Até o momento, o isolamento social é necessário para ajudar a achatar a curva de contágio do novo coronavírus; no estado de São Paulo, por exemplo, permanecem autorizados a funcionar apenas serviços essenciais, e a quarentena foi ampliada até o dia 31 de maio devido ao aumento do número de casos e mortes. Enquanto este período de recolhimento permanece, algumas instituições culturais apostam em novos projetos na web para trazer um pouco dos seus acervos e conteúdos para os internautas. Confira algumas novidades entre essas iniciativas:
MASP: Diálogos no Acervo
Já eram conhecidos o MASP Aúdios e a parceria do MASP com o Google Arts & Culture, que resultou na exibição online de 1.000 dos 8.000 ítens do acervo permanente do museu. Como forma de contornar o isolamento, a instituição começou o MASP em Casa, que revisita esse acervo e traz o perfil das obras em postagens nas suas redes sociais.
Continuando a investir em uma empreitada digital, o MASP lançou também o [Curadoria] em Casa e uma série de lives no Instagram. O primeiro convida a equipe curatorial do museu a escrever, a partir de uma perspectiva pessoal, sobre uma obra ou lembrança de alguma forma relacionada ao MASP.
Agora, o MASP está movendo seu projeto Diálogos no Acervo para o Instagram. Com isso, seguidores serão apresentados a obras do acervo do museu por meio de elementos que compõem cada trabalho, como biografia do artista, técnica e contexto histórico. O Diálogos no Acervo será realizado sempre às terças às 16h, como uma forma de trazer as visitas guiadas presencialmente para o ambiente virtual. A primeira edição do Diálogos aborda a obra Candombe (circa 1930) de Pedro Figari; no dia 19 de maio o programa segue com As tentações de Santo Antão (circa 1500), de Hieronymus Bosch; no dia 19/5, e em 26 de maio é a vez de Campo de ação/campo de visão (2017), de Daniel de Paula.
#PaçoEmTodoLugar continua a explorar virtualmente a história da instituição
Seguindo a proposta Cultura em Casa, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, o Paço das Artes lançou, em 22 de março, a campanha #PaçoEmTodoLugar, apresentando uma programação nas redes sociais com conteúdos sobre a história da instituição, ações artísticas, educativas e interativas que envolvem projetos de artistas e exposições que já passaram pelo Paço das Artes.
A história da instituição – com memórias e depoimentos de quem fez parte da construção do Paço – foi o tema das postagens da primeira semana do projeto, que agora chega em sua quinta rodada temática. A programação da próxima quinzena gira em torno de “Paradoxo(s) da Arte Contemporânea: diálogos entre os acervos do MAC USP e do Paço das Artes”, mostra que aconteceu em 2018 com curadoria de Priscila Arantes e Ana Magalhães. A questão do paradoxo surgiu de uma reflexão proposta por Regina Silveira na obra “Paradoxo do Santo”, instalação que nos chama a pensar os conflitos de dominação da América Latina, contrapondo a imagem popular de Santiago Apóstolo à sombra projetada do monumento dedicado a Duque de Caxias. Tal conceito de paradoxos e contradições percorreu todos os trabalhos da mostra que apresentou obras de Alex Flemming, Fabiano Gonper, Felipe Cama, Nazareno Rodrigues, Rosângela Rennó, entre outros.
Seguindo nessa mesma linha, a próxima quinzena do #PaçoEmTodoLugar – que será finalizada em 24 de maio – vai explorar os paradoxos entre o público e o privado, ressaltando artistas cujas produções lidam com ambos os espaços.
Entre as ações destacam-se Convivência, de Ana Teixeira, projeto que a artista começou a desenvolver no início de seu confinamento em função da pandemia do coronavírus, e conversas com Giselle Beiguelman e Thiago Honório, além da apresentação de alguns de seus trabalhos nas redes sociais do Paço.
Itaú Cultural traz gratuitamente festival de filmes etnográficos e documentários
Esta é a última semana para checar os filmes da Janela Forumdoc – mostra com seis produções brasileiras exibidas na 23ª edição do Forumdoc: Festival do Filme Documentário e Etnográfico, realizado anualmente em Belo Horizonte. Yãmiyhex – As mulheres-espírito; Antonio e Piti; Eleições; Banquete Coutinho; Enquanto Estamos Aqui; e Mãtãnãg, a Encantada estão disponíveis no site do Itaú Cultural até o dia 19 de maio. Embora façam parte de uma mesma seleção, o cerne das histórias é diverso e também seus formatos; Mãtãnãg, a Encantada (Dir.: Charles Bicalho e Shawara Maxakali), por exemplo, é um curta-metragem de animação falado na língua Maxakali sobre um conto de amor com viés transcendental, enquanto Eleições (Dir.: Alice Riff), é um documentário que retrata a rotina de uma escola estadual do centro de São Paulo, durante as eleições do grêmio estudantil. Vale checar cada um dos seis filme exibidos gratuitamente.
Além do festival de filmes, até dia 17 de maio o Itaú Cultural participa, no Twitter, da sétima edição do MuseumWeek, organizado pela Culture For Causes Network. O MuseumWeek é inteiramente dedicado às instituições culturais nas mídias sociais. Em 2020, as ações são desenvolvidas em torno do tema União, ainda mais relevante agora. Mesmo englobadas em um tema maior, as postagens das instituições seguem hashtags diferentes a cada dia, entre elas Clima, Tecnologia e Sonhos.
