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BIENAL DAS AMAZÔNIAS ARTIGO






















            Brasil. Apostar na                                                         nas Amazônias é fazer
            pluriculturalidade                                                         o caminho inverso que
            é necessário, no                                                           diz respeito à relação
            diálogo de saberes                                                         com a natureza. Os
            e práticas para                                                            artistas, os povos
            qualquer projeto de                                                        amazônicos e os
            futuro da Amazônia.                                                        espíritos florestânicos
            Importante                                                                 são guardiões e não
            ressaltar que o                                                            importam modelos e
            conhecimento e                                                             relações. Colocam-se
            a intimidade com                                                           como interlocutores
            a natureza para                                                            em qualquer debate
            os povos que aqui                                                          sobre o futuro da região
            habitam é condição                                                         e do mundo. Afinal, a
            do viver. Não há                                                           arte nos ensina a ver e
            fazer sem sentir e                                                         fortalece a existência.
            saber.                                                                        Por sua vez, os
                                                                                       artistas lançam o
            amazônias                                                                  convite para conhecer
            na bienal                                                                  a vida pulsante
            Diante disso,                                                              desses territórios.
            é inegável a                                                               Compreender o jeito de
            importância da                                                             ser dos povos daqui é
            1ª Bienal das                                                              o início dessa jornada
            Amazônias ao trazer                                                        para escutar e vivenciar
            visibilidade ao                                                            as infindáveis histórias
            que as Amazônias                                                           que transbordam nos
            têm projetado         Evna Moura, Brasil, Pará, Orí da série “Água”, 2017. Fotoperformance  cantos, pajelanças,
            e produzido                                                                ciência caseira, rezas
            com artistas já consolidados                                    das benzedeiras, alternâncias de
            no circuito das artes e outros   trocas de experiências com     marés, festas coloridas, florestas,
            com novas produções que         outros lugares do país.         águas, cheiros, danças, mulheres
            estão surgindo. O evento abre      Acredito que visibilizar     erveiras e tantas outras experiências
            caminhos de descentralizações   o potencial político, social,   significativas. Como cabocla
            oportunas de produção e fruição   intelectual e cultural da     tucuju do Amapá, reforço a nossa
            sensível a todas as regiões que   produção artística das        amorosidade desejante para que        FOTO: PATRICIA ROUSSEAUX
            compreendem as Amazônias        Amazônias é premissa            estejamos em comunhão. É o que
            como um território transcultural,   necessária na agenda. Tentar   me move na arte e na vida.
            com potencial para constantes   padronizar a arte produzida     *Curadora da primeira Bienal das Amazônias

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