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Pablo Picasso, Massacre na Coreia, 1951, Picasso dividido é uma mostra concebida pelo
acervo do Museu Nacional Picasso de Paris Museu Ludwig de Colônia com o apoio especial do
Museu Nacional Picasso de Paris, sob curadoria de
Julia Friedrich, com o propósito de rever o papel e
visibilidade exercidos por Pablo Picasso nas duas Ale-
manhas, ainda divididas durante o período da Guerra
Fria. Mais de 30 anos após a queda do Muro de Berlim,
a recente memória e legado histórico deste país são
revistos em inúmeras facetas, mas é nesta mostra
que um ícone da arte contemporânea é analisado sob
uma lupa, como um exemplo entre tantos outros, cujas
existências fazem parte não somente do imaginário,
mas de um legado político cultural.
A exposição aborda temas relevantes para o enten-
dimento do que associamos a Picasso? E o que os
alemães do pós-guerra associaram a ele quando a
sua fama estava no auge? Não se trata apenas do
artista, mas do seu público, que no ocidente capitalis-
ta e no oriente socialista assimilou a arte de Picasso
de formas concebivelmente diferentes. O Picasso
alemão era uma arte dividida e fragmentada, mas a
divisão inspirou a comunicação: todos questiona-
vam esta arte porque ela tinha algo a dizer a todos,
independente de que lado do país se encontrava o
apreciador de sua obra.
A recepção da obra Picasso na Alemanha do
pós-guerra foi determinada por dois períodos: A
era nazista e a Guerra Fria. Os nazis puseram um
fim brusco a qualquer envolvimento com a arte de
Picasso; após 1945, a arte modernista passou por
revisão minuciosa. Mas a Guerra Fria forçou a Ale-
manha capitalista e a socialista a chegarem às suas
próprias interpretações. No Ocidente, Picasso foi
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