#MuseumWeek | Você acredita que a arte pode curar? Nise da Silveira trabalhava a expressão artística como forma de terapia ocupacional!
Conheça o trabalho da médica em https://t.co/SNxTz4Dxrj e veja como cultura e medicina podem se relacionar.
#HeroesMW #HeroesDontWearCapes
— Itaú Cultural (em 🏡) (@itaucultural) May 11, 2020
Confira outras iniciativas virtuais do Itaú Cultural neste link.
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O circuito cultural da Av. Paulista, em São Paulo, volta a contar com um importante espaço de exposições. Fechada por um período de 18 meses para reformas estruturais e
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O circuito cultural da Av. Paulista, em São Paulo, volta a contar com um importante espaço de exposições. Fechada por um período de 18 meses para reformas estruturais e melhorias técnicas, a Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp será reinaugurada no final de julho de 2024.
O espaço expositivo de 850m2 – que integra o complexo de artes cênicas e visuais, audiovisual, música, literatura e tecnologia do SESI-SP – apresenta “outros navios: uma coleção afro-atlântica”, com período expositivo que vai de 24 de julho de 2024 a 16 de fevereiro de 2025. A mostra inédita permitirá que o grande público visitante do local conheça a rica e diversificada coleção de artes africana e afro-brasileira do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE/USP).
O acervo começou a ser formado no final da década de 1960 (época em que os movimentos de independência das ex-colônias em África se consolidavam), por meio de doações ou compras encomendadas pela universidade. Marianno Carneiro da Cunha (1926-1980), então professor do MAE/USP, foi um dos principais nomes à frente do projeto institucional e científico da construção da coleção.
Arqueólogo especialista em Médio Oriente, ele lecionou entre 1974 e 1976 em Ifé, na Nigéria, lugar sagrado para os iorubá, ficando incumbido de adquirir peças para o MAE. Com olhar antropológico e educativo, Marianno se preocupou em também trazer para o Brasil moldes, mostrando interesse não apenas pelo objeto artístico, mas também pela técnica de diferentes culturas da África central e ocidental.
O trio de curadores da mostra, Carla Gibertoni Carneiro, Renato Araújo da Silva e Rosa C. R. Vieira, apontam que essas duas regiões africanas estão conectadas ao Brasil por séculos de circuitos transatlânticos. Eles trouxeram até nosso litoral inúmeros navios de violência, mas também trouxeram outros navios, que nos permitem mergulhar por histórias alternativas e criar novos significados para as centenas de objetos selecionados para a exposição.
OUTROS NAVIOS: NÚCLEOS TEMÁTICOS
Aberta à visitação gratuita até 16 de fevereiro de 2025, a exposição que reabre a Galeria de Arte apresentará mais de 300 peças africanas e afro-brasileiras, muitas nunca antes exibidas ao público, que estarão divididas em sete núcleos temáticos.
A visita começa por “Dentro das águas”, onde poderão ser vistos objetos relacionados ao culto de Iemanjá e Oxum, orixás dos mares e das águas doces, como coroa, pulseira, leque (abebê) e espelho.
Em “Bagagens afro-atlânticas” também estão diversas peças ligadas a religiões de matrizes africanas: arco e flecha de Oxóssi, estatuetas de Exu, bastão (opaxoro) de Oxalá, machado (oxê) de Xangô, além de elementos de altar e instrumentos musicais.
No núcleo “De São Paulo a Ifé”, os visitantes encontrarão obras variadas dos iorubá, vindos especialmente da Nigéria e Benim. Há itens do dia a dia, como baú, pilão, enxada e colher, além de um conjunto de máscaras esculpidas em madeira e pintadas e pares de estatuetas de ibeji, que estão ligadas à gemealidade entre os povos iorubá.
O termo “bantu” designa genericamente toda uma gama de culturas da África Central, de países como República Democrática do Congo e Angola. Eles estarão representados no núcleo “Bantu, das terras centrais”, que traz peças como esteiras de ráfia (palha) em diferentes formatos, taças cerimoniais e um recipiente para leite com tampa decorado com conchas (cauris).
Em “Ventos no oeste africano” estão reunidos objetos de países como Gana, Mali e Costa do Marfim, incluindo um dos maiores itens da exposição, uma porta celeiro dogon. Há conjuntos de vestimentas, pentes do tipo garfo, figuras em bronze e uma balança para pesar pó de ouro, junto de um peso em formado de escorpião usado na pesagem.
“Técnicas” destaca os materiais utilizados nas diferentes etapas da técnica da cera perdida, técnica milenar que esculpe peças de liga metálica por moldagem, além de apresentar um conjunto de enxós e permitir ao visitante conhecer o processo de elaboração de uma máscara Gueledé.
O último núcleo, “Joias e tudo que reluz”, é também o mais notável da exposição, já que a coleção de joias africanas do MAE/USP é uma das mais expressivas do mundo. São diversos exemplares de pulseiras, tornozeleiras, colares, anéis e brincos, em materiais como vidro, bronze e marfim.
