história. O acontecimento é interpretado por artistas contemporâneos em telas produzidas para a exposição.
Fotografias de acervos pessoais de dançarinos, músicos e demais profissionais envolvidos no universo do funk ou que influenciaram este movimento musical fazem parte do acervo da exposição, entre elas imagens de Jair Rodrigues com os Originais do Samba, Nelson Triunfo, Gerson King Combo e Lady Zu, entre outras.
A abordagem vai se estender, ainda, à presença do funk em variadas dimensões e práticas culturais, com especial atenção ao campo das artes visuais contemporâneas, para as quais o funk é uma referência de visualidade, alteridade e de forma. Objetos próprios da história do estilo musical serão combinados a uma profusão audiovisual de sons, vozes e gestos, bem como atravessados por uma iconografia relacionada ao funk.
Entre os artistas brasileiros contemporâneos com obras expostas estarão Panmela Castro, Rafa Bqueer, Marcela Cantuária, Maxwell Alexandre, Rafa Black. A obra de Tiago Furtado mostra a relação do Rap e do Funk na comunidade paulistana com prédios do centro histórico de São Paulo ao fundo. Já Markus CZA destaca, em um de seus quadros, movimentos negros inseridos no contexto do paulista erguendo suas bandeiras em frente ao Theatro Municipal de São Paulo.
A exposição temporária FUNK: Um grito de ousadia e liberdade conta com patrocínio máster da Petrobras e da Motiva; patrocínio da Vale; e apoio do Instituto Ultra, do Itaú Unibanco e da CAIXA. Concebida pelo Museu de Arte do Rio, equipamento da Secretaria Municipal de Cultura da cidade do Rio de Janeiro e gerido pela Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), a exposição é uma realização do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, e do Ministério da Cultura – Lei Rouanet.
Serviço
Exposição | FUNK: Um grito de ousadia e liberdade
De 15 de novembro de 2025 a agosto de 2026
Terça a domingo, das 9h às 16h30 (com permanência até as 18h
Período
Local
Museu da Língua Portuguesa
Praça da Luz, s/nº Centro, São Paulo - SP
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A DAN Galeria apresenta a exposição O Brasil dos modernistas, com curadoria de Maria Alice Milliet. Reunindo cerca de 50 obras de emblemáticas de nomes fundamentais como Tarsila do Amaral,
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A DAN Galeria apresenta a exposição O Brasil dos modernistas, com curadoria de Maria Alice Milliet. Reunindo cerca de 50 obras de emblemáticas de nomes fundamentais como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Cícero Dias, Victor Brecheret, Cândido Portinari, Guignard, Alfredo Volpi, Anita Malfatti e outros, a coletiva traça um panorama da arte moderna no país e destaca o papel do movimento que, a partir da década de 1920, redefiniu a linguagem artística nacional e acrescentou ao imaginário coletivo visões atualizadas do imaginário popular brasileiro.
O Brasil dos modernistas toma como ponto de partida das transformações que marcaram o surgimento da modernidade artística no Brasil, um movimento que se consolidou no confronto entre o conservadorismo cultural e o impulso de renovação de um país em transição. A Semana de Arte Moderna de 1922, é retomada aqui como marco simbólico desse embate: vaiada pelo público, expôs a resistência às novas linguagens e à ruptura com os padrões tradicionais, inaugurando uma produção voltada à atualização estética e à construção de uma identidade artística brasileira.
O percurso curatorial retrata como os primeiros modernistas, em busca de formação e reconhecimento, voltaram-se aos grandes centros artísticos da Europa. Foi a partir dessa experiência que muitos passaram a perceber a força e a originalidade da diversidade cultural brasileira para construção de suas próprias identidades artísticas. “Os nossos modernos não precisaram buscar em lugares exóticos os conteúdos populares ou étnicos que tanto encantavam os europeus. Encontraram em nossas paisagens e costumes os ingredientes para a constituição de uma visualidade de caráter nacional”, afirma a curadora Maria Alice Milliet.
Embora influenciada pelas vanguardas europeias, a arte moderna no Brasil manteve-se fiel à figuração. O contato com o movimento de “retorno à ordem”, no período entre guerras, levou os artistas a explorar linguagens expressionistas, cubistas e, mais tarde, surrealistas, em um processo que definiu as bases estéticas do primeiro modernismo brasileiro.
Dentre os destaques da mostra, está o Retrato de Judite (1944), de Alfredo Volpi. Pintado no ano em que o artista se casou com Benedita da Conceição, conhecida como Judite, o trabalho retrata sua esposa nua entre cortinas, de braços abertos, como se apresentasse as pinturas que a cercam. Volpi, que iniciou a carreira decorando fachadas paulistanas, desenvolveu uma linguagem própria, marcada pela geometrização e pelo uso refinado da cor. Seu trabalho simboliza a passagem da pintura figurativa para uma modernidade madura, iluminada e de forte identidade brasileira.
