Obra de Xadalu exposta na Fundação Iberê Camargo
Vista da exposição "Antes que se apague: territórios flutuantes" na Fundação Iberê Camargo. Foto: José Antonio Kalil / Reprodução

“Área Indígena”, lê-se nos lembretes espalhados pelas ruas da capital gaúcha. Os lambes, cartazes, pinturas e bandeiras em que essa frase se grafa são de autoria de Xadalu Tupã Jekupé, artista mestiço de origem Guarani Mbyá. Frente a um silenciamento da presença indígena na região oeste do Rio Grande do Sul, onde diversas etnias foram dizimadas, os trabalhos reivindicam o direito ao território e o reocupam simbolicamente. No próximo dia 14 de maio, essa reflexão chega à Fundação Iberê Camargo com Antes que se apague: territórios flutuantes, individual de Xadalu. Reunindo 19 obras – dentre as quais 14 inéditas -, a mostra retoma as memórias da infância do artista, bem como de sua mãe, de sua avó e de sua bisavó, na antiga Terra Indígena Ararenguá, na beira do Rio Ibirapuitã, em Alegrete.

“O trabalho de Xadalu nos abre uma perspectiva da história a partir da visão dos que perderam as batalhas. Não apenas a Guerra Guaranítica, mas também as pequenas batalhas cotidianas, aquelas que silenciosamente vão sendo travadas e talvez nem sejam percebidas como uma batalha por quem venceu”, destaca o curador. Para ele, os trabalhos contribuem para que outro modo de vida ganhe visibilidade e possa se tornar possível.

E se a mostra busca trazer essas outras cosmovisões e cosmologias (frequentemente apagadas), também é nelas que buscou se construir. Em bate-papo organizado pelo Instituto Ling em parceria com a Fundação Iberê, artista e curador compartilharam um pouco sobre o processo de Antes que se apague: territórios flutuantes e destacaram a participação da comunidade guarani na feitura dos trabalhos. Contaram ainda que durante o processo de elaboração da mostra, Xadalu levou Cauê à aldeia guarani em Porto Alegre, “foi muito mágico aquelas tardes que a gente ficou juntos e a gente foi lá na aldeia, e em volta do fogo pode conversar da vida como arte – e não da arte como vida”, explica o artista.

SERVIÇO

Antes que se apague: territórios flutuantes
Fundação Iberê Camargo: Av. Padre Cacique, 2000 – Bairro Cristal, Porto Alegre (RS)
Visitação: 14 de maio a 31 de julho de 2022
Horário: Quinta a domingo, das 14h às 18h


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