Há ainda uma seção especial que reúne obras de artistas contemporâneos negros brasileiros. São onze obras, em diferentes técnicas e suportes, de Denis Moreira, Denise Camargo, Guto Oca, Larissa de Souza e Renan Teles, que mostram que uma coleção não é fixa e pode ser recomposta para apontar outros navios à vista.
Serviço
Exposição | outros navios: uma coleção afro-atlântica
De 24 de julho de 2024 a 16 de fevereiro
Terça a domingo, das 10h às 20h
Período
24 de julho de 2024 10:00 - 16 de fevereiro de 2025 20:00(GMT-03:00)
Local
Centro Cultural Fiesp
Avenida Paulista, 1313 - São Paulo - SP
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A Trienal Internacional Pictórica de Tijuana 2024 está em sua segunda edição e promete ser um marco cultural na fronteira do México. Realizada no Centro Cultural Tijuana (CECUT), a exposição
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A Trienal Internacional Pictórica de Tijuana 2024 está em sua segunda edição e promete ser um marco cultural na fronteira do México. Realizada no Centro Cultural Tijuana (CECUT), a exposição reúne mais de 80 obras de 86 artistas de 15 países, incluindo México, Brasil, Alemanha, Estados Unidos e Espanha. A temática desta edição explora questões como corporeidade, identidade e território, desafiando os limites tradicionais da pintura com propostas contemporâneas e experimentais.
Os visitantes podem participar ativamente, votando nas obras que mais os impactarem. O vencedor receberá um prêmio de 1 milhão de pesos, com prêmios adicionais para os segundos e terceiros colocados. A curadoria é liderada por Leonor Amarante, destacada professora brasileira, garantindo um nível elevado de qualidade artística. A exposição acontece nos espaços El Cubo, Sala Marta Palau e Sala Planta Baja do CECUT.
A Trienal não é apenas uma vitrine de talentos emergentes e consolidados, mas também um convite à reflexão e ao engajamento cultural
Curadoria geral
A curadora geral é Leonor Amarante, crítica, editora e jornalista brasileira. Co-Curadora das 2ª e 3ª edições da Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (1999/2001), com Fábio Magalhães. Curadora geral com Tício Escobar da 5ª Bienal Internacional de Curitiba, (2009). Curadora geral da 1ª Bienal do Fim do Mundo, Ushuaia, Argentina (2007). Responsável pela parte brasileira nas 3ª e 4ª edições da Bienal do Barro, Venezuela(1997/1999). Jurada de seleção de obras da Bienal de Cuenca, Equador (2009). Curadora da mostra Galeria Cilindro, na 10ª Bienal de Havana (2009). Jurada de seleção da Bienal de las Fronteras, Taumalipas, México (2014). Jurada de seleção da Feira Arteamericas Miami, das edições (2010) – (2011). Hoje integra o Comitê Editorial da revista arte!brasileiros.
Serviço
Exposição | Trienal Tijuana: 2. Internacional Pictórica
De 2 de agosto a 28 de fevereiro
Terça a domingo, das 10h às 19h
Período
2 de agosto de 2024 10:00 - 28 de fevereiro de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Centro Cultural Tijuana
P.º de los Héroes 9350, Zona Urbana Rio Tijuana, 22010 Tijuana, B.C., México
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O Sesc Registro realiza a itinerância da exposição Roça é Vida, proveniente de um resultado de ações em parceria entre a Associação Museu
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O Sesc Registro realiza a itinerância da exposição Roça é Vida, proveniente de um resultado de ações em parceria entre a Associação Museu Afro Brasil e a Associação dos Remanescentes de Quilombo de São Pedro. A exposição não só contribui com o fortalecimento da autoestima da população local, mas também com o aprendizado referente aos conhecimentos ancestrais pertencentes às comunidades quilombolas.
A exposição surgiu com o intuito de implementar um projeto que contribua com a salvaguarda e a extroversão de bens e memórias dos quilombos do Estado de São Paulo. Após ser apreciada por 130.755 visitantes no Museu Afro, a exposição terá a itinerância para o Sesc Registro. A abertura acontecerá no dia 21 de setembro e sua realização acontecerá até o dia 02 de fevereiro de 2025.
A vinda da exposição Roça é Vida para Registro oportuniza ao público visitante o contato mais próximo e o conhecimento histórico de uma importante comunidade tradicional de nossa região – o Quilombo de São Pedro, localizado no município de Eldorado. A exposição não só contribui com o fortalecimento da autoestima da população local, mas também com o aprendizado referente aos conhecimentos ancestrais pertencentes às comunidades quilombolas.
As ações da exposição Roça é Vida culminaram na curadoria compartilhada que reuniu os originais e reproduções das ilustrações e recortes de textos dos livros Roça é Vida de Viviane Marinho e Na companhia da produção do Dona Fartura: uma história sobre cultura alimentar quilombola de Laudessandro Marinho. Fotografias, objetos de trabalho, de uso cotidiano e do acervo do quilombo, sementes crioulas e o vídeo documentário Quilombo São Pedro: Modo de ser e viver, compõem acervo.
Ressalta-se o Sistema Agrícola Tradicional Quilombola, que é caracterizado pelo ciclo da Roça de Coivara, que parte de um conjunto de saberes e técnicas de interação com todos os elementos da natureza, flora e fauna, e são passados de geração em geração, para alimentar as famílias da comunidade. Em 2018 o Sistema Agrícola Tradicional dos Quilombos do Vale do Ribeira foi reconhecido como patrimônio imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.