“É inegável que Tarsila, Di Cavalcanti, Cícero Dias, Rego Monteiro, Brecheret, Portinari, Guignard constituíram um corpus iconográfico identificado com o Brasil. Mais que isso, o modernismo acrescentou ao imaginário nacional visões atualizadas da nossa realidade sociocultural. Ou seja, quando pensamos na mulher brasileira, vem à nossa cabeça a sensualidade das morenas pintadas por Di Cavalcanti; a história da conquista do nosso território realiza-se no Monumento às Bandeiras, de Brecheret; nossos mitos são os de Tarsila; nossas praias são as de Pancetti; e as festas populares têm no colorido das bandeirinhas de Volpi sua melhor expressão”, completa Maria Alice Milliet sobre o eixo expositivo.
Ao reunir obras fundamentais do período, a mostra O Brasil dos modernistas destaca a relevância histórica e cultural do movimento que redefiniu os rumos da arte no país. A coletiva reforça o papel dessa geração de artistas na construção de uma identidade visual e reafirma a atualidade de seu legado na formação do que se entende por brasilidade.
Artistas presentes
Alberto da Veiga Guignard, Alfredo Volpi, Anita Malfatti, Candido Portinari, Cícero Dias, Emiliano Di Cavalcanti, Ernesto De Fiori, Ismael Nery, José Pancetti, Tarsila do Amaral, Vicente do Rego Monteiro e Victor Brecheret.
Serviço
Exposição | O Brasil dos modernistas
De 19 de novembro a 19 de janeiro
De segunda a sexta, das 10h às 19h, aos sábados, das 10h às 13h
Período
Local
DAN Galeria
Rua Estados Unidos, 1638 01427-002 São Paulo - SP
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Nome central da história do cinema, com filmes que marcaram gerações, Agnès Varda (1928–2019) também é autora de uma extensa produção fotográfica, tendo inclusive começado sua carreira como fotógrafa. Ao
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Nome central da história do cinema, com filmes que marcaram gerações, Agnès Varda (1928–2019) também é autora de uma extensa produção fotográfica, tendo inclusive começado sua carreira como fotógrafa. Ao longo dos anos, consolidou-se como cineasta, mas a fotografia continuou presente em sua trajetória, seja em seus filmes, seja nas instalações artísticas que produziu no século 21. Essa faceta de sua obra, ainda menos conhecida pelo público, é apresentada na mostra Fotografia AGNÈS VARDA Cinema, que abre no IMS Paulista, com entrada gratuita.
A exposição Fotografia AGNÈS VARDA Cinema reúne cerca de 200 fotografias tiradas por Varda, principalmente, entre as décadas de 1950 e 1960. O conjunto traz imagens clicadas em viagens, incluindo registros inéditos na China, em 1957, fotos em Cuba, no contexto pós-revolução, e nos EUA, onde a artista documentou os Panteras Negras. Há ainda fotos feitas em Paris, como as de uma peça encenada pelos Griôs, primeira companhia de teatro negro na cidade. Em diálogo, a mostra apresenta trechos de filmes da autora, enfatizando como o comprometimento social, o olhar afetuoso e o humor caracterizam a sua produção.
Serviço
Exposição | Fotografia AGNÈS VARDA Cinema
De 29 de novembro a 12 de abril de 2026
Terça a domingo e feriados das 10h às 20h (fechado às segundas)
Período
Local
IMS - Instituto Moreira Salles
Avenida Paulista, 2424 São Paulo - SP
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O Museu de Arte Moderna de São Paulo promove, no dia 6 de dezembro, a quarta edição do MAM Debate, que este ano será sediado no auditório da Biblioteca Mário
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O Museu de Arte Moderna de São Paulo promove, no dia 6 de dezembro, a quarta edição do MAM Debate, que este ano será sediado no auditório da Biblioteca Mário de Andrade, reafirmando o vínculo histórico entre as duas instituições na consolidação da arte moderna no Brasil. Com o título A instituição do moderno, o seminário, gratuito e aberto ao público, propõe uma reflexão sobre o processo de institucionalização do modernismo nas décadas de 1940 e 1950, período marcado pela formação das primeiras coleções públicas de arte moderna em São Paulo.
A partir da revisão desse passado, o encontro busca discutir as permanências e os imaginários ainda vivos, analisando criticamente o papel das instituições, dos acervos e dos agentes culturais que contribuíram para consolidar a arte moderna como patrimônio coletivo. A programação inclui duas mesas de debate, que reúnem convidados de diferentes áreas da crítica, da curadoria e da pesquisa acadêmica, com o objetivo de profundar o diálogo entre a história da modernidade artística no Brasil e a atuação contemporânea do MAM.
A exposição Do livro ao museu, realizada pelo museu em parceria com a Biblioteca Mário de Andrade concomitante ao MAM Debate, é exemplo desse movimento: ambas as instituições, que compartilharam ideais fundantes, reafirmam-se como centros difusores da arte moderna no país. Tal diálogo permite revisitar a constituição de seus acervos, a circulação de obras e a projeção de personagens que, naquele período, contribuíram para consolidar a arte moderna como patrimônio coletivo.
Serviço
Seminário | A instituição do moderno
Dia06 de dezembro
Das 14h30 às 16:30 (mesa 1) e das 17h às 19h (mesa 2)
Classificação: livre
Entrada: gratuita (inscrições via Sympla)
Período
Local
Biblioteca Mário de Andrade
Rua da Consolação, 94 - São Paulo - SP









