Eu quero você
"Eu quero você", 1966, Marcello Nitsche. FOTO: Divulgação

A segunda metade dos anos 1960 certamente foi um dos períodos mais conturbados e violentos da história política brasileira no século 20. Após o golpe militar de 1964, os anos seguintes foram marcados por uma intensificação da repressão, culminando no Ato Institucional Número Cinco (AI-5) em 1968. Movimentos de contestação no Brasil e no mundo, com focos variados – críticos aos sistemas educacionais, aos costumes, à repressão política ou às guerras –, ganharam força e tiveram grande ressonância também nas artes.

Com o intuito de revisitar esse contexto, traçando paralelos com o atual momento político do país, o Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta, a partir de 30 de abril, a exposição Os Anos em que Vivemos em Perigo, um recorte do acervo do museu com obras produzidas durante cinco anos críticos da história brasileira. “A proposta desta mostra será refletir sobre esses complexos momentos vividos, tendo como marcos os anos de 1965 e 1970 rebatendo e rebatidos em 2019, suas atmosferas marcadas pela vida e a presença do perigo e da ameaça”, escreve o curador Marcos Moraes.

Com cerca de 50 trabalhos de nomes como Antônio Henrique Amaral, Anna Maria Maiolino, Antônio Manuel, Cláudio Tozzi, Maureen Bisilliat e Wesley Duke Lee, entre outros, a mostra passa por tendências que vão do pop ao surrealismo, incluindo pinturas, xilogravuras, fotografias ou esculturas. Segundo o curador, “para a seleção de obras, considerei o contexto, o ambiente efervescente e os acontecimentos que envolveram esses artistas no período dos anos 60 com atitudes radicais frente ao sistema da arte vigente no país, entre eles as exposições: Nova Objetividade Brasileira (MAM RJ), 1ª JAC – Jovem Arte Contemporânea (MAC USP), Exposição-não-exposição (Rex Gallery & Sons) e a 9ª Bienal de São Paulo”.

No texto de apresentação da mostra, o museu destaca ainda que este cenário, “que transformou o antropofágico caldeirão cultural do país”, se dava no mesmo momento em que acontecia a reestruturação do MAM, que em 1969 teve sua nova sede inaugurada no Parque Ibirapuera – “resistindo aos tempos e chegando até o momento atual em que celebra seus 70 anos de história”. A mostra fica em cartaz até o final de julho.

 

Os Anos em que Vivemos em Perigo

Museu de Arte Moderna de São Paulo (Parque Ibirapuera, av. Pedro Álvares Cabral, s/nº)

De 30/04 a 28/07

Ingresso: R$ 7 ou gratuito aos sábados


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