Serviço
Exposição | Roça é Vida
De 21 de setembro a 02 de fevereiro
Terça a Sexta, das 13h às 22h, sábado e domingo, das 10h às 19h
Período
21 de setembro de 2024 13:00 - 2 de fevereiro de 2025 22:00(GMT-03:00)
Local
Sesc Registro
Avenida Prefeito Jonas Banks Leite 57 Prédio KKKK - Centro, Registro - SP
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Nos livros, nas salas de aula, em exposições de arte e museus, a história e cultura do Brasil vêm sendo perpetuadas pela ótica dos brancos. A partir de 16 de
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Nos livros, nas salas de aula, em exposições de arte e museus, a história e cultura do Brasil vêm sendo perpetuadas pela ótica dos brancos. A partir de 16 de novembro, uma outra visão será apresentada em Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira. Composta por mais de 140 obras, a exposição realizada no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ) tem curadoria de Deri Andrade e reverencia a contribuição dos artistas negros para o país.
Sucesso em suas passagens pelos Centros Culturais do Banco do Brasil em São Paulo e Belo Horizonte – onde foi vista por mais de 300 mil pessoas – a exposição chega ao Rio durante a realização dos encontros do G20 Social e se apresenta como mais uma oportunidade de contato do público nacional e internacional com a arte brasileira. Em cartaz até 17 de fevereiro, a mostra é patrocinada pelo Banco do Brasil e BB Asset, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), e produzida pela Tatu Cultural.
Para a abertura, em 16 de novembro (sábado), o CCBB RJ está preparando um momento especial: às 16h o Terreiro de Crioulo se apresenta, gratuitamente, no térreo do Centro Cultural. Um encontro com muito samba de raiz e muita energia positiva, alegria e cheio de axé. A entrada é livre, mas haverá emissão de ingressos, disponibilizados na bilheteria digital e no site do CCBB. A exposição estará aberta ao público já a partir das 9h e as galerias permanecerão abertas durante todo o dia.
Ainda no dia de abertura, às 14h, o público conferirá a performance “Do que são feitos os muros”, de Davi Cavalcante. O artista construirá um muro, com tijolos que trazem diversas palavras. O trabalho propõe uma reflexão poética sobre o peso da ação humana na construção das relações com o espaço e seus pares.
A EXPOSIÇÃO
Coletiva, a exposição contempla o trabalho de 62 artistas, entre eles 12 cariocas nascidos ou adotados pela cidade. Dois estão entre os homenageados pela mostra, Lita Cerqueira e Arthur Timótheo da Costa. Os demais são: Andrea Hygino, André Vargas, Panmela Castro, Guilhermina Augusti, Matheus Ribs, Mulambö, Kika Carvalho, Elian Almeida, Rafa Bqueer e Yhuri Cruz.
“O propósito é um diálogo transversal e abrangente da produção de autoria negra em todo território nacional, mas há destaques locais, evidentemente”, comenta Deri Andrade, curador da mostra. “Sempre convidamos artistas que sejam reconhecidos nos estados em que a exposição é montada”, explica.
No segundo andar e no espaço próximo à bilheteria estarão pinturas, fotografias, esculturas, instalações, vídeos e documentos que revelam diferentes épocas e discussões, contextos, gerações e regiões. De grande abrangência, a mostra percorre do período pré-moderno à contemporaneidade.
Os trabalhos estão alocados em cinco eixos: Tornar-se, sobre a importância do ateliê de artista e do autorretrato; Linguagens, que aborda os movimentos artísticos; Cosmovisão, a respeito do engajamento político e direitos; Orum, sobre as relações espirituais entre o céu e a terra, a partir do fluxo entre Brasil e África; por último, Cotidianos, que aborda as discussões sobre representatividade.
Cada eixo é representado por artistas negros emblemáticos: Arthur Timótheo da Costa (Rio de Janeiro, RJ, 1882-1922), Lita Cerqueira (Salvador, BA, 1952), Maria Auxiliadora (Campo Belo, MG, 1935 – São Paulo, SP, 1974), Mestre Didi (Salvador, BA, 1917- 2013) e Rubem Valentim (Salvador, BA, 1922- São Paulo, SP, 1991).
FIGURAS CENTRAIS
No primeiro eixo, o público confere a arte do carioca Arthur Timótheo da Costa, cuja produção transita entre os séculos 19 e 20, expõe a relação do artista com seu ateliê, com a pintura, a fotografia e com artistas que se autorretratam. Seus traços revelam certa dramaticidade e evoluem para uma obra pré-modernista.
Rubem Valentim, homenageado na seção 2, é considerado um mestre do concretismo brasileiro. Propõe uma discussão sobre forma e elementos religiosos. Iniciou a carreira produzindo de natureza-morta a flores e paisagens urbanas e enveredou para o uso de símbolos e emblemas geométricos de religiões de base africanas.
O eixo 3 é dedicado à mineira Maria Auxiliadora, que encanta pelo uso das cores em seus retratos, autorretratos e festas religiosas. Mas não só. Sua obra carrega uma discussão mais política, engajada no debate sobre moradia, territórios, segurança alimentícia e direitos da população negra.
