Page 16 - ARTE!Brasileiros #58
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ARTIGO DEMOCRACIA E REPARAÇÃO
Através da retomada da obra de artistas e
escritores de diversas áreas, autor analisa
narrativas acerca da história da arte negra
afrodescendente brasileira, que envolve uma série
de repetições traumáticas ao longo do tempo
por márCio seligmann-silva
ROMPENDO A
CUMPLICIDADE
ENTRE O DISPOSITIVO
ESTÉTICO E O
COLONIAL: ARTE
AFRO-BRASILEIRA,
ARTE NEGRA
AFRODESCENDENTE
Dedico este texto horrores, não os posso continuidades centenárias de
a João Pedro Mattos [1] compartilhar. E, eu sei, horrores histórias de violência simbólica e
não se relativizam.” física. Implica também uma
“A escravidão foi o corpo real da José Fernando Peixoto de possibilidade de se vislumbrar de
modernidade, sua carne, sua Azevedo, 2018, p. 17, 23. modo claro não só a “dialética da
energia, uma tecnologia. Sua colonização”, de que nos fala o
herança define, certamente, muito não existe violênCia fÍsiCa dramaturgo e diretor teatral
de nossa atualidade, uma efetiva que não esteja acompanhada de paulista José Fernando Peixoto de
dialética da colonização. [...] violência simbólica. Estudar a Azevedo na epígrafe, mas a
Mas na minha carne crioula há história da arte afro-brasileira própria “dialética do
horrores cravados. E esses implica se emaranhar em esclarecimento”, que Theodor
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