Ismaïl Bahri, 'Line', 2011. FOTO: Divulgação

Recém inaugurado, o novo Sesc Avenida Paulista resolveu comemorar seu lançamento com várias atividades que compreendessem a essência do espaço. O destaque no setor de artes visuais ficou com uma valiosa mostra de vídeos produzidos nos últimos 20 anos pelo artista estadunidense e um dos pioneiros do formato Bill Viola. Visões do Tempo contou com a curadoria integrada de Kira Perov, diretora executiva do estúdio de Bill, Juliana Braga de Mattos e Sandra Leibovici, respectivamente gerente e assistente da gerência de Artes Visuais e Tecnologia do Sesc São Paulo (GEAVT).

A exposição foi formulada a partir de pesquisas de quais artistas poderiam se encaixar na proposta de Arte, Corpo e Tecnologia que compõe o eixo desta unidade do Sesc. “Nos parecia muito importante lançar um primeiro olhar sobre essa potência, esse trinômio, já na exposição de inauguração”, comenta Juliana. Não foi difícil o consenso na escolha. Além de lidar com a tecnologia ao longo de seu percurso como artista, Bill tem uma trajetória coberta por experimentalismo em relação à videoarte.

Além disso, os trabalhos de Bill escolhidos para a exposição estão ligados ao corpo, outro ponto da tríade do Sesc Avenida Paulista: “Ele lida com questões dessa corporeidade humana de maneira muito metafórica, não apenas utilizando a tecnologia de ponta para apresentar esse corpo num sentido mais estético e até meio hipnótico, mas sobretudo questionando a vertiginosidade da tecnologia no contemporâneo”, explica a gerente do GEAVT.

Além de celebrar a inauguração da unidade, a exposição marca por ser a primeira individual no Brasil em décadas. Por questões pessoais, inclusive, não se sabe se tem a certeza segundo Juliana se o artista continua produzindo.

Mais pra região central de São Paulo, nos Campos Elíseos, o artista em destaque é o franco-tunisiano Ismaïl Bahri. Com a mostra Instrumentos, no Espaço Cultural Porto Seguro, sua primeira individual na América Latina, Bahri reuniu uma quantidade significativa de visitantes em sua abertura, mesmo pouco conhecido no Brasil. “Para mim, é uma sorte mostrar meu trabalho em um lugar novo, onde as pessoas não o conhecem”, afirma o artista.

Com trabalhos que exploram a questão do território, tanto físico quanto no interior, a exposição já havia sido apresentada no Museu Jeu de Paume, em Paris. Bahri afirma que a escolha por fazer um trabalho apenas com vídeos tem um motivo específico, que circunda o mundo da arte desde sempre: a falta de atenção.

Segundo ele, o vídeo faz com que as pessoas fiquem mais na frente da obra, pois sua duração é explícita. “Tive vontade de criar uma exposição como uma coleção. Tenho o sentimento de que a atenção é importante. Espero que tenham atenção à tela, olhar com atenção por um minuto, dois minutos, três minutos, uma hora”, explica.  Para a mostra em
São Paulo, Bahri trouxe um vídeo inédito

Instrumentos e Visões do Tempo são dois trabalhos com instalações em vídeo que falam sobre a transitoriedade do tempo. As imagens presentes nos vídeos contém momentos e objetos comuns ao cotidiano, o que faz com que o público se aproxime a ponto de uma imersão no espaço criado por ambos os artistas. Além disso, os dois trabalhos se caracterizam pelo pelo poder da reflexão, seja silenciosa em um estúdio ou em meio aos barulhos urbanos


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