Mestre Didi, na seção 4, foi artista e sacerdote, revelando muito da espiritualidade e da relação Brasil/África em seus trabalhos. Sua obra também é marcada pelo uso de materiais naturais como búzios, sementes, couro e folhas de palmeira e trata bastante das afro-religiosidades a partir das relações entre Brasil e África.
No último eixo, a artista central é Lita Cerqueira, única ainda viva dentre os cinco nomes-chave da exposição. Aos 72 anos se consagra como uma das mais importantes representantes da fotografia brasileira, com reconhecimento internacional. Iniciou a carreira capturando imagens de festas populares da Bahia, da capoeira e detalhes da arquitetura do centro histórico de Salvador. Logo depois, enveredou para a fotografia cênica, realizando importantes registros de músicos de sua época, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gal Costa. Atualmente, vive e trabalha no Rio de Janeiro.
CURADORIA
A exposição é um desdobramento do Projeto Afro (projetoafro.com), em desenvolvimento desde 2016 e lançado em 2020, que hoje reúne cerca de 330 artistas catalogados na plataforma. São nomes que abarcam um vasto período da produção artística no Brasil, do século 19 até os contemporâneos nascidos nos anos 2000. “A exposição traz outra referência e um novo olhar da arte brasileira aos visitantes”, afirma o curador. “A história da arte do Brasil apaga a presença negra e o artista negro do seu referencial, a exposição enfatiza essa produção como central para repensarmos nossa própria história”, completa.
O trabalho de pesquisa por trás do projeto e da exposição nasceu do desejo e, na sequência, da frustração de Andrade ao não encontrar muitas referências em torno da arte afro-brasileira no Brasil. Ao se debruçar em publicações, materiais de outras exposições (a exemplo de várias com curadoria de Emanoel Araujo nos anos 90, que mais tarde viria a se tornar diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo e fundador do Museu Afro Brasil) e inúmeras pesquisas para o mapeamento de artistas negros e suas obras pelo Brasil, Deri Andrade iniciou um minucioso projeto de catalogação de uma arte que, por vezes, foi marginalizada pela sociedade.
“Ser artista acho que já é difícil, ser artista negro no Brasil é ainda um pouco mais complicado”, afirmou o artista Sidney Amaral (São Paulo, SP, 1973/2017), em 2016, ao ser entrevistado pelo projeto AfroTranscendence. Desde a conversa, esse pensamento acompanha Andrade, que dedica parte de seu tempo a conhecer e investigar a produção artística de autoria negra no Brasil.
Deri também é pesquisador e curador, jornalista por formação, curador assistente no Instituto Inhotim e criador da plataforma Projeto Afro (projetoafro.com) de mapeamento e difusão de artistas negros/as/es.
Serviço
Exposição | Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira
De 16 de novembro a 17 de fevereiro
Quarta a segunda, das 09h às 20h (fecha às terças)
Período
16 de novembro de 2024 09:00 - 17 de fevereiro de 2025 20:00(GMT-03:00)
Local
CCBB RJ
R. Primeiro de Março, 66 - Centro Rio de Janeiro - RJ
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Em cartaz no Sesc Ribeirão Preto, a 31ª Mostra de Artes da Juventude – MAJ apresenta trabalhos de 46 novos talentos das artes visuais do Brasil, selecionados entre mais de 700
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Em cartaz no Sesc Ribeirão Preto, a 31ª Mostra de Artes da Juventude – MAJ apresenta trabalhos de 46 novos talentos das artes visuais do Brasil, selecionados entre mais de 700 inscritos pelos curadores Camila Fontenele e Tiago Gualberto, na ocasião em que são celebrados os 35 anos da mostra idealizada por Janete Polo Melo, ex-técnica sociocultural da Unidade que, em 1989, lançou a primeira edição da MAJ em parceria com o Centro de Comunicação e Artes da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP).
Vitrine e agente de visibilidade e incentivo para a produção de artistas com idade entre 15 e 30 anos, ao longo de mais de três décadas, a MAIOR tem permitido a jovens talentos de todas as regiões do país expressarem sua criatividade por meio de manifestações artísticas diversas, como pinturas, gravuras, esculturas, intervenções e performances, movimentando o cenário artístico do interior paulista e ampliando a discussão da diversidade socioeconômica e cultural. A exemplo de edições anteriores, na ocasião da abertura da 31ª edição os curadores também farão o anúncio dos três artistas contemplados com o Prêmio Incentivo.
Movida pelo propósito de facilitar o acesso ao universo das artes e de difundir e projetar novos artistas para o Brasil e para o cenário internacional, a exposição coletiva do Sesc Ribeirão Preto contribuiu para a revelação de importantes nomes das artes visuais, como Jaime Lauriano, Marcelo Moschetta, Cordeiro de Sá, Beta Ricci, Felipe Góes, Fabricio Sicardi, Renata Lucas, Nilton Campos, Sofia Borges e Renato Rebouças, além de artistas indicados ao Prêmio PIPA, como Carla Chaim (2016), Talles Lopes (2022 e 2024) e Vulcanica Pokaropa (2024), entre outros.
