Page 60 - ARTE!Brasileiros #57
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EXPOSIÇÕES RECIFE








                                      Em clima colaborativo,
                                      grupo de artistas
                                      escolheu seus espaços
                                      e formas de expor as
                                      obras no MAMAM, na
                                      capital pernambucana,
                                      desconstruindo o conceito
                                      tradicional de curadoria

                                      por leonor amarante


             COMPLETELY KNOCKED


             DOWN: BREMEN E


             RECIFE EM MOSTRA


             EXPERIMENTAL





            ao prioriZar Combinações espontâneas De pen-       Cada artista recebeu uma caixa de madeira que
            sar arte, a exposição CKD - Completely Knocked   representa a vigésima parte do contêiner marítimo.
            Down – Recife Bremen Connection, em cartaz até 11 de   Um processo intenso e de curto tempo de realização
            dezembro no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães   das obras potencializou um clima de cooperação, onde
            (mamam), coloca em pauta atitudes experimentais no   resíduos e objetos coexistiram, gerando proposições
            uso do espaço. Com curadoria dos jovens Francisco   que sublinham o aspecto sensorial dos materiais. O
            Valença Vaz e Rebekka Kronsteiner, o evento colabora- público pode acompanhar tudo de perto e entender o
            tivo entre as duas cidades portuárias conta com cinco   conceito de montagem ou desmontagem dos trabalhos
            artistas brasileiros e quatro artistas alemães. Com   de Paulo Bruscky, Marcio Almeida, Maria do Carmo
            o enigmático título CKD, que em tradução livre quer  Nino, Silvio Hansen e Francisco Valença Vaz, de Recife;
            dizer “completamente desmontado”, a exposição tem   e Christian Haake, Wolfgang Hainke, Tobias Heine e
            a maioria das obras executada diretamente dentro das   Rebekka Kronsteiner, de Bremen (Alemanha). A expo-
            próprias embalagens em que foram transportadas, que   sição, prevista para 2020, com 21 dias para a realização
            se transformam em arte. “Um dos conceitos da mostra”,  das obras, teve o cronograma alterado por conta da
            explica Francisco Vaz, “era trazer ao Brasil pedaços de   pandemia. Os alemães ficaram uma semana, fizeram
            alguma coisa, não uma obra pronta”. O grupo prioriza   os trabalhos e voltaram com a chegada da Covid-19. A
            a alegria do fazer, e sua primeira ação ao chegar foi   mostra, que foi retomada em 2021, tem texto de apre-
            colocar o contêiner que transportava os materiais no   sentação assinado por Moacir dos Anjos, que toca no
            Marco Zero do Recife. Dentro dele encaixaram um   tema da impermanência.                              FOTOS: DIVULGAÇÃO | ROBERTA GUIMARÃES
            barco onde realizaram a primeira reunião de trabalho.   O que move a coletiva, tão heterogênea quanto
            Francisco Vaz comenta que a partir daquele momento,  experimental, é o cruzamento entre as narrativas e as
           “todas as decisões foram tomadas em conjunto e todos   utopias. Os trabalhos, de modo geral, são híbridos e
            éramos curadores”.                              têm uma estreita relação com os materiais. Arte em

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