Colagem de Sérgio Mamberti

Foi entre os idos dos anos 70 e 80 que o célebre ator Sérgio Mamberti, conhecido por seus personagens no cinema, na TV e no teatro, passou a levar material para recortar a produzir colagens nos camarins antes de apresentações teatrais que realizava. Um dia, ele mesmo conta à ARTE!Brasileiros, o cenógrafo e arquiteto Flávio Império observou-o em um desses momentos e insistiu que ele deveria levar isso adiante.

Mamberti realiza agora, a partir do dia 5 de agosto, uma individual que reúne 30 suas obras na Galeria São Paulo Flutuante, famoso estabelecimento paulistano que havia pausado suas atividades há mais de 15 anos e que anunciou seu retorno no final do ano passado. Além dos trabalhos de Sérgio, são expostas em Comandante Mamberti fotografias do artista ao longo de sua vida, com 80 anos de idade e 63 de carreira.

“É uma atividade que eu prezo bastante. O artista sempre tem uma multiplicidade de meios para se expressar e certamente é uma das formas que eu encontrei para me expressar”, ele afirma. Em paralelo à exposição, Sérgio realiza a peça Visitando o Sr. Green, no Teatro Renaissance, em São Paulo, ao lado do ator Ricardo Gelli.

Para ele, as colagens também tem relação com a forma que constrói seus personagens nas artes cênicas, considerando a “justaposição de imagens, que de uma certa maneira constitui o personagem que estou interpretando. Foi a partir disso que me animei a continuar e a desenvolver ainda mais este trabalho com as colagens”.

A primeira exposição da qual participou foi organizada por seu grande incentivador, Império. Os alegres pintores do Bexiga aconteceu no Teatro Igrejinha, em 1977, e homenageava o popular bairro paulistano. Após isso, Mamberti fez muitas exposições fora do circuito de galerias de São Paulo, como em bares e cafés. O intuito, ele conta, era fazer com que as obras chegassem a lugares que pessoas costumavam frequentar.

Durante os anos de governo Lula e no início do primeiro mandato de Dilma Roussef, o artista foi atuante no Ministério da Cultura, ocupando ao longo dos anos cargos como Secretário de Música e Artes Cênicas, Secretário da Identidade e da Diversidade Cultural, Secretário de Políticas Culturais e Presidente da Fundação Nacional de Artes (FUNARTE). Durante este período, ele conta, a produção nas artes visuais foi interrompida por certo momento, para que pudesse se dedicar com mais ênfase às atividades de gestão cultural. Para fazer colagem deve-se ter um tempo que se possa doar somente àquilo, ele diz, mas confessa que hoje quando não encontra tempo para realizar os trabalhos acaba fazendo pequenas colagens nas páginas de sua agenda pessoal: “É uma forma que tenho de me relacionar com esse universo de imagens dentro da minha vida diária”.

O teatro e a política são os temas mais recorrentes nas colagens de Mamberti, mostrando que realmente é a atividade do universo do artista, apesar de ser uma faceta desconhecida por muitos. A ideia do desconhecido foi um dos elementos que chamou a atenção da galerista Regina Boni, surgindo assim o convite para a exposição. Comandante Mamberti fica em cartaz até 31 de agosto e a abertura tem início às 19h do próximo dia 5.


Sérgio Mamberti: Comandante Mamberti
De 5 a 31 de agosto
Galeria São Paulo Flutuante: R. Estados Unidos, 2186
(11) 3064-7019


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