Com mais de 600 talentos apresentados ao público ao longo de 35 anos, a 31ª edição da MAJ compõe um painel de diversidade étnica que incluiu brancos, pardos, pretos, amarelos e indígenas. Nesta edição, os artistas selecionados pelos curadores vêm de nove estados do Brasil – São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco, Pará, Minas Gerais e Amazonas – e do Distrito Federal.
Confira a seguir a lista completa de artistas presentes na 31ª MAJ:
Abner Sigemi – Amauri – Anna Lívia Taborda – Bárbara Savannah – Bruno Benedicto – Cho – Cicero Costa – Diego Rocha – Diez – Donatinnho – Estela Camillo – Felipe Rezende – Giovanna Camargo – Gu da Cei – Gustavo Ferreira – Hanatsuki – Isabela Picheth – Isabella Motta – Isabelle Baiocco – Ítalo Carajá – Janaína Vieira – Juniara Albuquerque – Kaori – Kelly Pires – Kuenan Tikuna – Leid Ane – Lorre Motta – Lucas BRACO – Lucas Gusmão – Lucas Soares – Luiza Poeiras – Mar Yamanoi – Mariana Simões – MAVINUS – Murillo Marques – Nat Rocha – Níke Krepischi – O Tal do Ale – Okarib – Pedro Mishima – Rayane Gomes – Samuel Cunha – Sophia Zorzi – Vitor Alves – Yan Nicholas – Yanaki Herrera
Processo curatorial
No texto curatorial da exposição, elaborado a partir de reflexões registradas em um longo diálogo entre Camila Fontenele e Tiago Gualberto, uma preocupação norteou o processo elaborado por eles a partir de setembro de 2023: a complexidade de selecionar um recorte diante de um número expressivo de artistas aspirantes a expor seus trabalhos na 31ª MAJ.
“Ao observar as 722 inscrições – que passaram por três fases de seleção, inicialmente 114, depois 72, até chegarmos às 46 pessoas selecionadas – percebo a forma fluida e coerente com que esses trabalhos se fortalecem reciprocamente, ao mesmo tempo em que também geram tensões e contrastes”, afirma Camila.
“Tão importante quanto reconhecer o mérito das investigações de destaque desse conjunto de 722 artistas aos quais nos dedicamos é compreender o papel formativo e educador construído ao longo das dezenas de edições da MAJ. Isto é, o gesto de laurear um conjunto representativo dessa arte jovem não deve se separar do gesto de escuta e oferta de condições de aperfeiçoamento aos demais artistas não selecionados. Em termos curatoriais, as centenas de pesquisas não selecionadas serviram como um grande coral de vozes a nos guiar para a identificação de pautas, agendas, reivindicações sociais, políticas e estéticas”, conclui Gualberto.
Com abertura ao público às 19h30 do dia 5 de dezembro, no Sesc Ribeirão Preto, a 31ª Mostra de Artes da Juventude – MAJ posteriormente poderá ser visitada no horário normal de funcionamento da unidade: de terça a sexta, das 13h30 às 21h31; aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 18h. Com acesso livre e gratuito, a exposição fica em cartaz até 8 de junho de 2025.
Serviço
Exposição | 31ª Mostra de Artes da Juventude – MAJ
De 6 de dezembro a 8 de junho
Terça a sexta, 13h às 21h30. Sábados, domingos e feriados, 9h30 às 18h
Período
6 de dezembro de 2024 13:00 - 8 de junho de 2025 21:30(GMT-03:00)
Local
Sesc Ribeirão Preto
Rua Tibiriça, 50, Centro, Ribeirão Preto - SP
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“Olho Cru” intitula a mostra de Bonga Mac que pontua a primeira exposição de 2025 na galeria Alma da Rua, localizada no Beco do Batman, um dos endereços mais
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“Olho Cru” intitula a mostra de Bonga Mac que pontua a primeira exposição de 2025 na galeria Alma da Rua, localizada no Beco do Batman, um dos endereços mais emblemáticos em arte urbana na cidade de São Paulo. A versatilidade do artista visual, grafiteiro, curador, produtor cultural, produtor musical e arte educador Bonga Mac se traduz em uma mostra com 14 obras. Sob a curadoria dos artistas Pardal e Ceres Macedo, a mostra, gratuita, abre em 18 de janeiro, sábado, e segue em cartaz até 19 de fevereiro.
Nesta exposição, “Bonga Mac transporta o espectador, por meio de suas criações, para uma experiência visual fascinante que desafia a percepção. O artista, ao navegar entre o figurativo e o abstrato, convida o público a refletir sobre a complexidade dos olhares e das interpretações que surgem a partir deles. As formas e cores sobrepostas podem simbolizar a multiplicidade de sentidos que a visão pode oferecer, especialmente quando se trata de seres não humanos”, pontuam os curadores.
Esse diálogo entre o instinto selvagem e a essência humana pode provocar uma introspecção sobre a própria natureza e a relação com o mundo ao redor. Bonga Mac, ao explorar essas temáticas, provavelmente, instiga o espectador a questionar não apenas o que vê, mas também como interpreta e se conecta com o que está diante de si. Essa abordagem artística pode resultar em uma experiência rica e multifacetada, repleta de significados e reflexões.
Durante a exposição, Bonga Mac estará aos finais de semana na mostra onde vai realizar evento live painting, apresentações musicais e, em paralelo, vai expor algumas das dezenas de Kombis transformadas em obras de arte. Por essas criações, o artista concorre a uma citação no Guiness Book.
Serviço
Exposição | Olho Cru
De 18 de janeiro a 19 de fevereiro
Todos os dias das 10h às 18h
Período
18 de janeiro de 2025 10:00 - 19 de fevereiro de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Alma da Rua II
Rua Medeiros de Albuquerque, 188 – Beco do Batman, Vila Madalena, São Paulo - SP
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Exibição de banners na Avenida Paulista oferece arte acessível a todos, homenageando bairros icônicos de São Paulo. No aniversário de 471 anos de São Paulo, a metrópole se veste de
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Exibição de banners na Avenida Paulista oferece arte acessível a todos, homenageando bairros icônicos de São Paulo.
No aniversário de 471 anos de São Paulo, a metrópole se veste de arte e história com a inauguração da exposição “São Paulo 471 Anos”. A fachada do Conjunto Nacional, coração cultural da Avenida Paulista, se transforma em uma tela ao ar livre, onde a arte se torna acessível e convidativa. Sob a curadoria de Vera Simões, 11 artistas visuais proeminentes prestam homenagem a bairros da cidade, cada um trazendo uma visão única que reflete a vida cultural de São Paulo. Serão apresentados 12 banners.
A exposição é uma homenagem à cidade de São Paulo, que não apenas se destaca como uma das cidades mais populosas do mundo, mas também como um lugar que constantemente inspira arte e cultura. Cada artista convidado teve a tarefa de escolher um bairro da cidade para homenagear por meio de sua obra, resultando em uma exibição diversificada que captura a essência multifacetada da metrópole. “Esta exposição é um tributo à energia criativa de São Paulo. Ela demonstra como a arte pode conectar pessoas, bairros e histórias em um diálogo visual fascinante que é acessível a todos os cidadãos e visitantes”, conta Vera Simões.
O diferencial da exposição é sua acessibilidade e grandiosidade, uma vez que os trabalhos dos artistas foram impressos em banners gigantes, de 7 metros de altura por 4 metros de largura. A localização estratégica permite que todos, moradores locais a turistas, tenham a oportunidade de contemplar e se inspirar com as obras de arte, tornando-a verdadeiramente acessível a todos.
Os artistas e os bairros homenageados incluem:
Antonia Fealizadeh – Perdizes
Dulce Julianelli – Paraíso
Gabriel Thomaz de Aquino – Cerqueira César
Gaby Alves – Vila Mariana
Gaby Faltay – Alto de Pinheiros
Leila Lagonegro – Vila Mazzei/ Jaçanã
Malu Mesquita – Centro
Máximo Hernández – Cidade Universitária
Silvana LaCreta Ravena – Panamby/ Vila Andrade
Wanessa Salles – Bixiga
Zina Kossoy – Pacaembu
Curadora – Vera Simões
Vera Simões, curadora da Galeria VERARTE, Bacharel em Comunicação Social, pós graduada em Marketing Cultural, curadora e realizadora das exposições.
Serviço
Exibição de banners na Avenida Paulista
De 25 de janeiro a 23 de fevereiro
Período
25 de janeiro de 2025 - 23 de fevereiro de 2025 (O dia todo)(GMT-03:00)
Local
Conjunto Nacional
Av. Paulista, 2073 – Consolação São Paulo – SP
Detalhes
A simpatia é uma forma de ação, uma intenção depositada sobre a vida. Sua prática é a materialização cotidiana da magia/crença popular, transmitida verbalmente de geração em geração. Pouco
Detalhes
A simpatia é uma forma de ação, uma intenção depositada sobre a vida. Sua prática é a materialização cotidiana da magia/crença popular, transmitida verbalmente de geração em geração. Pouco se sabe de sua origem, quem inicialmente começou a propagá-la, mas a força disseminativa é poderosa, em qualquer canto do Brasil há sempre uma avó que aconselha a filha, sobrinha ou vizinha com um ato espiritual que vai pavimentar o caminho da realização de sonhos, na atração de positividade e prosperidade, na resolução de algum problema grave ou até mesmo uma cura a ser atingida.
Esse trabalho suntuoso da fé é aliado à esperança da força feminina, de sustentar a energia da família, em suas muitas possibilidades. Essa força da mulher é motriz na poética de Larissa de Souza, que as elege como suas personagens principais, singulares, melancólicas e profundamente poderosas.
Na mostra individual “Fé Feitiço”, Larissa de Souza nos absorve na conversão visual que tece destinos e evoca ancestralidades de muitos Brasis. A artista circula a temática de aprendizados e crenças, transmitidos por seus familiares e que de alguma maneira, previamente à feitura da exposição, já permeavam seu imaginário. A pesquisa se consolidou ao deparar-se com a percepção da proximidade cultural com Angola, o que fascinava a artista virou matéria após um período que passou no país irmão – se deparou com uma familiaridade local, hábitos e costumes angolanos que eram tipicamente brasileiros.
Povos são organizados pela memória e a oralidade é a manifestação desta, pois é na memória que a colonialidade falha, a reexistência opera e as histórias perseveram. A coincidência de crenças entre Angola e Brasil é o reflexo da afro-diáspora, em como há um cruzamento entre os mitos populares e como somos forjados na ancestralidade advinda da África. Sábia é a nação que acredita e valoriza a ancestralidade, pois é nas fissuras da cultura que descobrimos a sobrevivência da memória. É apesar de e sobretudo na violência que a fé encontra maneira de se manter a esperança, é um modo de invocar uma ordem metafísica, uma forma de viver.
A produção pictórica da artista converge com o entendimento de saberes ancestrais e culturais, silenciados pelas colonialidades, mas que resistem e habitam o inconsciente coletivo. Ao revisitar essas crenças populares, busca uma reconexão com identidades culturais do passado e ao fazê-lo, ressignifica o presente.
De Angola trouxe tratamentos medicinais, feitiços, chás e pedras, cada qual com sua função, aprendidas em trocas cotidianas e conversas em feiras. Há uma vivência que só se realiza na troca pessoal, de ouvir histórias, de estar presente nessas imbricadas sociabilidades. Um desses encontros é traduzido em pintura, o Gipalo, a doença da traição. Quando um bebê está com seu corpo vulnerável adoece após a traição paterna, ao receber energias externas. A solução parte das benzedeiras, a cura é consumir e se banhar em pele e fezes de elefante. Notem que a medicina das curandeiras por si só constitui um sistema de conhecimento, o que Larissa faz é traduzir em composição de pintura, contemplando vários universos narrativos em um retângulo só, com destaque para pequenas pinturas no topo do contexto maior que contam a história de amor e posterior traição.
A fé é a magia, aterra o conhecimento ancestral que circula na oralidade, de saberes que não são mapeados, presentes nas curandeiras, nas feiras, nas casas, nas conversas – o misticismo é palpável ao mergulharmos no espaço expositivo. As pinturas cristalizam na produção pictórica o conhecimento da oralidade, estabelecendo um processo de subjetivação, a artista maneja fundir de maneira lúdica o Brasil e Angola contemporâneos.
A pintura surreal é o leite dos sonhos e os trabalhos nos dão um vislumbre de um mundo mágico, a vida a partir do prisma imaginativo, em que corpos podem ser transformados, ser o que são. Elabora um encontro radical entre realidade e fabulação, sua perspectiva é repleta de simbolismo e alusões imagéticas, como percebemos na pintura do bebê pé de bananeira, uma conexão entre terra, crença e imaginação. A artista é atravessada pela espiritualidade do inconsciente, evocando a libertação do gesto, dos limites da pintura, das mulheres, dos corpos e do preconceito.
O fantástico é tangível, Souza adiciona camadas de texturas em suas pinturas, como ao adicionar pérola de mica em pó, um minério cintilante, que projeta uma resplandecência da pintura. Há também a associação com tecidos que são colecionados pela artista, advindos de brechós, tramas repletas de histórias e energias. Consolida a fatura matérica da pintura com essas aplicações aliada a imagens do seu inconsciente, realizando um universo absolutamente encantador aos olhos dos visitantes. A paleta de cores em “Fé Feitiço” explora tons azulados com nuances violáceas, com adição de bordados, ladrilhos e pedras. Transita entre o lilás sutil e o púrpura denso, tons que aprofundam uma sensação de elevação espiritual.
O protagonismo das mulheres está atrelado à esperança e à vontade de resolução, no entanto, há certa melancolia no olhar de suas figuras. Se percebe que a simpatia reflete o trabalho descomunal e silencioso da alteração das condições de vida, da força apesar da dureza da realidade, mas que é vista a partir da morada lúdica. O corpo de trabalho na exposição reverbera sutilezas do interior da artista, como suas memórias infantis de alimentar a fé, como quando ao encontrar uma pedra bonita a transformava em amuleto de sua proteção.
Esse processo de ressignificação é um modo de reexistência, as cores irrompem nas pinturas, os símbolos compõem suas narrativas, envolvendo pensamento, percepção, sentimento e ação. Mignolo afirma que o caminho da reexistência é diverso de resistir, haja vista que resistir é permanecer preso às regras do jogo de outros, reexistir é concretamente o que percebemos na exposição, uma desvinculação para forjar algo singular e potente, uma conversão visual da vida.
A canção de 1997 “Las caras lindas”, interpretada pela cantora peruana Susana Baca, entoa “Las caras lindas de mi gente negra son un desfile de melaza en flor que cuando pasan frente a mi se alegra de su negrura todo el corazón”. A música afro-caribenha de Ismael Rivera exalta a ancestralidade e as raízes ao associar doçura e resistência como melaço em flor. Essa força está presente na poética de Larissa de Souza, sua construção imagética é tão potente que ficamos inebriados por essa energia que é projetada das telas, os tons e texturas intensificam as narrativas tão singulares de cada um dos trabalhos. Sob a velatura das necessidades da vida e da melancolia do desamparo, Larissa de Souza demonstra uma produção genuína e vibrante, uma arte feiticeira.
Serviço
Exposição | Fé Feitiço
De 28 de janeiro a 01 de março
Segunda a sexta, 10h às 19h
Período
28 de janeiro de 2025 10:00 - 1 de março de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Simões de Assis (Lorena)
Alameda Lorena, nº 2050 - Jardim Paulista